Lucy POV

Rogue já tinha escolhido uma missão antecipadamente, por isso pegamos o trem rapidamente assim que saímos da mansão e agora estamos em uma carroça.

Pelo o que eu entendi, vamos para uma vila meio isolada aonde estão com alguns problemas. No pedido não tinham muitas informações, por isso, vamos precisar falar com os aldeões primeiro.

— Uuuuuurgh... -gemia o moreno, com uma cara azul. Deve ser difícil para os Dragon Slayers...

— Rogueee... -chamou o exceed verde do meu colo, muito preocupado- Você está bem? -o mago das sombras forçou um sorriso e respondeu:

— Sim, não se preocupe, Frosch.

— Se pelo menos eu pudesse colocar alguma magia em você... -murmurei num suspiro- Igual o Tróia de Wendy...

Ele sorriu.

— Estou bem, Lucy. -mas nesse momento a carroça deu um salto e Rogue se encolheu e tremulou.

— ROGUE!? -chamamos eu e o exceed.

— Vocês estão bem aí atrás? -perguntou o senhor da carroça. Eu olhei para o moreno, ele se esforçou para se recompor e respondeu da melhor forma possível:

— S... Sim, es... Estamos bem.

Suspirei e dei um pequeno sorriso de canto. Esse rapaz não quer nos preocupar, eu ergui a mão e acariciei a cabeça do pequeno exceed que já estava de olhos marejados de preocupação.

— Rogueee... -sussurrava Frosch. Eu virei o rosto para o senhor da carroça.

— Me desculpe senhor, mas estamos muito longe?

— Não tanto, o rapaz aí está mesmo bem? -aaahm... Olhei para Rogue pelo canto do olho, então respondi:

— Vamos sobreviver... Espero... Mas muito obrigada por nos ajudar, isso facilitou muito -agradeci.

— Ha ha ha, isso não é nada -riu ele- Foi uma surpresa saber que alguém aceitou vir em uma missão para uma vila tão isolada. Eu sou um mercador, mas mesmo entre os mercadores, acho que sou o único que faz essa rota. Foi muita sorte me encontrar.

— Sim -concordei, fui lembrando de como encontramos esse senhor. Assim que descemos na estação de trem mais próximo dessa vila, descobrimos que ainda faltava uma boa quantidade de terra até nosso destino. Ficamos bem preocupados em como chegar, foi então que esse mercador falou conosco- Nem sei como agradecer.

— Bom, já escutaram falar da montanha sagrada? -ele puxou esse assunto do nada.

— Hã? Montanha sagrada? Não... Essa vila isolada tem algo a ver com isso? -continuei com o assunto, Rogue levantou o olhar para prestar atenção.

— Sim, tem tudo a ver. Na verdade, acho que sei o que vão precisar fazer nessa vila. -ele disse, para a nossa surpresa.

— Acho que não estou entendendo... -não compreendi.

— A vila é meio distante... Então poucos sabem, mas eles veneram uma certa montanha. Dizem ser sagrada e que em seu interior mora um dragão.

— Um dragão!? -fiquei mais surpresa ainda, percebi que Frosch e Rogue ficaram ergueram as sobrancelhas também.

— Sim -ele sorriu- Dizem a lenda que a Montanha Sagrada porta um pomar valioso, escondido. Nesse pomar tem um fruto milagroso que Deus confiou a um Grande Dragão. Mas esse Dragão da Montanha Sagrada era solitário. Um dia, ele se apaixonou por uma moça da vila e sem saber como controlar seus instintos, chegou a atacar o vilarejo por isso. Dizem que a moça já era casada e o Dragão furioso a quis mesmo assim, ela chorou por piedade e o Dragão foi-se embora, comovido pelas lágrimas dela.

