Caminhantes

Uma casa simpática


Sting POV

Estamos fora da guilda fazendo oito dias.

— ROGUEEEEE! ESTOU MORRENDO DE FOMEEEEE! -reclamei, me sentando no chão da estrada.

Ele me encarou e ergueu as sobrancelhas, se aproximou e cruzou os braços.

— Sting, foi você quem teimou de vir na missão a pé. Estamos sem comida, aguenta que estamos chegando na guilda.

— Mas estou COM FOME! VOU MORRER! CRETINO SEM CORAÇÃO! -o fritei com os olhos, por que esse Rogue é tão frio?

Lector veio voando com Frosch e eles pousaram do meu lado.

— Estamos meio longe da guilda ainda. -falou o meu exceed.

Olhei em volta e vejo só uma estrada vazia, com mato na esquerda e mato na direita. Tem algumas pedras no horizonte e umas montanhas. Suspirei triste.

— Rogue... Trens são coisa do demônio, eu ia surtar... Não tem pena de mim? -olhei para o Dragon Slayer das Sombras, e lancei um olhar para Lector, o gato me devolveu um olhar cúmplice.

— Sting-kun está certo, trens não são para o grande Sting Eucliffe e não é culpa dele se está com fome!

Rogue continuou com a expressão inabalável, me culpando com os olhos. Até que Frosch falou:

— Uhum, Fro também acha. -a feição de Rogue mudou na hora!

AAAAAAH! MALDITOOOOO! SÓ SE IMPORTA COM O FROSCH! SEI MUITO BEM!

— Frosch! -exclamou ele franzindo as sobrancelhas- Não vai ser meu aliado e vai se juntar com o folgado do Sting!?

— Hummm... -fez o exceed verde, fitando Rogue com os olhos que persuadem até a alma da pedra dura- Mas Rogue... Fro está com fome também... Não podemos pegar alguma comida, por favor?

O moreno ficou sem reação, bateu com a mão na própria testa, resmungou e nos olhou.

— Tá certo -cedeu ele, para a minha felicidade- Primeiro, precisamos achar algo ou algum lugar para comer.

Ooooow YEAH!

— Nem precisa pedir! -falei cheirando o ar- Lector, achou algo? -perguntei pro gato.

— Hum, quando eu voei para ver se estávamos longe da guilda, achei uma casinha de madeira. -respondeu ele.

— Uhum, Fro também viu. -acompanhou o outro exceed.

— Então vamos! Vai na frente Lector! -falei correndo.

— Nem parece o cara que estava quase escrevendo o testamento de morte um segundo atrás. -resmungou esse meu companheiro Dragon Slayer das Sombras, correndo junto comigo. Nem retruquei.

Senti o cheiro de gente e de moradia, fiquei animado. Comecei a ver uma fumaça e uma chaminé aparecendo bem na borda0 daquela estrada vazia.

Mas repentinamente surgiu algo caído no chão lá meio longe e eu parei abruptamente, Rogue quase se chocou atrás de mim.

— Por que parou de repente, Sting? -ele perguntou.

— Hum, tem algo caído no chão, bem no meio da estrada. -falei.

— Ei... Isso é uma pessoa! -exclamou Rogue. Eu olhei de novo, é verdade! Aah que droga! Tem uma pessoa no chão!

Corremos para socorrer, eu segurei a pessoa desmaiada, percebi que era uma senhorzinho de idade com cabelos brancos.

— Ei! Ei! Acorda velhinho! -chamei.

O velhinho abriu os olhos enrugados e apontou para a casa solitária no meio da estrada.

— Minha casa... Por favor... -e ficou inconsciente.

— AAAAH! NÃO DESMAIA VELHINHO! -gritei. Quando percebi que o velhinho estava apenas dormindo, troquei um olhar com Rogue.

— Acho que ele quer que o levemos para a casa dele. -comentou o moreno.

Nem precisou falar duas vezes, fomos eu, Rogue, Lector e Frosch pra casa solitária do meio da estrada, comigo carregando o velhinho nas costas, é claro.

A porta estava apenas encostada, Rogue a abriu.

