Capcom Vs Snk: Jogo de Adulto

07 Conexão em Los Angeles


Capítulo 7

–Conexão em Los Angeles-

O voo permanecia tranquilo, mesmo depois de Geese, Terry e Andy terem embarcado. Cada grupo sentava isolado um dos outros. O trio Fatal Fury estava no fundo do avião, e dormiam enquanto tentavam repor suas energias. Gesse, Billy e Chun Li sentavam na frente, sem trocar muitas palavras. No meio estavam Sakura, Rock, Jae, Bonne, Kyosuke e Batsu, formando o grupo mais numeroso, praticamente alheios àquela tensão, com exceção -é claro- de Rock.

Em determinado momento da viagem, enquanto boa parte dos outros passageiros descansava, Kyosuke senta-se ao lado de Rock, vendo que o loiro estava perturbado:

—O que está te incomodando, Rock? —Ele diz, num tom de voz gentil. —Só ouço burburinhos sobre o que está acontecendo, então posso dizer que estou bem confuso.

—Ah, Kyosuke! —O rapaz tinha sido pego de surpresa, tendo que enfrentar sua relutância natural para dar prosseguimento à conversa. —Aquele homem que se juntou a nós, o psicopata que acha que gel é shampoo, é meu pai biológico.

—Assustador. —O jovem ruivo, diz, ajeitando seus óculos. —E aquele homem que retiramos do hospital, o Terry, ele é seu pai de criação?

—Algo assim. —Rock sentia uma nostalgia tomando conta de si. Terry tinha sido seu pai, seu amigo, e seu mestre ao longo de pelo menos dez anos. —Terry tinha “matado” meu pai biológico, mas parece que o velho se recuperou.

—Estranho como algumas pessoas simplesmente se “curam” de casos extremos de morte, né? —O sarcasmo de Kyosuke pega Rock em cheio, ao que os dois riem, um pouco mais despreocupados.

—E nunca é a pessoa que nós queremos. —Rock diz, num tom um pouco desanimado. —Esse mundo é uma loucura.

—Família é uma loucura! —Kyosuke acrescenta. —Mas família não são as pessoas que nos colocaram nesse mundo, Rock. Eu tenho...eu tinha um irmão gêmeo, sabe? E ele também tinha umas ideias esquisitas, mas eu o segui porque era meu irmão. Coloquei muita gente em risco pelo projeto de justiça distorcida daquele que era meu próprio sangue, enquanto a minha família de verdade, meus amigos -entre eles o Batsu- sofriam por culpa de minha cabeça dura.

—Eu acho que te entendo. —O loiro diz, cansado. —Mas não é nada fácil ter que lidar com um fantasma do qual você fugiu sua vida inteira, enquanto você já está fugindo de outros problemas.

—Talvez não seja a hora de fugir.

—Talvez não. —Rock estava compenetrado, olhando para os próprios punhos. —Eu devia ir lá e encher a cara dele de sopapo, né? —Kyosuke ri, cobrindo os olhos com a mão.

—Ou podemos fazer isso quando tudo estiver acabado.

—Acha que vai ser fácil assim?

—Bem, olhe pra nós! —Kyosuke tinha um tom de voz confiante. —Só o grupo do meio do avião já pode causar problemas pra qualquer um!

—Tem razão. —Rock parecia bem mais tranquilo. Kyosuke, por sua vez, parecia hesitante. —Que foi, cara?

—Tenho que te perguntar uma coisa. Você conhece o Jae Hoon tem um tempo, né?

—Sim, sim. —Rock parecia suspeitar o que Kyosuke ia dizer. —Por quê?

—Tem algo incomodando o cara, e eu queria saber o que é. —O tique do ruivo, de ajeitar os óculos mesmo que não houvesse necessidade, se revelava toda vez que ele parecia nervoso. —Lutamos juntos lá no hospital, mas ele me parecia alguém que estava se esforçando demais para se concentrar. E também tem o jeito que ele me olha. É estranho...