Eu escutava tudo com muita atenção. O mercador continuou a história:

— Mas em um tempo de seca, a vila ficou sem comida e a moça estava de luto pelo marido, que faleceu por uma doença vinda da fome do inverno desta crise. Mesmo assim, com o coração desconsolado por perder o amado, ela foi até o dragão implorou que em troca da liberdade, salvasse sua vila. O dragão concordou e rugiu, no alto da montanha apareceu uma nascente de água que se tornou um rio e salvou a vila. Deus ficou zangado pelo Grande Dragão ter sido cativado por uma mulher qualquer, que o seu guardião do precioso pomar tinha uma fraqueza como o amor, então Deus arrancou o coração do Dragão e transformou a moça em pedra. Mas a vila continuou a ser próspera, pois o rio continuou a fluir. Depois disso, os aldeões agradecem à moça que se sacrificou e eles veneram ao Dragão que salvou a vila.

— Um dragão que se apaixonou por uma humana... -murmurei, sempre gostei de escutar histórias desde que era criança. Minha mãe vivia me contando elas em seu grande livro vermelho. Algumas eram tristes, outras felizes. Mas sempre amei todas as histórias que ela me narrava. Lembro da voz melodiosa de Layla Heartphilia, sempre as contando com tanta paixão que só faltavam os contos saltarem dos livros de tanta vida que ela dava.

— A lenda é antiga -ele riu- Ao longo dos anos pode ter se modificado... -com uma pequena pausa, anunciou- Bom, chegamos.

A carroça parou. Paramos no pé de grandes portões de madeira, saímos da carroça com um salto.

—Muito obrigada, senhor mercador -agradeci, o homem apenas sorriu. Eu me virei para o meu companheiro- Como se sente, Rogue? -perguntei preocupada.

— Melhor -sorriu ele. O exceed verde voou e se deitou na cabeça do Dragon Slayer das Sombras. Dei uma risada discreta. Frosch está parecendo um chapéu fofo.

— Quem são? -perguntou uma voz vinda do alto da muralha.

— Mercador! -exclamou o senhor que nos trouxe.

— Magos que vieram cumprir a missão requerida! -exclamei.

— Magos? -a voz ficou meio silenciosa- O mercador pode entrar, mas os magos esperem aí fora!!

Eu troquei um olhar com Cheney. Acho que o pessoal daqui não gosta muito de magos.

O portão se abriu, a carroça passou enquanto nós esperamos afora. Não demorou muito até que um jovem de cabelos esbranquiçados apareceu correndo. Os portões se fecharam. A expressão do jovem era cheio de coragem, mesmo parecendo ter a idade de Wendy.

— Vocês são os magos da Sabertooth? -ele perguntou. Eu sorri e mostrei o emblema da minha mão esquerda.

— Sim, nós somos. -respondi, o rapaz olhou para o mago das sombras e o moreno puxou a capa, mostrando o ombro, aonde está o emblema dele.

— E... -o menino apertou os olhos, olhando para a cabeça do moreno- Que chapéu estranho é esse?

— Frosch não é um chapéu -Rogue disse imediatamente.

— Fro concorda! -sorriu o exceed.

— EITA!! O GATO FALA! -exclamou o menino assustado.

— Será que eu preciso falar algo? -murmurei para mim mesma, resolvi abordar o assunto principal- Bom, qual o problema que devemos resolver?

— Ahn!? Ah! É a Montanha Sagrada -ele apontou para a montanha que fica do outro lado da floresta- Dela desce nosso rio que salva a vila em todas as colheitas... Mas alguns anos atrás, ele parou...

— Hã? A nascente apenas não secou? -perguntei. A probabilidade era bem grande do rio apenas ter seco.

— Acreditamos que não... O rio secou depois que um aventurador passou por aqui, é coincidência demais. Nós já mandamos alguns aldeões para a montanha, mas eles voltavam sem resultados. Pensamos que os magos teriam mais sucesso.

— Humm... Entendi –falei, colocando a mão no queixo pensativa. Um rio que se secou depois de parecer um aventureiro... A Montanha Sagrada do Dragão...

— Já faz alguns anos que está assim? -perguntou Rogue olhando para a montanha também.

— Sim -suspirou o menino- A nossa vila é meio afastada por isso o nosso pedido não era muito atraente, sem falar que apenas agora resolvemos lançar um pedido, não aguentamos a seca. Ficamos de certa forma aliviados que finalmente alguém apareceu. Venham, por aqui.

