Um homem emerge da porta como uma luz que emerge na escuridão. Estava usando um macacão laranja daqueles que os prisioneiros costumam usar nas cadeias. Tinha uma barba recente, estava com os cabelos desarrumados e tinha olheiras de várias noites sem dormir. Ao ver aquele homem com seus próprios olhos, Lindinha se encheu de lágrimas novamente, mas desta vez de alegria e correu para abraçá-lo. Quando o homem a abraçou de volta, ela lhe disse emocionada:

— Papai, eu senti tanto a sua falta!

Era tão bom sentir o seu calor, o seu conforto, sentir o seu cheiro. Pela primeira vez em vários dias, a menina sentiu um pouco de paz depois de tantas desventuras. Florzinha, ficou chocada e surpresa no início, mas depois fez o mesmo que sua irmã. Deixou as emoções fluírem e correu para abraçá-lo também.

— Eu também senti falta de vocês, minhas meninas. — Disse ele igualmente feliz e emocionado.

Faltou só Docinho que tentou se passar por séria, mas falhou. Também começou a chorar e liberar suas mágoas escondidas e correu para abraçar a sua família.

— Pai! — Gritou ela ao participar do caloroso abraço.

Utonium ficou tão surpreso quanto feliz ao ouvir sua filha chamando-lhe de “pai”, pois já tinha algum tempo que a garota rebelde passou a chamá-lo apenas de “Utonium”. Enquanto Docinho o abraçava, ele deu um beijo em sua cabeça.

Ao testemunhar aquele momento íntimo e bonito em família, a Srta. Bellum ficou emocionada, mas se conteve para manter sua postura profissional padrão.

— Eu vou deixar vocês a sós um tempo. Vocês têm muito o que conversar. — Disse ela antes de se retirar.

Depois daquele emocionante momento em família, os Utonium sentaram-se um de frente para o outro e assim, as meninas contaram sua versão da história para o seu pai que escutou tudo calmamente e pacientemente.

— Eu não esperava que isso acontecesse com Caco. O Elemento X deve ter afetado a mente dele não só em nível celular. — Admitiu o cientista em tom de arrependimento. — Depois que vocês reviveram eu fui atrás dele, mas não o encontrei. Achei que ele tivesse morrido...

— A culpa é toda minha, Professor — desabafou Florzinha. — Eu falhei com as minhas irmãs. Deixei o Caco me fazer de boba. Nós queríamos apenas consertar tudo e acabamos só piorando.

— Não é sua culpa, Florzinha. É minha! — Confessou Docinho. — Se eu tivesse ouvido o pai desde o início, não estaríamos nessa furada.

Lindinha seguiu aceitando a realidade. — Nós somos tudo o que dizem. Somos Aberrações, nada mais que isso. Nosso lugar é aqui. Não podemos ter o que as outras pessoas têm.

— Vocês estão erradas! — Declarou Utonium que segurou as mãos de Lindinha e olhou nos olhos de sua filha com seriedade. — Vocês não são aberrações. Nunca deixem ninguém dizer isso sobre vocês. Ninguém! Ouviram bem?

A doce Lindinha sorriu emocionada ao ver tais palavras do pai dizendo isso. Era tudo o que ela queria ouvir. Sentiu que pela primeira vez em muito tempo, seus demônios e inseguranças se afugentaram por um momento.

— Vocês não são aberrações, são as minhas meninas. O problema são as pessoas dessa cidade que ficaram loucas... e eu me incluo nisso — Afirmou ele — Florzinha, Docinho... a culpa não é de vocês. O único culpado disso tudo sou eu. Eu comecei tudo isso. Eu cometi o pior erro que um pai poderia cometer: Eu fui egoísta. — Confessou.

— Não, professor. A culpa não é sua. Nós que... — Retrucou Docinho, mas foi interrompida.

— Não, Docinho a culpa é minha. Eu comecei tudo isso e eu fui sim egoísta. Eu só queria minha família de volta, queria que tudo fosse como era antes do acidente que começou tudo isso. O que eu não levei em consideração é que depois que vocês retornaram pra mim, vocês já não eram mais as mesmas. Vocês são especiais e não tem nada de errado com isso, as pessoas é que temem o que é diferente. Eu é que por medo de perder vocês, por medo que o mundo perseguisse vocês, as ensinei temerem seus poderes, a se conter. Eu achava que estava protegendo vocês, mas, agora eu vejo que estava protegendo só a mim mesmo. Eu quero consertar tudo isso. Acho que chegou a hora de vocês saberem a verdade.