— Que casa bonita! -exclamou Lector.

De fato, era uma casa bem arrumada para um senhorzinho e uma estrada quase vazia. Tinha uma bonita pintura de algum tipo de bege meio rosado na parede. Do lado esquerdo da entrada uma escada pro segundo andar, no centro, um pequeno corredor com uma cozinha no fundo e na direita, uma porta, provavelmente a sala de estar.

Os exceeds voaram casa a dentro.

— Eu vou explorar a casa, Sting-kun! -exclamou o gato laranja, animado.

— Fro também! -acompanhou o gato verde.

— Ow! Cuidado para não quebrar nada! -alertei. Imediatamente Rogue me encarou com a expressão “É você o destruidor das coisas, Sting”- ... Nem comente Rogue, nem comente... -fui falando sabendo que o moreno ia dizer o que pensava. Logo ele voltou a olhar para casa e colocou a mão no queixo, pensativo.

— Ei, não acha essa casa estranha? -observou Rogue.

— Você acha isso? -perguntei sem me importar muito, já subindo ao segundo andar, onde provavelmente são os quartos, levando o senhorzinho.

— Sim, a casa de um velhinho deveria ser todo térreo, as escadas fazem mal para quem tem idade avançada...

Dei de ombros.

— Está imaginando coisas Rogue, ou se preocupando demais, vai que essa casa o velhinho comprou quando jovem e apenas não quis sair dela?

— ... Tem razão -ele murmurou, concordando.

No andar de cima tinham um corredor e três portas. Uma porta na esquerda, uma na direita e outro no final do corredor. Abri os três de uma vez por via das dúvidas no qual entrar. O do final do corredor era banheiro e as dos lados eram quartos. Um quarto parecia desabitado, o outro era de casal, entrei no de casal e coloquei o velhinho na cama. Eu ia sair, mas a voz fraca me chamou:

— Filho... Meu filho Vinney... Você voltou... -eu olhei para trás, vi um rosto feliz e casada.

— Não me chamo Vinney, velhinho. Eu sou Sting, Sting Eucliffe.

Ele mudou de expressão para uma triste e decepcionada.

— Ah... Foi você que me trouxe aqui? Desculpa pelo trabalho, garoto.

— Hum... Eu e meu companheiro somos magos da Sabertooth, estávamos voltando para a guilda, mas a nossa comida acabou, podemos pegar alguma? -perguntei na cara dura e sem vergonha.

Ele olhou para a janela, olhando para algo mais distante que o horizonte de montanhas, respondeu lentamente.

— Claro, pode usar a cozinha e as coisas da geladeira... Mas precisa cortar lenha para o fogão.

Eu sai do quarto surpreso, quem normalmente iria deixar desconhecidos assim usar a casa? Estava até mesmo me preparando para argumentar com o velhinho para nos ajudar! Bom, vamos logo, vai que ele muda de opinião!?

Corri para a cozinha.

— ROGUE! -gritei, o moreno apareceu e fui falando- Falei com o velhinho e ele deixou usar a cozinha, vai preparando algo aí e eu cato a lenha lá fora.

— Sting, encontrei uma foto lá na sala... Era de um casal e um filho -informou, eu pensei um pouco.

— Humm... Isso não é da nossa conta Rogue, vai logo para a cozinha, hora de preparar a boia!

— ... Não está mentindo que o senhor nos deixou usar a casa, está? -ele arqueou uma sobrancelha.

— Agora magoou Rogue. Não, o velhinho falou isso mesmo.

Ele deu de ombros e eu fui para fora, achei um machado cravado em uma mesa feita de base de árvore. Do lado da mesa, várias toras de madeira, arregacei as mangas e peguei o machado.

— AGORA O GRANDIOSO STING EUCLIFFE VAI MOSTRAR A FORÇA DE UM HOMEM INCRÍVEL!

Passei um bom tempo cortando a madeira. Comecei a suar. Enquanto fazia isso, lembrei de uma coisa que andava me perturbando um pouco.

