Caro desconhecido...

Capítulo 5 - Uma face confusa da moeda.


Ainda podia lembrar das ultimas 24 horas com mais clareza que o normal, e isso geralmente não acontece. Aquela loirinha era um tesouro... Qual seria seu nome? Vanessa? Carla? Natasha?

NY city, 24 horas antes.

— Freddie! – Alguém gritou na esquina da Pacha – uma boate cara e famosa.

— Hey, Archibald! – Cumprimentei Nate com um abraço de primos emprestados.

— E então? O que você ta esperando?

— Sabe Nate, eu tô ficando cansado disso.

— Disso o que? A gente pode ir pra um bar se você quiser, tomar umas cervejas embebedar umas gatas.

— Não cara, eu to cansando desse jogo, levando sempre uma mulher diferente pra minha casa...

— Bom você pode usar a minha casa se quiser.

— Você não entendeu.

— Entendi sim, mas vamos fazer o seguinte nós entramos e se você continuar exausto, vamos embora, e o jogo acaba, ok?

— Você é mesmo um canalha filho da mãe.

— somos primos cara, quero o melhor para os meus.

Seguimos para a Pacha e encontramos uma fila enorme na porta, mas graças aos sobrenomes Benson e Archibald, não precisamos enfrentá-la, na verdade, graças a eles não precisamos fazer muitas coisas.

— Bem vindo à arena, e que os jogos comecem... – Nate sussurou no meu ouvido e eu gargalhei.

Era sempre a mesma coisa, armar o jogo era a coisa mais fácil do mundo, mas sempre tinha uma aposta a mais entre mim e Nate: quem pegaria mais mulheres, quem chamava mais atenção, ou quem pegava a gata mais gostosa da balada. Eu me orgulho de ter medalha todas as modalidades.

Assim que chegávamos íamos direto para o bar, pedíamos algo forte, virávamos shots e partíamos para a segunda fase, posto de observação.

— E então primo, vai desistir do jogo?

— Acho melhor deixar pra outra hora.

Começamos a batalha, estava 5x4 para o Nate, até uma morena de olhos verdes passar por mim. Empate! Estava na hora de achar alguém para dividir a cama.

— Hey Archibald!

— Qual foi?

— O que você acha de fazermos um combo?

— Quantos corações partidos vamos colecionar essa noite?

— Seguinte, a mais gata, gostosa e que dance melhor.

— Qual o desafio e o que eu ganho com isso?

— Você tem que convencê-la em uma musica, esse é seu tempo. O que conseguir isso mais rápido, e sem pagar bebida ganha a chave do apartamento.

— Uh, quer dizer que hoje eu vou dormir no flat panorâmico e foder uma gata na sua janela de vidro cromado.

— Olha eu sou um primo legal sabe, e eu não vou dirigir até Hamptons, pra foder uma gata na sua suíte, em todos os cantos da sua suíte, até na sua piscina particular. Então, eu aceito seu apartamento chinfrim.

— Eu duvido, você conseguir transar com uma dessas garotas lá, elas estão acostumadas com luxo.

— E eu gosto do desafio. Pra mostrar que eu sou legal, vai lá, essa é sua música.

Era tão cansativo quanto divertido, a melhor forma de entretenimento era sem duvida o jogo da sedução e defloração. Isso deveria virar um programa de TV.

Nate se prepara, vira o shot e se joga na pista, a musica é play hard, é boa, ele gosta e se sente confortável. E lá vai Nate, ele mira na loira, mas toma, mira na morena, e lá ele dançando, driblando, a musica chega ao ápice e Nate vai atacar. Opa! Impedimento, a morena tem namorado. Nate fica atordoado ele não tem um alvo, ele volta a observar com olhos e falcão, ele escolheu a vitima, ela é ruiva e é original, e lá vai Nate, ganhando confiança, ganhando posição, mas a musica já se aproxima do fim, aos 45 do segundo tempo sem acréscimo Nate consegue um beijo, e vai puxar a gata, e vai matar o papo, vai chutar, bateu pra foraaa.

— Opa, não foi dessa vez primo.

— Hahaha, tão gostosinha... Só precisava de um drink e do meu sobrenome.

— Qual é, você não apelou para a magia Archibald.

— Muito engraçado Benson, hahaha.

— Vai, é a sua vez.

— Diferente de você, eu tenho um alvo.

— Quem?

— A loirinha de botas.

— Uh, senhoras e senhores, este é Freddie Benson. Ela faz o tipo mulher fatal meu amigo, boa sorte.

— Eu não preciso de sorte.

— Benson o destemido, escreverei isso na sua lápide

— Veja e aprenda, Archibald.