—Eu tinha percebido isso também. —Rock ponderava. —Mas até agora não tinha feito a relação.

—Me diga.

—Jae Hoon tinha ido para o Japão me procurar, junto do irmão dele, o Dong Hwan. Dong incorporava relâmpagos nos golpes dele também. —O tom de voz triste do loiro era dica mais do que suficiente para Kyosuke.

—Eu não quero ser um substituto pra ele!

—Eu sei que não. E com certeza o Jae sabe também. É que... aconteceu muito rápido, e é muito recente. Não dá pra se recuperar disso, por mais que a gente queira.

—Eu entendo. Entendo bem demais, infelizmente. —Kyosuke se levanta, ao ver Sakura se aproximar. Ele cumprimenta a menina e vai sentar-se em outra poltrona.

—O que vocês estavam conversando? —Sakura parecia preocupada. Com certeza a tensão havia lhe afetado bastante. Ela senta ao lado de Rock, apoiando a cabeça no ombro dele, exausta.

—Estava contando pro Kyosuke o que aconteceu até o momento.

—Jae deve estar surtando também. —Ela diz casualmente, o que impressiona o rapaz.

—Você captou mais rápido do que eu! —Ele tenta aliviar a tensão, mas também estava bem cansado daquela situação.

—Você tem muita coisa pra se preocupar, não é?

—Eu daria muito dinheiro pra que ele não estivesse aqui agora. —O tom de voz frio do loiro era algo que incomodava Sakura. Não a surpreendia, mas ela gostava muito mais da faceta mais gentil dele. —Mas Kyosuke está certo: não dá pra fazer muita coisa agora, então vamos acabar com esse tal de Bison, e depois eu lido com o velho!

—Você fala de um jeito que eu até acredito que vai ser fácil! —Ela ria, satisfeita por ver que ele também estava um pouco mais tranquilo.

—Esse Bison é tão assustador assim? —O silêncio da jovem deixa Rock preocupado. Ela apenas meneia com a cabeça, de modo afirmativo. O rapaz passa o braço por trás dela, trazendo-a para mais perto de si. —Ainda bem que você vai estar por perto pra me defender. —Era pra ser apenas uma brincadeira do rapaz, mas tanto ele quanto ela estavam estranhamente confortáveis nessa posição. Ela fica mais tranquila após ele ter dito que era ela quem ia defendê-lo, enquanto ele relaxava por saber que tinha apoio de sua amiga. Os dois, cansados como estavam, acabam adormecendo naquela posição, apenas se deslocando na direção da janela do avião.

Bonne sorria. “Esses dois bocós...” Ela pensava, enquanto observava Sakura e Rock dormindo. “Vão ficar enrolando quanto tempo mais?” Torcia pelos dois. Era mais fácil do que lidar com a bagunça e confusão que sua mente lhe causava. Foi o que a afastou de Dong Hwan, foi o que a fez se apaixonar por Terry, anos atrás. Vendo sua primeira paixão dormindo nas últimas poltronas do avião despertava um único sentimento na pirata: vergonha. O que ela sentia pelo homem não era amor, e imaginava que o que sentiu por Dong também não o fosse, mas nunca dera uma chance para descobrir. “Esses dois bocós...” Ela voltava o olhar pra Rock e Sakura. A jovem dormia tão inocente, e o rapaz parecia tão em paz. “...eles sim sabem o que estão fazendo.”

Depois de horas, o avião precisava fazer escala no Aeroporto Internacional de Los Angeles. Sakura tinha acordado um pouco antes de Rock, percebendo que tinha dormido escorada nele. Ela se afasta, envergonhada, enquanto observava seu amigo dormir, num raro momento de paz. Ele acordaria pouco depois, demorando um tempo pra se nortear. Podiam ver que todos estavam ansiosos para deixar o avião, mesmo que por pouco tempo.

