SAM

Me despedi de Archibald com um desconfiança latente, algo ele não me contava, pensei em ir atrás da Miley, mas com certeza exigiria um tempo que eu não estava disposta da gastar. Fui ao Palace encontrar Carly e Chuck, que tinha ido para uma reunião com alguém que conhecia mais símbolos reais que a própria realeza, algo que eu achei uma besteira.

Sobre o Benson, bom, ainda estava tentando entender o motivo do meu desespero ao vê-lo com Blair, a melhor resposta que eu achei, foi tentar justificar a minha resposta emocional com o medo do meu plano ir por água abaixo e nunca saber quem ele é, até que enfim esteja de fato, casado.

Fui para um quarto onde me aguardava uma banheira linda e rica de espuma, sim, eu tinha os melhores amigos do mundo!

Então, depois de mais uma noite enfurecida de agitos (e é aqui que minha vida parece narrada por um locutor de radio novela) na vida de Samantha Puckett, ela finalmente descansa, imerge e não pensa em nada... Bem, em quase nada. Subitamente seus sentidos são tomados e sua mente invadida por fragmentos dos eventos anteriores, mas fragmentos específicos, focados especialmente em um personagem da sua furiosamente tragicômica e agitada vida, Freddie. Sim, esse era o nome, era ele o portador de memórias prazerosas e de conclusões perturbadoras.

Como descobrir algo a mais sobre ele? Como me aproximar novamente com a Blair por perto? Passei a pensar no propósito de tudo isso, não fazia sentido, eu só estava curiosa, não era nada demais, eu poderia esquecer, e faria isso. Chega, a partir de hoje, me concentraria novamente no meu trabalho, sem distrações, sem jogos, sem Nate, Freddie ou Blair.

Estava orgulhosa da minha decisão quando a tela do meu celular acendeu, um lembrete ridículo que eu não lembrava de ter colocado, e não tinha. Freddie o colocou lá, “ esta sentindo minha falta?” . O que? Mas que merda era essa? Apaguei e voltaria a relaxar quando chegou uma mensagem de voz, era de Freddie, com uma voz rouca e baixa a mensagem dizia: Eu sinto muito, adorei a noite e quero te ver de novo. Em dois segundos apaguei a mensagem e voltei pra banheira, dessa vez com pensamentos claros, mas ainda perturbados.

—Chegamos! Cadê você? – gritou Carly.

—Achei o corpo! Afogada numa garrafa de sais e uma banheira de vinho.

—Chuck! Que deselegante, onde esta sua compostura?

—Desculpe-me, não sou um lorde frances.

Carly entrou na suíte.

—Sam, veste alguma coisa.

—Espuma não serve?

—Só se você estiver treinado pra o seu próximo emprego.

—Ai, essa doeu.

—Não se preocupa não, eu vou estar com você na banheira do lado e e seremos observadas por escrotos empresários que são contra a legalização do aborto e servidores da família tradicional. Ah, e não se preocupe com o Chuck, porque enquanto nos oferecemos como jantar ele servirá o champagne e será cantado pelos mesmo velhos empresários escrotos.

—Carly... – a olhei com uma cara apreensiva e ela apenas desviou o olhar. Isso não era nada bom.

Enquanto secava o cabelo observei Carly andar de um lado a outro e falar de forma muito firma com alguém no telefone. Olhei para Chuck que apenas deu de ombros.

—Você tem certeza? E como eu vou poder confirmar isso? Não tem outro jeito? Não, tudo bem, eu vou tentar por aqui, muito obrigada!

—Carly...

—Sam! – A morena me olhou apreensiva.

—Como foram as coisas com o amigo do idiota? – Chuck indagou.

—Foram interessantes... Tenho algumas novidades. Mas antes, eu quero saber o que houve pra estarmos nesse clima tenso.

—Eu soube algumas coisas a respeito do primo de Chuck.

—Quais?

—Isso depende do que você tem a me dizer. – Carly levantou a sobrancelha de forma inquisitiva utilizando das manhas do tribunal.

—Não banque a advogada comigo.

—Samantha...

—Tudo bem. Ocorreu tudo muito bem, eu descobri que o Nate na verdade é o meu ex namorado traidor, a Blair voltou e esta insuportável como sempre, e eu não verei Freddie nunca mais, esse são os planos e novidades.

—Sam, como você não notou de cara que o primo do Freddie era o seu ex? Teve que ir pra cama com ele pra isso?