— Haha, senhora e senhores, este é o soldado Freddie Benson se apresentando para morte, escolha a forma que vai morrer Freddie! – Nate gritava enquanto eu seguia para a pista. – Qual é Benn? Nem o DJ quer te ajudar.

Nate continuava rindo, mas eu já não o ouvia com clareza. Estava gostando daquilo, o clima estava perfeito, e a musica era um remix de Nancy Sinatra, Bang Bang.

Encarei a loirinha na pista, ela dançava de forma insinuante a parte lenta da musica, era como se ela fosse a própria sedução, e por isso era tão ousada, tão imprópria e atrevida, por se apropriar daquilo que é do mundo e não tem dono.

Ela deu um giro, e foi na hora que eu literalmente a fiz de alvo, com as mãos unidas em uma arma no momento em que a musica soou: bang bang. Surpreendentemente, ela também atirava em mim. Wooho, você já era Archibald!

—Hey, eu tenho uma proposta meio indecente pra te fazer. – Sussurrei no ouvido da loira.

— Nenhuma proposta que se faça numa boate, e dançando assim, seria decente. – Estávamos unidos e nos esfregando um no outro.

— Acho que eu entendi, vou me retirar.

Me separei dela, até que a loira me puxou de volta e me encarou, nossas testas suadas coladas, e a respiração ofegantes, o momento perfeito para um beijo, e ela havia pensado exatamente o mesmo. A blondie girl, me puxou para um beijo intenso e me deixou marcado, com uma mordida no lábio inferior.

— Você não entendeu nada. Eu amo propostas indecentes, por acaso você tem algum fetiche? É um estagiário de advocacia que precisa sacanear seu chefe?

— Não, digamos que eu quero testar a mim mesmo.

— E como seria isso?

— Eu não tenho muito tempo então, lá vai. Vamos sair daqui?

— E ir pra onde?

— Minha casa.

—Sem me oferecer um drink , me elogiar , perguntar meu nome ou dizer o seu?

— Não tenho tempo pra drinks, suponho que você saiba que é gostosa e não precise de elogio e meu nome...

— Ei, eu não preciso saber, eu não quero saber, vamos ao banquete final. Eu gosto disso!

Ainda faltava um pouco para a música acabar, eu peguei a loira pela mão e sai com ela mas antes, puxei a chave do Nate boquiaberto que estava sentado no bar.

— Aprenda com o mestre priminho.

— O canalha dos canalhas senhoras e senhores, Benson, o picudo das galáxias.

Ouvi Nate gritar, coitado, tanto whisky não estava o fazendo bem.

NY city, 24 horas depois.

— Hey Benson! – Archibald nem bateu na porta e já foi entrando.

— Opa, como assim? E se a loirinha ainda estivesse aqui?

— Eu a vi saindo hoje cedo.

— Sua noite não rendeu?

— Por sorte eu procurei uma gata das dependências do submundo, para nunca mais voltar aqui.

— Você é um belo aprendiz, mas nunca vai superar o mestre.

— Ela chorou quando você deu o passa fora nela?

— Ela não, mas eu quase chorei.

— Aaaah não, uma noite e você encontrou o amor da sua vida?

— Cala a boca, idiota! Não é nada disso, ela mexeu comigo, mas não é pra tanto.

— Benson, foi só um transa.

— Não, caro Archibald, foi uma experiência divina, e aquela filha de uma boa senhora servidora de homens para fins sexuais...

— Ou seja, puta!

— Isso, ela me amarrou, e me deixou na mão.

— E agora você ta solto e vestido por? – Levantei os olhos indicando para Nate a cabeceira da cama.

— Caralho! Você quebrou a minha cama! Seu animal! Filho de uma...

— Olha,ela é sua tia!

— Caralho Benson, caralho!

— Eu pago outra.

— O que você vai fazer? Tem o numero dela?

— Melhor, eu tenho o meu numero.

— Como é?

— Ela trocou o celular.

—Ela te ama.

— Ainda não, mas ela vai amar.

— Um jogo novo? Amor? Você ta apostando alto demais.

— Eu preciso de adrenalina, e ela me fez de idiota, além de achar que eu sou um pobre suburbano.

— Grande ofensa ao império dos Benson.

— Sim, grande ofensa.

— Então o plano é seduzir, domar, apaixonar e chutar? Você ainda lembra que tem uma noiva?

— Não, talvez eu só precise de outra noite. É claro que eu lembro.

— Você se apaixonou Benson e você ta perdido.

Nate jogou uma almofada em mim e saiu do quarto, enquanto eu continuava a sorrindo, talvez ele estivesse certo, talvez eu realmente estivesse apaixonado, mas, era impressionante como eu nem a conhecia, tinha passado menos de 12 horas com ela, e minutos irritantes no telefone... Eu tinha certeza que essa loirinha partiria um coração que se dizia meu e que eu nem sabia que existia.