Lucy POV

— Coff coff coff -tossi recobrando a consciência.

Minha visão turva demorou para focar a minha frente. Apoiei a mão no chão e me sentei.

Aonde estou?

— Ugh... -toquei na minha cabeça latejante. Senti um calo com a ponta dos dedos.

Olhei para o meu corpo e ver se tinha alguma anormalidade. Parece que eu bati a cabeça e desmaiei?

Minha memória turva foi um pouco difícil. Mas então lembrei.

Cadê todo mundo!?

Olhei para os lados. Eu estou sozinha. E a sala mal iluminada continha eu e dois ursinhos sentados no canto, imóveis.

Este local é um estranho retangular feito de ferro, no chão, no teto, e as quatro paredes.

Apenas a parede larga na minha frente, tinha um grande vidro transparente.

E bem no meio do teto, duas lâmpadas compridas. Uma delas queimada, deixando o ambiente mais bruxuleante.

Fiquei de pé e encostei as duas mãos na janela, para ver melhor.

— Olá? -chamei.

Do outro lado do vidro, deu a entender que é uma sala de observação. Com seis televisões grandes ligadas. Cada uma mostrando um canto do parque.

Suspirei pasma.

Estava estranhamente escuro como se fosse noite, mas por culpa das luzes de todo o parque, pude ver o conteúdo das gravações muito bem.

No meio da bagunça de barracas, havia uma montanha contorcente de ursinhos. Havia alguém ali?

Arrepiei com o pensamento.

Eles estavam se juntando em cima de alguém?

Em outra imagem mostrava uma roda gigante. Mas não havia pessoas nela, ou ursinhos.

Na tv da esquerda mostrou o castelo. Uma outra gravação era a montanha russa.

Na quinta estava a casa de horrores, o que me surpreendeu foi que no quarto do grito, tinha Minerva, Kagura e Arana.

Não havia ursinhos no local, mas parece que elas não perceberam que estão sendo observadas por uma câmera. Junto com elas, tem alguns manequins pintados como fantasmas, eles foram quebrados em pedacinhos. Pelo o que pude reconhecer, foi magia de Minerva.

As saídas estavam bloqueados com teia de aranha grossas, mas essas paredes tremeram levemente, como se algo estivesse tentando entrar.

Kagura dormiu de sobrancelhas trincadas, usando as pernas da maga de Mermaid como travesseiro. Minerva igualmente cansada e Arana encostada na princesa dos tigres.

Arregalei os olhos. A verdade é que as três estão com as roupas rasgadas e seu corpo tinha vários arranhões, com sangue escorrendo em algumas feridas.

Na última imagem, engasguei.

Não pude ver bem aonde era. Mas havia uma bola preta. Os ursinhos tentaram de aproximar, mas sempre que entravam no alcance, a bola mostrava uma lâmina e cortava tudo que chegava muito perto.

Nós segundos em que a bola se contorceu para cortar os inimigos, uma parte mostrava o interior. Uma pequena garota em posição fetal flutuava adormecida, como se estivesse embrulhada em um ovo. O pouco que mostrava era horrível, com cortes e sangue na pele.

— Rogue! -empalideci.

Então percebi algo estranho.

Olhei para meus braços e pernas. Por que eu estava aqui? Por que... Eu não tenho os mesmos machucados que eles?

Sim, minha pele estava quase intacta. Tinha arranhões leves, mas nada era sangrento como dos meus companheiros.

Olhei em volta. Aonde está a porta?

Dei um soco na parede. Não fez som de oco ou algo que mostrasse a saída. A parede lisa era confusa. Se eu entrei aqui, então tem uma forma de sair. Está oculta?

Bati levemente em todos os cantos que pude. Quando me aproximei dos dois ursinhos, estremeci.

Era assustador vê-los ali, sem saber se iriam mover a qualquer momento.

Como não fizeram nada, valentemente me pisei em sua direção.

Toc Toc

Aqui também não fez som diferente que das outras paredes. Frizei as sobrancelhas.

Devo usar a força bruta? Peguei o meu bastão.