—A escala dura uma hora. —Chun Li dizia num tom autoritário. —Tentem não se afastar demais, e não chamem atenção! Nos encontramos no portão 11A, em quarenta minutos. —Sua voz ríspida e seu olhar cortante pareciam dirigidos diretamente a Billy Kane. O inglês apenas bufava, indo em direção ao aeroporto, enquanto cutucava o ouvido com o dedo mínimo. Terry aproximava-se de Rock e Sakura, entrelaçando os pescoços de cada um com um braço.

—Vamos comer alguma coisa! —Ele diz, tentando aliviar o clima. —Rock, você paga?

—Eu? —O rapaz diz, empurrando o braço do amigo, que ria. —Você que tá devendo uma pra gente! Isso sem contar o dinheiro que você me deve!

—Não seja mal-educado na frente de sua namorada, Rock! —Terry provocava, justamente por saber o quão encabulado Rock ficaria. O rapaz trava, fechando o rosto numa carranca desgostosa. Ele apanha a carteira, verificando que tinha condições de pagar uma refeição para eles. Terry comemora a vitória, dirigindo-se ao aeroporto.

—Vamos lá! —Sakura pega a mão do rapaz, rindo, puxando-o para o aeroporto. —Eu te ajudo com a conta!

Parecia que fazia muito tempo desde a última refeição decente deles. Desde que fugiram de Vega e Freeman, apenas haviam comido algo no hospital, e depois um lanche no avião. Os três apreciavam aquele momento, era uma tranquilidade há muito desejada. Terry termina seu prato, recostando-se na cadeira, displicente:

—E como você está, Rock? —Ele pergunta, preocupado.

—Melhor, Terry. —O rapaz apoiava o cotovelo na mesa, usando a mão como suporte para sua cabeça. —Nunca imaginei que a gente ia ter que lutar ao lado do velho, mas eu fico feliz dele estar do nosso lado, e não do lado do inimigo.

—Eu não teria tanta certeza. —Terry tinha um tom de voz desconfiado, enquanto olhava para os lados. —Você não acha esquisito ele aparecer logo agora, sendo que a própria Chun Li falou que tudo começou em Second South?

—Talvez Bison tenha colocado Geese pra correr! —Sakura diz, sem vergonha ao se intrometer, afinal, aquilo era importante. —Ele falou que estava preocupado com o Rock, mas isso pode também ter sido uma desculpa para nos procurar e pedir a nossa ajuda!

—Só fiquem alertas. —O lobo diz, casualmente. —Não custa nada ficar de olho nele, e eu aceito de muito bom grado qualquer chance de evitar problemas no futuro.

—Você pode ter razão, Terry. —Rock tinha um olhar incisivo, o que faz seu mestre tomar uma postura mais austera também. —De todo modo, eu preciso que você, Andy e Joe não antagonizem mais com o velho. Se você tiver razão, é melhor que ele ache que não temos tantas suspeitas. Se você tiver errado, é melhor que não criemos mais tensão do que já temos.

Terry ri, levantando-se. Não admitiria, mas estava orgulhoso pela forma que Rock pensava e planejava:

—Certo, certo. —Ele diz, deixando dinheiro sobre a mesa. —Quando você tem razão, você tem razão, filhote. —“Filhote”. Terry não o chamava assim tinha muito tempo. Rock e Sakura deixam o restante do valor da conta, também se dirigindo para o avião.

Quando se aproximavam do portão de embarque, os três lutadores percebem uma estranha comoção. Chegando mais próximos, eles conseguem ver três homens parados em frente ao portão 11A. Terry logo reconhece dois deles como lutadores do “Time dos Estados Unidos”, que participaram algumas vezes de torneios de luta de rua: Heavy D', o lutador de boxe, e Lucky Glauber, carateca e estrela do basquete. O terceiro era um velho conhecido de Terry e Rock, o agente da SWAT radicado em Second SouthTown, chamado Kevin Rian.

—Kevin...? —Terry se aproximava, desconfiado. —O que você está fazendo aqui?

