Novamente estou sozinha na casa, Snake partiu com os G.I.Joe, eu fiquei, eu sei que ele não se importa, mas vou seguir o que me falaram, vou ser tão esperta quanto o Snake, eu vou treinar, mesmo que sozinha, vou me tornar mais esperta que ele e então eu terei o melhor sensei do mundo.

Wade me mandou umas fotos de alguns de seus atos, um é ele salvando um gatinho, claro que da sua forma que foi chutando o felino do alto da árvore, outro ele prendeu ladrões e passou fita adesiva em torno do corpo deles e do ponte que usou para prendê-los, mesmo do seu jeito não compreendido Wade foi a melhor pessoa que já conheci.

– Esse babaca já está fora por quanto tempo? - ele perguntou enquanto eu fazia minhas abdominais.

– Quase dois meses - falei terminando e mudando para as flexões, deixei no viva-voz e coloquei o celular na minha frente - Será que algo aconteceu?

– Não, já teriamos sabido.

– Wade, aguenta ai um pouco, acho que alguém ta invadindo aqui.

Ele ficou gritando, deixei o celular para trás, fui até a árvore do centro do jardim, subi e me camuflei em sua copa, enquanto eu subia percebi o quanto eu tinha treinado, ela estava toda marcada pelos meus socos e chutes. Fiquei ali no alto observando a sombra passar por ela e observar suas marcas, quando se virou e pegou meu celular - Wade ainda gritava - eu desci, fui até a pessoa e a rendi, fui torcida e jogada ao chão, olhei para quem o fizera, Snake.

Eu dei um grito de comemoração, ele me largou e se levantou.

– Snake - eu chamei, ele me deu as costas e foi para a casa, observei que ele mancava, um dos braços estava largado demais, quebrado - Snake! - fui até ele, fui tocá-lo, mas fui surpreendida por um golpe que me jogou ao chão de forma ruidosa.

O que estava acontecendo?

Ele me olhou e voltou para o caminho do seu quarto, eu o segui, ele se trancou no quarto, eu fiquei de fora, esperava que ele fosse sair, eu sou muito besta mesmo, eu sempre o espero, é o Snake, eu sempre irei esperá-lo. Adormeci na sua porta, acordei com ele batendo a porta, já estava recuperado e com ele a noite também parecia recuperada. A lua estava cheia e ocupava o céu, ele foi até a cozinha procurou por algo para comer, esquentou e voltou para o quarto.

– Não vou ter sua atenção novamente. - reclamei - Já que vou ficar sozinha novamente irei voltar a treinar.

Peguei o celular coloquei no primeiro galho da árvore e liguei para Wade.

– Deixa eu adivinhar, foi ignorada? - confirmei - Agnes, use seu poder feminino, sabe, os peitos, a bunda, essas coisas.

– Não, Wade - falei socando a árvore - Snake não é como você, ele não se venderia por um corpo feminino.

–Não é um qualquer, é o seu e por experiência sei que não é ruim.

– Wade! - eu peguei o celular do alto, me sentei ao chão, eu estava muito suada - Eu realmente estou perdendo as esperanças, eles disseram que eu tenho de ser mais esperta do que o Snake, mas como ser mais esperta do que alguém com quem nem consigo conviver?

– Faça como ele.

– O que quer dizer? - ele tossiu como se fosse alguém importante prestes a dar depoimento.

– Ele te ignora, ignore-o. Faça todas as coisas que você já faz normalmente, mas quando ele sair do quarto ou for para missões e voltar delas, ignore-o. Ninguém gosta de ser ignorado, nem mesmo alguém caladão como ele.

– Será?

– Confie em mim, criança, ele vai te dar atenção. Agora preciso desligar, o Homem-Aranha resolveu que viria aqui hoje.

Desliguei.

Voltei para o meu treino, já que eu não tinha horário e eu pretendia seguir a ideia do Wade fiquei treinando até o amanhecer, quando eu cai sentada, não exausta, porque não consigo chegar a exaustão não importa o que eu faça. Ali era tão alto que nem pássaros passavam, eu começava a sentir faltar das buzinas de carros, da poluição da cidade. Eu queria que Deadpool pudesse estar comigo, mesmo que ele me levasse para um tanque cheio de tubarões novamente, até de suas loucuras eu sentia falta.

Levantei da árvore e fui voltar para casa, esbarrei em Snake, ele me observava, eu o encarei, mas como Wade disse ele deveria ser ignorado para me dar atenção. Eu sabia que ele não quebraria o voto de silêncio, mas se ele apenas afirmasse que iria me treinar eu já ficaria feliz.

Entrei na casa, preparei mais coisa para comer, coloquei uma parte na geladeira e separei todos os potes com o nome dele e com meu nome, se a dele acabasse eu não faria mais. Fui par ao meu quarto, observei um baú cheio que antes estava trancado, agora o cadeado tinha sumido, ao abrí-lo descobri várias peças de roupa, iam desde vestidos, a jeans, botas até chapéus, arrumei tudo no guarda-roupa que só tinha a cueca do Wade pendurada, olhá-la agora me fazia sentir ainda mais falta dele.

