Caminhantes

Chorar por um inimigo


Laxus POV

Maldita floresta. Sorri meio cansado, suado e sujo.

Fechei um punho e limpei a testa. Deveria só sair por aí destruindo tudo?

Nesse segundo, pensei nas pessoas chatas que iriam me repreender. Um companheiro chato chamado Mest e uma irmã chata chamada Lucy.

— Tsk.

Estalei com a língua.

— "Laxus, você não pode destruir as coisas" "Laxus, o Laharl tá te colocando na lista negra de novo" -resmunguei.

Lembrei daquelas duas pessoas chatas.

Lucy já é alguém que tem essa liberdade permitida, então é atrevida comigo. Mas Mest não tem medo dessa "cara de vilão"?

Não, não parece ter.

Suspirei e encostei em uma árvore.

— Aonde esse "parceiro" foi parar? -cocei a nuca.

Estou perdido. Na verdade, nos separamos. Nem mesmo eu sei como nos separamos.

No caminho apareceram trolls, minotauros, e alguns monstros como pitons e lobos. Em algum momento de luta, me empolguei e os cacei, correndo atrás dos fugitivos.

Coloquei a mão no queixo. Foi mais ou menos quando o massacre unilateral amontoou uma pilha de cadáveres alta o suficiente para estar na altura de uma árvore?

Daí os bichos que vieram seduzidos pelo aroma da morte de muitos humanos, fugiu.

— Mas que demônios é esse cheiro? Não... Isso é aura?

Encarei para a floresta cada vez mais escura. Uma sinistra impressão vazando por entre os galhos e arrepiou minha espinha.

No meio dessa densa pressão nojenta ao ponto de me fazer virar o estômago, um fio de aroma familiar se infiltrou.

— Mirajeene.

Voltei a dar meus passos rumo ao cheiro.

É natural de todo instinto te dizer para correr do perigo brutal. Mas eu o enfrentei, suando frio.

— Está vazio -pude escutar apenas meu caminhar.

Sou um Dragon Slayer, tenho a capacidade de escutar pelo menos uma mosca batendo as asas, se uma mosca não, pelo menos um pássaro. Mas não há nada.

Um silêncio mortal avisou gritante: Tem algo aqui. Um ser poderoso que pode expulsar qualquer outra vida apenas com sua aura.

Dei um sorriso.

— Estou chegando, Mira.

Pouco a pouco continuei minha caminhada. Cada vez mais escura e sinistra.

Tanto que não pude mais enxergar e me guiei através do cheiro. O aroma que estou buscando, que estou esperando achar há muito tempo. O segui cegamente como um sedento no meio de um deserto.

Expectante. Começando a sentir uma emoção ao saber que nesse final, ela está ali.

— Só mais um pouco.

A camada de folhas mortas viraram uma pasta no chão pela umidade e grudou da sola dos meus sapatos, fazendo um som molhado.

Mesmo assim, me enfiei entre as árvores, sentindo meu corpo arranhar pelas passagens estreitas demais para o meu corpo grande.

Cada vez mais sufocante e com cheiro de mofo, ergui a mão para passar. Ficando mais denso e escuro, arfei.

Então num tropeço, saí da floresta abruptamente, aparecendo um meio círculo gigante sem árvores e apenas uma grama baixa.

— Ouch! -dei alguns passos para frente, tentando me equilibrar.

Piscando pela repentina luz da clareira, tentei fazer uma sombra com a palma. O que é aquilo? Estreitei os olhos para ver.

Em cerca de quarenta metros tem uma parede alta e íngreme com a entrada de uma caverna. Tão longe quando uma quadra de futebol.

Nesse lugar aberto, o cheiro perigoso continuou denso.

Ela está se escondendo naquele buraco?

Meu coração bateu forte. Fechei o punho e continuei andando.

Quando fiquei bem no meio entre a caverna e a floresta, uma sombra voou sobre a minha cabeça.

— Ora, ora, um ratinho saiu da floresta.

Meus olhos se arregalaram. Até mesmo a respiração parou.

Com duas asas de morcego gigantes, um demônio de cabelos brancos pousou na minha frente. Um sorriso malvado me estudou, divertida.