— Chicote Estelar!

Mas nada aconteceu. Não foi forte o suficiente?

Toquei na minha cintura. O molho de chaves está aqui.

— Abre-te! Portal do Leão! Loki!

— Lucy! -o homem apareceu, ele me segurou pelos ombros e olhou freneticamente dos pés a cabeça.

— Ehmm... Olá Loki, tudo bom? -dei um sorriso, estranhando seu comportamento.

— Tudo bem!? Como assim tudo bem!? -ele ficou alterado- Scorpio contou o que aconteceu. Você é louca em perguntar isso depois de preocupar todo mundo!?

Engoli seco. Oh... Scorpio.

Tinha me esquecido desse detalhe.

— Loki, preciso de ajuda para sair daqui. O que acha? Você já viu o suficiente e confirmou que estou bem.

Ele me encarou.

— Eu vou te ajudar -assentiu, então olhou em volta- Aonde estamos?

— Não faço a mínima ideia -também estudei o local.

— Bom, vou usar magia Lucy, dê um passo para trás.

Ao ver ele fechar o punho, fiz o que me pediu, me escondendo em suas costas.

Seu punho mirou no vidro.

— O Regulus... Conceda-me a sua força!

A magia invocada brilhou, fechei meus olhos.

BOOOM!!

Saiu fumaça, quando pisquei com dificuldade, escutei a voz descrente do espírito.

— Não é possível! -Loki tocou o vidro que está intacto!

Ergui minhas sobrancelhas e corri ao lado dele. Também apalpei a superfície lisa. Não havia um arranhão.

— Que demônios!? -exclamei.

— O que é isso? -ele estava desconcertado.

Olhei fixamente. Não, não importa quanto eu olhe, ele está liso e em perfeitas condições!

Nem mesmo a magia das estrelas podia fazer um arranhão nesse vidro?

Então, escutei uma maçaneta girar. Na sala do outro lado do vidro, a porta se abriu.

Um homem magro apareceu. Suas roupas tinham a cor estranha. Mas o que chamou a atenção era o cabelo castanho e rebelde, com uma tiara de orelhas de urso nela.

— Lucy! -o desconhecido sorriu para mim, alegre- Você finalmente acordou! Eu já estava ficando preocupado.

— Você conhece esse cara, Lucy? -Loki sussurrou para mim.

Eu balancei a cabeça, negando.

— Eu te conheço? -perguntei.

— Ahmm. Ah? -ele ficou surpreso, percebendo um detalhe que não pensou antes- Na verdade essa é a primeira vez que nos vemos!

Ele coçou a nuca, envergonhado. Seu braço era incrivelmente fino, provavelmente ele não se alimenta direito, claramente tendo um problema grave de anorexia.

— E como você sabe meu nome?

— Hum? Oh... Desculpa faz muito tempo que eu não falo com uma pessoa -ele riu- Como faz mesmo? Ah! Eu sei seu nome por causa dos meus amigos, eles me contaram que era assim que te chamavam! E eu me chamo Teddy Morango!

Então reparei que eu já havia escutado essa voz antes. Tinha sido a mesma voz do urso grande que quase arrancou minha cabeça.

— E... Quem são seus amigos?

— Esses...! Esses são meus amigos! -ele ergueu um ursinho macabro nos braços.

O bicho sorriu, mostrando os dentes afiados, mas ele pareceu inofensivo nas mãos do homem.

Ficamos em silêncio. O homem esboçava muita felicidade inocente no rosto.

Loki olhou para a televisão, meio chocado. Ele deve ter escutado de Scorpio, mas ver com os próprios olhos era uma história diferente.

— É você quem controla essas coisas? -o espírito perguntou.

O homem o encarou, como se percebesse agora que havia alguém mais comigo.

— Q... Quem é você!? -ele deu um passo para trás, assustado.

— Esse é meu amigo -respondi rapidamente.

— Ah! -os olhos de Teddy se iluminou e sorriu- Então ele é quem você chama? Assim como eu chamo meus amigos?

Congelei. Espera, então esse cara é um invocador?