E ele foi caminhando rumo à floresta, nós o seguimos.

— Você é bem jovem -comentei- Para um guia.

—Bom -disse em bom humor- Pelo menos metade aldeões foram contra chamar os magos. Sabe como é, somos muito tradicionais, não queríamos ajuda de fora. Por causa dessa discórdia demoramos para lançar o pedido. Depois que mandamos o pedido para as guildas, eu me apontei para ser guia. Todo mundo ficou brigando em decidir quem levaria vocês para a montanha, só acabei com isso rapidamente.

Eu pensei um pouco, uma vila afastada e orgulhosa... Huh? Que não gosta de chamar as pessoas de fora, mas pela pressão da falta de comida, foram obrigados a chamar alguém das guildas.

— Isso foi corajoso da sua parte -observei. Pelo canto do olho vi que Rogue nos seguia, absorvendo cada informação do garoto- Quero dizer, se prontificar assim quando todos da vila pensam diferente.

O menino abriu um sorriso maior.

— Eu escutei algumas histórias sobre os magos. Sempre tive uma certa curiosidade. Acho meio babaquice as pessoas da vila serem tão... Tradicionais -então ele se virou e caminhou de costas, com as mãos na cabeça e nos encarando- Sou Tern, e vocês?

— Lucy, eu sou uma Maga Celestial -informei, sorrindo.

— ... Rogue -respondeu o moreno.

— Fro! -exclamou o exceed animado. Eu bati minha testa com a mão e apresentei eles devidamente:

— Esse cara do cabelo preto é Rogue, um Dragon Slayer. O gato na cabeça dele é Frosch, um exceed.

— Huuum... -Tern sorriu sem jeito, arqueando uma sobrancelha- Eu não sei a diferença das magias... Mas parecem ser bem legais!

— Sim, elas são -sorri- Tem muitos tipos de magos, mas se for para dizer, acho que um dos mais raros são magias... Perdidas e ancestrais, como as de tempo e de caçador de dragões.

— Caçador de dragões!? -se surpreendeu ele, com os olhos brilhando- Isso parece incrível! Principalmente por casa da nossa lenda! Dragões são poderosos.

— A lenda do dragão que se apaixonou por uma moça da vila? -perguntei curiosa.

— Esse mesmo -confirmou Tern- “A fortaleza do Grande Dragão”, existe até uma música sobre!! Quer ouvir?

— Sério que tem uma? -me admirei, músicas culturais sempre foram algo que gostei, Tern se virou para frente, pegou um graveto e o balançou no ar, como se comandasse uma orquestra imaginária e cantou alto:

Na Montanha Sagrada

Pura fortaleza do majestoso

É aonde vive o Grande Dragão

Dono das enormes asas que cortam os céus

Guardião do pomar mais valioso

Coração apaixonado ele tinha

Por uma bela moça de voz de ninfa

Amou-a e enlouquecido

Atacou nossa vila

Lágrimas puras da moça amada

Transformaram-no piedoso

Foi-se embora

Fome, desespero, quem pode nos salvar?

A moça virou mulher, perdera o marido

Na doença daquele inverno de fome

Entre lágrimas, ela partiu

“Oh, Grande Dragão, salve minha vila

Te darei minha liberdade”

Um rugido de terremotos tremulou a montanha

Do seu topo, uma bela nescente

“Salva! A vila foi salva!”

Cantarolaram os aldeões

A moça se tornou nossa santa,

O Grande Dragão é o protetor

Do pomar mais valioso, da moça mais bela

Da vida da nascente mais preciosa.

Deus foi contra e zangado,

Retirou o coração que fez seu guardião

Deixar de ser sublime,

Transformou a amada do Grade Dragão em pedra

Oremos.

Hoje tem festa

Comemorem,

Porque a dádiva da Montanha Sagrada

Temos de ser gratos.

Grande fortaleza guarda um segredo

Sua mente os sonhos e pesadelos

Seu coração a flecha da cura ou do abismo

Da boca do Grande Dragão,

Um túmulo e a nossa vida.

