SAM

Nossa senhora do livramento! Não sou lá muito religiosa, mas foi nela que eu pensei quando finalmente entrei no elevador e me livrei do peso daquele agradável grupo de conversa, mesmo Nate estando comigo, era um alivio não ver o casal do século.

—Sam? – Nate chamou minha atenção quando passei pela porta do elevador no térreo, já pronta para dar um tchauzinho discreto e não olhar pra trás.

—Ah, Oi.

—Aonde você vai? – Ele permanecia segurando a porta do elevador que insistia em fechar – devia interpretar aquilo como um sinal, mas era cético demais o coitado, e com certeza pensava objetivamente que as portas estavam apenas cumprindo o seu papel de se fechar.

—Eu vou pegar um taxi... – ri de leve para descontrair o ambiente.

—Espera, eu te levo.

—Você ta de pijama, não precisa.

—Claro que precisa, além do mais eu tenho roupa no carro e precisamos conversar.

—Sobre?

—Sobre você ser a cara da minha ex namorada.

—Ok, vamos.

Paramos em um local que tinha uma porta de vidro e uns 20 veículos entre carros e motos.

—O que é isso?

—Ah, é um estacionamento privativo.

—Oh, e qual o grupo seleto que tem acesso a ele?

—Apenas eu e o Freddie, e sim, antes que você pergunte, esses carros são nossos.

—Então, eu posso escolher como eu quero ir pra casa?

—Pode mas, eu queria te surpreender.

—Hmm, eu odeio surpresas, a minha ultima surpresa foi ver meu namorado na cama com outra mulher, nada agradável.

—Imagino.

—Ah, não imagina não. Por acaso sua namorada já te traiu, você viu e ela te abanou sem o clássico “espera amor, eu posso explicar” ou então, “calma, não é nada disso que você esta pensando”?

Nate me olhava com uma expressão critica de criança quando assiste ao primeiro filme de terror e não consegue dormir.

—Ah mais é claro que não, como eu posso esquecer que você é o cara que ta gozando loucamente com alguém que não é sua namorada quase noiva. Enfim, eu quero o bugatti.

—Samis...

—Não me chama assim! Será que a gente pode civilizadamente entrar no carro e lá discutirmos a nossa existência?

—Claro.

—Obrigada. – E foi feita a minha vontade, como numa novela ou filme da cinderela maluca, Nate foi ate um quadro selecionou um chave, um apito mágico resoou e dentro de um minuto estávamos num bugatti preto impecável e eu me sentia muito Madonna pra ser verdade.

—Agora podemos conversar? – Nate ligou o carro e estávamos saindo do prédio.

—Sim, eu quero que você me leve pra o central Park.

—Onde você mora? Eu te levo pra casa.

—Eu não quero que você saiba onde eu moro, na verdade eu acho que nem quero mais olhar pra você.

—Ah é? Ontem à noite você queria muito me ver.

—Eu não me lembrava de você.

—Lembrou quando me beijou.

—É, lembrei.

—E porque continuou?

—Porque... Eu precisava saber como me sentia com relação a você depois de tanto tempo.

—E...?

—E que o teste foi inconclusivo, um misto de raiva, magoa, decepção e carinho.

—Carinho?

—E magoa e decepção. Por falar nisso Nate, porque? Foi a primeira vez? -Vocês me traiam a muito tempo? Como isso começou? Conta pra tia.

—Chegamos ao destino.

—Não chegamos não, vamos ao Brooklin.

—Você mora lá? – Nate dirigiu um espanto pavoroso e exagerado nessa frase.

—Não te interessa, apenas dirija e fale.

—Olha, pra começar nunca foi minha intenção te trair, aquela foi a primeira vez, não foi nada planejado e eu nem sei ao certo o que houve.

—Não sabe? Quer dizer, você podia ter escolhido outro lugar, outra mulher.

