Caminhantes

A mulher que todo homem sonha ter


Rogue POV

Encarei friamente para o horizonte, esperando por certas pessoas voltarem.

Cruzei meus braços e me plantei na frente da porta sem me importar com a bendita cadeira de rodas, enquanto Frosch e Lector ficaram na sala.

— Rogue-kun, de acordo com a minha memória, você está aí já se fazem quatro horas, doze minutos e três segundos.

Rufus ficou parado ao meu lado, igual um guarda costas. Embora eu não sei porquê ele está aqui?

— Isso é bastante tempo -assentiu mestre Kyle, solene.

É outra pessoa que também não sei o que veio fazer.

Bati o dedo no descanso da cadeira de rodas.

E finalmente Lucy voltou, com Sting e Minerva.

— CHEGUEEEEI! -Eucliffe abriu os braços, muito feliz.

Ele voltou ao normal. Pelo canto do olho vi a decepção no rosto dos outros dois magos ao meu lado.

— Oh, não tem nada de novo para guardar na memória -Rufus suspirou e se afastou.

— Ha... Se eu não tivesse tanto trabalho, poderia ter chego antes... -mestre Kyle igualmente cabisbaixo, foi embora- Hora de voltar ao trabalho.

Realmente, o que vocês vieram fazer?

Os encarei pasmo, enquanto sumiam pela rua.

A princesa parou na minha frente, junto com Lucy e Sting. Olhou para a esquina e perguntou.

— Ué, eles já foram embora?

— Sim -respondi.

Ela buffou.

— O que queriam?

Encarei levemente para Sting.

— Quem sabe? -dei de ombros- Aliás, Sting...

— Oi? -o outro abriu um sorriso e colocou as mãos na cintura- EU VOLTEI ROGUE! EU VOLTEI!

Nem escondeu a comemoração do seu coração.

— Estamos de volta, Natsu! -Lucy sorriu- Mas o que você está fazendo aqui fora?

Encarei friamente para meu irmão gêmeo. Me apoiei na lateral da cadeira.

— Sting, você tem muita coragem.

Falei sério, me levantando.

A cada centímetro que fiquei mais alto, os olhos do Eucliffe agrandaram.

— Foi um show impressionante -falei, agora na mesma altura que ele.

A boca do loiro abriu em choque.

Acha mesmo que não percebi?

STING EUCLIFFE, VOCÊ TEM MUITO DESCARO! AQUELE SORRISINHO DE QUANDO VOCÊ BEIJOU LUCY E A LEVOU NOS BRAÇOS, ERA PARA ME PROVOCAR!

Ergui o canto dos lábios. Dando um riso maligno.

— Natsu!!

Antes que eu pudesse falar mais, Lucy segurou meu braço, alarmada.

— Você já pode se levantar? -seu tom preocupado me fez suspirar.

— Sim, eu posso.

Na verdade ainda dói um pouco. Mas depois de ficar quase duas semanas parado, claro que estou melhor.

Coloquei uma mecha de cabelo dourado atrás das orelhas da garota.

Então mudei meu olhar para o mago da luz.

— Mas queria saber aonde foi que meu bom irmão havia ido?

O sorriso congelado de Sting mostrou pupilas trêmulas. Então ele saltou. SALTOU?

Abriu os braços e abraçou meu pescoço.

— MÃINHA ROGUE!!

— COUGH!? -engasguei, sentindo dor.

— AAAAH MÃINHA! EU FIQUEI TÃO PREOCUPADO!

— !?!?

Fui balançado por um loiro louco. Me senti enjoado. Pelo canto, vi Lucy ficar chocada, de queixo caído.

— Eu não tenho um filho como você! -cuspi, meio tonto e meio tentando empurrar ele.

Mas essa coisa continuou chorando e me balançando.

— ME PERDOA MÃINHA!! SOU UM FILHO RUIM! VOCÊ ESTEVE DOENTE E NEM CUIDEI DE VOCÊ!! MÃINHAAAAAAA!

O golpe crítico de Eucliffe foi fatal, acertou tanto meu corpo, quanto meu emocional.

