Caminhantes

A Fortaleza do Grande Dragão


Rogue POV

— Impressionante... -sussurrei ao ver aquele gigantesco salão, enquanto Lucy olhava admirada.

— Wooooow... -fez ela. Logo sorriu e salteou para frente, fez algumas piruetas e sorriu- Olha Rogue!! Aqui é enoorme!

Olhamos um pouco mais. Lucy chegou perto dos pilares de pedras preciosas e seus olhos brilharam fascinados. Eu olhei para os lados, Frosch estava tentando subir em um... O que é aquilo? Algum tipo de mesa de pedra?

Eu cheguei perto do exceed. Meus passos faziam ecos, o som de que se ouve quando pisa em pedras límpidas como um pequeno e delicado sino.

— O que está fazendo aí, Frosch? -perguntei.

— Fro não consegue ver... -respondeu ele meio triste. O peguei no colo.

Como meu exceed é engraçado, ele sabe usar Aera, mesmo assim tenta escalar as coisas sozinho com as próprias pernas. Sorri ao pensar nisso.

Olhei para a mesa de pedra, tinham algumas palavras gravadas. Não reconheço essa língua...

Lucy parou ao meu lado, olhou curiosa e perguntou:

— O que é isso? -ao observar as palavras escritas, franziu as sobrancelhas e comprimiu os lábios- Que língua é essa? Eu nunca ví algo assim... Parece bem antiga.

— Hm... -fiquei pensativo, espera... Aqui é a fortaleza do dragão- Será que são palavras em língua dos dragões!?

— Ah! -ela compreendeu- Talvez seja uma língua perdida... Espera... Acabo de me dar conta, será que tem algum dragão por aqui!? -ela olhou pros lados, receosa. Eu cheirei o ar.

— Não... -falei- Isso aqui está desabitado faz muito tempo. Se nessa montanha morava um dragão, isso foi há anos atrás.

— Oh... -ela suspirou aliviada e a atenção voltou para a mesa de pedra- Mas Rogue, será que você não consegue ler? Com alguma magia de Dragon Slayer?

Eu fitei as palavras gravadas... Uma magia que possa ler... Talvez... Bom, não sei se isso vai funcionar, mas...

— TRANSFORMAÇÃO ESPECIAL: OLHOS DO DRAGÃO DAS SOMBRAS! -exclamei. Senti um incômodo nos meus olhos, ergui a minha mão os apertando inconscientemente.

— Rogue!? -chamaram os outros dois, preocupados. Eu levantei o olhar e sorri.

— Estou bem. -falei, mas ele mudaram a feição para surpresa- O... O que foi?

— Seus olhos! -exclamou Frosch.

Meus olhos? Quê?

— Seus... -falou a loira, com os olhos impressionados- As suas pupilas se tornaram fendas! -fiquei meio surpreso. Eu quero ver isso, mas parece que tem lugar nenhum que poderia refletir meu rosto. Ela então perguntou- E agora? Consegue ler?

Eu olhei para a mesa de pedra. As palavras fluíram na minha mente.

— “A fortaleza da montanha sagrada esconde um segredo, meu pomar sagrado. A minha mente se tornou minha tortura e meu amor, meu coração aonde tem a cura e o pesadelo, a minha boca o túmulo e a vida. A montanha e eu, somos unidos, não posso sair dessa minha prisão. Somos a Montanha Sagrada e o Grande Dragão.”

E terminei de ler, senti uma pontada nos meus olhos mais uma vez. Parece que a magia perdeu o efeito, não consigo ler mais nada daquelas gravuras esculpidas da pedra.

Ficamos meio silenciosos.

— O que essas palavras querem dizer? -Lucy colocou a mão no queixo- Me lembram um pouco das palavras da música do vilarejo... Mas é meio diferente.

Olhei para Frosch, ele brincava com a minha pulseira negra com o desenho de uma estrela.

— Parecem ser as palavras do Dragão... Pelo menos essa é a impressão pela forma que está escrita -comentei.

— Hm... Vamos investigar mais um pouco -observou ela- Se a lenda for verdade, a nascente é mágica. Com um pouco de busca, talvez poderemos fazer alguma coisa.

Ela foi na frente e a segui, com Frosch ainda no meu colo. O exceed dormiu. Provavelmente ficou cansado com a viagem e a caminhada pela montanha. Lucy começou a subir pelas escadas. Eu olhei o rosto dela, ela parecia curiosa com tudo.

— Ei! -ela exclamou apontando para cima- Estou vendo uma luz... Será que lá é o topo da montanha? Mas que estranho... Lá fora essa montanha com certeza é bem maior...

