Caminhantes

Flores, nos deem coragem para confessar


Levy POV

Eu espero que Lu-chan não esteja sofrendo muito com o Laxus... Dei um suspiro enquanto limpava um copo.

— Que suspiro é esse baixinha? Está com fome ou com dor no estômago?

Gajeel me encarava rindo, sentado no balcão. Ele, Erza e Wendy tinham voltado ontem para a guilda, esse idiota já está tirando uma da minha cara... Sério isso?

Eu só o encarei feio, mas logo suspirei preocupada e voltei a limpar os copos. Não estava com humor nem para ficar brava, até que senti um braço em volta do meu pescoço. Gajeel se debruçou em cima do balcão até mim.

— O que é baixinha? Você parece muito preocupada.

Não respondi, Gajeel estava se apoiando em mim, me atrapalhando de trabalhar, não aguentei e gritei:

— SAI DE CIMA GAJEEL IDIOTA! ESTÁ PESADO!

Ele sorriu e tirou as patas de mim, erguendo as mãos, se fazendo de inocente. Ele se sentou direito.

— Gehee... Finalmente falou comigo. Agora diz, o que está acontecendo?

Antes que eu pudesse responder, uma garota da guilda chegou perto e me disse:

— Oi Levy, quer que eu troque com você?

— Claro! Obrigada! -dei um sorriso deixando o pano no balcão e saindo de lá indo me sentar num canto aonde as brigas da guilda não tinham chego ainda. Gajeel me seguiu e sentou na minha frente, me encarando- O que é? -reclamei.

— Naaaaada... Só acho que você está estranha, e não diz o porquê. -falou ele revirando os olhos.

Olhei em volta e vi Jet e Droy brigando por alguma coisa... Será que eu devia ir em uma missão? Ha... Missão, huh? Não consigo parar de ficar preocupada com a Lucy...

— Não me ignore baixinha! -nem vou responder, só vou me estressar se ficar dando bola pra esse idiota e não estou com humor para isso, será que é tão difícil entender isso?

— Ei Levy! -e lá vem a titânia com um sorriso.

— Oi Erza... -sorri de volta. Ela parou na frente da mesa em que eu estava- Demorou muito na sala do mestre, destruíram algo de novo?

Ela pareceu empalidecer, a ruiva encarou Gajeel e o moreno assobiou se fazendo de inocente.

— Sim... Uma estátua, e uma mansão... -suspirou ela- Mas a mansão foi acidente! A estátua de ferro foi o Gajeel que devorou!

— O quê!? -exclamou ele- Nem vem titânia, os caras maus eram tão fortes que nem você estava dando conta! Graças a mim, saímos vivos! -a ruiva o encarou, limpou a garganta e se virou para mim, mudando de assunto:

— Você não viu a Lucy por aí? Eu estou procurando por ela! -Erza falou animada- Sabe, na missão que eu voltei ontem, encontrei algo muito massa e queria mostrar para essa loira desaparecida...

Disse olhando para os lados procurando com os olhos pela loira.

— Na verdade eu não vejo ela desde que cheguei... Sabe de algo Levy?

— Verdade... Aonde foi parar a Bunny Girl? -perguntou o moreno procurando Lucy com os olhos também.

Suspirei fundo e os dois me encararam, então respondi devagarzinho:

— Na verdade, sobre isso Erza, Gajeel... A Lucy foi fazer uma missão... Com o Laxus.

Erza arregalou os olhos e Gajeel ergueu as sobrancelhas surpreso.

— Desde quando? -perguntou ela.

— Saíram uma semana atrás...

Erza esticou a mão para trás e pegou um Gray que nem reparei que estava perto.

— Mas... O quê!? Erza?? -ele começou a suar frio- NÃO FUI EU QUE PEGUEI O BOLO ERZA! JURO!

— QUE BOLO O QUÊ IDIOTA!! POR QUE NÃO DISSE QUE A LUCY SAIU COM O LAXUS!? ISSO É GRAVE! POR QUE NÃO PAROU ELES!? -os olhos dela faiscaram, enquanto a de Gray era de surpresa.

— Aaah... É sobre isso... Eu fui contra, mas a Lucy foi assim mesmo. Não tinha como eu fazer algo!

— Mas que...! Vamos Gray!

Falou ela arrastando o cara pelado só de cueca guilda afora.

