Não era a minha primeira entrevista e não seria a minha última. Infelizmente, os últimos meses para mim haviam sido péssimos e eu estava batendo na porta do desemprego. Um misero "aceita?" seria extremamente aclamado pelas contas a pagar e eu finalmente poderia me desligar do meu emprego pouco aceitável pela minha saúde mental. Entretanto, não parecia como aquele outono fosse me trazer tantas aventuras. Janeiro não era um mês bom para encontrar trabalho, mas, inexplicavelmente, ele bateu na minha porta. E eu abri, sem pestanejar.

— Você se sente capaz de fazer isso? - o senhor me questionava ainda pontuando falhas no meu currículo. Havia trabalhado para uma empresa de bebidas como representante, depois assumi o cargo de relações públicas da empresa, como estagiária. E nada além disso. - Teu tio é meu amigo de anos e eu acreditei quando ele disse sobre você, mas entenda, isso é algo sério. Ela é muito exigente nessa questão.

— Exigente como? Sei que a imagem é importante - e ele concordou com um abano sensível de cabeça - E que eu tenho que zelar por ela, mas ela não se mete em encrencas.

— Quando ela se mete, ela se mete feio. Mas, não é isso. É que ela é reservada e gosta de privacidade nas redes sociais. Você vai ter que divulgar tudo, a informar de tudo. Mas, de tudo mesmo. Já perdi uma moça que não a alertou a tempo sobre o escândalo daquele "eu queria estar morta" dela. Quando ela viu, já estavam ligando pra casa dela e o celular se entupiu de mensagens. Você tem que ficar atenta a tudo e ter disponibilidade pra acompanhá-la em entrevistas. Será que você tem disposição?

— Sou jovem, astuta e languida. Não vejo como não.

Ele não parecia aceitar minha resposta, mas não era como se as escolhas estivessem aptas para serem adotadas.

— Só não me deixe na mão.