— Magia de Dragão -respondi.

— Aaah... -sorriu ela envergonhada. E continuou a subir as escadas.

Eu fui subindo os degraus por qual ela passou, a loira parece bem agora... Mas antes...

... Pareceu querer voltar para os amigos da Fairy Tail, mesmo assim acho que a entendo, ela tem um sentimento forte pelas pessoas de lá.

Sobre esse assunto, no começo, falei que seria bom ela conseguisse esquecer logo o Natsu, assim poderia voltar aos amigos, mas eu não queria falar aquilo de verdade... Naquele momento queria poder compreendê-la, por isso tentei entender o que ela poderia estar pensando e acabei falado aquilo... Mas eu deveria ter sido honesto e falado para ela ficar conosco?

Quando Frosch perguntou agora a pouco. Eu fiquei curioso para descobrir se ela realmente nos deixaria. Lucy desviou o assunto, sem responder se queria voltar ou não e mencionou a promessa que fez com os amigos. No segundo em que ela tocou na mão direita aonde um dia esteve a marca da Fairy Tail... Eu... Eu pensei “Não quero saber!” e acabei usando um assunto qualquer...

Se bem que eu falei a verdade, realmente acho o nome dela lindo... Um nome favorito de se falar... Huh?

Corei um pouco.

Mas foi uma surpresa saber que “Lucy” vinha de uma pequena coincidência que aconteceu em um momento da vida dos pais dela. Achei isso... Não sei... Acho que não existem palavras para descrever, apenas sorrir enquanto se imagina em um casal feliz que encontraram num simples segundo engraçado nas suas vidas. É como se fosse uma pegadinha fascinante.

— Como chamam esse lugar de Fortaleza do Dragão, pensei que seria algo mais difícil de entrar -falou a loira.

— Talvez seja mágica -respondi- Por isso é difícil de entrar, ou pelo menos era. Como passaram os anos, acho que a magia enfraqueceu.

— Hum... Entendo, o dragão deve ser bem... Poderosamente mágico -observou ela.

— Sim -concordei- Para fazer brotar uma nascente e uma fortaleza assim... O mundo onde os dragões viviam deve ter sido impressionante.

— E assustador -completou ela- Nós já vimos os Dragões naquele caos nos Jogos Mágicos, lembra?

O dia dos Jogos Mágicos... Aquele dia foi especialmente marcante, foi quando meus pesadelos começaram. E foi o dia em que perdemos contra os Dragões, eles foram uma existência poderosa. Um mundo assim, deve ter sido de certa forma... Desastrosa.

— Olha! -chamou ela, Froch acordou, se soltou de mim e acionou Aera, voando curioso para Lucy. Ergui os olhos, a escadaria ainda continuava a subir, lá em cima tinha um feixe de luz... Talvez ali seja a saída, mas vi a loira parada na frente de uma porta que fica me no meio da escadaria, entre o salão lá em baixo e a luz lá em cima. A porta tinha a maçaneta dourada, mas era gigantesca, parecendo ser feita de ferro, daquelas que se abrem no meio, perfeita para um dragão. Pensando agora, essa escadaria é bem larga, larga demais, poderia mesmo um castelo de um dragão- É pesada...

Lucy tentava empurrar com todas as forças dela os grandes portões. Cheguei ao lado dela e a ajudei empurrar. Realmente, é pesada.

— Vamos tentar no três. -falei.

— Tudo bem -Lucy sorriu determinada.

— Fro também! -e o exceed colocou cada pata em um portão. Eu posicionei o braço na porta direita e Lucy na esquerda.

— Um... Dois... Três! -respiramos fundo e empurramos.

Com esforço, uma brecha foi se abrindo, um rangido gigantesco ecoou e a poeira levantou. Não conseguimos abrir tudo.

— D... Dá para passar... -a loira arfava e se apoiou nos joelhos. Começando a tossir um pouco.

— Sim... -respondi, respirando pesado também. Me senti um pouco desconfortável com o pó.

— F... Fro usou muita força... -o exceed voou torto, eu o peguei de novo no colo.

Lucy foi entrando, passando pela porta. Eu a segui. Entramos em um salão quadrado, nas paredes tinha pinturas de um Dragão e uma moça. Aqui também tinham pilares de pedras preciosas fluorescentes, mas a maioria era vermelha, dando a impressão que a sala estava iluminada por tochas. O chão continuava a ser padronizada com as pedras negras polidas. Na esquerda, uma porta menor e que parecia ser mais fácil de abrir.

Mas o que mais chamava a atenção, era o centro. Mais uma mesa com palavras cravadas e um esqueleto encostado ao seu lado, mas no seu colo, um gênero de lácrima vermelha e esférica residia.