— Vamos resgatar nossa amiga. Levy, você fica aqui. -ela foi dizendo quando me viu levantar e fazer cara de ir junto- Quanto menos gente melhor, se Laxus descobrir que o seguimos, podemos morrer. Não se preocupe, vamos só ir e conferir se a Lucy está bem.

Confiei no sorriso da ruiva, então assenti com a cabeça.

Laxus é um companheiro de guilda, podemos confiar nele, mas ele nunca tinha falado com a Lucy, então fiquei realmente preocupada, a Erza e os outros não são diferentes. E o que mais me intriga é ele, o mago que gosta de fazer tudo sozinho, querer ir com uma garota que nunca falou na vida.

Gray sorriu, catando umas roupas que ele tinha jogado por ai e exclamou:

— Vamos nessa Erza! Lucy, não seja tostada até lá!

— Anda! Temos que pegar o trem logo! E Gray, você sabe aonde eles foram?

— Se não me engano, foram para Florea.

Lucy POV

— Laxus! O cara suspeito que eu estava seguindo foi pro seu lado! -gritei.

— Falou! Pega o da capa vermelha!

— Tá certo!

Eu e ele nos dividimos, essa era a nona vez que corria atrás de um ladrão só hoje. Avistei esse cara da capa vermelha e vi Laxus correndo atrás do que eu tinha perseguido um pouco antes. Virei à esquerda saindo da rua movimentada principal. O beco era cheio de lixo e o homem para me atrapalhar derrubava as latas gigantes.

— Aaaaah! Eu não vou perder! Essa é a minha missão e vou cumprir!

— Ha ha ha! Sua maga de quinta! Quero ver isso!

Foi ele correndo e rindo, que tio rápido! Mas eu vou pegar esse ladrãozinho! Entramos em uma rua mais movimentada cheia de barracas de lojas de rua.

— PARADO! -berrei.

— QUEM É O IDIOTA QUE IRIA PARAR SÓ PORQUE VOCÊ MANDOU?

Mas dei um sorriso de canto.

— Abre-te portão da donzela! Virgo!

— Sim, princesa? É hora da punição? -perguntou ela correndo ao meu lado.

— Sim! Vamos punir aquele homem da capa vermelha! Pega ele Virgo!

— Sim!

E foi ela cavando buraco abaixo, aparecendo na frente dele, Virgo lançou uma de suas correntes contra ele. Mas o danado é esguio, acabou mudando de direção.

— Me desculpe, princesa! Deixe ele escapar.

— Não se preocupe Virgo, obrigada pela ajuda! -dei um sorriso fechando o portão dela.

Quando o ladrão achou que iria vencer aquela corrida, acabou sendo atingido por uma flecha sonífera, caindo duro no chão, inconsciente. Cheguei perto, me abaixei para frente apoiando nas minhas pernas, ofegante, sorri e olhei para o telhado. Perfeito plano meu.

— Obrigada, Sagitarios!

— Foi um prazer Lucy-san! Moshi! Moshi! -ele bateu continência.

Amarrei feliz o desacordado, enquanto Sagitarios ia desaparecendo. Olhei para o meu trabalho e o aprovei... Pera, que nó é esse!? AI MEU DEUS! ESTOU APRENDENDO COISA ERRADA COM A VIRGO! Ah, que seja.

— Abre-te o portão do leão! Loki!

— Oh! Minha linda princesa! Minha mais bela amante celestial! Minha musa...

— Ok, ok. -cortei a baboseira dele- Oi Loki, pode me ajudar a levar este cara aqui também? Desculpa, acho que já te chamei umas dez vezes só para levar esses bandidos para mim...

— Mais é claro Lucy... -foi ele pegando a minha mão e dando um beijo delicado entre os meus dedos, mas logo fui tirando a minha mão para longe- Por você, pode me chamar sempre.

Ele pegou o cara desacordado, o botando no ombro como se fosse um saco de batatas. Fomos caminhando até o ponto de encontro com o Laxus, o sol descia do céu pintando-o todo de laranja, como os cabelos de Loki.

— Lucy. -falou Loki- Percebi que estamos em Florea, certo?

— Sim. -respondi para ele surpresa, espíritos normalmente não se importam muito com o lugar em que seus donos se encontram na terra.

— Eu posso trazer minha irmã? Soube que hoje é o dia em que a grande árvore floresce.

— Os espíritos conhecem essa árvore?