Não havia resposta. O agente da SWAT simplesmente arrisca um soco contra o líder do trio Fatal Fury. Terry esquiva, aborrecido por suas suspeitas terem se concretizado. Rock e Sakura já tinham entendido o que estava acontecendo, e no instante seguinte já haviam escolhido seus adversários.

Terry parecia em estado muito melhor do que quando fora resgatado no hospital. Sua mobilidade poderia ainda estar debilitada, mas era o bastante para conter Kevin. Incomodava o fato de seu adversário não emitir nenhum som, sequer um grunhido na hora de seus ataques. Imaginava se tinha sido assim quando ele atacou Rock e seus amigos.

Sakura enfrentava Lucky, o lutador de caratê. O estilo dele era bem diferente do de Ryu e Ken, mas não menos eficiente. A jovem desviava dos golpes, em movimentos graciosos, a medida em que observava a técnica do jogador de basquete e procurava brechas.

Rock partia com tudo pra cima de Heavy D', mas seus golpes eram bloqueados com precisão cirúrgica. Heavy sabia o momento exato de atacar e defender, colocando o rapaz numa situação complicada. Por outro lado, desde que haviam resgatado Terry, Rock estava mais motivado do que nunca. Qualquer um dos dois que errasse num movimento, estava fadado a ser punido gravemente por isso.

Sakura continuava atacando e esquivando dos golpes de Lucky. Ela usava sua agilidade para tentar ganhar vantagem, mas não parecia ser o suficiente. Começava a maquinar um novo plano, para abrir a guarda de Lucky. Ela mira um chute no joelho de seu adversário, que bloqueia se valendo de um soco voltado para baixo. A jovem então usa seu pé como gancho, impulsionando-se para frente, ao mesmo tempo em que carregava bastante ki em suas mãos.

—Hadouken! —O ataque atingira Lucky em cheio, fazendo-o recuar. A garota não perde tempo, atacando ele com uma rasteira, seguindo com um chute giratório enquanto ela levantava, rápido o bastante para atingi-lo ainda no ar.

Rock, por sua vez, parecia numa situação um pouco mais perigosa. Já tinha sido atingido duas vezes por socos pesados de seu oponente, o segundo inclusive o tinha feito cambalear. Heavy D' parecia cada vez mais confiante, exatamente como o rapaz havia planejado.

Um soco resvala na têmpora do rapaz, ele tinha conseguido mover a cabeça o suficiente para o golpe passar raspando. Aquele movimento de última hora havia deixado o boxeador completamente aberto para o ataque de Rock. Flexionando os joelhos, ele se lançara contra Heavy D' com cotovelo em riste. Um golpe no plexo solar, seguido de uma sequência de socos em diversos pontos, rápidos demais para Heavy sequer reagir. O boxeador beijava a lona, enquanto Rock se aprumava uma vez mais, confiante.

Terry usava de sua força bruta contra Kevin. O agente da elite policial carregava os punhos com uma energia que explodia mediante contato, causando ainda mais dano, mas não era suficiente para quebrar o bloqueio do experiente lutador. Em dado momento, Terry cobria sua mão com energia também, fazendo os socos dos dois lutadores colidirem com violência. A explosão do punho de Kevin tinha conseguido jogar Terry para trás, e, num salto, tudo estava acabado.

Ao ver Kevin se projetando para o ar, Terry saltara junto, atingindo seu adversário com o ombro, fazendo ele se projetar mais alto ainda. Esperando o momento certo, Terry avança em carga, com a mão cheia de ki concentrado.

—Buster Wolf! —O punho atinge Kevin, dando a deixa perfeita para Terry concluir com uma descarga poderosa de energia, que aparentemente nocauteia seu adversário. Ele caminha junto a Rock e Sakura, satisfeito com a resolução do combate.

—Nada mal, velhote! —Rock diz, provocando seu mestre. —E pensar que há algumas horas você mal conseguia andar direito!

—Ninguém vira uma lenda fazendo corpo mole! —Terry ria, acompanhado de Sakura e Rock. —Então foi isso que aconteceu comigo, é?

