Caminhantes

Uma volta pela cidade


Lucy POV

Eu estava sentada em uma das mesas da guilda da Saber.

Rogue me fez prometer que não vou ir em uma missão até minha saúde ficar melhor. Mesmo eu contrariando que estava bem, as orbes rubis me olharam seriamente e o Dragon Slayer disse que ele é quem decidia isso, por isso estou moscando aqui... Eu e minhas promessas de Maga Celestial... Tá certo que cai de dura no chão pela febre anteontem, e ontem fiquei obrigada a deitar na cama o dia todo, mas...

— Lucy? Está escutando? -me chamou, retirando todos os meus pensamentos alheios de mim.

— Oi? Desculpa Minerva, o que era!? -me apressei a responder, ela me olhou desconfiada, mas sorriu.

— Então, você consegue imaginar!? Sting está fugindo direto da nossa aposta! E eu queria tanto ver ele como dona de casa, tirar fotos e rir muito, mas muito da cara dele!

— Mas Minerva, essa aposta já não passou faz tempo? -de tanto dessa morena falar dessa aposta, até decorei todos os detalhes como se eu houvesse estudado para uma prova, de como Sting fez a aposta, de como Sting perdeu e ficou deprimido, de como Sting fugiu, de como Sting fez isso e aquilo...

— É, mas ele não cumpriu com a aposta! ESSE MOLEQUE LOIRO MALDITO! VEM PRA CIMA DE MIM COM UMA DROGA DE APOSTA E QUANDO PERDE, FOGE! VOU FAZER ELE ENGOLIR A APOSTA PELOS OUVIDOS! -seus olhos verde escuros tinham chamas negras de raiva.

— Falando nele, aonde a abelha foi? -perguntei com medo, olhando para os lados. Me salva aqui Sting, você cutucou a fera e eu quem estou sendo encurralada!

— Sei lá! Ele correu para a cidade de não sei aonde levando o Lector desde ontem e não voltou -a Orlando começou a resmungar- Está é matando a aposta que fez comigo! Vou massacrar ele! Retirar os ossos da carne dele enquanto o escuto gritar em agonia e triturar esses ossos para jogar no mar! VAI VIRAR PICADINHO PRO PEIXES!

Minerva reclamava, com olhos psicopatas raivosos que me dava medo, eu apenas pude lançar um sorriso trêmulo. Então alguém se sentou ao meu lado.

— Bom dia Miss Lucy.

— Bom dia Rufus. -sorri mais aliviada. Rufus Lore é um cavaleiro, posso dizer que é outra pessoa da Saber que estou me dando bem em termos de amizade.

— Sobre o que Miss Minerva reclama tanto? -me perguntou num sussurro, eu abaixei o tom de voz também.

— Ela está reclamando de Sting, de novo. -respondi, ele riu e murmurou:

— Ela vive reclamando do Sting desde sempre de acordo com a minha memória, mas a quedinha dela é o...

— Orga, eu sei. -então trocamos um olhar cúmplice sorridente.

— Ei, o que estão sorrindo aí!? -a morena nos olhou desconfiada.

— N... Nada Minerva, impressão sua -falei atrapalhada.

— O. Que. Vocês. Estão. Tramoquiando!? -gruniu, que medo... Entendi porque ela consegue colocar a ordem na Saber tão rápido.

Eu limpei a garganta, e agora!? Ela é uma desconfiada nata!

— ORGA-KUN! -berrou Rufus. O Nanagear olhou, Minerva arregalou os olhos e ficou de boca aberta- Vem aqui!

E lá vem o cara do cabelo verde água, abandonando um parceiro de briga para trás.

— Fala Rufus. -ele sorriu.

— Hum, senta ai primeiro.

Falou o loiro, acenando para o lado de Minerva. Orga se sentou com os braços cruzados e ela pareceu muito, mas muito nervosa, que eu fiquei surpresa que quase desejei rir muito! O rosto dela ficou tão vermelho que pareceu que tinham espremido tomate na cara dela!

Rufus me olhou e sorriu, fazendo um joinha por baixo da mesa, eu correspondi o joinha. Ha ha ha boa Rufus!

