Boy Friend

Capítulo 20 - Sequestro 4 (Desfecho)


Jenna havia atingido o limite de sua loucura.

Já não tinha mais noção de seus atos. Achava que se Hayley morresse, mesmo que ela a matasse, Josh voltaria para ela.

Assim que ela segurou Hayley na janela, Hayley utilizou de todas as suas forças para levantar os braços, e sussurrou “não!” ao ver que ela estava na mira da maioria dos policiais.

— Permissão para atirar senhor. — Disse o agente da SWAT, com Jenna na mira de sua arma.

— Não concedida. A vítima pode ser atingida. — Disse o policial chefe. O mesmo decidiu começar as negociações. Josh assistia a tudo, horrorizado, em prantos.

O policial levou a boca ao auto-falante novamente.

— JENNA, NÓS PODEMOS RESOLVER ISSO. NÃO ATIRE NELA. NÓS PODEMOS NEGOCIAR.

Jenna escutou a tudo. Estava horrorizada, com medo, louca. Saiu da janela com Hayley.

— O que a gente faz? — Perguntou Peter, sem saber o que fazer.

— Cala a boca, imbecil! Tô tentando pensar.

— Jenna, a gente não vai conseguir! Vamos nos entregar, senão a gente morre. — Disse apavorado Peter.

— Eu não mandei você calar a boca? Que merda. Se você quer se entregar, vai! Se você for preso ou morrer não vai fazer nenhuma diferença.

— É assim que você fala com o cara que ama? — Ela deu uma grande gargalhada.

— Você é muito idiota! Eu não amo você. Eu amo o Josh. É só por isso que estamos aqui. Agora cala a boca.

Peter realmente acreditava que Jenna o amava. Pois ela tinha o “poder de convencimento”, como vocês sabem.

Ele começou a chorar. Sentiu-se triste. Estava chorando enquanto Jenna andava de um lado para o outro tentando achar uma solução.

Vendo que ela não se importava, ele sentiu raiva. Olhou pra Hayley que estava fraca no sofá. Viu a marca de seus dedos no rosto de Hayley, que estava inchado. Lembrou-se do tanto mal que fez aos outros por Jenna.

Com raiva, ele pegou a arma de sua cintura e apontou pra Jenna.

Ela se deparou com o cano do revólver calibre 38 nas mãos tremulas e molhadas de lágrimas de Peter. Notou a merda que tinha feito.

— Se você não vai ficar comigo, Jenna, você não vai ficar com ninguém.

Disse essa frase por fim, dando um tiro em Jenna. Ela caiu no chão.

Ele voltou a chorar, colocou o revólver em sua boca e atirou, morrendo instantaneamente.

Os policiais escutaram os tiros e invadiram imediatamente, temendo que algum deles tivesse acertado Hayley.

— Vai, vai, vai! — Disse o chefe entrando com armas em punhos. Eles entraram e viram Peter sem nenhuma reação, já morto, e Jenna se contorcendo de dor no chão. Ela perdia muito sangue.

Josh se desesperou e correu. Entrou na casa, e viu Hayley jogada no sofá. A agarrou, e a abraçou forte. Pegou-a em seus braços e a levou para a ambulância.

Enquanto isso, os paramédicos já estavam tentando conter a hemorragia de Jenna, ali na sala da chácara mesmo.

Ela perdia muito sangue. Peter queria atirar no peito, mas ele estava muito trêmulo, e extremamente raivoso. Acertou o ombro.

Os médicos fizeram uma compressa com pano no ombro de Jenna e a levaram pro hospital, onde seria feita a cirurgia de retirada da bala e a contenção completa da hemorragia.

Hayley já estava no hospital. Haviam dezenas, talvez centenas de jornalistas. Os médicos perguntaram pra ela o que eles tinham feito. Ela apenas disse que tinha ficado sem comer ou beber, e levado um soco no rosto.

Os médicos decidiram a deixar internada, apenas por aquela noite.

[ Hayley ]

Não fiz exames. Só fui levada para um quarto, em cima de uma maca. Estava fraca, provavelmente pelos quase 2 dias sem comer. Já havia bebido água, foi a primeira coisa que me deram.

O quarto se abriu, entraram Josh, com uma bandeja com comida e uma enfermeira.

Abri meu sorriso. Por um momento, naquele lugar com Jenna, eu pensei que fosse morrer. Mas isso de fato não me preocupou. O que realmente me preocupou, foi o fato de eu morrer sem nunca mais ver aquele sorriso, aquele rosto, morrer sem ver Josh. Isso me deixou mais fraca do que já estava.

