Lucy POV

As palavras que Cheney me disse no dia do casamento ainda me rondavam como se fosse ontem, só de lembrar, acabo sorrindo sem querer. Depois que eu perguntei se ele dizia a verdade e ele me respondeu “Sim”, senti como se me acalmasse e tudo estava bem. Depois desse diálogo curto e de certa forma estranha, chamaram por ele lá dentro da guilda e logo o moreno dos olhos rubi foi embora, com um Eucliffe muito bêbado.

Eu juro, acreditava que ficaria por muito mais tempo em depressão. Mas já se passou um mês desde que Natsu se casou e nesse tempo de lua de mel deles, eu já fui em muitas missões que nem acredito!

Claro, eu sinto falta do Natsu, éramos uma dupla, se contar com o Happy, um trio... Mas bem, depois de chorar muito na época em que Lisanna se declarou para ele na frente de toda a guilda e o Natsu aceitar o namoro... Então teve o casamento... Eu estou melhorando aos poucos dessa dor no peito. Sei que Levy e algumas pessoas tinham percebido meu sofrimento, pior, percebido o porquê dessa toda minha sofrência, mesmo assim, eu não poderia admitir, continuei fingindo que estava tudo bem, mesmo estando na cara dura que tá tudo errado.

Percebi que passei a ficar muito fechada ultimamente... Acho que é meio óbvio, sempre fiz as missões com Natsu, mas já que, né... Ele ficou meio... Indisposto...

Erza foi a primeira a pedir para fazer par com ela. Mas descobri que... Só de lembrar me dá medo... Descobri que ela é uma máquina impulsiva ambulante de destruição em massa. A partir daí recusei em ir numa missão com ela.

Depois veio Gray, aceitei em ir, mas... Juvia me encarava de forma assustadora, sem dizer que me dava muito medo... E eu passei a ter trauma de comida por um tempo, sempre com receio se está ou não envenenado. Mas o pior... Era que os dois são muito sincronizados, eu não tinha tempo de fazer algo, ou me juntar aos dois. Sem falar que sempre sobrava para mim ficar muito, mas MUITO encharcada, já não basta a Aquarios, junta esses dois e não existe um dia de roupa seca.

Wendy vem falar comigo sempre, ela é uma boa garota, mas não tem como eu e ela irmos em uma missão sozinhas. Bom, não tocamos mais no assunto da visão de Charles, sem falar que Wendy me disse secretamente que a exceed não queria que eu soubesse da visão e mesmo assim a azulada tinha me contado sem a autorização da gata. Mas acho que daqui a pouco, está na hora de eu conversar com o mestre sobre isso, se Zeref está tramando algo, temos que ficar alertas.

Não demorou para Levy me chamar para ir com ela, claro que aceitei na hora, foi com a que eu mais fui em missões. Mas depois eu me distanciei dela também. Quero dizer, somos amigas, conversamos e tudo mais, mas sempre tinha a parte do vamos nos dividir em duplas no meio da missão, para uma estratégia. E Jet e Droy ficavam brigando para ver quem fica com a Levy... Eu comecei a me sentir como se não fosse bem vinda. Então parei de ir em missões com os três, assim, pelo menos eles ficavam juntos...

— Hey, Lucy! -uma voz masculina me chamou.

Quando me virei, foi tanta surpresa que meus olhos quase saltaram para fora, sem falar que muitos ficaram silenciosos nos encarando.

— Sim, Laxus?

— Dessa vez, que tal você ir comigo para uma missão?

Todos ficaram em silêncio. Pararam sua respiração, Laxus me chamava para uma missão!? É sério?

— E... Eu n... Não sei Laxus...

Gaguejei nervosa, mas ele começou a me encarar como se fosse me matar.

— Laxus! -Levy gritou de trás do balcão- O que pretende fazer com a Lu-chan!?

Era raro ver ela brava a não ser com o Gajeel. O mestre não estava. E GRAÇAS AO UNIVERSO QUE O RAIJINSHUU NÃO ESTÁ AQUI!! OU EU TERIA SIDO MASSACRADA SÓ COM O OLHAR DELES!!

— Cale a boca Levy, eu falei com a Lucy, não com uma baixinha como você.