— A verdade? — Indagou Florzinha.

— Sim, toda a história inteira — Ele completou

Utonium fechou os olhos e respirou fundo para se concentrar, pois tudo o que diria a partir de agora para suas filhas seria toda absoluta verdade.

— Quando sua mãe e eu éramos jovens, nós trabalhávamos na Universidade Van Rijsselberge. Além de ensinar, elaboramos pesquisas e teses científicas sobre ampliação da expectativa humana, regeneração celular, células tronco e até sobre reativação de celular mortas. Amávamos nosso trabalho, queríamos criar um mundo melhor para as próximas gerações. Nossas pesquisas chamaram a atenção de um General Militar que nos convidou a participar de um programa secreto do governo chamado “Prometheus”. O objetivo dele era estudar e explorar o desconhecido e a partir dele, descobrir formas de usá-lo para ampliar as limitações humanas, curar doenças, aumentar a expectativa de vida e outras coisas. Na época sua mãe estava grávida de vocês, e o nosso sonho de criar um futuro para as próximas gerações se estendeu a vocês. Como éramos ingênuos naquela época. O programa estudava todo o tipo de “ciência”: Robótica avançada; O uso de nanorobôs chamados de ‘nanites’ para manipulação celular; engenharia reversa em tecnologias que nunca havíamos visto; o estudo de organismos e seres exóticos e paranormais e etc. Apesar de tudo, sem dúvida, a pesquisa mais valiosa do programa era com aquela substância até então desconhecida: O Elemento X. Não sabíamos o que era, nem de onde veio. Toda a sua história era confidencial. Porém, eu e sua mãe descobrimos o que ela fazia. Descobrimos que o tal do Elemento X pode reprogramar o nosso DNA, reativar células perdidas, fazer o próprio corpo se curar sozinho de quase qualquer coisa, até mesmo da morte. Fazíamos experimentos em ratos na época, nem imaginamos a aplicação disso no ser humano, mas temíamos que esse seria o próximo passo. Depois que vocês nasceram e começaram a crescer, percebemos o nosso erro. Começamos a ver as reais intenções por trás do programa e nos afastamos dele de imediato. Aquilo não era o futuro que queríamos. Algum tempo depois eu soube de um incêndio no laboratório onde trabalhávamos na qual várias mentes do programa se perderam. Isso fez ele ser encerrado algum tempo depois, apesar de algumas de suas pesquisas terem continuado. A Indústrias Hardly, que era uma das maiores patrocinadoras do programa, ficou interessada em alguns dos projetos, especialmente, os que envolviam o Elemento X e ela resolveu manter sua pesquisa. Dick Hardly, que era amigo meu e de sua mãe desde o colégio, nos convidou para chefiar a nova pesquisa com o Elemento X. Porém, não iríamos cometer o mesmo erro duas vezes. Dick não era o mesmo que conhecemos na escola, ele havia mudado, tornou-se ganancioso e sem escrúpulos. Eu gritei com ele e o mandei embora de nossa casa quando nos ofereceu o trabalho. Depois dali, só queríamos uma vida tranquila, sermos bons pais e construir uma vida melhor para as nossas filhas e até veio aquele dia, o dia do acidente. Eu não me lembro de muita coisa, mas me lembro de ver o rosto de sua mãe cheio de sangue. No momento em que ela morreu, ela segurava a minha mão com força e me olhava com desespero pra vocês como se quisesse me dizer pra eu ir salvá-las, mas não conseguia. Levou meia-hora pra eu conseguir me mexer. Eu tinha quebrado uma perna e um braço. Vocês estavam no banco de trás que tinha sofrido mais com o acidente. Quando eu peguei seus corpos, já era tarde. Eu perdi tudo, tudo o que me era de mais valioso na vida. Eu lamentei por dias e dias enquanto me recuperava no hospital, pois tudo o que eu queria era ter morrido lá. Até que em uma noite eu tive um sonho: Nesse sonho, eu estava em um limbo escuro e só via um par de olhos vermelhos me olhando. Daqueles olhos eu ouvi uma voz masculina e bizarramente delicada e suave dizendo “Elemento X” repetidas vezes. Quando eu acordei, sabia o que tinha que fazer. Eu engoli meu orgulho e a minha moral e liguei para Dick Hardly, aceitando sua proposta. Claro que eu elaborei termos. Eu trabalharia na pesquisa dele, mas faria tudo sozinho, não queria que ninguém soubesse manejar aquele poder todo. Ele me daria tudo o que eu precisaria, mas eu estaria por minha conta e risco. Qualquer coisa que desse errado seria apenas culpa minha, eu seria até mesmo preso se caso fosse descoberto. Eu não ligava para as consequências, só queria minha família de volta. Eu abri mão de tudo o que eu e sua mãe acreditávamos para poder desafiar as leis da natureza e trazer aqueles que eu amava de volta aos meus braços. E aqui estamos.