—Foi. —Sakura diz, recuperando o fôlego. —Foi assustador. —A comemoração dura pouco, ao que o trio derrotado se levanta uma vez mais. Havia algo diferente. Algo que não estava presente na vez em que foram atacados por Terry e os outros. Aquela energia opressiva causava um mal-estar a todos ao redor, aquela energia era algo familiar demais para Terry. Os três estavam cobertos por uma aura púrpura, que serpenteava ao redor deles.

—O...Orochi? —O lobo mal conseguia pronunciar essas palavras. Rock olhava confuso, enquanto seu mestre parecia em negação. —Não pode ser... não é assim que funciona!

—Terry? —Rock tenta acalmar seu mestre, mas não havia tempo. Logo eles eram atacados novamente, por versões ainda mais violentas daqueles lutadores que haviam acabado de enfrentar.

Dessa vez não havia equilíbrio. Heavy D' massacrava Rock, acertando-o antes mesmo que ele pudesse armar uma guarda. Parecia mais rápido, mais forte, babando enquanto rugia e atacava. Sakura passava pelas mesmas dificuldades, sendo agora ela que caía nas armadilhas de Lucky, que a atacava de modo que ela se via obrigada a deixar uma brecha, aproveitada sem a menor piedade pelo carateca.

Terry tinha um pouco mais de sorte, havia apenas conseguido aparar os golpes de Kevin. Não era uma luta no caso deles, mas sim uma medição de forças. O lobo sabia que não era sábio tentar enfrentar alguém possuído pelo poder de Orochi numa luta mano a mano, logo ele não abria nenhuma brecha, enquanto apresava os braços do policial.

Rock e Sakura haviam sido jogados para trás pelos golpes de seus adversários. A luta estava cada vez mais difícil. O rapaz se levanta, estendendo a mão para a amiga.

—Que droga! O que está rolando? —Ele diz, respirando pesadamente. —Já viu algo desse tipo alguma vez?

—Parecido. —Sakura também estava ofegante. A imagem de Ryu possuído pelo Satsui no Hado, o instinto assassino do Ansatsuken, povoava a mente de Sakura durante aquela luta. A intenção e violência daqueles lutadores tinha se tornado similar ao que Ryu havia sucumbido uma vez. A dupla é visada por Heavy e Lucky, que avançam em um frenesi, ameaçando um novo ataque.

Antes que pudessem ser atingidos, porém, Rock e Sakura são salvos por um elegante chute de Kyosuke, que tira Lucky da reta, e um poderoso chute voador de Jae Hoon, que acerta Heavy D':

—Que estão fazendo? —Jae Hoon diz, num tom provocativo, colocando-se ao lado de Rock. —Vão mesmo deixar esses caras acabarem com vocês?

—Vamos nessa Jae! —Rock e o lutador de Tae Kwon Do partem para cima de Heavy D', atacando-o sem chances de defesa. Paralelo a eles, Sakura e Kyosuke atacavam Lucky Glauber sem piedade, não deixando qualquer espaço para ele respirar. Um terceiro reforço chega na forma de Bonne Jenet, que aproveita que Terry imobilizava Kevin, acertando uma sequência de chutes giratórios no policial.

—Nunca fui muito fã de autoridades! —Diz a loira, que agora atacava Kevin acompanhada de Terry. —Vamos acabar com isso!

Em um esforço conjunto, os três lutadores possuídos vão ao chão em pouco tempo, e aquela aura maligna finalmente parecia recuar, fazendo o mal-estar se tornar apenas uma memória. Sakura senta-se no chão, desgastada pela luta, e frustrada por ter tido tantas dificuldades:

—Nunca imaginei que um lutador de basquete ia me dar tanto trabalho!

—Ah, sim! —Rock tinha um tom jocoso em voz, vendo que a menina ainda não tinha reparado no que havia acabado de dizer. —Jogadores de caratê são os piores! —Os dois riem, até Chun Li chegar, acompanhada de Geese e Billy.

—Então era daqui que vinha essa sensação terrível? —A agente da Interpol dizia.