— Um... Um esqueleto... -murmurou Lucy, meio receosa e assustada.

— Parece que ele está segurando uma lácrima -observei, com Frosch entre meus braços. O exceed esticou os olhos, curiosos- Talvez isso tenha a ver com a nascente, lembra que Tern falou sobre um viajante?

— Ah! -ela exclamou em compreensão, então lançou um olhar rápido para o esqueleto- En... Então será que esse é o viajante? Por que será que ele ficou assim?

— Talvez ele não conseguiu sair dessa sala, lembra como foi difícil abri-la?

Nos aproximamos da mesa de pedra. Mais escrituras. Lucy foi olhar com atenção a caveira com a lácrima, fazendo cara de nojo.

— TRANSFORMAÇÃO ESPECIAL: OLHOS DO DRAGÃO DAS SOMBRAS! -exclamei.

Senti um desconforto nos meus olhos, mas logo fiquei bem de novo. Consegui ler as letras desconhecidas. Frosch espichou o olhar, mas fez cara de entender nada. Lucy estudava atentamente a lacrima vermelha.

— “A lácrima vermelha dos meus pesadelos e das lembranças, onde tranquei meus sentimentos. Meu coração. Mágico coração de um Dragão de amor não correspondido, essa é minha maldição e é aquilo que dá vida para a vila, é a fonte da nascente de água. Realiza o pedido da minha amada e me faz seu cativo”.

— Humm... -fez a loira agachada na frente do esqueleto, ela ficou pensativa- Isso significa que essa lácrima tem algo a ver com a história do dragão...? -então o tom de voz dela se tornou triste- Se entendi bem, isso que você acabou de ler Rogue... Essa lácrima é aonde o Grande Dragão trancou os próprios sentimentos... Mas o que tem a ver com ser a fonte da nascente? Talvez... Isso tenha mesmo a ver com a seca?

Tive um pressentimento muito ruim nesse momento. Olhei rapidamente para Lucy, ela puxava com certo esforço a lácrima.

— LUCY! ESPERE! -alertei.

Ela se levantou e me encarou, o esqueleto tombou de lado levantando poeira e nas mãos da loira está a lácrima vermelha. Repentinamente Lucy congelou, assisti os olhos achocolatados que tanto gosto de ver deixarem de brilhar. Ela virou uma estátua de carne, sem poder se mover um músculo.

— LUCY! -chamei aflito.

— FADA-SAN! -exclamou Frosch, se desvencilhando das minhas mãos, acionando Aera e voando para a maga celestial.

Eu cheguei perto dela, chacoalhei seus ombros.

— LUCY!? ME RESPONDA! -continuei a chamá-la. Ela continua petrificada. O exceed verde começa a chorar. Eu agarro a lácrima esférica e tento arrancar das mãos dela, mas como se tivesse sido colado, não se soltava dos dedos da moça- Mas o que está acontecendo?

Meus olhos pousaram no esqueleto. Talvez... Talvez ele não ficou preso aqui por causa da porta, mas sim por causa da lácrima!? Se for isso... As palavras gravadas na pedra...

Engoli seco

— Não pode ser... Lucy! LUCY! -o desespero foi me tomando- Lucy... Por favor... Me respode...

— Rogue... -choramingou o exceed- A Fada-san... Fada-san...

Se o esqueleto morreu por ter segurado a lácrima... então Lucy também...!?

Eu balancei a cabeça frenético.

— Não! Tem que ter um jeito! -disse para mim mesmo, então me virei para o exceed verde- Frosch! Fique aqui com Lucy!

— M... Mas Rogue... -os olhos dele marejaram de medo. Eu coloquei uma mão na cabeça dele e sorri.

— Está tudo bem Frosch, eu vou dar um jeito. Mas preciso que cuide de Lucy, pode fazer isso por mim?

Ele me encarou um pouco mais. Desceu até o chão, desfazendo Aera e se agarrou na perna da loira, me olhou determinado e assentiu com a cabeça, mesmo com os olhos marejado.

— Fro promete!

— Bom garoto -elogiei num sorriso.

Então fiquei sério, continuei com a magia dos olhos de dragão e continuei a procurar pistas na pedra. Mas nada. Nada... NADA... NADA!!

Dei um soco na mesa. Estou ficando desesperado e impaciente. Meus olhos correram em volta do salão. Apenas pilares de pedras fluorescente e pinturas de dragões e moças. Então meus olhos pousaram na porta do lado esquerdo do salão, a pequena porta que parece ser mais fácil de se abrir que o grande portão.