Eu escutei isso e meu coração ficou meio triste... Será que é por causa das palavras usadas? Por causa do amor que o dragão tinha? Pelos sentimentos que a moça deveria ter quando tomou a decisão de salvar a vila?

Eu não sei.

Quando percebi, já estávamos no pé da montanha.

— Desculpa pessoal, mas eu posso trazer vocês só até aqui... -se deculpou Tern.

— Não, tudo bem. Foi de grande ajuda -sorri.

— Depois eu venho buscá-los, amanhã quando o sol nascer. Caso demorem um pouco mais, virei todos os dias no horário cobinado. Vocês tem no máximo uma semana, não sei o quanto isso pode demorar.

— Entendi -respodi, é meio assustador pensar que uma missão possa demorar tanto.

— Até mais -sorriu ele, se distanciando, eu apenas ergui a mão e balancei em despedida.

— O que acha, Lucy? -me perguntou o Dragon Slayer, olhando para a montanha. Eu comprimi os lábios, pensativa.

— Reviver uma nascente não deve ser fácil. Espero conseguir cumprir essa missão.

— Sim, eu também -concordou ele.

— Fro também acha -apoiou Frosch.

Nós entramos na floresta que reveste a montanha, caminhamos um pouco, o certo seria achar algum fragmento do rio, mas depois de tantos anos, provavelmente não sobrou nada para contar história. Suspirei desanimada.

— Talvez devemos subir a montanha? -perguntei- Na lenda diz que a nascente é lá...

Olhamos para cima. Essa montanha era gigantesca, se escalassemos ela, iria demorar pelo menos... Cinco dias...

— Acho... -começou Rogue- Que devemos tentar outra coisa... É provável que essa montanha seja uma das maiores que existem nesse mundo -a forma que ele falou era tão sério, eu precisei concordar.

— Então... Vamos olhar mais um pouco por aqui -sugeri. Ele assentiu com a cabeça.

Continuamos a caminhar, com um destino indefinido, Frosch continuava a observar tudo, obediente e silencioso, sendo um chapéu para Rogue.

— Frosch, você gosta de se deitar num lugar estranho -comentei rindo, quem deitaria na cabeça de uma pessoa?

— Minha cabeça não é estranha -o moreno contrariou- Frosch se deita na minha cabeça de vez em quando. Não sei o porquê dele gostar tanto...

— Humm... -Frosch fez, pensativo- A cabeça do Rogue é quentinha e fofa.

— Oh!? Sério!? -fiquei curiosa.

— Sim -confirmou o exceed.

Inconscientemente levantei a minha mão, como o Dragon Slayer das Sombras é alto, tive de ficar nas potas dos pés e toquei no cabelo dele. Eu já me perguntei se cabelos negros espetados eram fofos e macios... Mas não tanto a ponto de me viciar em mexer!! Oh!? Cada vez mais eu quero mexer... É... É como o pelo do coelho...

Comecei a corar um pouco.

— L... Lu... Lucy...? -chamou o moreno me retirando do transe. Recolhi minha mão imediatamente, meu rosto ardeu como se entrasse em chamas, olhei e os globos carmesim me encaravam, o dono de tais olhos estava meio vermelhado também.

— D... Desculpa... -murmurei num beicinho tímido.

— N... Não -foi ele falando- Tudo bem...

Aaah droga... Quando é esse Dragon Slayer, eu acabo me distraindo tão fácil!! M... Mas não é minha culpa se eu gosto dos olhos escarlate, do cabelo negro, das mãos grandes, da voz dele, da... Da cicatiz em cima do nariz... AAAAH!! O QUE ESTÁ SONHANDO ACORDADA MENINA!? ESTÁ PARECEDO UMA TARADA! PARE COM ISSO! MEU... MEU ROSTO DEVE ESTAR TÃO CORADO!

— Fada-san, Fada-san -chamou o exceed em bom humor. Eu bati nas minhas bochechas para acordar. Rogue me encarou sem compreender minhas ações, mas antes que ele pudesse dizer algo, respondi o chamado:

— Sim, Frosch?

