Rogue POV

Acordei com a claridade entrando no quarto, abri meus olhos e Lucy continua a dormir, sinto dores no meu corpo, deve ser por causa que dormi em uma cadeira... Vejo o rosto pacifico da loira e dou um sorriso.

A porta estava apenas encostada, quando ela abriu, levei um pequeno susto, olhei para trás.

— Frosch? -chamei e ele me olhou, tinha lágrimas nos olhos.

— Fada-san está bem? -ele perguntou. Esbocei um sorriso.

— Vem aqui Frosch.

O exceed verde assentiu e obedeceu, eu soltei a mão de Lucy e peguei Frosch, o ergui para perto do rosto da maga celestial.

— Veja se a testa dela está quente, Frosch. -o gato verde me encarou preocupado, mas assentiu com a cabeça mais uma vez, ele colocou a patinha na testa dela e me olhou com um rosto iluminado.

— Fada-san não está quente!

— Então ela está bem -concluí.

— Ei, ei, Rogue -alguém me chamava da porta, olhei e vi Minerva.

Coloquei Frosch na cama de Lucy e falei encarando nos olhos do meu exceed.

— Pode cuidar da Lucy para mim? -ele retribuiu um olhar sério e eu complementei- Tome cuidado para não acordar ela, ok?

— Fro promete! -respondeu sublime. Ele caminhou com todo o cuidado do mundo até o lado de Lucy e se deitou do lado dela, com um sorriso simples. Eu arqueei uma sobrancelha, sorrindo.

Fui até a porta, sai do quarto e a fechei atrás de mim. Olhei para Minerva com o rosto de paisagem, como sempre.

— Como está Lucy? -perguntou Minerva direta.

— Está sem febre, de acordo com Frosch. -respondi. Ela sorriu.

— De acordo com Frosch? -a Orlando colocou as mãos na cintura e ergueu uma sobrancelha.

— Ele queria saber se ela estava bem, então o fiz testar a febre dela, se Frosch diz que Lucy está bem, confio no meu exceed -respondi dando de ombros- Era só isso?

Minerva me encarou séria.

— Não, eu me lembrei de uma coisa e me esqueci de te perguntar - uma singela pausa, me deixando meio apreensivo- Aquele dia em que o Dragon Slayer do Ferro da Fairy Tail veio aqui com papo de lutar com você e que o “senhor Rogue Cheney” só voltou no dia seguinte. Sobre o que era?

Um frio na espinha, meus músculos congelaram.

Am!? Ela AINDA lembra disso!? Minerva! Bem que você poderia ter esquecido, né!? Ah droga... Meu rosto está esquentando... Porque aquele dia... Aquele dia foi o dia em que...

— O Sting pode ter se esquecido porque ele tem a memória de uma ostra -foi ela falando- Mas eu sou diferente, Rogue -seus olhos verdes pareciam me ler de trás para frente com facilidade, me dando certo medo- Por que teve que ficar um dia todo fora e voltar no dia seguinte? -perguntou, erguendo as sobrancelhas com o rosto expressando “vamos, estou esperando, não tenho o dia todo, quer que eu te torture para ajudar a desembuchar?”.

— Como sabe que fiquei um dia fora? Você e Sting voltaram dias depois! -consegui responder.

— Orga dedurou. -respondeu ela. AAAH ORGA! VOCÊ VAI VIRAR PAÇOQUINHA DE ALIEN ESPACIAL SE DEPENDER DE MIM!

Tentei manter a maior calma possível e respondi:

— Bom, Gajeel-san queria lutar então...

— Não Rogue -cortou ela- Estou perguntando o que você foi fazer de verdade.

... Minerva! Você está esperta demais para o meu gosto! Pode parar com isso!

— Está ficando muito corado Dragon Slayer insensível. -riu ela- Já matei a charada em uma palavra: Lucy.

Aí que meu rosto explodiu em vermelhidão, Minerva sorriu maliciosamente e suspirei vencido.

— Não dá para esconder nada da princesa dos tigres, né?

— Digamos intuição. -ela empinou o nariz- Mas acertei?

Essa mulher já sabe da resposta e faz essa pergunta!? Quer que eu diga com todas as palavras, né!?