— Oi minha linda. — Disse ele se aproximando e me dando um beijo na bochecha. — Coma. Você precisa comer.

Peguei uma maçã e comi desesperadamente. Ele apenas sorria a me ver comer.

Comi tudo que tinha na bandeja. Mais calmamente.

— Quando vou sair daqui? — Perguntei a enfermeira que estava na porta do quarto.

— Amanhã mesmo. Como você está bem, só vai ficar essa noite por precaução.

Josh se aproximou e se sentou na cama.

— O que aconteceu com Jenna e o amigo dela? — Perguntei. Josh pegou calmamente uma mecha de cabelo e colocou atrás da minha orelha.

— Jenna está fazendo uma cirurgia. O amigo dela... Bem, ele se matou.

Fiquei pasma.

Apesar de todo o mal que eles me fizeram, não queria que eles morressem. Queria que eles vivessem, e fossem pra cadeia, sei lá. Mas... Morrer... Não.

— Ele se matou por causa dela. — Disse abaixando a cabeça. — Ele fez tudo aquilo por causa dela.

Josh abaixou a cabeça.

— Não se preocupe com eles agora. Você está bem. É isso que importa. E ah, tem centenas de fãs aqui no hospital. Eles ficaram muito apreensivos com tudo aquilo.

Sorri.

— Os fãs... Eu queria falar com eles...

— Isso seria impossível agora. Mas eu já pedi pro Jeremy postar umas coisas no twitter por você.

Agradeci. Ele veio calmamente e me beijou os lábios. Estava tudo bem agora.

— Fiz as pazes com seu pai... — Ele disse enquanto acariciava meus cabelos.

— Oh meu Deus! Sério?

— Sim... — Ele deu um sorriso de canto. — Ele ficou muito mal por não conseguir te ajudar... Então, nos entendemos.

— Oh! Eu não acredito. — Gargalhei. Era incrível! Meu pai havia feito as pazes com Josh. Ele riu também.

— Ele está aqui? — Perguntei.

— Hayley, sua família inteira está aqui. Até o namorado de Erica! — Novamente sorri.

— Chama ele aqui.

Josh saiu da sala e em alguns minutos meu pai chegou. O abracei forte.

— Eu te amo. — Disse sem querer soltá-lo.

— Eu também, querida. Também te amo. — A voz dele estava chorosa. Afastamos-nos e ele tentou esconder as lágrimas que correram pela sua face.

Meu pai não gostava de chorar. A ultima vez que o vi assim foi no divorcio dele com a minha mãe, há muito tempo...

— Obrigada pai. — Ele levantou o olhar.

— Obrigada por quê?

— Não fosse por você eu ainda estaria lá. Obrigada. Mesmo. — Ele deu um sorriso de canto.

— Josh me disse que vocês se entenderam. É verdade?

— Bem... Entenderam mesmo, não. Só não brigamos mais. — Sorri. Na linguagem do meu pai isso quer dizer que já são amigos.

Conversei mais um pouco com ele, depois com a minha mãe.

Pedi para que todos eles fossem embora. Apenas Josh ficou.

Ele entrou no quarto e ficamos conversando, até que adormeci. Afinal, eu estava exausta. Acho que ele não dormiu. Passou a noite comigo. No outro dia, bem cedo eu recebi alta.

Fui até o banheiro, vesti uma roupa que pedi para o meu pai pegar, passei uma maquiagem.

Eu queria estar bem para ver os fãs. Queria que eles soubessem que eu estou bem agora.

Assim que eu saí, acompanhada de Josh, Taylor e meu pai, os fãs começaram a gritar e soltaram uns balões, que encheram o céu de amarelo, preto e branco. As cores da borboleta de Brand New Eyes. Sorri. Os fãs gritavam coisas como “welcome” e “we love you”. Uma jornalista me perguntou como eu estava me sentindo. Decidi falar.

“Estive presa naquele lugar, e não passei bem. Mas saí de lá, e agora estou ótima. Muito obrigada, a todos!”

Depois de dizer isso, entrei no carro, ainda maravilhada com a chuva de balões que subiam céu acima.

[...]

— Hay... Meu amor, acorda... — Acordei com as palavras doces de Josh.

— Ah, bom dia Josh. — Sorri.

— Você precisa acordar. Nós precisamos tocar hoje.

— Oh, é mesmo! Estou levantando.

Hoje tocaríamos em Nashville. Seria o primeiro show desde o seqüestro.

Eu estava animada. O show seria transmitido ao vivo pela Paramore.net, para que todos os fãs pudessem ver.