— Fada-san conhece a música do Orga? -ele perguntou, eu neguei com a cabeça- É assim: É Campeão! É Campeão! Abrir vinhos de milhoooo e sambar na uvaaaa... Veeeem sooool, veeeeem. Hoje tem festa do mundo horrível dos brócolis amoebaaa...

— Que música estranha é essa? -ri. Rogue escondeu o rosto com a mão, desacreditado.

— Quando foi que aprendeu uma musica tão horrível com o Orga, Frosch? -perguntou o moreno.

— Hum... Fro não sabe -respondeu num sorriso despreocupado. Continuei a rir.

— Ai, ai, isso me lembra quando o Gajeel começou a cantar no palco -contei- Então ele raptou eu e Levy-chan para uma dança sinistra. Ele cantava alguma coisa “Schoob dob bop” sobre garças marinhas e porco-espinhos mentirosos. Foi realmente constrangedor -confessei, me envergonhando um pouco ao me lembrar- Mas depois veio Gray voando recamando de dores de ouvido e uma Erza falando que o bolo dela ficou amargo por causa da música. Foi mesmo humilhante, mas divertido...

Eu estava tão animada falado da minha lembrança que quando olhei, Frosch estava com uma cara triste e fiquei surpresa.

— Fada-san... Fada-san vai ir embora um dia? -ele perguntou meio preocupado.

— Frosch! -exclamou o moreno, mas ele olhou para mim, como se quisesse escutar a resposta.

Escuto claramente os nossos pés pisando na grama.

Meu sorriso moreu. Fiquei meio nervosa. Aah... Verdade, também tem isso... Eu... Talvez não fique na Sabertooth para sempre.

— Que pergunta repentina... -lancei um sorriso vago.

— Humm... Sabe, Fro estava pesando... Os amigos da Fada-san pareciam gostar muito da Fada-san... Fro não quer de Fada-san vá embora...

Frosch... Ele é um exceed que facilmente tem a atenção presa em coisas simples... Mas também tem seus momentos de preocupação. Não posso mentir para um gato tão honesto.

— ... Eu prometi pros meus amigos que voltaria para a Fairy tail... -e também tem os problemas de Zeref, não posso trazer esses problemas até a Sabertooth.

— ... -Frosch ficou mais triste- M... Mas Fada-san prometeu nos proteger...

— Mas eu vou -sorri- Se eu voltar para a Fairy Tail, eu vou te salvar quando precisar. Sou uma fada, certo? As fadas tem asas! Por isso vou vir voando te salvar.

Eu o olhei e Frosch sorriu mais aliviado e conformado. Mas pensando agora, o exceed me chama de Fada-san. É engraçado, porque agora não sou mais uma fada.

Inconscientemente toquei na minha mão direita, aonde o emblema das fadas existia antes. Sinto falta deles... Mas ao mesmo tempo não quero deixar a minha casa de agora...

— Lucy? -me chamou o moreno, acho que Rogue percebeu minha saudade dos meus amigos, ele pareceu preocupado- ... Lucy...

— Sim? -sorri o encarando, ele me olhou e pareceu mudar de opnião sobre o que falar.

— Nada... Só... Só... -pareceu não saber o que responder- Só pensei que Lucy é um nome bonito.

— Hã? -fiquei antônita por um segundo. Que repetino! E dei uma pequena risada.

— O... O que foi? Qual é a graça? -perguntou ele incerto. Eu ri um pouco mais.

— Você acha mesmo que meu nome é bonito? O meu nome veio de uma blaca quebrada de uma guilda -ergui a mão na minha boca para tentar esconder meu sorriso- Na verdade é uma coisa engraçada. Aonde no mundo os pais usam uma placa quebrada para decidir o nome de uma filha?

Ele pareceu pensar um pouco, então respondeu:

— ... A forma que você conseguiu o nome, é simples e feita a partir de uma coincidência -ele sorriu levemente, olhando para frente.

— Humm... De certa forma, sim... -concordei, ele me olhou um pouco e voltou a encarar para aode caminhávamos. Suas bochechas estavam coradas- Mas o que tem essa observação? -perguntei curiosa.

Ele pareceu meio relutante em responder, eu o pressionei com o olhar. Quero muito saber sobre o que ele pensa sobre o meu nome. O que será?