Comprimi os lábios e apressei o passo para a porta. Quando cheguei mais perto, percebi que tinham mais palavras gravadas.

“No segundo que pegar na pedra mais preciosa, será teletransportado para este salão. Aquele que foi preso pela lácrima vermelha, está revivendo várias vezes uma de suas memórias que lhe perseguem nos pesadelos. Sozinho não pode sair, pois não se lembra que a vida seguiu afora dessa lembrança, por isso, está revivendo-a como se fosse pela primeira vez. Mas se você que quer salvar a pessoa cativa, precisa entrar na lembrança e no final dela, poderá reencontrar a pessoa. Esta sala guarda um ritual doloroso, uma vez feito, riscos serão corridos”.

Engoli seco, olhei para trás, para Lucy. Frosch ainda estava agarrado na perna dela, me olhando choroso.

— Rogue... -ele murmurou.Eu apenas sorri para ele e abri a porta.

A porta se fechou sozinha num leve clic. Olho em volta e vejo uma sala circular pequena. No chão, um círculo mágico cravado num piso não negro, mas sim, branco. As paredes preenchidas com pedras fluorescentes azuis e no teto um desenho de um dragão enrolado, protegendo uma lácrima vermelha.

Bem ao lado esquerdo da porta, mais escrituras e embaixo das palavras dragoníacas, uma espora.

“A mente de uma pessoa é o último túmulo a ser violado. Poucas magias desse mundo podem fazer esse tipo de invasão. Por isso, eu deixei essa sala pronta para ao ritual para que qualquer um pudesse fazê-lo. Se você está preparado a usá-lo e entrar na mente da pessoa, precisa pegar a espora e ir até o centro do círculo mágico. O ritual consiste em sacrificar-se pela a dor. A espora é mágica e com ela você precisa se ferir, sua persistência de querer salvar a pessoa presa na lácrima fará a espora transformar seu sangue em mágico. O seu sangue precisa preencher os vãos do círculo mágico e o ritual está pronto. Apenas lembre-se, esse ritual é a única alternativa, pois esta sala está ligada à lácrima, mas você pode acabar morrendo de hemorragia, se fizer o ritual tendo isso em mente, é a maior prova que conseguirá realizar esse ritual em um sucesso”.

Engoli seco. Magias de invadir mentes são complexas e precisam de dezenas de anos em estudo, eu sei disso porque Rufus já tentou conseguir tal magia. Alguns usuários conseguem esse poder como se fosse um dom, assim como Cobra. É claro, ele só conseguiu essa magia por grande desejo e persistência, mas pelo que me lembre da explicação de Rufus, a magia de Cobra ainda era um nível baixo comparado com o que se pode fazer na área de invasão de mentes, coisas como rever memórias são coisas completamente mais avançadas...

Peguei a espora sem pensar duas vezes e percebo que em cada filete de couro tem muitas farpas que mais parecem anzóis grossos. Isso deve servir para cravar na minha pele e rasgá-lo...

Devo admitir, não quero fazer uma coisa que parece ser tão dolorosa... Mas Lucy... Eu preciso salvá-la! Nunca me perdoarei se a deixar aqui, para sempre... Revendo seu passado, uma memória em seu eterno looping.

Esbocei um sorriso, enquanto caminhava para o centro do círculo mágico. Como isso é hilário, alguns minutos atrás eu estava receoso me perguntando se Lucy iria embora para a Fairy Tail em algum futuro próximo. Mas agora, eu só a quero de volta e ver seu sorriso mais uma vez.

Com esse pensamento, retirei minha capa, ficando apenas de calça, senti meus músculos contraírem tensos e segurei forte a espora. Fechei meus olhos e fiz com que os filetes de couro batessem nas minhas costas. Senti cada espinho cravar na minha pele e puxei a espora, me rasgando.

— AGH! -acabei por berrar de dor.

Com a mão livre, toquei em uma das feridas. Está superficial demais. Mais, mais fundo... Preciso encher os vãos do círculo mágico de sangue... Do meu sangue...

Dessa vez, me chicoteei com mais força, senti os espinhos cravarem mais fundo, os puxei e senti me rasgarem mais.

— AAAKH!! -gritei de dor.

Mais e mais. Preciso de mais. Me chicoteei mais e mais e cada rasgo, eu berrava. Até que começo a sentir um líquido correr pelas minhas costas. Algumas gotas vermelhas começaram a cair no chão finamente, mas isso não será suficiente, o círculo mágico é grande... Algumas gotas não irão preenchê-lo.

Ora, ora, quando eu penso em vir descobrir o que é que está me torturando... Quem pensaria que Rogue Cheney gosta desse tipo de coisa?