A história contada de seu pai deixou as irmãs perplexas, demorando algum tempo para processar tudo aquilo. Lindinha colocou as mãos sobre a boca ao ficar chocada com os diversos traumas que seu pai sofreu, já Florzinha encaixou as peças em sua cabeça. O que tinha visto no laboratório secreto de Dick Hardy seria outros projetos do Programa Prometheus? Agora as coisas começaram a fazer sentido.

— Eu não me arrependo disso. Por vocês, minhas filhas, eu faria tudo de novo, mas me arrependo muito do que eu fiz depois disso. Eu tive muito tempo pra pensar na prisão e eu percebi o quão mal eu fiz a vocês. Eu tive tanto medo de perder vocês... tive medo de que o mundo nunca entendesse o quanto vocês eram especiais. E olha onde esse meu medo levou vocês... Eu posso nunca ter dito essa palavra, mas eu tratei vocês como aberrações muito antes dessa cidade. Vocês estão cheias de medos, de dúvidas e inseguranças porque ao invés de eu ter ajudado a atingirem seu potencial, eu os reprime porque temia perder vocês. Cresceram sem aprender a lidar com seus dons, sem aprender a se amarem, isso é uma coisa que um pai nunca deve deixar. Eu fui um péssimo pai e todos pagarão por isso. Por essa razão, eu peço a vocês que escutem a Srta. Bellum. Ela sabe o que está fazendo. Salvem essa cidade, mostrem a essas pessoas que vocês não são aberrações. Eles podem ser muitos, mas vocês são muito mais fortes.

Decepcionado com sigo mesmo, Utonium ficou cabisbaixo e ao perceber o pai se torturando, Docinho colocou a mão sobre seu ombro e disse.

— Você não foi um péssimo pai. — Afirmou ela. — Você só fez o que qualquer pai faria para proteger as suas crianças do mundo. Eu me senti aprisionada sim, é verdade. Eu me senti nada especial por conter os meus poderes, mas eu também percebi recentemente que tudo amo em mim mesma, eu aprendi com você, papai.

Lindinha completou segurando de volta a mão de seu pai e olhando com carinho para ele

— Você lava a nossa roupa, você cozinha para nós, nos ajuda na lição de casa, nos dava banho quando éramos pequenas, nos levava nos lugares, nos ensinava coisas o tempo todo e sempre fez tudo isso com orgulho sem nunca pedir nada em troca. Mesmo depois que a gente cresceu você ainda nos dá beijos de boa noite. Você está sempre lá sendo pai, sendo mãe e sendo professor. Se isso não é ser bom pai eu não sei o que é.

E Florzinha concluiu...

— Lembra de quando éramos crianças e quando perguntávamos de onde vinham os bebês vocês e a mamãe contavam aquela história de que nos fizeram com uma receita secreta? Era como aquela canção infantil. Era açúcar, tempero e tudo o que há de bom. A receita para fazer as garotinhas perfeitas... mas, aí vocês acrescentaram um ingrediente extra na mistura...

— Amor. — Completou ele.

— É, amor. — Confirmou Florzinha. — Não percebe, pai? Você desafiou as leis da natureza, desafiou sua própria moral, desafiou tudo não por dinheiro, ou fama ou mesmo poder, mas por amor. Nossos poderes podem nos fazer diferentes, mas foi seu amor que nos tornou especiais. Mesmo quando estávamos perdidas e no fundo poço é o seu amor por nós que nos faz levantar de novo. Você não é um pai perfeito, mas, pra mim você é o melhor de todos.