O cara da capa vermelha se remexeu um pouco no ombro de Loki e o espirito celestial deu um soco nele para ter certeza de que dormia.

— Sim, é uma árvore mágica... -ele falou olhado para o céu. Parecia se lembrar de algo.

— Hummm... Você tem uma ligação com ela? A árvore La’Moon Gi? -perguntei de boca para fora, então quando Loki me olhou surpreso, logo me dei conta. Não devemos perguntar do passado dos espíritos! Como pude me esquecer!?- Desculpa Loki, finja que eu disse nada.

Dei um sorriso como pedido de desculpas, mas Loki sorriu de volta e disse:

— Está tudo bem Lucy. Você se esqueceu que não se deve se intrometer no passado dos espíritos pois nele está a vida dos nossos outros mestres. Você perguntou porque se esqueceu que eu sou um espirito, isso me deixa feliz Lucy, você me vê como um amigo, não como um objeto...

— Mas é claro que você é meu amigo! Todos os espíritos tem almas! São todos meus amigos! -falei indignada.

— Na verdade... Bom, acho que não tem problema em dizer pelo menos isso. Essa árvore milenar, na verdade é a árvore que uma das minhas primeiras mestras plantou. Era uma época de guerra, e foi mais ou menos nesse tempo em que o Rei dos Espíritos fez o contrato com os humanos, permitindo que os espíritos pudessem ser convocados na terra.

Eu o encarei surpresa. Loki estava sério, olhando para frente, caminhávamos lentamente passando pelas pessoas da rua.

— Minha mestra era muito desastrada e se zangava fácil -riu ele- Nessa época de guerra, ela se tornou uma guerreira, mas... Se apaixonou pelo general do outro lado da batalha, um inimigo, que também a amava. Minha surpresa foi gigantesca quando descobri que esse homem era um mago celestial e que portava a minha irmã, Aries. Bom, eles sempre se encontraram como inimigos, menos duas vezes. Uma dessas vezes foi em um tempo de trégua entre as duas nações, quando eles se viram como amigos e plantaram a muda dessa árvore. Nunca falaram que se amavam...

Ele deu uma pausa, e eu o olhei curiosa.

— E a segunda Loki? E a segunda vez em que eles não se encontraram como inimigos?

Escurecia rapidamente e estava avistando o local de encontro, consegui ver de longe a cara de mal do Laxus.

— E a segunda Lucy, foi cinquenta anos depois. Eles nunca puderam se confessar quando jovens, pois a guerra voltou outra vez, nesse meio tempo em que lutavam entre lágrimas e dor, os dois se aproximaram de seus reis e rainhas, tornando o braço direito dos grandes comandantes de seus lados da batalha. Minha mestra se tornou a confidente mais confiável da rainha da nossa nação e o homem do rei deles. Mas depois de cinquenta anos, sim, os dois eram magos celestiais e acabaram por lutar entre eles, embaixo da árvore que crescia no meio da guerra. Eles não quiseram nos usar, descobriram que eramos irmãos e decidiram usaram a espada mesmo...

Loki sorriu triste.

— Os dois foram usados como cachorros para decidirem a guerra, a rainha do nosso lado fez uma proposta com o rei do outro lado e falou que os dois magos celestiais deveriam lutar, que essa guerra de meio século precisava de um fim. Pelo bem dos dois povos, eles lutaram. E os dois morreram em um empate. O sangue banhou a árvore e ambos sorriram no final, finalmente podendo dizer que se amavam. Nenhum rei ou rainha se esqueceu do que viram. A árvore se desabrochou e a guerra acabou, sem vencedor ou perdedor... Bom, esse é o resumo da história, na realidade ela é bem maior e cheio de detalhes.

Eu o encarei com lágrimas nos olhos, que história triste!

— Mas imagina dois velhos brigando... -tentou rir ele.

— ... Tudo bem Loki, eu vou chamar vocês dois para verem a árvore desabrochar. -falei séria, ele entendendo o clima, falou mais uma coisa antes de chegarmos perto de Laxus e Loki desaparecer:

— A árvore era uma árvore qualquer no começo, mas o Rei dos Espíritos ao ver o sangue tão cheio de significados e emoções, transformou esse sangue e seus corpos em magia. As flores que desabrocham a cada cinquenta anos, tem a magia de fazer quem portá-la, confessar. A magia da coragem, faz com que te dê forças para dizer o que você gostaria de falar mas não tem a iniciativa necessária.