— Então? O que é Rufus? -perguntou o esverdeado.

Aaaah droga, que desculpa inventar agora!? E a Minerva começou a nos olhar como se fosse nos amaldiçoar. Dá medo, mas não... Não consigo evitar... Quero rir muito... Pfff...

— Ei crianças, poderiam não atazanar tanto a Minerva? Vocês não tem pena dela? -veio o mestre.

Eu olhei para aquele mestre jovem que tem olhos e cabelo marrom, um jeito atrapalhado e pacifico, sempre sorridente. Todos o encaravam, mas olhei para Minerva e... Vi um olhar triste!?

— Na verdade meste Kyle. -Rufus limpou a garganta, ficando sério- De acordo com a minha memória, hoje é aniversário do Rogue, estamos planejando a comemoração. É o momento perfeito, já que ele ficou em casa só com o Frosch, fazendo faxina.

Boa desculpa Rufus, isso aí, nem sabia que era aniver... Hã!?

— Oh! É verdade, era hoje né!? -se lembrou Minerva, esquecendo que Orga se sentava ao seu lado mas ela continuava meio corada.

Eu olhava com cara de paisagem.

— Miss Lucy, você está bem? -perguntou Rufus.

Levantei e bati minhas mãos na mesa. Todos me olharam surpresos.

— É O QUÊ!? HOJE... HOJE É...!?

— Calma Lucy -falou Minerva- Hoje é aniversário do Rogue.

— D... Do Rogue!? Do Rogue Cheney!? -falei atônita.

Orga riu.

— E existe outro Rogue que você conhece? -perguntou o esverdeado, entre gargalhadas.

— Realmente Lucy, não precisa se afobar. -Minerva ergueu as sobrancelhas.

— De acordo com minha memória, se Sting Eucliffe saiu ontem para alguma cidade... -foi falando Rufus, segurando seu chapéu com a ponta dos dedos, misterioso- É porque hoje é aniversário de Rogue e ele foi em algum lugar desconhecido por terra e deus, trazendo alguma coisa suspeita que nem mesmo eu sabia que existia, como todo ano.

— AH! -apontaram Minerva e Orga para Rufus, em sincronia- VERDADE!

— Hum, eu gostaria de escutar isso. Como assim? Ele traz presentes tão suspeitos? -riu mestre Kyle.

— Sim! Cada ano é uma surpresa! -riu Orga de bom humor.

Eu estava silenciosa e falei abruptamente:

— Estou indo na cidade. Estou indo comprar o presente do Rogue.

Todos ergueram as sobrancelhas.

— Lucy, melhor não se esforçar... Acabou de sair da cama e... -foi falando Minerva, eu sorri e falei confiante.

— Não se preocupe, Minerva, eu posso ficar com febre mas não significa que sou inválida.

— Lucy Heartphilia, se você desmaiar de novo, vou te amarrar no quarto! Eu deixei você vir para a guilda, mas não significa que é para zanzar pela cidade!

Senti um frio na espinha, Minerva Orlando faz ameaças pra valer. Sorri forçado, para esconder meu medo passageiro.

— Nada Minerva, eu vou ficar bem, é só um presente!

E sai correndo da guilda antes que Minerva se levantasse e protestasse, mas parei surpresa na porta, quase me esbarrando com uma bolinha verde voadora.

— Frosch!? -exclamei surpresa, ele devia estar com Rogue.

— Fada-san!

— Rogue te mandou!? -perguntei, ele assentiu com a cabeça.

— Fada-san, vai aonde?

Eu sorri e respondi:

— Estou indo comprar um presente pro Rogue, quer vir?

— Sim! -sorriu ele, comecei a andar em rumo à cidade e falei:

— Mas é segredo, viu Frosch?

— Sim, Fro promete. -ele jurou levantando a patinha, solene.

Gente, como esse exceed pode ser tão fofo? Ele é muito obediente e honesto... Sorri.

Chegamos à rua de lojas, Frosch olhava tudo admirado, ele é tão fácil de gostar das coisas. Paramos na frente de um carrinho de sorvetes.