— Como assim, você chama os seus amigos? -Loki franziu as sobrancelhas, consternado- Você é um mago?

— Mago...? -ele piscou confuso- Você quer dizer os meus poderes que fazem meus amigos obedientes?

No final, o parque apenas está sendo controlado por magia?

Mas Minerva usou um bloqueio mágico. Essas coisas continuaram se movendo!

— Como você faz eles te obedecerem? -perguntei.

Ele riu.

— Eu mando um pedido para eles. Pela minha mente! E eles fazem o resto sozinho!

— Eles fazem sozinhos?

— Sim! -e então ele virou o ursinho, abrindo suas costas que tem um zíper. Mostrando as peças mecânicas dentro dele- Assim!

Suspirei.

É claro! É impossível um mago controlar milhares de fantoches ao mesmo tempo. Mas se ele enviar um comando em massa, como uma programação, isso grava no núcleo de memória dos ursos e eles se movem de acordo. Eles não estavam vivos por magia, e sim por pura tecnologia! A única magia era o envio de comando.

É assim que funcionam as colmeias e as colônias de formigas. As rainhas não controlava cada operária em cada passo ou movimento. Mas sim, podia comanda-los.

Fiquei assombrada.

— Mas as vezes meus amigos não entendem bem -suspirou- Havia outra mulher loira, e eles se confundiram. Deixaram ela escapar e não sei aonde foi. Então pedi para eles fecharem a casa toda para acha-la.

É verdade. Não consegui ver Sting nas câmeras. Espera, então quem está no meio daquela aglomeração de ursinhos era Milliana?

Pensando agora não vi os exceeds também.

— Por que você está perseguindo as outras pessoas que estavam comigo? -perguntei.

— Oh... Eles invadiram a minha casa! Eu não quero eles aqui! Mas não quero quebrar e bagunçar tudo. Então pedi para eles pegarem essas pessoas -suspirou, fazendo beicinho- Mas parece que eles não me entenderam direito!

— E... Você me trouxe aqui? -perguntei incerta.

Estranhei. Qual é a razão? Eu fui a única que não sofri machucados dos ursos.

— Você é diferente deles!

— Di... Ferente?

— Lucy, você é como eu, certo? -ele abraçou o urso- Seu poder também é de pedir ajuda aos seus amigos!

Empalideci.

— O que você quer com ela? -Loki deu um passo na minha frente- Por que você a trouxe aqui?

Um arrepio passou pelo meu corpo. Um desagradável sentimento aonde Teddy dizia que eu e ele eramos parecidos.

— Eu quero que Lucy seja minha amiga! -ele disse entusiasmado.

Fui a única que não estava machucada. Percebi a razão que me trataram de forma especial!

— Você... Há quanto tempo você está aqui? -gaguejei.

Sua forma estranha de falar. E a explicação que fazia muito tempo que não conversava com alguém. Reparei na sua roupa velha que era justa demais para o seu tamanho. Quem na verdade era Teddy?

— Hmmm -sua cabeça tombou para o lado, pensativo- Estou aqui há muito... Muito tempo... Eu não lembro mais!

Nesse segundo alguns ursinhos apareceram do outro lado. Trazendo algo nas suas patas, oferecendo a Teddy.

— Oh, obrigado! -ele se abaixou. Era um biscoito.

Arregalei meus olhos. Eu tinha visto na cidade um ursinho correndo com algo nas mãos perto da casa de gengibre! No momento achei que era uma ilusão! Mas na verdade era assim que ele sobrevivia!

Quando vi que os ursinhos não se aglomeram para fora do parque, simplesmente pensei que não podiam sair. Mas não era bem assim.

Teddy tinha o poder de tomar toda Baumwolle se quisesse.

Talvez... Talvez, esse homem tinha uma mentalidade tão simples que apenas não quis sair do parque. E resumiu seu poder apenas aqui. Ele chamou esse lugar de "casa". E as vezes enviava alguns para busca comida na cidade.

— Teddy... -chamei cautelosa- Você... Você pode me deixar sair?