Rogue de vez em quando anda tendo momentos estranhos e sombrios, como se visse pesadelos e os procurasse ainda acordado. E cada vez mais demonstrava menos o que pensa... Se não fosse pelo exceed dele, me pergunto o que aconteceria...

Ouço alguém gritando o meu nome, me tirando de meus pensamentos.

— STNG-KUUUUUUN! -era Lector, vindo voar até mim, parei de cortar madeira e limpei o suor da testa- Rogue-kun pediu para ver se amadeira está cortada.

Olhei pro lado aonde deixei a montanha de madeira cortada.

— Aah, cortei um monte! -sorri satisfeito.

— Incrível, Sting-kun! -admirou ele e eu empinei o nariz orgulhoso.

Peguei umas madeiras e falei:

— Vamos Lector, estou morrendo de fome.

E voltamos para casa, dei as madeiras para Rogue e fui para a sala, me deitei no sofá para cochilar. Um tempo depois, senti o cheiro de comida e me levantei no salto:

— COMIDA! -gritei com um sorriso. Indo em disparada para a cozinha.

Encontrei o moreno terminando de por a mesa e os exceeds já atacando a comida. Me sentei numa cadeira próxima e comecei a devorar tudo que tinha na minha frente: linguiça frita, macarronada de frango, arroz no rizzotto, suco de laranja... Eita, Rogue fez um banquete nessa cozinha!

O velhinho veio e se sentou conosco, parecia melhor de quando o encontrei na rua, ele não disse nada e começou a comer. Isso é estranho demais... Que seja, só sei que tô com fome.

— Senhor, vou deixar dinheiro pela comida... -falou Rogue, tirando alguns jewells do bolso. O senhorzinho sorriu gentil e balançou a cabeça negativamente.

— Não precisa filho. Eu não recebo visitas faz muito tempo, foi bom que apareceram, estava precisando de um pouco de ajuda aqui.

— Mas... -Rogue ia contrariar, mas eu o cortei, ligando nem um pouco se cortava ou não o moreno.

— O que fazia no meio da rua, deitado? -dei uma garfada na macarronada.

— Ha, ha, ha... Quando se tem idade, começamos a ter todos os tipos de problemas de coluna garoto. -riu o velhinho.

— Mora sozinho velhinho? No meio do nada? -indaguei confuso.

— ... Sim... -ele me olhou e respondeu- Minha esposa morreu faz muito tempo atrás, e meu filho sumiu... Eu... Estou esperando pelo dia em que ele volte para casa. Por isso não consigo sair dessa casa.

O clima pesou e Rogue me encarou feio.

— Desculpa, mas... Porque nos deixou usar a sua casa assim? -perguntou o Dragon Slayer das Sombras.

O velhinho ergueu o dedo que tremia pela idade avançada e apontou para a nossa marca de guilda dos nossos ombros.

— Não disseram mentiras e... Mesmo que eu não tivesse deixado, se vocês quisessem usar minha casa, eu não conseguiria impedi-los... Como podem ver, sou só um velho e prefiro resolver as coisas pacificamente. Sem falar que me lembram um pouco do meu filho, ele era um rapaz enérgico, meu orgulho... -sorriu o velhinho.

Eu me levantei, sorri e falei confiante:

— Obrigado velhinho, se um dia eu encontrar esse tal de Vinney, mando ele pra cá imediatamente!

Ele sorriu e concordou com a cabeça.

Conversamos sobre muitas coisas, rimos dos exceeds que se lambuzavam de comida. Mas chegou o momento em que precisávamos ir embora.

— Já vão mesmo? -perguntou o velhinho entristecido na porta da casa e nós Dragon Slayers e exceeds na rua de novo.

— Sim, temos que voltar para a guilda. -sorri- Um dia voltaremos para te visitar velhinho!

— Boa viagem, garotos. -ele sorriu.

Rogue abaixou a cabeça para agradecer e despedir. Pegamos a estrada de novo.

Não demoramos muito para caminharmos e vermos a cidade da nossa guilda. Comecei a correr animado demais, o resto veio junto, cheguei na porta da guilda. Chutei ela como sempre e gritei:

— O DRAGON SLAYER DA LUZ, STING EUCLIFFE VOLTOU!!