— Tá, tá, chega!

— VOCÊ ME PERDOA!?

— Sim. Para, só para com isso!

E finalmente me soltou.

— Então... -ele sorriu, como se as lágrimas anteriores nunca tivessem existido- LECTOR, EU CHEGUEI!

E o loiro correu para dentro da casa. Encaramos a porta vazia, por onde Sting sumiu. Senti uma dor de cabeça ao ver o loiro fugir com êxito da minha ira.

— Coff coff -tossi de dor.

— Natsu, você está bem?

— Sim... Coff...

Minerva nos encarou e desviou o olhar.

— Eu vou para dentro.

Ela tocou meu ombro e sussurrou:

— Não se esforce muito... E eu espero que você esteja bem com essa decisão -suspirou.

A morena passou pela porta, sem dizer mais.

Decisão.

Apertei o punho.

Eu estou respondendo com naturalidade o nome de Natsu-san, como se fosse meu. E as vezes me esquecia que Natsu-san na verdade não se refere a mim.

— Parece que Sting gosta muito de você -a maga celestial comentou.

— Parece que sim.

Quando eu era menor, tanto eu quanto ele tínhamos um ídolo. Gajeel Redfox era o meu, e Natsu Dragneel de Sting. Ela está falando sobre isso.

— Lucy -segurei sua mão.

O rosto dela corou e seus olhos se arregalaram.

Você não sente inveja, Rogue? A mulher que você ama, te olha assim enquanto pensa em outro.

Comprimi meus lábios.

— Natsu?

— Não, não é nada.

— Você está realmente bem?

Ergui a mão e acariciei sua bochecha com o dedo indicador. Ela ficou surpresa, mas então sorriu, aceitando meu carinho.

De repente senti que respirar era muito difícil.

— Natsu, se você pode caminhar, podemos ir ver as barracas?

— Barracas?

— Na volta, eu vi barracas começando a serem montadas. Parece que vai ter um festival.

Ah, já é essa época do ano?

— Você quer vê-las? -perguntei.

— Eu quero ver com você.

O sorriso de Lucy é bonito. E ao mesmo tempo amargo.

Frosch deve estar brincando com Lector ainda. Se for um pouco...

— Então vamos.

Segurando seus dedos, caminhamos lentamente pela calçada, em direção ao centro comercial, temos que passar por algumas ruas residenciais antes.

O sol estava no seu crepúsculo.

— Queria saber que tipo de festival é -ela perguntou, animada.

— Vai ser daqui um ou dois dias. Não hoje -respondi.

Não queria, mas não pude evitar. Meus olhos sempre estão sendo atraídos por ela.

Como uma mariposa que voa para a fogueira. E não consegui me impedir de pensar o quanto ela é atraente.

— Hum... -ela ficou pensativa.

A calçada tem várias casas residenciais, coloridas e feita de pedras, com janelas no alto e portas de madeira. Um por um os postes de luz foram se acendendo pela noite que se iniciou.

Nesse escuro de pouca luz, o cabelo de Lucy brilha em um dourado cintilante.

— Estão criando um festival para os dragões gêmeos da Sabertooth -falei, meio envergonhado.

— Dragões Gêmeos!? -ela virou o rosto para mim.

Dei um riso para a sua cara surpresa. Como ela pode ser tão fofa?

— A cidade se tornou mais popular por causa dos Dragões Gêmeos, a Sabertooth é muito conhecida por causa disso.

— É assim mesmo!?

— Fiore inteira não conhece o nome Salamander da Fairy Tail? Por que os Dragões Gêmeos da Sabertooth seria diferente?

Sorri para a sua inocência. O peso de uma guilda e alguém que a simbolize tem uma grande influência.

— Por isso estão fazendo um festival?

Mais pessoas surgiram à nossa volta, mostrando que chegamos ao centro comercial. Fechei a minha capa até a gola, puxei até a altura do meu nariz. Seria ruim se as pessoas ficarem alvoroçadas ao me reconhecer.

Embora hoje seja um dia que podem ter mais dificuldade de me descobrirem, mas é melhor precaver.