— Sim, Minerva. Esse dia fui ver Lucy.

Ela saltou fazendo pose de “YES” com as mãos e me olhou mais profundamente.

— E?

Desviei o olhar, inocentemente.

— E o quê?

— Para de me enrolar Rogue Cheney -ela mudou a expressão para a Minerva Maligna, isso é, que significa a frase “se não vai por bem, vai por mal”- O que houve nesse dia em que você teve que ficar um dia todo fora!? O que houve com Lucy e tu, seu nó-cego! -exaltou grunhindo entre os dentes.

— ... Olha Minerva, eu não posso contar as razões de eu ir lá, porque é coisa particular da Lucy -ela fez cara de querer contrariar, essa mulher não vai me deixar em paz!- E eu prefiro que você não pergunte para ela, mas para você para de me importunar, vou falar uma vez. Aquela noite passei com Lucy, mas aconteceu NADA, entendida?

Ela percebeu minha seriedade, suspirou e sorriu de canto, pareceu satisfeita.

— Bom, se você diz que não devo perguntar para a Lucy sobre isso, não vou insistir, mas... -me lançou um olhar malicioso- Essa noite que passaram juntos... Huuuuuummmm... Sei não...

QUÊ!? O QUE É QUE A MINERVA E O STING ANDAM TOMANDO PARA TEREM ESSE TIPO DE REAÇÃO A TODA HORA!? OS DOIS LOUCOS! ISSO É CONSPIRAÇÃO, CERTO!? CERTO!?

— O que isso significa Minerva? -perguntei. Nunca foi tão difícil conter minha imagem de paisagem.

— Hum!? Naaaada, me diz você Rogue. -riu ela. Como odeio que esses meus companheiros façam esse mistério cheio de significados bipolares e tripolares!

— Significa exatamente nada Minerva, hoje passei a noite com Lucy também e aconteceu nada.

Ela suspirou decepcionada, sorriu e colocou a mão no meu ombro.

— Tem muito o que aprender, pequeno Cheney.

QUÊ!? Qual o significado disso!?

Ela tirou a mão de mim, se virou e foi atravessando o corredor, balançou a mão em despedida, pude ver as grandes unhas que a maga mantém.

— Está dispensado da cozinha hoje Rogue, eu faço a comida, ok? -foram suas últimas palavras.

E ela se foi...

Certo, tenho que me lembrar de ir para cozinha e preparar algo para Lucy depois... E algo para eu comer e pro Frosch... Já Sting... Desculpa Sting, vai ser a vitima de Minerva hoje... Junto com Lector... Pela comida explosiva, queimada que tem gosto de morte e purgatório. Boa sorte em sobreviver.

Eu entrei no quarto de Lucy mais uma vez. Frosch dormia, mas os olhos de chocolate me encaravam, ela sorriu e estava sentada na cama.

— Como se sente? -perguntei.

— Melhor -respondeu, então disse- Sting falou que você cuidou de mim. -eu corei um pouco e desviei o olhar, me sentando na cadeira- Obrigada Rogue.

— Am... Está com fome? -perguntei, ainda sem poder encará-la.

— A... Ah... Sim... -ela riu sem jeito, um pouco vermelha- M... Mas não precisa preparar nada para mim agora. Estou um pouco zonza ainda, sinto que não consigo comer por enquanto.

Eu a encarei, ergui minha mão e dei um peteleco na testa dela.

— Ai! -ela colocou a mão no lugar que acertei- Por que fez isso!? -ela ficou confusa.

— Sua punição. Você foi muito imprudente sabia!? Que tipo de gente pega uma missão por dia seguidamente por uma semana!? Não é para preocupar os outros assim! -repreendi.

— D... Desculpa. -ela pareceu surpresa, eu suspirei e me afundei na cadeira.

— Mas tem uma razão para isso, certo?

— Sim... -respondeu, Lucy olhou para Frosch que dormia ao lado dela, fez carinho com os dedos na barriga que subia e descia pela respiração dele, o exceed se remexeu rindo e continuou a dormir, Lucy deu uma risadinha, logo suas mãos foram para a cabeça de Frosch, fazendo cafuné- Eu quero manter o apartamento de Magnólia.

