Lucy POV

Eu comecei a ter menos medo de Laxus, então reuni forças e perguntei:

— La... Laxus? Podemos pegar o trem para voltar? Eu... Estou meio cansada...

Ele me encarou sério, já saímos do hotel e caminhávamos pelas ruas de Florea, todos fechavam suas barracas, desmontando-as. Algumas pessoas corriam para comprar algo de última hora, mas muitos levavam malas. O festival acabou, todos estão indo embora.

Já estava abrindo a boca para pedir desculpas, quando ele se virou e começou a caminhar olhando para frente.

— Vamos comprar os ingressos. -respondeu por fim.

— Sim! -falei animada.

Por sorte pegamos os últimos ingressos, a maioria do povo ia embora pegando o mesmo trem que o nosso, por isso a estação estava lotada. Entramos com alguma dificuldade na máquina de metal, claro, tivemos alguns encrenqueiros querendo nossas passagens e coisas assim, mas Laxus cuidou deles só com o olhar de ruim que apenas o crocodilo com dor de dente sabe fazer.

Agora estamos sentados um de frente pro outro nos assentos de uma cabine, Laxus pareceu bem. Talvez ele não tem o mesmo problema dos Dragon... Falei cedo demais, o loiro começou a fazer uma careta estranha e tremer levemente quando o trem começou a andar. Melhor não comentar.

— Lucy... Sobre a barata gigante... Como ela entrou no quarto? -ele perguntou, acho que está tentando jogar conversa fora.

MAS NÃO COM ESSE ASSUNTO LAXUS!! PELAMOR DE DEUS! POR TODAS AS ESTRELAS, A LUA E O MUNDO DA MORANGUINHO JUNTO! LANÇA ESSE ASSUNTO PELA JANELA! Corei e engoli seco. MAS QUE DROGA LUCY! VAI FAZER O QUE CORANDO!? DAR DE BANDEJA PRO LAXUS QUE O CHENEY ESTAVA NO QUARTO!?

Sorri forçado, rezando para que ele não descobrisse.

— Ahn!? Aaah! Dei... Deixei a janela aberta sem querer... Ha... Ha... Ha...

— Ah. É isso... -ele não prestou atenção, a cara verde dele explica o porquê.

Ficamos mais uns segundos de silêncio, meu coração palpitava nervoso.

— Lucy. -me chamou ele- Sobre isso da Mira...

— Eu pretendo deixar com segredo. -falei ficando séria, entendendo na hora o que ele queria dizer.

— Obrigado Lucy.

Não importa quantas vezes o loiro diga obrigado, é muito estranho de se escutar...

— Na verdade, Laxus, eu descobri sobre os sentimentos da Mira sem querer, a partir daí passei a apoiá-la nesse romance secreto. E sempre que dava, ela vinha falar comigo sobre isso. Foi assim que descobri dos medos dela de não ser correspondida... Ela queria que fosse segredo, então eu vou respeitar e deixar por assim mesmo, um segredo.

— Mas você contou para mim, não é mais tão segredo. -sorriu ele arqueando uma sobrancelha.

— Ela vai me perdoar. -respondi sorrindo- Se não, bom, nesse momento não sei o que será de mim.

Nós dois rimos. Era estranho rir com Laxus, ele sempre foi fechado.

— Na verdade Laxus, eu estava com receio de apoiar minha amiga, só apoiava porque gosto da Mira. Mas agora penso que você é um bom partido para ela.

— Hum... Que rude Lucy, eu sempre fui um bom homem... Menos quando fiquei contra vocês sendo inimigo da Fairy Tail. -ri com esse comentário, lembrando do passado, um passado que parece bem longe agora- Percebi que você tinha medo de mim, que bom que a amiga da garota de quem gosto parece ter uma imagem melhor sobre minha pessoa agora.

— Huummm... -fiz pensativa, olhando pela janela afora, então encarei Laxus num sorriso travesso- Você só foi promovido do status de irmão carrancudo. É um irmão molenga agora. -nem sei por que falei isso, estava com tanto medo dele algum tempo atrás! Mas acabamos rindo de novo.

Ficamos mais um pouco em silêncio, é, não parece ser tão desagradável ficar um pouco com esse rapaz de cara malvada.

— Lucy... -ele pareceu sério- Reparei que você ficava muito com Mirajeene. Você era mais... Alegre, digo, você continua assim, mas parece que agora tem lapsos de tristeza, o que é?

Eu voltei a olhar a paisagem fora do trem, não quero chorar mais, fiquei cansada de chorar tanto pelo mesmo problema. Não quero responder essa pergunta.

— Não é só por causa do desastre com ela... É o Natsu, certo? -perguntou ele, eu o fitei surpresa- Não sou tão burro assim, no começo posso não ter reparado, mas começou a ficar óbvio desde... O casamento.

— Aah... Então está tão óbvio assim?

— Sim... Você ama ele desde quando?

Eu encostei minha testa no vidro gelado.

— Acredito que desde sempre. Sempre amei Natsu Dragneel.

Aquelas palavras pesaram, era a primeira vez em que dizia em voz alta. Elas caíram, acompanhadas de lágrimas e... Alivio. Finalmente percebi o quanto queria proferir aquelas palavras para alguém.

— Penso que deve superar Lucy, ele é casado agora, sua chance se foi.

— Sim, eu sei. Eu joguei minha chance no lixo e não só isso, ajudei Lisanna Strauss a se casar.

Ele me olhou surpreso.

— O que quer dizer com isso? -ele franziu as sobrancelhas.

Dei um sorriso cínico. Encarei meu próprio olhar no vidro, então eu sei fazer esse tipo de expressão também?

— Exatamente isso que você escutou.

Laxus tentou ler os meus olhos, pareceu que ia argumentar, eu enxuguei as lágrimas. Ele se recostou no banco fechando as pálpebras e respirando fundo. Me encarou mais uma vez.

— Lucy, se quiser me contar sobre isso, eu estarei sempre escutando. Quando essa hora chegar, irei guardar o seu segredo da mesma forma em que você guardou o de Mira por todo esse tempo.

— Sim, eu sei... Obrigada... Irmãozinho. -sorri.

— De nada irmãzinha.

Eu que nasci filha única, sempre quis um irmão, agora, graças a minha amiga Mira, achei um perfeito.