Realmente, tem barras em pé aqui e ali, porém ainda faltam preencher muitos buracos para a feira estar completa.

— Eles simplesmente comemoram o dia que os dois Dragões chegaram na cidade. Como um dia de sorte.

As luzes penduradas em cada barraca deixou a rua mais iluminada, além dos postes acesos.

Paramos na frente da barraca de máscaras.

— Olha isso! -ela me puxou, animada.

— Cuidado.

— São máscaras de dragões!

Na barraca existem várias diferentes, mas as que mais chamam atenção, são as de dragões. Uma preta e uma branca, com detalhes de escamas e uma pintura sombreada.

— Vocês vieram para o festival? -o vendedor perguntou, então ele me encarou- Woow, seu disfarce está muito bem feito, jovem.

Desviei o olhar e tentei me esconder mais profundamente na gola da minha capa.

— Disfarce? -a loira piscou, confusa.

— Sim, sim. É normal nesses dias terem pessoas se disfarçando de Dragons Slayers. Olha aquelas crianças ali.

Ele apontou para dois meninos usando roupas parecidas com a minha e do Sting, mas junto a eles tinha um pequenininho usando roupas vermelhas parecidas a Natsu-san. Meu rosto corou de vergonha. Por que vocês inventaram de fazer isso?

— Oooh! -ela então sussurrou para mim, me dando uma leve cotovelada- Parece que em dias como esse, até o Salamander é popular, Huh?

Suspirei. O homem percebendo nada de estranho, continuou:

— Infelizmente o show de verdade começa só amanhã.

— Vai ter show? -Lucy questionou bastante interessada.

— Sim, sim! Tem apresentação de Dragões e fogos de artifício, alguns mágicos ambulantes e bardos!

— Apresentações?

— Pessoas vestidas de dragões fazem uma dança, sabe? É bastante animado.

Só de escutar me senti envergonhado. Não gosto muito de festas e coisas assim... Mas saber que alguém sai por aí fantasiado de mim em forma de dragão é um pouco... Constrangedor?

— Por que não levam uma máscara? -o homem ofereceu- Esses são especiais, pintados para esse festival, não são bonitas?

— Realmente, são muito bonitas!

A loira soltou a minha mão para poder escolher uma máscara. Me aproximei e então congelei.

— O... Que é este? -perguntei, apontando para uma máscara de mulher.

— Ah, essa é a anjo da Sabertooth. Muita gente está usando a imagem dela agora.

Estremeci.

— Stinny? -a maga celestial olhou para a máscara, com um tom um pouco triste- Oh... Espero que ela esteja bem...

— Ela é um anjo, então voltou para aonde deveria voltar. Mas ela se tornou o símbolo da mulher ideal. Gentil, angelical, benevolente e bonita -o vendedor escondeu algumas lágrimas.

... Sting... Mulher ideal?

Gentil, angelical, benevolente e linda?

Na minha mente apareceu a cara de um loiro que dorme e chora por comida. Grita como uma gralha e encosta em mim como se eu fosse sua bengala.

Olhei meio estranho para o vendedor.

Sting, o que você fez!?

— Vocês estão falando da Stinny? -o vendedor de bolinhos ao lado virou o rosto.

— O anjo... -o senhor da barraca de máscaras respondeu com pesar.

Como se falasse de um assunto dolorido.

— Stinny... -até mesmo Lucy ficou entristecida.

Espera, o mundo entrou em luto?

Pelo Sting transformado?

— Coff... -tossi. Isso virou uma história sombria que ninguém deve descobrir.

— Por que vocês estão tristes? -o vendedor de bolinhos buffou- Ela se sacrificou pela Angel, e pelas pessoas. Cumpriu com o seu destino e voltou para casa... Eu... Eu... Estou tão...

Ele começou a chorar.

Fiquei pasmo. Todos enlouqueceram.

Mas ao ver os olhos vermelhos da maga celestial, remoí de ansiedade.

— Lucy, qual dessas máscaras você gostou? -perguntei ao seu ouvido.

— Oh! -seus olhos se ergueram.

Limpou rapidamente as lágrimas e sorriu.

