Brinquedos do destino

E talvez não seja o fim de tudo.


Desliguei o celular e corri para a ultima cabine do banheiro e tranquei, as lagrimas escorriam de forma absurda pelos meus olhos, escorreguei até o chão, sentindo os soluços escapar pelos meus lábios, minha cabeça ainda doia incessantemente fazendo com que tudo ficasse mais intenso, senti meu celular vibrando algumas vezes e eu sabia.. era ele, porque diabos aquilo estava acontecendo comigo? por que drogas eu aceitei tomar a droga do sorvete com um cara completamente desconhecido ou pior... por que eu tinha que ter me apaixonado pelo o mesmo garoto que a minha melhor amiga.. só de imagina-la maneira meu coração doia, apertava..

Escutei o sinal bater e respirei fundo, sai do banheiro e me olhei no espelho mais uma vez, olhos inchados, cabelo desgrenhado, e uma calça mais larga devido a minha repentina perca de peso, fui até a pia e lavei meu rosto e molhei minha nuca, havia chorado tanto que mal conseguia me manter em pé, enxuguei meu rosto e dei um jeito no meu cabelo, respirei fundo e pensei " é o que temos pra hoje". Sai em passos rápidos e subi as longas escadarias do colégio, pedi licença ao professor e automaticamente todas as pessoas presentes na sala de aula me encararam em um misto de curiosidade, era obvio que eu havia chorando, Matt me encarou e eu podia ver o ponto de interrogação que se formava em sua cabeça, fui até a minha mesa peguei minha mochila e meu estojo e me sentei atras de Matt, Kath me observou porem ficou calada, afinal essa era a nossa primeira briga, que por sinal muitos haviam escutado.

– Vai me dizer o que está havendo com você? - Matt tinha o poder de entrar na minha mente de tal forma, e eu suspirei pesadamente sentindo meus olhos arderem em lagrimas mais uma vez, pude ve-lo virar a cadeira para se aproximar de mim e me envolver em seus braços, era um abraço amigável e terrivelmente confortável.

Eu definitivamente era um desastre, a pior namorada e pior melhor amiga que podia existir, como eu pude fazer aquilo com a minha melhor amiga? meu coração se apertava cada vez mais, a dor era forte de mais, Matt acariciava meus cabelos enquanto eu chorava compulsivamente.

–Shh.. hey calma, não precisa dizer ok? só fica calma..- Matt sussurrou, quando observou os meus soluços, eu definitivamente havia molhado toda a sua blusa, meus olhos sequer ficavam abertos, depois de um tempo o sinal de saída tocou, recolhi minhas coisas rapidamente e coloquei meus fones, não esperei a Katherine, eu precisava ficar só.

Fui caminhando lentamente com o celular no aleatório e começou uma musica da qual eu conhecia muito bem..

O que vou dizer sem ter a quem dizer?
O que posso ter sem nada oferecer?
Te vendo ao meu lado entendo…

O que vou dizer sem ter a quem dizer?
O que posso ter sem nada oferecer?
Te vendo ao meu lado entendo…

Que neste encontro não existe mais o eu
Passa a existir o nós
Dividindo o que não é mais meu

Lagrimas voltaram a invadir meus olhos, automaticamente abaixei minha cabeça e deixei as lagrimas rolarem mais uma vez.

Como posso ser, se não sou sem você
O pai, o filho e o espírito mostrou
Que juntos somos um em uma direção
Essa união nos dá sentido

E neste encontro não existe mais o eu
Passa a existir o nós
Dividindo o que não é mais...

E se você partir, leve um pouco de mim
E plante em seu jardim
Pois o que me deixou
Me transformou e nos aproximou

O caminho para casa nunca tinha sido tão longo como hoje, todo o meu corpo doía de maneira exagerada, e eu tinha a leve impressão de que a minha cabeça poderia rolar rua abaixo a qualquer momento.