—Carly, existem situações extremamente traumáticas em que as pessoas apagam algumas informações e de todo modo, mudamos muito.

—E ela? Como esta? Mudou tanto assim?

Falei tudo de forma tão automática que nem me toquei que tinha falado sobre Blair. Chuck havia levantado e esta servindo outro copo com whisky duplo.

—Chuck, eu...

—Como ela esta? – disse de forma intensa e pausada.

—Radiante, continua igual, a mesma soberba, a mesma autoridade imperial, o...

—Nada mudou!

—Não, nada.

—E pra que ela veio?

—Bom, eu não sei, talvez pra acelerar as coisas para o casamento.

—Então eles são de fato noivos?

—Sim.Chuck...

—Não Sam, eu estou bem, desculpem a interrupção. Carly?

—Sim. Sam, eu receio que você tenha que mudar os seus planos. Ontem a noite você me perguntou sobre os Grimald, e eu fiz uma busca leve mas muito produtiva. O sobrenome Grimald pertence a realeza francesa, parte da nobreza não destituída e ainda com certa forma política e econômica, apensar de serem extremamente discretos.

—Então...

—Então o Freddie pertence a realeza, e só sabemos disso a seu respeito sem a menor informação a respeito do titulo ou da sucessão, a ultima informação envolvendo os Grimald é de anos atrás quando a coroa aceitou um casamento fora dos padrões da nobreza. O que de fato me intrigou e que é de extrema importância é que existe um herdeiro mas não há indícios de quem seja.

—Você quer dizer que o noivo da Blair é um príncipe Carlota? – Chuck perguntou trincando os dentes.

—É muito pior Chuck querido. Hoje bem cedo, antes de vir aqui eu passei no escritório e tinham enviado uma nova carta sobre o processo de reconhecimento da paternidade do seu primo bastardo, dessa vez enviaram também uma foto de uma criança, aparentemente uns cinco anos.

—Então o bastardo é uma criança?

—Não, a foto datava uns 20 anos, o bastardo como você gosta de chamar deve ter a sua idade. O fato é que eu finalmente consegui reconhecer o selo e mandei para um avaliador que me disse que pertence a uma família francesa.

—Não me diga isso, pelo amor de Deus não! – meu coração estava disparado, parecia que eu receberia a revelação do século.

—Eu suspeito de que sim, possam ser os Grimald, e como o único que conhecemos é o Freddie...

—O filho da puta vai roubar minha mulher e minha fortuna. – Chuck deu um riso debochado.

—Então ele sabe de tudo e ele estava jogando comigo? O filho da mãe sabia quem eu era desde o inicio? É ele que esta mandando essas cartas? – perguntei desesperada.

—Não Sam, se ele for quem eu penso, a caligrafia é feminina,muito provavelmente ele nem deve desconfiar que não filho legitimo e se souber deve achar que o pai esta morto ou algo do gênero.

—E agora Carly? O que nós vamos fazer? Eu não tenho a menor condição de conseguir nada dele com Blair aqui. O tempo esta ficando mais curto, o escândalo da Bass pode vazar a qualquer momento e...

Meu ataque de nervos foi interrompido pelo toque do meu celular. Carly olhou de relance e me disse que se tratava de Nathaniel, em resposta balancei a cabeça negativamente dizendo que não atenderia.

—Sam, atende!

—Carly eu não tenho cabeça para falar com ele.

—Samantha deixa de ser burra! Ele é tudo o que nós precisamos.

—É verdade Sam, pense bem, temos que nós aproximar da realeza de alguma forma.

—Porque não você Chuck? Porque não com a Blair? E pra que mais precisam de mim? Nós arranjamos o dinheiro de outra forma!

—Como? Hein, me diga Samantha? Empréstimo? Banco? A imprensa descobre e ai? Não pense que é fácil pra mim, eu já perdi a Blair, não tem mais jeito e com isso eu posso lidar, mas o meu império não entendeu? Isso não! Não sei o que vamos fazer mas algo vamos, você não vai desistir assim!

—Eu posso falar? Ou vocês vão continuar com o drama? – Carly pediu a palavra de modo muito sóbrio.

—Claro. – dissemos em conjunto.

—Eu ainda preciso confirmar se o menino da foto é de fato o Freddie, e para isso eu preciso de uma foto dele, atual ou mais antiga tanto faz. E antes que pergunte não tem na internet, preciso que volte a casa dele com alguma desculpa esfarrapada e pegue sei lá um porta-retratos.