— Fro? Quer um sorvete?

— Sim! Fro quer.

— De qual você gosta? -perguntei me abaixando com um sorriso.

— Hum... Fro gosta de chocolate.

Me levantei e falei com o homem do carrinho de sorvete.

— Oi, me vê um de chocolate e um de... Uva. Por favor.

— Claro mocinha, está aqui. -ele pegou os sorvetes e me entregou.

— Obrigada, aqui o dinheiro. -peguei a delicia gelada e dei o dinheiro, abri o sorvete de chocolate e entreguei para Frosch.

— Obrigada Fada-san! -ele pegou feliz, começando a se lambuzar de sorvete.

Eu abria o meu e o homem falou comigo.

— Esse gato é o do Dragão Gêmeo o Rogue Cheney, não?

— Hum? É sim. -respondi, colocando o meu sorvete na boca.

— É mesmo!? Então vou dar mais dois sorvetes para você.

Foi ele abrindo a tampa do carrinho e enfiando a mão dentro.

— Hã...!? M... Mas... Por quê!? Não precisa senhor. -me apressei em falar, balançando as mãos freneticamente. Quero dizer, eu gostaria de ganhar sorvete grátis, mas...

— Mocinha, não parece, mas essa cidade é muito agradecida à Sabertooth. Mesmo antigamente quando nela tinha uma forma orgulhosa e fria de tratar as coisas, não muda a verdade que por causa dessa guilda, a cidade ficou mais movimentada e melhor frequentada.

Eu o olhei surpresa, as guildas tem tanto poder assim em uma cidade? Já sabia que guildas são bastante requisitadas e famosas... Mas não tinha percebido o quanto a cidade seria afetada por isso.

Ele continuou a estender os sorvetes e continuou a falar.

— Essa guilda pode ter perdido nos Grandes Jogos Mágicos, mas pela fama dos Dragões Gêmeos aqui, muita coisa melhorou, começando pela movimentação econômica. Depois da mudança de mestre, a cidade melhorou mais ainda. Eu posso apenas oferecer sorvetes, mas aceite, por favor.

Ele sorriu, não pude dizer não e acabei pegando os sorvetes.

— Obrigada. -falei envergonhada- Vamos Frosch, eu ainda preciso fazer compras.

O exceed assentiu com a cabeça e quando nos afastávamos do carrinho, o homem berrou:

— ATÉ MAIS MOCINHA, NAMORADA DO DRAGÃO GÊMEO! -eu engasguei e olhei para trás com olhos arregalados, devo estar tão corada! Ele acenava e eu gritei de volta:

— N... NÃO É NADA DISSO!!

Continuei a ir rua abaixo, com um Frosch muito feliz. Eu olhava as lojas, com o coração ainda meio descompassado.

— Frosch, o que acha que eu devo comprar? -perguntei, sem idéias.

— Hm... Fro não sabe... Comida? -sugeriu ele.

— Ha, ha, ha -ri com a ideia- Rogue não é Sting para se resumir em comida, hum... O que comprar...? -parei na janela de uma loja e vi um quadro- Será que devo tirar foto e colocar num quadro?

— Rogue não tira foto. -o exceed respondeu. É, Rogue não tem cara de fotos... Não sei se ele gostaria de ganhar uma foto minha...

Continuei olhando, entrei em uma lojinha onde tem bijuterias e coisas pequenas.

— Boa tarde, posso te ajudar? -veio uma menina bonita com um sorriso.

— Não, não, eu estou bem -sorri de volta- Estou apenas olhando.

— Tudo bem, qualquer coisa, me avise. -ela disse, se afastando e indo atender outra pessoa.

Hum... Será que eu deveria ter ido em uma loja que venda utensílios de cozinha?

— Fada-san, o que é isso!? -Frosch falou, segurando algo, me abaixei e vi um alargador rosa, comecei a rir. Imaginei Rogue de alargador? Nossa, deve ser estranho demais.

— É um alargador, Frosch. -continuei rindo. Ele pegou outra coisa, era um tiara de flores amarelas com duas molas que balançavam estrelinhas na ponta, o exceed colocou na própria cabeça. Continuei a rir, ele me olhou, tirou a tiara e me entregou, depois foi ver outras coisas.