— Sim, sim -o vendedor assentiu, também esfregando as pálpebras com as costas das mãos- Tudo que podemos fazer é seguir em frente. O anjo desejou a nossa felicidade, então vai ficar magoada se vivermos tristes.

Acho que não. Sting deve estar em casa, cochilando agora.

Olhei para o céu escuro.

Com certeza deve estar dormindo, depois de passar o dia inteiro naquela competição com Sorano, voltou cansado. Suspirei desamparado.

Então algo foi colocado no meu rosto.

Pisquei duas vezes e olhei para baixo.

A mão de Lucy segurou uma máscara no próprio rosto e uma outra na minha. Com um grande sorriso.

— Fica bem em você! -ela deu uma risada, meio travessa.

Mas não prestei atenção nisso. Minha respiração parou por um segundo ao ver que ela estava usando uma máscara de dragão negro.

Meu coração bateu acelerado.

Isso é uma coincidência? Foi por um acaso?

Minhas mãos tremeram um pouco.

— Hahahahah! -o homem riu- Então a garota é quem manda na relação?

Pisquei sem entender. Então o vendedor trouxe um espelho.

Arregalei meus olhos.

Enquanto Lucy tem a máscara de um dragão negro, a que ela escolheu para mim foi a de um coelho.

Ela... Se lembra? Por que escolheu essas máscaras?

— Lucy, você... -me virei para perguntar.

— Agora eu sou o Dragon Slayer e você a Bunny Girl! -ela riu maldosa.

Meu coração caiu.

Ah, Gajeel-san a chama de Bunny Girl. E Natsu-san é um Dragon Slayer. Foi apenas uma coincidência.

Sorri, me sentindo estúpido pela esperança dela estar sorrindo para mim, e não para aquele outro homem.

— Sim, fica bem em você também -respondi- Quantos Jewels?

— Os dois eu faço por 700. A qualidade é impressionante, com material leve, não vai se arrepender.

Não me importei com os detalhes. Mas Lucy pareceu gostar dessas máscaras. Por isso entreguei o dinheiro para o homem.

— Ah! Eu posso pagar a minha parte! -ela entrou em pânico, vasculhando sua bolsa.

Peguei sua mão e sorri.

— Não, eu te dou ela.

Os olhos achocolatados atrás da máscara preta tremeram. E assisti sua orelha enrubescer.

— Tenham um bom festival! -o homem de despediu.

Eu a levei pela rua, olhando as outras atrações. Mas ainda falta muita coisa por aqui. Talvez por isso não tem muita gente está noite e pudemos passear sem ser sufocado por um mar de pessoas.

Será que Lucy está decepcionada pelo festival não ser hoje?

— Talvez teremos que voltar amanhã -falei para ela.

— Você vai vir comigo amanhã? -olhei para sua máscara pendurada na lateral da sua cabeça.

— Eu irei.

Enquanto minha máscara, a botei atrás do pescoço. Lucy escolheu ela, então tive que comprar mesmo não querendo usar... Se colocar na direção das minhas costas, vai ser menos chamativo.

— Maçã caramelizada! -ela parou na frente da barraca.

Tem a clássica maçã do amor, mas também pirulitos de caramelo de várias formas expostas em uma pequena vitrine demonstrativa.

Uma borboleta, um cavalo relinchando, um coração, uma estrela. Claro, tem dois bem trabalhados no meio: Dois dragões rugindo, um preto e um branco. E tem um peixe dourado, um pássaro, uma Stinny...

!!

Meu queixo caiu. A figura em miniatura meio transparente de cor castanho caramelo, de joelhos e mãos entrelaçadas, rezando. Com duas asas exageradas nas costas.

Fiquei sem palavras. Encarei por um tempo, então um pensamento passou pela minha mente.

O festival inteiro está assim? Sério? Vou ver a cara do Sting transformado até quando?

— Não faça uma expressão tão amarga -um pirulito pousou nos meus lábios.

Foi enfiado estrategicamente por dentro da gola folgada. Olhei para a loira que ficou na ponta dos pés.