Utonium sorriu emocionado com lágrimas nos olhos, só conseguindo dizer o quanto amava suas filhas.

— Eu amo vocês. Amo muito, muito mesmo. — Falou emocionado

E novamente, os quatro se abraçaram e por um momento tudo no mundo parecia certo.

— O que faremos agora? — Perguntou Lindinha.

— Vocês têm que escutar Srta, Belllum. Ela sabe o que está fazendo. Só vocês tem o que é preciso para salvar essa cidade. — Aconselhou ele.

— Mas, Professor, eu não sei se nós vamos conseguir. — Duvidou Florzinha.

— Vocês vão. — Afirmou ele com convicção. — Eles podem estar em maior número, mas vocês são muito mais fortes. Se ao menos tivéssemos alguma vantagem... Eu passei anos atrás de uma cura para os seus poderes, mas nunca encontrei. Se tivéssemos ela agora...

Ao ouvir as palavras do professor, Florzinha logo recordou em sua mente um detalhe importante. Ela perguntou se alguém tinha uma caneta, e o Professor tirou uma esferográfica azul de seu bolso. Com a caneta, Florzinha começou a escrever fórmulas e equações misteriosas, o que deixou suas irmãs e seu pai curiosos e confusos.

— Ô ruiva, o que você tá fazendo? — Perguntou Docinho.

— Lembra quando o Macaco Louco nos levou até o seu esconderijo e lá ele nos mostrou a fórmula do Antídoto X? — Recordou ela enquanto escrevia os últimos símbolos da enorme e complicada fórmula. Assim que ela terminou, Utonium parou para analisá-la.

— Tá, mas aquilo era só pra nos fazer trouxa? — Questionou Docinho.

— Eu acho que não. Ele mentiu sobre muitas coisas, mas dessa parte eu tenho quase certeza que é verdade — Alegou a ruiva — Ele disse que passou anos procurando pela cura e que a fórmula dele realmente teria funcionado se tivéssemos sido afetadas dentro de 12 horas.

— Desculpa, mana, você tá viajando. Ele deve ter mentido sobre isso também. — Apontou Lindinha.

— Ela está certa. — Afirmou o Utonium.

— O que?! — Disseram a loira e morena ao mesmo tempo.

— Eu passei anos procurando por isso. Lembro de alguns resultados parecidos, mas nunca cheguei perto disso. No entanto, está correto. Tudo se encaixa perfeitamente e pode realmente funcionar. Podemos usar isso para tirar os poderes daquele exército de super-criminosos que Caco criou. Isso pode ser chave para virarmos esse jogo.

— Ual! — Falou a morena surpresa pelo talento da irmã. — E você tirou isso da cabeça maninha? Como conseguiu se lembrar disso?

Florzinha respondeu apontando a caneta para sua testa e olhando e sorrindo de forma sarcástica para sua irmã.

— Florzinha tem memória fotográfica. — Relembrou Lindinha. — Isso é um superpoder de verdade.

— Temos que fazer isso antes que as 12 horas terminem, senão os poderes deles podem se tornar permanentes. — Apontou Florzinha.

— E é por isso que temos que ir rápido. — Disse Bellum que entrou na cela intrometendo-se na conversa no canto na entrada.

— Você tá espiando a gente! — Alegou a loira sentindo-se invadida, mas não a ponto de ficar ofendida com isso. — Usando o professor contra a gente, isso não se faz, moça!

— Vocês estão em uma prisão. Tem olhos e ouvidos em todos os lugares, mas a questão não é essa. Se o tal “Macaco Louco” e seu exército não forem detidos, o presidente vai mandar bombardear a cidade, mesmo se a evacuação não for concluída. — Informou a mulher de vermelho o que deixou as três irmãs ficaram boquiabertas.

— Ele não pode fazer isso! Pode?!

— Pode. — Afirmou ela — Em situações assim, é questão de segurança nacional. Por isso estou aqui pedindo para colaborarem. Vejam isso como segunda chance e eu mesma garantirei que serão recompensadas com isso.

As irmãs entreolharam-se e depois olharam juntas para o seu pai, que lhe respondeu com um sorriso confiante. Elas sabiam o que tinham que fazer.

— Nós topamos. — Disseram as três juntas com olhares que exaltavam sua determinação.