E tem uma horrível marca de queimadura fazendo o desenho de um demônio na sua bochecha.

— Quanta coragem para um brinquedo vir até a minha casa -ela riu.

Meus lábios se entre abriram e sussurrei.

— Mirajeene.

Os olhos dela se estreitaram mais.

O seu punho se fechou, num salto ela estava na minha frente em um segundo, me encarando como uma barata.

Desviei para o lado, quase sendo pego. O punho cravou no chão, fazendo uma pequena cratera.

— Você é bom -riu.

— Sou rank S -dei de ombros.

Estalei meu pescoço. E dei um sorriso.

— Vim de tão longe só para te ver Mirajeene. Cadê o meu bolo?

— Eu não te conheço.

Sem esperar, uma bola negra cobriu seu punho, e ela avançou mais uma vez.

— Nem para trocar algumas saudades, Huh?

Ergui minha mão cheia de luzes estalantes, indo de encontro com a bola negra dela. No segundo em que nos chocamos, o vento soprou para todo lado.

— Mirajeene, você não sente nada por ter matado todas aquelas pessoas? -grasnei.

— Eu não fiz apenas uma limpeza de pragas? Evil Spine.

A magia que era uma bola, se transformou em vários ferrões negros, me cortando. Recuei para trás com os braços protegendo meu rosto, enquanto o chão atrás de mim foi perfurado como queijo.

— Mas entre todas as baratas, você é a que durou mais -ela caminhou calmamente.

— Você quer dizer que matou todos?

— É claro.

— ... Por quê?

— Por quê? Não é simplesmente divertido? -escondeu os lábios entre os dedos, prendendo uma risada- Ver alguém ser esmagado de forma tão fácil?

De repente me lembrei daquele dia. Quando Mirajeene chorou de dor e selou o próprio poder por causa da irmã. Ela é tão forte, mas naquele momento, suas costas foram uma visão incrivelmente frágil.

— Eles são tão... -ela riu- Patéticos, se debatendo igual minhocas.

Fechei meu punho. Canalizando energia de trovão, formando uma tempestade de luzes e meu cabelo balançaram.

— Não fale coisas tão nojentas com a cara de Mirajeene! -trinquei os dentes e fui para cima. Forçando a ganhar velocidade, enviando magia nos meus pés, deixando poeira com luzes de relâmpagos.

As asas dela bateram e ela sumiu como uma miragem. Então algo me espancou por trás. Deixei meu corpo firme em pé e o chão fez duas trilhas de areia, arrancando a grama quando fui empurrado para longe, batendo minhas costas em uma árvore.

As duas mãos dela ergueu para mim. Um arrepio passou pelo meu corpo.

— Soul Exstinction.

Um mar de aura maligna soprou como um tsunami. Fechei meu maxilar, sentindo dor por cada músculo. Como agulhas perfurando em cada pedaço de carne.

Um sentimento de rasgar e queimar.

— AAAARGH! -gritei.

A maré acabou, minha visão ficou meio turva.

Bem longe, uma figura de asas negras continuou pacífica e inabalável.

— Como eu disse... É incrível como eles retorcem como minhocas.

Senti um gosto de ferro, cuspi no chão, manchando de sangue.

Satan Soul de Mira... É algo ridículo.

Dei um sorriso, limpando a boca. Senti dificuldade de respirar.

Ainda assim, saltei novamente. Com pés soltando estalos luminosos para pegar impulso.

Dei um soco. Mas estou quebrado, então esse soco saiu patético e fraco.

Ela desviou facilmente. Achando graça.

— Wow, você ainda pode se mover?

Dessa vez tentei um chute, mas foi igualmente fraco.

— Pff... Você não se cansa?

Eu sorri para ela.

— Você tem certeza que deixou ninguém escapar?

— Do que você quer falar? É pra alongar sua vida? Mas sabe, estou só brincando com você.

Ela desviou de outro soco. Foi como uma brincadeira de um adulto contra uma criança. E eu era a criança nessa brincadeira humilhante. Com pés cambaleando meio tortos, fingindo que estou bem.

Mesmo assim, ri.

Estou vivo e consciente ainda, porque eu sou um mago de ranking S. Outra pessoa teria desmaiado, se não, morto agora.