— Penso que de vez em quando, não precisamos de significados impressionantes para tudo... As pequenas coisas que nos acontecem são atraentes também -ele continuou a falar, eu ergui as sobrancelhas- Eu em particular gosto delas. Mas elas são facilmente esquecidas, acho que é por isso que seus pais te deram esse nome, para se lembrarem de um momento simples sem estravagâncias.

Eu o olhei admirada. “Para se lembrar das pequenas coisas que nos acontecem”...

Meu coração bateu estranho, aquilo foi algo que nunca tinha parado para pesar.

Lembrei do meu pai. Sobre como ele sempre queria coisas grandes, coisas de alta classe... Eu fui sufocada pela grandiosidade que o nome da familia Heartphilia queria dizer... Mas Jude Heartphilia já foi humilde e simples também e o meu nome, o nome “Lucy” vem de um momento comum dos meus pais, um momento em que poderia ser passageiro, um pequeno momento em que eles quiseram transformar em especial...

Meus olhos marejaram levemente, dei um sorriso.

— Sinto que posso gostar do meu nome mais do que agora -murmurei, logo limpei as lágrimas e perguntei- Mas e você Rogue? Gosta do seu nome?

Ele desviou o olhar, ficando com uma feição meio emburada e avermelhada.

— Rogue? -chamei estranhando, ele me olhou- Algum problema?

— ... Apenas... Quando eu era criança, eu não gostava do meu nome -fiquei surpresa- Por isso, quando era menino mudei o meu nome para Ryos -uma pequena pausa- O meu nome é estranho, não é? O som “Rogue” não é exatamente o mais atraente do mundo.

Abri um sorriso maior. Acabei imaginando um pequeno menino de cabelos negros e olhos avermelhados que se preocupava com o próprio nome. Deve ter sito tão bonitinho.

— Hummm... Rogue -falei testando o nome.

— ? O que foi, Lucy? -ele perguntou.

— Nada não, eu estava testando ver o que acho do som “Rogue” -eu ergui um dedo indicador e testei de novo- Ro-gue. Humm...

Ele me olhou furtivamente. Como eu não respondia, o Dragon Salyer pareceu meio tenso.

— E? -perguntou ele por fim- O que acha?

— Hm... É, o nome “Rogue” não é o nome mais agradável de se ouvir -respondi, então sussurrei- Mas pode se tornar um dos meus favoritos de se falar.

Os ouvidos de Dragon Slayer dele provavelmente escutaram, mas Rogue fingiu saber de nada, apenas virou o rostro pro outro lado, meio corado.

Caminhamos mais um tempo, então uma borboleta azul passou voando na nossa frente. Fosch acionou Aera e flutuou, seguindo o inseto.

— Frosch? -chamamos eu e o mago das sombras. Trocamos um olhar e seguimos o exceed e a borboleta.

Até que a borboleta entrou entre os arbustos por uma pequena fenda. Mas os arbustos davam direto para uma parede de terra de uma barranca. O exceed foi atrás e sumiu nos arbustos.

— Espera, Frosch! -chamou Rogue, ele ergueu a mão e levantou alguns galhos, descobrimos uma pequena abertura. Nos entreolhamos mais uma vez.

Ele entrou na abertura e eu o segui, quando vimos aonde fomos parar, meus olhos se arregalaram. Chegamos em um grandioso salão de paredes de pedra que poderiam portar algo bem maior que um gigante. Era quase impossível saber o quão longe estava o teto, um teto pintado artisticamente com um desenho de um ser colossal com garras, asas majestosas, olhos em fendas, o desenho de um bravo dragão. Pilares com desenhos sapirais estavam erguidos orgulhosamente pelo salão. O chão era ladrilhado por pedras bem lapidadas e lisas, pareciam espelhos negros, refletindo o pequeno mundo da sala. Era para ser um recinto escuro, mas os pilares eram cheios de pedras preciosas cravadas, que fluoresciam magicamente em explendor com as mais belas cores. Meu queixo caiu.

Estamos dentro da montanha, na fortaleza do Grande Dragão.