— Fico muito feliz em ouvir isso. Agora levantem-se, venham comigo, temos muito que fazer e pouco tempo para executar. Professor, um helicóptero lhe aguarda para levá-lo a um laboratório secundário pertencente a DexLabs que está muito bem afastado e protegido do caos da cidade. Lá encontrará tudo o que precisa, inclusive, a Hardly colaborou conosco dando mais uma boa quantidade de Elemento X que você poderá usar para fazer o seu Antídoto X. Em quanto tempo acha que pode fazê-lo?

— Eu não tenho um tempo preciso, Srta. Bellum. Mas, com o equipamento certo, eu creio que em uma hora mais ou menos eu...

— Perfeito. — Interrompeu ela. — Meninas, vocês vão seguir estes cavaleiros que lhe devolverão as suas roupas e pertences. Em dez minutos nos encontraremos no telhado.

As irmãs foram liberadas de sua cela e lhe foram devolvidas as roupas especiais que Macaco Louco havia feito para elas. Inicialmente, as garotas ficaram relutantes em usar aqueles trajes especiais, mas, logo perceberam que se tinham que usar uma roupa para esmurrar aquele chimpanzé verde, tinha que ser aquela. Seu pai, o Professor Utonium, embarcou em um helicóptero e foi levado a uma parte distante da cidade, longe daquele caos onde trabalharia no antídoto. Depois, os agentes do FBI, levaram as meninas até o telhado da prisão que tinha um heliponto onde a Agente Sarah Bellum as aguardava enquanto a bela e alta moça observava a trágica e terrível paisagem com vento soprando seus longos e ondulados cabelos alaranjados. Ao ver a magnitude daquele caos com seus próprios olhos, as meninas ficaram perplexas. Fumaça pretas era expelida de edifícios destruídos barulhos distantes de sirenes de ambulâncias reverberavam até em locais distantes e havia chamas espalhadas por todos os lugares. Não era o inferno, mas podia se imaginar que estava bem próximo daquilo

— Como podem ver, as coisas não estão nada boas. — Apontou a moça.

— Isso é horrível! — Exclamou Lindinha.

— Caco está fora de controle. — Apontou Florzinha. — Nós temos que detê-lo.

— Tá, mais qual o plano? — Perguntou Docinho,

A agente do FBI retirou um mapa da cidade de seu bolso e o esticou sobre o chão. No mapa, havia três áreas da cidade circuladas a caneta. Em seguida, a moça explicou:

— Os ataques dos bandidos se concentram em três áreas: a leste, a oeste e ao centro-norte da cidade próxima à prefeitura. Docinho vai cuidar da zona oeste, local onde uma grande criatura vermelha está destruindo prédios e junto a outros mutantes. Lindinha vai ficar a leste, próximo às pontes, onde ocorre a evacuação. Derrote os bandidos que estão obstruindo o trânsito. Florzinha vai ficar na área próxima e impedir os tumultos que estão avançando até a prefeitura. Conforme forem limpando as áreas podem ir avançando para outras. Ainda não temos a localização do Macaco. Por isso, o foco é resgatar as pessoas e deter os bandidos. Vidas estão em jogo, meninas. Há pessoas em lugares que estão à beira da morte e vocês precisam ajudá-las. Estão prontas?

As irmãs se entreolharam e acenaram com a cabeça com sorrisos de determinação.

— Ótimo. Agora, é com vocês, meninas.

— Vocês ouviram. Agora, é com a gente. — Concordou Florzinha com a cabeça erguida.

Lindinha esticou a sua mão, querendo fazer aquela coisa de juntar as mãos e depois gritar “YEAH”

— Açúcar — Disse a loira que ficou esperando suas irmãs fazerem o mesmo. De início elas relutaram, mas logo resolveram participar da brincadeira.

— Tempero. — Gritou Docinho ao colocar sua mão sobre a de Lindinha.

— E tudo o que há de bom — Completou Florzinha colocando sua mão em cima da de suas irmãs. — Não importa o que dizem, isso é o que somos, somos SUPERPODEROSAS. Vamos, meninas, temos que chutar umas bundas do mal!

— YEAH! — Gritaram as três erguendo suas mãos para o alto antes de decolarem como foguetes aos céus deixando três rastros coloridos para trás.

Finalmente, a batalha final começou.