Eu me levantei e continuei a olhar, parei na frente de uma cesta de pulseiras de plástico, hum... Pulseiras... Parece uma boa...

— Com licença, pode me ajudar? -chamei a moça que tinha me atendido antes, ela veio caminhando com um sorriso.

— Claro, como posso ajudá-la?

— Pulseiras, gostaria de ver pulseiras masculinas.

— Sim, temos uma variedade maior para cá. Por favor, me siga. -ela falou me mostrando o caminho, eu voltei meu rosto para o exceed verde.

— Venha Frosch. -chamei e ele veio correndo.

Minha atendente me levou até o balcão e mostrou vários tipos de pulseiras de plásticos, de ferro, de corrente, de couro, de pano, de silicone. Eu gostei de um, feito de tira de couro com finura de mais um menos um centímetro, com fecho de aço dourado. Bem simples, mas gostei, hué.

Só tinha um problema, a cor é azul... Sendo Rogue, combinaria mais... Preto.

— Teria preto desse? -perguntei.

Ela olhou o modelo que eu segurava, se abaixou e levantou com a pulseira que eu queria da cor que pedi. Eu peguei, paguei e fui embora com um sorriso.

Nossa! O sol já começou a descer! Ficou tão tarde, mas em vez de ir para casa, fui para um parque, Frosch se sentou no balanço e eu peguei uma chave.

— Abre-te portão do Cruzeiro do Sul! Crux!

— Hum! -e vejo o velho Crux com cara de sono e braços cruzados.

— Oi, velho Crux, eu tenho uma coisa para te pedir. -sim, eu tive uma ideia- Pode pesquisar para mim se tem alguma magia celestial que eu poderia usar para encantar uma pulseira?

— Hum! -e ele fica naquela posição de dormir.

— Fada-san, o que vai fazer? -perguntou Frosch.

— He he, um presente especial que só eu posso dar. -respondi com um sorriso- Quer que eu te empurre no balanço?

— Sim!

E eu comecei a empurrá-lo, Frosch riu comigo junto. Crux acordou.

— Oh!? Achou algo interessante, Crux? -perguntei saindo de perto do balanço, Frosch saltou para o meu lado.

— Hum! Tem uma magia simples. Ele encanta objetos e serve como um amuleto de proteção celestial, é uma magia fraca, mas deve ser o suficiente bom para um pequeno objeto como pulseiras -fiquei surpresa, normalmente magias de proteção são complicadas, grotescas e para grandes escalas.

— Me explica como fazer, por favor.

— Hum! -ele me explicou, logo agradeci.

— Obrigada Crux, isso vai ser perfeito! -sorri.

Crux sumiu e peguei a pulseira, segurei com as duas mãos.

— Frosch, se distancie um pouco.

Ele deu uns dois passos para trás, comecei a concentrar minha magia, um circulo mágico se fez na pulseira negra.

Sou a portadora das chaves estelares

Minha prova

Peço às constelações

Oh! Ultria, dê-me sua proteção

Aldebaran, Regulus, Antares, Fomalhaut

As quato grandes estrelas guardiãs

Norte, Sul, Leste, Oeste

Porte minha magia,

Proteja seu portador!

KIDEMONAS STELLARUM

A pulseira emitiu um brilho, logo voltou a ficar normal, mas com uma pequena estrela prateada cravada no meio. Olhei e aprovei. Sim, ficou bom. Botei no meu bolso da saia.

— Vamos Frosch.

E pegamos o caminho de casa...

“Casa”, huh? É surpreendente como eu me acostumei com isso tão rápido... Chamando aqui de lar...

Um carro negro parou no meu lado, saíram dois caras, um me bateu e outro me pegou.

— FADA-SAN! -vi Frosch gritar antes das portas do automóvel se fecharem.

Tudo se tornou escuro, meus olhos se fecharam, encarando os rostos sorridentes que eram virados para mim.

Se deus existe, eu devo estar amaldiçoada por ele, por um deus muito sádico. Um que adora me ver sofrer.