—Eu não escolhi, a Miley me disse que você estaria em casa sozinha, e que seria uma surpresa incrível se você acordasse ao meu lado no dia do seu aniversário.Eu sabia que você estava na casa da sua tia por causa da briga dos seus pais e pra buscar o seu presente, a ideia era que eu já estivesse lá quando você chegasse. Eu estava na casa dela e a gente conversou e tomou alguma coisa um vinho talvez, mas eu juro que eu tomei apenas uma taça. A ultima coisa que eu lembro é dela dizer que tinha as chaves e que me levaria até lá, depois disso tudo que vinha na minha memória era você me vendo ali com ela.

—E você ficou com ela depois porque o rosto inocente te conquistou?

—Não,ela me disse que eu tinha desonrado ela ou algo do tipo e eu mandei ela se foder com isso de honra.

—Tipicamente você, sempre um cavalheiro.

—Mas ai, ela disse que estava grávida e eu não pude escapar. Nunca mais te procurei porque não cabia, eu ia dizer o que? “ Ah, oi Sam, eu sei que você me viu na sua cama, com sua melhor amiga, pelado, no dia do seu aniversario, mas não foi bem assim que as coisas aconteceram?”

—Não, isso seria péssimo.

—Pois é, resumidamente, ela me drogou, eu precisei doar sangue pra um amigo um dia depois e fiz um pré-exame. Além de ferrar o meu relacionamento ela quase mata meu amigo, entendeu o nível de psicopatia?

—Percebo...

Não tinha engolido a historia no Nate, aquilo me parecia tão fantasioso que eu desconfiaria até da sombra da historia, mas preferi crer, e me lembrar que precisava dele.

—E então? Podemos tentar de novo? De repente amigos?

—Que tal, recém-reconhecidos, já que aparentemente apagamos nos apagamos da memória.

—Tudo bem.

—Beleza, agora pode voltar para o central park, eu vou encontrar uns amigos no Palace.

—Uau, mulher de negócios.

—Agora sim. Nate, qual o seu nível de proximidade com o Freddie? É que ele não parece ser americano, não sei tem um jeito estranho.

—Ele é meu primo, e estranho é o jeito dele de viver, a França ainda o chama, quer dizer o interior da França.

—Oh, ele é francês! Agora ta tudo explicado...

—Tudo o que?

—Nada! Me conta da sua vida Nate. Ficou mais rico do que já era? Com uma coleção de carros em uso?

—Mais da metade é do meu primo, da família dele, na verdade eu sou um guia afortunado e NY.

—Então você tem passado muito bem!

—Você também não esta mal.

—Não, tudo graças aos Bass.

—Então, um viva a famílias abastadas!

—Um vida ao Bass e ao Bensons!

—Não, um viva aos Bass e aos Grim..

—E aos o que?

—Ah, chegamos. Quando nos vemos novamente?

—Em breve, muito em breve.

—Mas eu não tenho seu numero.

—Pede ao Freddie.

—Sam, você sabe que ele esta noivo né?

—Claro que eu sei. Mas Nate, amorzinho, eu não vou fazer absolutamente nada. Tchauzinho! – Bati a porta do Bugatti quando Nate me chamou.

—Sam! Você e eu? Vai rolar de novo?

—Talvez, quando eu estiver muito bêbada.

—Eu tenho uma adega a minha disposição.

—Então me convença a estar lá.

—Eu sou bom de lábia.

—Ah, eu sei disso, eu fui sua noiva esqueceu? A prova viva de que relacionamentos não são inquebráveis.

—Olha a gente aqui de novo, isso é uma mensagem do universo!

—Isso é uma coincidência, agradeça ao Freddie, somos conhecidos ta bem?

—Não pra Blair.

—Olha eu estou no meio da calçada com um vestidinho de balada, debruçada num bugatti, minha reputação foi muito comprometida, se quiser conversar comigo, liga, Beijos Archibald!