Um nó, dois nós
Eu, mais um ou mais, um ser simplesmente
O eu poético do verdadeiro encontro
Nó, no plural, nós
Se o nó é na garganta e um de nós aflito
O outro sossegado, erudito, tem o antídoto
E assim, sucessiva, alternada
E alternativamente, amigos
Do saber, no lazer, no ócio e no labor
Buscando o equilíbrio, temperante
Dás-me que dou todo meu ser
Todo meu querer ser
Todo ouvido, havendo ouvido
E por seus conteúdos movido
Cada indivíduo vai e ver vir ávido dizer...
Conte comigo!
Práxis edificante

O ritmo meio frenético da musica voltou, mordi meus lábios nervosamente, que tipo de monstro eu sou? eu sábia que havia magoado Damon, e sim eu tinha traido a Katherine e isso era o que mais me doía.

E neste encontro não existe mais o eu
Passa a existir o nós
Dividindo o que não é...
E neste encontro não existe mais o eu
Passa a existir o nós
Dividindo o que não é mais meu

E assim a musica foi cessando a medida de que o elevador subia os dez longos andares, abri a porta e para que ninguem visse meu atual estado entrei no banheiro e encostei a porta, tirei aquela roupa que tanto me sufocava, e liguei o chuveiro, deixei com que a água morna caísse sobre minha cabeça e as lagrimas iam embora junto com a água mas a dor não, ela permanecia ali.

– Lena posso entra pra.....- meu pai abriu a porta mas parou de falar quando eu olhei.- Lena.. me encontra no seu quarto quando terminar o banho.

Havia algo de errado, sua expressão chegava a me assustar, terminei meu banho rapidamente e me enrolei na toalha, fui pro meu quarto e meu pai não estava lá, aproveitei para me trocar rapidamente quando ele bateu na porta e eu respondi um " pode entrar" baixo.

– Elena o que é essa mancha roxa nas suas costas? - ele me perguntou e eu o olhei confusa, foi então que tentei ver minhas costas no espelho e ali havia uma enorme mancha roxa arregalei os olhos e ele se aproximou.

– Pai, eu não sei, eu nem cai nem nada.. eu- por algum motivo eu me atrapalhei pra falar.

– Isso doí? - ele aperto a enorme mancha roxa mas não, não doía.

– Não pai.

– É hoje que você vai fazer os exames de rotina né?

– Sim, as 17:30 você vai me levar?

– Sim, eu vou.- ele disse isso e me deu beijo na testa e saiu.

Fiquei um tempo olhando minhas coxas e percebi as minhas coxas, haviam algumas manchas roxas também, "nada com que me preocupar, devo ter batido em algum lugar" afinal, eu era um desastre em pessoa. Vi meu celular tocando e era a Kath, respirei fundo e atendi.

– Lena olha, me desculpa, você tem razão eu não tinha direito.- Suspirei encarando meus olhos vermelhos no espelho

– Tudo bem Kath, eu exagerei.

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Depois de voltar com o meu pai do médico, vi que Kath me chamava no Skype rapidamente eu atendi e ela chorava em desespero.

– Ai meu Deus Kath o que houve? .- Puxei o notebook pro meu colo

– o Damon.. ele.. ele disse que é melhor se afastar de mim.- eu engoli seco e suspirei, senti mais lagrimas arderem mas.. não dessa vez não, Kath precisava de mim.

– Esquece Kath, ele é um babaca, você merece coisa melhor, alguem que veja como você é incrivel.- Ver minha amiga naquele estado definitivamente foi o pior de tudo, eu sábia que aquilo era por minha causa.

Depois de um tempo conversando com a Kath vi meu celular tocando e sim.. era ele atendi depois de pensar algumas vezes.

– Elena.. to ligando pra dizer, que eu vou me afastar de vocês duas, você estava certa, isso foi loucura..- ele disparou e eu senti meu coração apertar

– Sim.. você está certo nisso.. em se afastar..

– Lena?

– Sim..

– Eu te amo

– Eu amo você... mas..

– Mas?

– Katherine é minha melhor amiga.. eu a amo e faria de tudo pra ve-la feliz.

– Nem que isso custe a sua felicidade?

–Nem.. nem que isso custe a minha felicidade.- eu já sentia minha voz embargar.

– Adeus Elena.. não se esqueça eu amo você..

– Adeus.. Damon.. eu amei você.

CONTINUA!