Seus olhos piscaram.

— Desculpe Lucy -ele sorriu desamparado- Se eu deixar você sair, vai acabar fugindo.

Engoli seco.

— Por que me trouxe aqui, Teddy?

Eu segurei o braço de Loki, ele está tenso. Sabia que o espírito quer fazer algo imprudente. Mas não podemos assustar esse homem. Pode ser perigoso.

Porque provavelmente ele não é normal mentalmente.

— Lucy, eu quero que você seja meu amigo -sua voz soou muito solitária- Então eu te trouxe para essa sala!

— E o que essa sala faz?

Fiquei nervosa.

— Ela vai fazer você virar meu amigo -ele riu.

Então apertou um botão atrás dele.

Repentinamente um som alto retumbou.

Tampei meus ouvidos e cai de joelhos. Quando olhei para cima, Loki tinha uma expressão de dor.

— Lucy! -o espírito me apoiou, se sentando ao meu lado.

Ele ergueu o punho e socou o vidro violentamente.

— PARE! -gritou, o som é tão gritante que levou a mão tampar próprio ouvido, enquanto a outra estava em minha cintura- SEU LOUCO! EU MANDEI PARAR!

Mas Teddy apenas sorriu, nos encarando por cima.

— Lucy, finalmente eu não vou estar mais sozinho! Estou tão feliz de conhecer alguém como eu!

— Teddy... Me deixe sair... Ugh...

— Os homens que cuidavam de mim eram muito malvados e me machucavam -ele relatou triste- Eu tinha um amigo, ele quem fez esses ursinhos, ele fez muitos para que não nos sentissemos sozinhos. Mas os homens malvados machucaram meu amigo e meu amigo machucou eles... Então eu fiquei sozinho.

O encarei aturdida.

— Por muito tempo pensei o que fazer, então um dia eu descobri que podia controlar os brinquedos do Teddy! E descobri que eu era o Teddy! Brinquei todos os dias com meus amigos. Mas eles não me escutam bem... Agora eu conheci você Lucy! -seus olhos brilharam de alegria.

Me senti tonta. Peguei meu chicote, preciso fazer algo... Preciso...!

Mas o som alto doeu. Minha cabeça estalou e minha visão girou em estrelinhas brancas. Me enrolei em uma bola, tentado ao máximo tampar meus ouvidos.

— AAAAARGH! -gritei.

— Lucy! -o espírito tocou meus ombros. Mas ele mesmo se contorceu de dor.

— Lo... Ki... -murmurei com dificuldade, o barulho enchia meus pensamentos- Forçar fechamento...

— Não Lucy! -seus olhos arregalaram.

— ...Do portal!

— Não!

Ele sumiu na frente dos meus olhos. Sorri.

É meu dever de contratista cuidar dos meus espíritos. É uma questão ética, desculpe Loki.

— Ack!

Quando olhei para o chão, havia sangue. Ergui meus dedos e passei no meu rosto. Meu nariz estava úmido.

Meus dedos ficaram manchados de vermelho.

Me curvei, cada mão segurando um ouvido. Mas o som agudo penetrava na minha cabeça.

Algo pousou nos meus dois ombros.

Eram os dois ursos que estavam sentados antes em um canto. Eles andaram e agora estavam ao meu lado. Com uma pata no meu ombro.

Booof

Seu corpo murchou em uma pequena explosão de fumaça. O ar ficou com cheiro doce.

— Coff coff -tossi- O que é isso?

— É um incenso -a voz de Teddy veio meio torta, não sabia se estava perto ou longe- Quando você despertar, vai me ver como a pessoa mais importante da sua vida!

Sua voz alegre tremeu.

A pessoa mais importante da minha vida?

Encostei minha testa no chão frio. Esse sentimento solitário me fez estremecer e abracei meus ombros.

Fiquei assustada.

Rogue. Eu estou aqui. Você vai vir me encontrar?

A primeira coisa que pensei foi no rapaz de cabelo azeviche e olhos cor rubi.

Estou aqui. Estou esperando. Rogue...

