"Feliz aniversário, querido irmão! Como eu gostaria de estar ai para festejarmos juntos como fazíamos enquanto crianças... Eu dedicarei uma música a você, hoje a noite. Sei que ama National Anthem...

Com amor de sua irmã;

Lizzie".

— Diga-me menina, esse cartão está aceitável? - em meu quarto de hotel, Lana presa em sua angustia matinal cujo eu ainda não havia me acostumado, observava descrente o cartão recém escrito - Acha que eu estou sendo melosa demais?

— Para mim está muito bom - pontuei, mirando aquele pedaço de papel cartão - Mas, não chegará na casa dos seus pais até quem sabe, amanhã de manhã.

— Por isso você tirará uma foto e mandará pra ele via mensagem. Stella não te falou do nosso ritual de aniversário? - eu balancei a cabeça em negação - Ah, é besteira mesmo. Eu só faço isso quando estou fora. Mas, ultimamente, eu ando muito fora.

— Você dormiu bem essa noite? - perguntei - Está com uma aparência... Um pouco... Cansada.

Ela explodiu em uma risada cativante. O circulo roxo claro abaixo dos seus olhos poderia ser facilmente confundido com uma leve contusão em remissão. Isso, digo, se Francesco fosse capaz de tal coisa sem não levar como troca, um tapa muito bem dado da namorada.

— Sam - ela se levantou, pousando a mão em meu ombro - Você já ouviu alguma das minhas músicas?

— Já.

Ela riu.

— Francesco adora Burning Desire. Imagine o motivo...

Eu corei, fitando uma Lana misteriosa a deixar o meu quarto. Teria ainda muito trabalho pela frente, mas aquele sorriso não saia da minha cabeça.

Aquela mulher era meu pecado.

—--

Lana pairava sobre o sofá negro, em um vestido branco curto que mostrava não só os ombros, como as coxas bem formadas. Em suas mãos segurava uma fatia de pizza, enquanto ria junto de alguns amigos do ramo musical sobre um programa de televisão.

Não fiquei muito ali dentro. Do lado de fora, eu tinha que organizar junto aos produtores do evento, o acesso dos fãs ao camarim. Como não havia outro espaço, tirariam as fotos no camarim da cantora, após o show. Todos os fãs se encontravam respirando a pura ansiedade na zona vip, onde esperavam pela Lana em puro fervor.

"Minha deusa" um deles gritou "seja a mãe dos meus filhos" o outro pediu. Lembrei-me que não muito longe daqueles tempos, eu já havia feito o mesmo, em um show dela na minha cidade. Brigando por um espaço na grade - que já afirmo não ter conseguido - me puni sem alimentação ou água. Era um dia quente. Não contente, comecei a berrar na hora em que ela surgiu no palco. Pedi para que fosse a mãe dos meus rebentos, que me adotasse. E no calor do momento (literalmente) desmaiei, perdendo toda a diversão. Foi o pior dia da minha vida.

Em nome de Lana, pedi então que enviassem algumas águas para os fãs da grade. Escondida em ponto estratégico no canto esquerdo do palco, eu mirava a multidão: era um festival aclamado e Lana era a artista principal. Quanta honra! Eu, como fã, sempre empacava na mente a imagem de uma Lana aflita antes de subir ao palco, por ser tímida e ter dito isso em uma entrevista. Contudo, ao verifica-la, soube que todo aquele nervosismo não pertencia a outro lugar senão dentro da minha cabeça.

— Sammy, quero comer em um restaurante japonês, após o show. Poderia me reservar uma mesa?

— Claro.

— Duas cadeiras, somente.

— Pode deixar.

— Duas cadeiras, uma pra mim e outra pra você. - ela sorriu ao me ver corada - Quero te conhecer melhor.