—Essa energia. —Geese tinha um olhar perturbado tomando conta de sua face, já tinha sentido aquele poder antes, mas havia algo diferente.

—Sangue de Orochi. —Andy, que também chegava ao local, dizia aquilo que Geese e Terry pensavam. —Tem algo de peculiar nessa manifestação, mas com certeza é aquele poder que possuiu Iori Yagami, entre outros, alguns anos atrás.

—Isso não é possível! —Geese diz, irritado. —O poder de Orochi não é algo que qualquer lutadorzinho pode se apossar!

—Talvez não um lutadorzinho igual a você! —Terry não perderia aquela chance de provocá-lo. Em mais de uma ocasião teve que por fim às tentativas de Geese Howard de se tornar onipotente, imaginava que o seu inimigo de longa data em algum momento tenha procurado alguma forma de domar o poder de Orochi. —Alguém claramente conseguiu, Geese.

Os dois se encaravam, ríspidos. Geese apenas bufava, retirando-se em direção do avião. Terry havia vencido aquela, pelo menos. Chun Li havia entrado em contato com a polícia local, o que atrasaria o vôo até que ela deixasse tudo preparado para que aqueles três lutadores derrotados tivessem todo o cuidado e atenção necessário. Ao menos eram mais três fora do controle de Bison, ela imaginava.

Finalmente embarcavam para Miami. De lá partiriam para Second SouthTown. Antes que Sakura pudesse entrar, Chun Li lhe separava do grupo, querendo conversar com ela em particular.

—Que houve? —A jovem perguntava, confusa.

—Sakura, você sentiu também, não sentiu?

—O...o quê? —A menina estava incomodada, sabia do que Chun Li falava, mas não conseguia dizer com suas próprias palavras.

Satsui no Hado! —A lutadora chinesa tinha um olhar cortante. —Se Bison conseguiu canalizar essa energia ao ponto em que estamos vendo, é bem provável que Ryu e Ken estejam sobre controle dele. —Aquelas palavras afligiam Sakura. —Sei que seu estilo deriva do Ansatsuken, você tem certeza de que quer prosseguir?

—Não posso deixar meus amigos! —Sakura olhava para Rock, que embarcava. —E se tem uma chance de Ryu precisar de ajuda, eu também quero estar lá!

—O que eu quero dizer, Sakura... —Chun Li tinha um tom de voz gentil ao falar. —É que você cedo ou tarde pode se tornar uma vítima dessa possessão. Tem certeza de que esse é um risco que você quer correr?

—Chun Li... —Sakura tinha reunido toda sua coragem e determinação para enfrentar sua amiga. —Eu prometi que estaria do lado do Rock caso ele perdesse o controle de novo! E eu tenho certeza de que ele ficará do meu lado se isso por acaso acontecer comigo! Mas eu não vou ficar pra trás, de jeito nenhum! —O coração dela estava acelerado, as mãos e pernas tremiam. Seu nervosismo só cessa no momento em que vê um sorriso brotar no rosto de Chun Li, que repousa as mãos nos ombros de Sakura.

—Com essa resolução, acho que não vai ser uma preocupação pra nenhum dos dois. Vamos embora, Sakura!

As duas finalmente embarcam, deixando Los Angeles para trás. O grupo de lutadores tentava repor suas forças, mas o nervosismo e agitação eram grandes, no caminho para Second SouthTown. Não sabiam o que esperar, mas não acreditavam também que um grupo daqueles poderia ser derrotado. Em poucas horas eles teriam as respostas para todas suas perguntas.

Uma sombra pairava na cidade portuária, como se ela estivesse constantemente sobre influência daquele poder que havia anteriormente controlado o Trio Fatal Fury, Batsu, e tantos outros lutadores. O grupo deixa o ônibus que os havia trazido até Second SouthTown. Rock mal podia acreditar que estava em casa uma vez mais:

—Vamos lá! —Disse o jovem Howard. —Temos um ditador pra arrebentar!

– Continua no capítulo 8 -