— Mirajeene, existiu alguém que você deixou fugir. Que você pediu para viver.

— Não, não existe -seus olhos alegres de me ver balançar, disseram como sou um idiota.

— Esqueceu dela, Mira? De Lucy Heartphilia.

Os lábios dela tremeram.

— Não se lembra? Daquele dia, você e ela estavam juntas.

— Lu... cy? -ela sussurrou.

Sua mão segurou a testa.

— Ugh... -suas sobrancelhas franziram.

— Mira...

Ela ficou em silêncio, sua voz saiu meio trêmula, enquanto escondia o rosto.

— Quem é Lucy?

Dei dois passos para trás, observando-a.

— Você realmente não sente nada quando mata pessoas?

Limpei o canto da minha boca, sujando minha mão de mais sangue.

— Eram pessoas inocentes Mira! Você não sente nada?

— Eu... -então sua mão abaixou- Eles tinham algum valor?

O sorriso sinistro da albina machucou meu coração.

Lucy, afinal, estávamos errados?

Trinquei meus dentes e saltei novamente com o punho cheio de relâmpagos.

— Por que você tenta sempre a mesma coisa? Não vê que não dá certo? -ela desviou.

Então sua mão abanou como se espantasse uma mosca, batendo no meu ombro. Sendo arremessado novamente.

Sua magia Take Over é muito forte. Ridiculamente mais forte.

— ARGH!! -meu braço deslocou.

— Que tal eu te matar agora? Estou me cansando -ela flutuou no ar com as asas abertas.

Por que eu vim aqui? Fiz todo o caminho para vê-la. Mas ela não estava aqui.

Encarei a mulher.

— Uma substituta não tem nenhum valor para mim -sussurrei para mim mesmo, mal me mantendo em pé.

Agarrei meu ombro deslocado com força e puxei. Mordi o interior da minha bochecha para não gritar.

— Você sabe o quanto Lucy sofreu por você? O quanto ela quis te proteger? -falei, meio sem fôlego.

— Haa... -suspirou- Lucy isso, Lucy aquilo. É sua amante?

— Você realmente não se lembra dela?

De repente me senti magoado, lembrei daquela estúpida irmã que chorou por esta mulher.

"Apenas eu sabia que não existia essa esperança".

— Agora eu entendo.

Dei um sorriso triste. Olhei para o vulto na minha frente, se tornando cada vez mais borroso. Senti gotas quentes passar pelo meu rosto.

Huh? Quando foi que começou a chover?

— Sabe loirinho, eu me cansei -suas asas se abriram, e seu punho em esfera negra mirando meu peito. Voou em minha direção.

A intenção assassina e olhar malvado dela. Eu assisti tudo isso e abri meus braços. Para recebê-lo.

O punho dela veio, com seu sorriso cheio de loucura por sangue. Fechei meus olhos.

Meu corpo foi perfurado, jorrando sangue.

— Homem estúpido -ela riu.

Então segurei seu braço, impedindo de sua mão se mover.

— Huh? O que você está brincando agora?

Eu a encarei.

... Isso dói. Dói muito.

Ainda assim, sorri.

— Mira. Eu sinto muito por não estar quando você precisava.

Ela me encarou friamente.

— Agora, não vou te deixar mais sozinha.

Ergui meu punho livre, se enchendo de raios luminosos e estridentes.

— Espera -os olhos dela se agrandaram.

Ela tentou puxar a mão, mas eu também sou forte. Você pode ser mais rápida Mira, mas não conseguiu se soltar do meu aperto no seu braço.

Suas asas bateram freneticamente criando uma grande ventania.

Eu a acertei. Fazendo um show de luzes.

— AAARG! -o sangue vazou pelo buraco que fiz.

O relâmpago estourou, senti um cheiro leve de queimado. E seu corpo tremeu antes de ficar imóvel.

— Eu te amo Mira -sussurrei.

Mesmo que você não esteja mais aqui. O pouquinho que está escondido em algum lugar, ainda importa. Resolvi acreditar nisso.

— Ficarei com você agora.

Retirei minha mão e soltei seu braço. O corpo dela caiu, e eu despenquei de joelhos ao seu lado.