—Eu não me lembro de ter visto nenhum por lá.

—Volte e procure melhor, se necessário você o dopa e tira uma foto por si mesma.

—Com a Blair por lá?

—Eu vou dar um jeito de pensar nela também.

—E onde o Nate entra nisso?

—Nós vamos precisar uma ponte entre a realeza e a burguesia então, eu acho que vocês vão voltar.

—Oi? Eu não volto com o Nate nem morta.

—Amigas não são levadas a jantar de família sabia?

—Carly me deixe reformular a sua proposta, já esta na hora da senhorita sair dos bastidores. Eu vou te dizer o que vai acontecer, eu e o Nate continuaremos sendo belos amigos, em compensação você e ele não precisam ser.

—Finalmente a cabeça voltou a funcionar Sam! – Chuck me saudou e serviu o vinho.

—Vou dar um jeito de encontrar com Nate novamente, e novamente vamos para o seu apartamento, mas dessa vez ele terá sexo de fato, então em um momento de total desatenção eu passeio pela casa e pego a droga da foto, de brinde você ainda conhece a Blair pela manhã.

—Sam, eu não vou fazer isso, não esta mais na minha vida esse tipo de coisa.

—O que? Virou madre Carlota?

—Eu não vejo como isso pode funcionar.

—Nada atrai mais um homem como o Nathaniel do que ostentação e mulheres, ele certamente não pensará duas vezes. – Chuck endossou a proposta.

—Eu não vejo o menor sentido nisso, porque você mesma não dorme com ele?

—Porque figurinha repetida não completa álbum e só polui o ambiente, então a gente recicla dando pra amiga.

—E porque ela esta se apaixonando pelo principezinho.

—Claro que não Chuck, até parece que não me conhece.

—Conheço melhor do que você imagina.

—Carly, eu não tenho mais estômago para o Nate e você precisa se divertir um pouco, vai por mim, eu nunca fui o tipo dele e você é perfeita. Olha eu já tracei o plano perfeito, você se envolve com o Nate o tempo suficiente para descobrir se Freddie é quem nós pensamos, e então se e o resultado da ação for positivo nós decidimos o que fazer, o convidaremos para ser sócio, damos uma festa de boas vindas, enfim, conseguimos dinheiro ele se casa com a Blair e esta tudo certo.

—Sam, você esqueceu um detalhe importante, Blair não vai querer algum envolvimento entre o ex e o atual.

—Eu tenho certeza de que ela não ira se opor.

—E como você pode ter tanta certeza Chuck?

—Porque a Blair te conhece Sam, e deve ter te reconhecido no momento em que te viu de novo, talvez não saiba do seu envolvimento presente comigo, mas te reconheceu, e se ela não te disse nada é porque Freddie não deve ter a mínima ideia de que ela possa ter alguma sórdida relação com o lado escuro da burguesia nova-iorquina. Ela não vai se opor, e eu não preciso aparecer.

—Não, pelo contrário, se isso for verdade, ai sim você precisa aparecer, sua presença a intimidará. Já intimidei muitas testemunhas no tribunal, por debaixo das barbas do juiz, eu sei o que estou falando. – Carly e seus entendimentos jurídicos.

—Esperem, ele é rico, milionário, o que vai fazer ele da o dinheiro?

—Há uma coisa que vocês precisam entender sobre o mundo dos milhões, ele não se faz de honestidade e acordos amigáveis, é pura aparência, e todos sempre tem algo a perder. – Chuck complementou a cena com sua sabedoria.

—A respeito da doutrina da riqueza meus caros, Chuck esta certo, a realeza é muito mais podre do que a burguesia costuma ser, e por tal importância ele tem muito mais a perder, ele não mancharia a imagem da família por negar uma ajuda.

—Sim, nas cartas que recebi a todo o momento pediam sigilo do processo.

—Ricos odeiam exposição. Então Sam?

—Chuck, você ainda tem a gravação e as fotos daquele dia no Hotel?

—Claro, todos arquivados.

—Pois bem, se ajuda não for de bom grado nós usamos o truque mas comum do mercado..

—Chantagem. – Chuck sorriu e eu finalmente suspirei aliviada, enquanto isso Carly nos olhava retribuindo o sorriso pela primeira vez.

—Samy, acho melhor sairmos para comprar algo para vestir, fomos convidadas para jantar.

—Como? – Carly balançou a tela do celular.

—Vamos conhecer o meu futuro amante.