— COMO É!? -eeeita... Levy já fica com raiva dessa palavra porque Gajeel o usa... Não. Vai. Prestar.- Olha aqui Laxus! -veio ela sacudindo o dedo, até ficar de frente para ele, me protegendo- A Lu-chan não é um brinquedo para você levar por ai! É muito repentino, o você que é tão anti-social sair chamando ela! Então diz! O que é que você quer!?

Todos prestavam atenção nos olhares flamejantes dos dois, lembrei que Gajeel tinha saído também, fazendo um grupo estranho de missão com Erza e Wendy. Mas...

— É. O que você quer com a nossa amiga?

Veio Gray, segurando a manga de Laxus, o encarando. Senti um frio na espinha, uma aura maligna sussurrava atrás de mim:

— Riiiiiiivaaaaaal do amooooooor...

— O que eu quero, ou deixo de querer, só se diz a mim, eu estou falando com a Lucy. E então?

Laxus me disse. Eu o encarei com cara de paisagem, ele tinha ignorado Gray e Levy, tinha que responder logo... Ou os dois virariam uma fera sanguinária!

— Gray... Levy-chan... Está tudo bem, eu vou com o Laxus. Não vou morrer por isso.

— Mas! -os dois falaram me olhando indignados.

Laxus bufou, se soltando de Gray, ele estava a sair da guilda, então olhou para mim e disse calmamente, com aquela cara de ruim que só a peste negra tem.

— Estou saindo da cidade, você vem junto. Estamos saindo agora, se quiser, eu vou indo na frente e te espero na montanha de pedras.

E saiu. Todos silenciosos me encarado. Levy e Gray se aproximaram de mim.

— Lu-chan! Tem certeza que quer ir? Ele tem uma cara de malvado!

— É sério Lucy! Não é tarde para recusar! Sabe como Laxus gosta de trabalhar sozinho! Não vai saber te tratar bem!

Eles pareciam preocupados, então dei um sorriso.

— Eu estou bem, é sério! Bom, eu vou indo, melhor não deixar ele esperando, certo? Pode querer me tostar e coisas assim...

Eu corri para fora, sem esperar que eles argumentassem, mas escutei os dois gritarem indignados pelo meu nome. Passei em casa rápido e peguei a minha mala que estava sempre pronta, para casos de eu precisar sair correndo de casa, como esse. Respirei fundo e corri para me encontrar com o loiro. Mas o que será que ele quer?

Quando o encontrei, Laxus estava sentado em uma pedra. É, iriamos para a missão a pé... Eu até poderia falar para irmos de trem, mas como eu amo a minha vida, decidi ficar de bico fechado. Ele pode ser um mago dos raios e tal, mas não muda o fato em que o poder dele vem de uma lácrima de dragão. Vai que ele tem os mesmos efeitos colaterais!? Eu tenho o maior medo dele!

Nossa jornada até a cidade Florea foi cansativa e silenciosa. Não trocamos um A, mas se ele queria nada comigo, nem mesmo falar, por que raios me trouxe!? E eu nem tive coragem de perguntar que tipo de missão era...

Chegamos na cidade, Florea tem a fama de ser um local cultural, cheia de flores. Não só isso, como portar a árvore mais antiga de Fiore, La’Moon Gi. Eu sempre quis conhecer essa cidade, mas ela vive pacífica e quase nunca vem uma missão daqui. Por isso meus olhos se arregalaram de luzes quando vi aquele cenário. Uma cidade rodeada de flores entre as casas de madeira.

— Mais que lindo! -não pude evitar de dizer, enquanto caminhávamos entre as pessoas. Eu estava exausta, mas maravilhada.

Bom, tirando isso, como andamos por pelo menos uma semana só para chegarmos lá, então... EU QUERO UM BANHOOOOO!!

— Venha, vamos pegar um hotel, depois faremos a missão. -falou Laxus.

Ele falou comigo depois de tanto tempo! Já tinha começado a esquecer de como era a voz de uma pessoa! Pensei que ia morrer de tanto não falar! Até pareceu que eu tinha entrado em greve do silêncio, sério, Laxus é um ótimo companheiro de viagem, isso é, se quer andar por aí com um cara que só tem presença assustadora, mas fala absolutamente NADA!

— Tudo bem. -dei um sorriso. Mesmo reclamando em meu interior, esse rapaz me dá medo, melhor não discutir.