— Hã!? Mas por quê? -pergunte sem compreender- Isso vai não só ser caro, como não tem muito sentido, já que não vai mais morar lá.

Ela respirou fundo. Sua voz se tornou meio trêmula.

— Agora, tenho que trabalhar duro para me sustentar, mas... Sabia? Eu venho de uma família rica, Rogue -a loira deu uma pausa, eu me confundi com o assunto que ela abordou, mas me mantive silencioso- Minha mãe morreu quando eu era criança e meu pai... Se afundou no trabalho, me deixando de lado e me empurrando o orgulho da família Heartphilia, “Seja a honra dos Heartphilia”, esse era o meu papel desde pequena. Não tenho nenhuma memória aonde ele me dava amor ou carinho desde que minha mãe morreu. Me revoltei, fugi de casa e depois que entrei na Fairy Tail, tive uma briga com meu pai. Ele queria que eu voltasse para casa, me impondo um casamento arranjado...

Ela fechou levemente o punho, mas eu percebi. Continuou a contar:

— Depois da briga, eu o encontrei mais uma vez, foi quando meu pai entrou em falência, se tornou pobre e tentou extorquir dinheiro de mim... Mas sem sucesso... Quando descobriu que eu não iria ajudá-lo, Jude Heartphilia entrou em uma jornada e seu coração mudou... -Lucy abriu um sorriso triste- Ele voltou com sua vida na estaca zero, ele... Me encontrou uma última vez... Papai me deu um sorriso que não via desde antes da minha mãe morrer... E depois disso... Depois disso teve Tenroujima... Fiquei presa por sete anos... Quando voltei, o apartamento que pensei que perdi...

Ela engoliu seco, caíram lágrimas de seus olhos.

— O meu apartamento, meu pai pagou o aluguel por sete anos, ele o limpava, deixou um presente de aniversário para mim por cada ano... Entende Rogue...? Ele morreu antes que eu pudesse fazer as pazes com ele... Ele queria fazer as pazes comigo... Conversar comigo... Dizer “Me desculpe”... Por sete anos... -mais e mais lágrimas caiam de seu rosto, eu não suportei, me levantei e a abracei, ela correspondeu o abraço- Meu frio pai... Minha única família... Eu o amava mesmo que tivesse sido o pai mais horrível do mundo. Ele cuidou do apartamento por mim, não tenho a coragem de deixar aquele lugar ir das minhas mãos... Ainda não... Eu... Deveria ter dito “Eu te amo”...

— ... Entendi Lucy, desculpa pela pergunta, foi muito idiota.

Ela balançou a cabeça negativamente, ela me empurrou de leve e me encarou com um sorriso de olhos marejados.

— Não, está tudo bem.

Eu coloquei a mão no rosto dela, estava levemente molhado pelas lágrimas.

— Quando diz que está “tudo bem” para mim, quero que diga um “tudo bem” de verdade, Lucy. Não gosto que chore, mas sempre que quiser chorar, pode chorar para mim.

Ela comprimiu os lábios, abaixou a cabeça e apertou a minha camisa, assentiu com a cabeça.

— Obrigada, Rogue... -sua voz era falha e frágil. Essa garota... Ainda assim vai se fazer de forte...

— Olha, pare de ir em tantas missões, na próxima eu vou uma junto com você, uma que tenha muitos jewells, ok?

Ela assentiu com a cabeça e eu sorri.

— Lucy? Não quer tomar um banho? Um de banheira? -perguntei, logo ela olhou para mim com um sorriso iluminado.

— SIM! E MUITO! -ela falou, eu a ajudei a levantar.

— Vem, eu te ajudo a chegar até a porta do banheiro-a levei e quando chegamos, perguntei- Quer que eu chame Minerva para ajudar?

— Não sou uma inválida. Vou ficar bem. -sorriu, eu assenti com a cabeça e voltei para o quarto de Lucy, Frosch ainda dormia tranquilamente.

Eu me sentei na cadeira. Falei:

— Então, esse é mais um dos machucados de Lucy. Com tantos pesares, ela é uma garota forte para aguentar todos eles... Como pensei, você não tem trevas no coração.