— Demorou Sting, o que ficou fazendo? -se aproximou o nosso novo mestre da guilda por trás de mim, me dando o maior susto. Ele é um cara que tem a aparência normal e desleixado, com cabelo e olhos marrons. Parece que ele voltava de algum lugar para a guilda.

— AGH!? -berrei, encarando o mestre- MESTRE! NÃO APAREÇA ASSIM DO NADA!

— Oi mestre Kyle -falou Rogue com sua cara de desinteressado de sempre, esse tio toma susto não!?- Demoramos porque fomos para a missão a pé.

— Ha, ha, foi o Sting de novo, certo? -riu ele me encarando, eu desviei o olhar fingindo que escutei nada. Fui para o balcão enquanto Rogue dava detalhes da missão pro mestre Kyle.

Olhei e vi Minerva, mas do lado dela... Hã!? Pisquei duas vezes.

— Blondie!? -ela se virou, É ELA MESMO!- O que a fada faz aqui!?

— Fala Abelha. -ela sorriu, Minerva me encarou e respondeu, pegando a mão esquerda da loira, mostrando uma marca dourada.

— Lucy é da Saber agora, Sting, trate ela mal e vai morrer. -falou ela entre os dentes, HUÉ!?

— QUE ISSO MULHER!? VOCÊS NÃO ERAM INIMIGAS!? -gritei atônito, Minerva passou o braço nos ombros da Blondie.

— Isso é passado idiota! Agora ela é uma companheira e nos damos bem, certo? -e elas trocaram um olhar cúmplice. Entendi porcaria alguma.

— Sim, Minerva é uma pessoa legal se conversar um pouco. -a loira respondeu, Minerva a largou e apertou as bochechas de Lucy.

— Que bonitinhaaaa!

— M... Minerva... Por favor... -a loira falou esquisito, porque a morena apertava as bochechas dela.

— E assim, Blondie vira mais uma vítima da princesinha... -comentei, os olhos de Minerva se viraram para mim de forma assustadora.

— É. O. QUÊ!?

— N... Naaaaada... -arregalei os olhos- Mas sério, por que a Blondie veio para a nossa guilda!?

Blondie arregalou os olhos e pareceu que ficou desconfortável, de repente sinto alguém bater na minha cabeça por trás.

— AI!? MAS O QUÊ!? -grito, me viro e vejo o mestre.

— Não sabe que é feio ficar se intrometendo na vida dos outros, Sting? -reprovou ele.

— Hngh... -resmunguei entre os dentes, alisando o local agredido.

— Hué mestre!? Por que voltou? Não tinha uma reunião do conselho ou algo assim? -questionou Minerva.

— Ah, sobe isso, esqueci que é amanhã. -riu ele alisando a cabeça, envergonhado.

— Espero nos darmos bem Abelha. -sorriu Blondie, arqueando uma sobrancelha sacana.

Mas ela olha para algo atrás de mim, desvia o olhar e cora...? Ahn!? Olho para trás e vejo Rogue surpreso, então desvia o olhar e... Cora também!?

OI!? O QUÊ!? ROGUE CORADO!? ESPERA, ESPERA! ISSO É NOVIDADE, MESMO ESTANDO COM ESSE INSENTIMENTAL POR TANTOS ANOS, NUNCA VI ISSO! HO HO! ISSO VAI SER INTERESSANTE!

Sorri encarado o moreno, ele me encarou e perguntou meio mal humorado:

— O que é Sting? Por que está fazendo cara de atentado?

— Naaaada... -é Rogue, eu posso ser meio tapado, mas não tanto, isso será MUITO interessante, e para começar, com chave de ouro...- Sabe aonde vai ficar Blondie? Em algum apartamento?

— Eu estou indo procurar um Abelha. Mas acho que não vou encontrar um tão barato...

Abri um sorriso maior, percebi que Rogue me olhava desconfiado, mestre e Minerva me encaravam.

— Vem para a nossa casa Blondie, que cabe mais um -falei.