Comprimi os lábios. Malditas trevas, voltou para me assombrar?

Dessa vez me percebeu bem mais rápido entre os seus pensamentos.

— Cale a boca, saia dos meus pensamentos e venha falar de verdade, covarde -grunhi. Segurei a espora com força e continuei a me bater com ela. Mas não será o suficiente.

— Por que está fazendo isso? É masoquista e eu não sabia? -riu.

— Resolveu falar como gente? Se bem que nem gente você é -respondi arfando, eu comecei a suar.

— Que grosseria! -fez ele, se sentindo ofendido- Sou uma parte de você, de certa forma eu sou gente sim!

— O que é que você quer, trevas? -grasnei.

— Hum... Acho que você sabe mais do que ninguém sobre o que quero -zombou ele e eu grunhi.

— Volta pras profundezas e não saia de lá -ordenei.

Meus ouvidos reclamavam, porque o som da espora é alta e ecoa por toda a sala.

As trevas riu.

Será que me prefere assim?

— Vai embora, eu te prefiro sumido.

Sabe que pode abandonar a loira, abandone-a e não vai precisar ficar sentindo uma tortura tão terrível.

Minhas mãos tremeram. Mas me obriguei a continuar a me chicotear e sentir os espinhos me cortarem. O fluido quente escorria lento pelas minhas costas.

— Cale a boca. Saia da minha mente.

Vamos, abandone Lucy Heartiphilia!

Continue com ela, e ela será sua destruição. Sabe disso, seu destino é ficar sozinho. Só você e as sombras. Não acha que ela é brilhante demais? Ela te jogará na escuridão!! Ela te ofuscará!! E quando perceber, vai descobrir que está perdido na sombra dela! Sendo apenas um cara frio, solitário, podendo apenas ver o brilho daquela garota! Você é quem!? Você é Rogue Cheney! Aquele que sempre, SEMPRE será ofuscado pela luz! HA HA HA!

— Cale a boca! -grunhi. Continuei a me chicotear.

O quê!? Ouvir a verdade dói? Você deve abandoná-la antes que ela te faça se sentir uma sombra que se esconde da estrela! É IDIOTA POR ACASO!?

— Só cale a boca! O que faço da minha vida não é questão sua! -respondi.

LUCY HEARTPHILIA SÓ TE FARÁ PIOR A CADA DIA! ABANDONE-A! NÃO TENHA MEDO EM FAZER ISSO! NO COMEÇO SE CULPARÁ, MAS DAÍ É SÓ DEIXAR A ESCURIDÃO TE ENGOLIR E TUDO FICARÁ BEM!

— Aonde disso ficará bem!? Está tudo errado! Eu não vou abandonar Lucy! Cale a boca seu desgraçado! Aquele que me faz pior a cada dia é você! -cada vez mais fui me chicoteando, com raiva. Estou desesperado, talvez eu esteja ficando com medo das trevas me persuadir. Mais rápido. Preciso terminar o ritual mais rápido.

SEU IDIOTA APAIXONADO! VOCÊ SÓ PRECISA ABANDONAR TODA ESSA BABAQUICE!

— Eu não tenho medo de você -murmurei, com ódio- Lucy está revivendo um passado doloroso por causa dessa maldita lácrima. Não a deixarei em um ciclo tão cruel como esse.

A cada rasgo novo em minha pele, mais um grito meu.

Frosch POV

Me agarrei na perna de Fada-san. Meus olhos estão marejados. Vi Rogue entrar naquela sala estranha. Logo comecei a escutar alguma coisa batendo várias vezes e Rogue berrando de dor.

— Rogue! -chamei. Meu coração bateu assustado.

Já estava prestes a correr para ele, para a sala. Rogue precisa de mim!

Mas olhei para a Fada-san que estava petrificada. Fro fez uma promessa... Me garrei mais forte na perna dela, escondi meu rosto choroso enquanto escutava o eco dos berros do Dragon Slayer das Sombras.

Estou tremendo. Estou com medo do que está acontecendo com o Rogue... Com medo do significado dos gritos cheios de dor do Rogue.

— Fro... Fro fez uma promessa... Rogue... Fro confia em você... -murmurei chorando- Por favor, fique bem...

Lucy POV

Que estranho... Sinto que isso já aconteceu antes... Mas bem, deve ter sido um sonho.

Eu me esparramei na mesa do balcão da guilda da Fairy Tail e suspirei pesadamente, me sentindo muito desanimada.

— Que isso Lucy? Sabia que suspirar assim faz a felicidade fugir? -riu a doce voz de Mira, ela segurava um pano e limpava um copo.