Fomos para um hotel próximo e pegamos dois quartos. Quando nos separamos para nos arrumarmos, Laxus disse:

— Tem duas horas. Me encontre lá embaixo.

— Sim, pode deixar.

Abandonei minha mala em um canto e corri para a cama de casal que vinha no quarto caindo feito um poste, muito feliz. Tipo, CAMA! Mas é claro, me levantei logo e corri para o banheiro. Como todo hotel decente, tinha um banheiro com uma BANHEIRA! SIIIIIIIIIM! A BANHEIRA! MINHA PAIXÃO FÍSICA EM PESSOA!

Me desvesti tão rápido quanto um papaleguas e cai dura na banheira, ai... Me empolguei tanto que esqueci que as banheiras não vem cheias sozinhas. Ah... Não importa, eu abri a torneira comigo ali mesmo, sentindo o calor da água cair no meu pé, a água subindo aos poucos. Eu fechei os olhos satisfeita.

Nem sei quanto tempo fiquei assim, até me assustar com alguém berrando na porta do quarto:

— Lucy! HEY! LUCY!? VOCÊ ESTÁ BEM!? ME RESPONDE!! -era Laxus, nunca tinha escutado o tom de voz dele assim antes- QUE DROGA LUCY! RESPONDE! TEM ÁGUA SAINDO DA PORTA DO SEU QUARTO! O QUE ESTÁ ACONTECENDO AI DENTRO!?

Hmmm... HMN!? Pera... PERA!? COMO ASSIM ÁGUA SAINDO DO ME QUARTO??

Abri os olhos de imediato, a água estava transbordando!!

— GYAAAAAAAA!! -berrei fechando a torneira imediatamente.

— Lucy...? LUCY! O QUE HOUVE? -a voz dele era abafada por causa da porta.

— La... LAXUS! EU ESTO BEM! JÁ ESTOU SAINDO! CALMA AÍ!

Sai correndo da banheira, me sequei o mais rápido possível, meus pés pisavam no piso cheio d'água, me assustei quando vi meu quarto inundado, mas saltei e revirei minha mala, tirei umas peças e fui botando uma muda de roupa que eu trouxe comigo, abri a porta. Meu cabelo estava encharcado, dei um berro ao ver aquela cara do mal tão de perto.

— Kyaaaaaa!! -lágrimas de susto caiam dos meus olhos.

— Ei, calma, sou eu. O que aconteceu lá dentro Lucy?

Eu pisquei uma ou duas vezes e vi o rosto do Laxus. Respirei fundo e dei um sorriso envergonhado.

— An? Ah... Eu... Acho que... Acabei me dormindo com a banheira aberta... Ha... Ha.. Ha...

Ele me encarou como se não acreditasse no que escutava. Até que levei um susto ao ver um pequeno senhor ao lado de Laxus sorrindo para mim. Era o dono do hotel.

— Mas que bom em saber que está bem, filha.

Laxus me deu um peteleco na minha cabeça.

— Ai! -falei pondo a mão aonde ele me agrediu.

— Realmente, sua idiota. Você inundou completamente o hotel! Pensei que tinha morrido lá dentro! Até o dono do hotel veio preocupado!

— D... Desculpa Laxus... Desculpa senhor dono do hotel... -abaixei a cabeça, realmente envergonhada. Ah droga, aqui é o segundo andar, certo? Eu devo ter inundado o andar de baixo também...

— Nos desculpe, senhor dono do hotel, iremos pagar por qualquer dano. -ele disse me dando um olhar assustador pelo canto do olho.

— Ha ha ha, não se preocupem, não se preocupem. Que bom que a mocinha está bem. Podem pagar quando puderem, depois faço as contas e mando para vocês, ok? -falou ele sorrindo gentilmente.

— Sim, realmente nos desculpe. Com certeza iremos pagar. -falou o loiro.

Eu o encarei e ele disse:

— Vamos idiota, temos ronda para fazer.

— Ronda? -perguntei sem entender.

— A missão dessa vez, é fazer ronda em toda a cidade. Hoje é festival, o dia em que a grande árvore La’Moon Gi floresce, isso só acontece a cada cinquenta anos. Uma árvore milenar e mágica. Muitos malfeitores irão incomodar hoje. Vamos prevenir que isso não ocorra.