A verdade é que não gosto muito de caramelos. Mas dessa vez, ao enfrentar um sorriso expectativo, abri minha mandíbula.

O doce entrou na minha boca.

— É bom? -sua voz saiu alegre, pelo êxito de me dar o doce. Então ela mordeu uma maçã caramelizada.

— Sim.

Lucy me puxou pela mão, me guiando. Mas não havia muito o que ver. Então logo a feira acabou. Nos deparamos com o final, em um rio com cercas e bancos.

Ainda assim, ela me levou para o banco e se sentou. Eu a acompanhei e peguei o lugar ao lado dela.

Seus olhos se ergueram para cima, encarando a lua.

— Hoje foi divertido -ela murmurou.

Não respondi, fiquei encarando o brilho das estrelas refletida nas orbes achocolatadas.

— A verdade é que eu estava um pouco triste.

— Triste?

— Pela Stinny.

Ela sorriu. Então se virou para mim.

— Que bom que você veio comigo.

Por isso ela de repente me pediu para caminhar.

Me senti estranho.

Lucy perdeu a memória, então de acordo, ela conheceu "Stinny" por algumas horas. E ela chorou pela pessoa que é praticamente desconhecida.

E eu, que conto com os dedos as pessoas que podem ganhar minha simpatia, não consigo entender esse lado de Lucy.

Ao mesmo tempo que é misterioso e meio bobo, também me atraiu.

Encarei para seu sorriso iluminado pela lua. Ergui meus dedos para segurar seu rosto. Me abaixei enquanto minha mão livre puxou a gola da minha capa para baixo.

Mordi seus lábios.

Pude sentir seu corpo estremecer de susto. Mas ela não rejeitou.

Fechei meus olhos e abri a minha boca para lamber. Tem gosto de açúcar com maçã.

Pff... Não é de você quem ela gosta, Rogue.

Congelei. Arregalei meus olhos e vi uma loira com o rosto vermelho e pupilas meio desfocadas.

Em algum momento sua mão se sobrepôs à minha.

— Natsu? -sussurrou embriagada.

Minha respiração parou.

O que eu fiz?

Se aproveitou de alguém enquanto fingiu ser outra pessoa. Hahaha...

Fiquei pálido e me levantei. A garota piscou surpresa.

— Natsu? -ela chamou, novamente.

Me virei sem responder e caminhei apressado. Arrumando minha gola para esconder novamente o rosto.

O que eu fiz!? Maldição... Você está louco!?

— Ei, espera por mim!! -os passos dela correram.

Ignorei e continuei avançando. Confuso e com o coração acelerado.

Por que fiz isso?

— Eu disse para esperar!

A mão dela agarrou meu braço. Por um segundo desejei puxar meu corpo para longe e gritar para não me tocar.

Mas não pude. Com medo que ela pudesse se machucar com minha força, ou ficar assustada se eu gritar com ela.

Mordi meu maxilar. Respirando pesado.

— O que houve? -ela perguntou, seu lábio tinha vestígios de uma feroz mordida.

Desviei o olhar.

Lucy, eu não ligo se você me usar... Mas sabe... Esquecer e rejeitar tudo o que aconteceu entre a gente, é cruel.

Tão cruel que eu sinto todos os dias quebrar o meu coração.

É como se meus sentimentos não devessem existir, assim como as lembranças que sumiram.

Mas como eu faço para parar esse desejo intenso?

— Natsu, eu preciso que você fale para mim o problema. Está doendo? Você ficou bravo comigo porque te fiz caminhar até o centro enquanto seu corpo ainda está machucado?

Engraçadamente, eu a amo tanto que não consigo nem mesmo brigar com ela, enquanto me sinto mais miserável a cada momento.

Então respirei fundo e dei um sorriso rígido.

— Não é nada. Desculpe por te assustar.

A encarei nos olhos. Lucy está evidentemente preocupada. Sua boca abriu tentando dizer algo, escolhendo palavras.

— Vamos para casa? -eu interrompi.

Pegando sua mão com cuidado, para não machuca-la. As sobrancelhas dela franziram mais. No final, ela cedeu.

— ... Sim. Vamos para casa.