Eu preciso de um abraço seu que me diga que está tudo bem. Mordi meus lábios pela dor estridente.

Até mesmo o som alto parecia abafado. O doce cheiro seduzente me levou em uma ilusão, fechei os olhos.

Me senti confusa e com a mente em branco. Sinto que esqueci de algo. Eu estava fazendo algo importante?

Não sei. O que eu estive fazendo agora pouco?

Aqui, tudo é um branco pacífico.

— Lucy! -vi uma pessoa correr para mim. Seu rosto é borroso.

Mas meu coração palpitou. Respirei fundo. Quem é você?

Essa pessoa me fez sentir nostálgica e familiar.

— Lucy, não foi doloroso? -disse em tom cheio de preocupação.

— Doloroso? -perguntei, sem entender.

— Sim, por que apenas você teve que sofrer assim, Lucy? Por que não foram seus outros companheiros da Fairy Tail? Você tinha mesmo que guardar tudo sozinha?

Um sentimento de solidão passou pelo meu peito. Dói, dói muito.

— Você se lembra quando todo mundo era feliz? -a pessoa perguntou.

— Eu lembro -respondi.

— E você se lembra quando tudo começou a dar errado?

Me senti cada vez mais triste. Pouco a pouco me lembrando das coisas.

— Eu... Lembro -respondi amargamente.

— Quando tudo deu errado, Lucy?

— O dia em que aceitei a missão com Mira.

Senti meu coração sangrar de arrependimento. Um sentimento horrível se contaminando pelo meu corpo em culpa.

— Por que deu tudo errado?

— Por que... Eu sou fraca -murmurei, com vergonha- Se pudesse ser mais forte. Mais independente... Mas até mesmo minha magia é de usar o poder dos outros.

Suspirei, as lágrimas caindo.

— Eu me escondo atrás dos meus espíritos. Eles lutam no meu lugar. Sempre foi assim.

— Esse é o problema? -a pessoa me abraçou consolando.

Me senti aconchegada. Chorei em seu ombro.

— Eu me escondo atrás dos meus amigos também -engasguei- As pessoas me protegem. Mira também me protegeu.

A culpa rodou meu estômago e me senti enjoada. Com nojo de mim.

— Eu sou um fardo.

Por alguma razão, eu queria reclamar para essa pessoa. Queria ficar zangada comigo. Queria gritar e tirar esse peso do meu coração.

— Isso não é verdade Lucy. Você não é um fardo -a pessoa deu tapinhas nas minhas costas- Sua magia é especial. Os magos precisam confiar em si mesmos, mas você é a pessoa que confia neles. Se alguém não consegue confiar em si mesmo, você faz isso em seu lugar.

— E isso é incrível?

— Claro que sim! -a pessoa riu.

As palavras cheias de calma e confiança acalmaram meu coração e eu sorri. Ergui meus braços e o abracei com força.

Me senti encantada e leve.

— Lucy, você não precisa mais sofrer com isso. Que tal eu apagar toda a sua dor?

— Você pode fazer isso? -escondi meu rosto mais profundamente em seu ombro.

Uma doce tentação foi sussurrada. Poder me livrar dos problemas tiraria todos o peso de mim?

— Sim! Vou fazer você não se lembrar. Então não vai mais precisar sofrer.

— Eu... Vou esquecer...?

— Isso! Desde aquele dia que não deveria existir.

— O dia que não deveria existir?

— Sim, quando deu tudo errado. Eu vou apagar isso para você.

Minha mente nebulosa vagou. Em algum lugar do meu peito queria se livrar dessa dor. Dessa culpa.

Mas algo na minha mente pinicou. Senti que se eu esquecesse da minha dor, parece que ia apagar algo realmente importante que estava nas lembranças.

O que era? Por que não consigo me lembrar?

— Lucy? Você não quer voltar a ser como era antes? Alegre e sem nenhuma dor?

A voz gentil me seduziu.

— ... Sim... É uma boa ideia.

Sorri, o abraçando alegremente, jogando as preocupações para o fundo da minha cabeça, sem me importar com mais nada.