Snake saiu em mais uma missão e eu continuei com meu treino. Eu o ouvi retornar de helicoptero junto dos outros, eu estava fazendo alpinismo sem cordas, já que aparentemente não tinha onde prendê-las. Terminei de subir a montanha, o helicoptero ainda estava no jardim, meu celular voltara para area de cobertura, mensagens do Wade chegavam desesperadas.

– Ei, mocinha! - Ripcord falou quando entrei na cozinha, eu fui até a geladeira peguei água - Ela não vai falar nada?

– E ai? - foi o que falei depois de esvaziar a garrafa - Espero que tenham conseguido a missão - foi o que falei.

– Conseguimos - Roadblock falou - e ganhamos dinhei...

– Certo, certo - falei saindo da cozinha.

– Qual o problema dela? - ouvi Scarlett perguntar.

– E esse tom de ciúme? - Roadblock falou rindo - Você ainda será nossa eterna mocinha, Scarlett.

– Cala boca, Road.

Voltei a treinar na árvore, eu estou no meu limite, despenquei no chão, mesmo que eu estivesse sozinha antes eu não era atormentada pelo meu passado, agora cada coisa ruim que fiz invadia minha mente, diferente do Wade eu não fui afetada até o psicológico, pelo contrário, me criaram para matar, mas não prepararam para isso.

Nos dias em que estou sozinha na casa cada sonho que tenho são com aqueles que morreram na minha mão, eu me lembre da Jean, eu me lembro da Phoenix se libertando e a destruindo, lembro do Scott sendo morto, minha mente não aguenta isso.

Eu estava prestes a chorar em desespero interno quando ouvi alguém se aproximar, olhei, Duke se jogava ao meu lado. Ele olhou as marcas na árvore, eu olhei as marcas e comecei a chorar.

– Ahm... Eu não sei o que está acontecendo - ele começou - não faço ideia de porque você ainda está aqui, mas eu queria que você soubesse que todos te admiramos. - eu o olhei - Até o Snake. - franzi o cenho.

– Vocês não deviam - falei me levantando - Eu sou uma pessoa ruim, Duke. Se é que posso me chamar de pessoa.

– Sabemos disso - eu o olhei, ele estava de pé, agora eu via o quão alto ele era - Por isso resolvemos te oferecer ajuda - ele colocou a mão no meu ombro - Não é como um treino com o Snake, mas acho que se você aceitar vir para o QG Joe você poderá ser uma melhor combatente.

– E deixá-lo aqui?

– Ele virá também, é lá que ele realmente treina - eu sorri - Esse sorriso quer dizer o quê?

– Que eu aceito - eu pulei sobre o ombro dele - Se eu puder me aproximar de onde ele treina isso já seria fantástico. O que eu preciso fazer?

– Apenas vir conosco essa noite. - confirmei.

Ele mandou que eu fosse arrumar minhas coisas, peguei a cueca do Wade a coloquei no bolso e já estava pronta. Quando sai para o jardim já os encontrei preparados para subir no helicoptero, os segui, Ripcord me entregou aqueles enormes fones que eu coloquei e olhei empolgada para a decolagem, Snake estava com suas armas e katanas, Scarlett tinha umas facas no cinto e duas armas, Roadblock tinha apenas armas, Ripcord tinha uma arma e um facão, Duke tinha alguns explosivos, uma arma e uma faca.

Voamos por algumas horas até aterrissarem no alto de um prédio, eu acordei com Ripcord me sacudindo. Os segui pelo elevador, Snake não me olhava, mas eu estava tão empolgada que nem ligava em ser ignorada por ele. Os segui por um percurso que parecia ser a parte mecanica, carros, tanques, partes de aviões, me explicaram que Ripcord ficava ali boa parte do tempo. Seguimos por uma porta automática, uma zona de computadores, era a parte de Scarlett, até chegarmos a divisão de treinamento, Roadblock me apresentou a alguns preparadores, eles me analisavam e diziam que eu era muito franzina para treinar com os homens, me mandaram para o treino feminino.

– O que é isso? - uma das meninas encontrou a cueca de Wade no meu bolso - Uma cueca?

– Sim - falei terminando meu alongamento, tomei a peça da mão dela.

– E por que você tem uma cueca em seu bolso? - outra perguntou.

– É do meu sensei - falei da forma como Wade sempre quis eu eu o chamasse.

– Sei, sei. - ela falou rindo - Você é patética.

– Costumam dizer isso. - falei.

Levantei do alongamento, me preparei para a lita, eu observava de fora pelo vitrô, Ripcord estava lá junto de alguns homens, nos foram passados alguns golpes que durante a execução deles observei Duke se aproximar, acenei para ele que acenou de volta, percebi um comentário de Ripcord que fez o líder o olhar assutado e rindo se voltar para nosso treino.

– Certo, Agnes com Sasha - o instrutor falou apontando para nós duas, colocariamos em prática o aprendido no treino.

– Cuidado novata da cueca, eu vou acabar com você.

Confirmei.

Ela veio para um ataque, eu desviei, ela tentou um chute, segurei sua perna, joguei par ao alto e a deixei cair de costas. Ouvi o grito de dor vindo dos homens que nos assistiam, me afastei e saí do treino.

– O que foi isso? - Ripcord me perguntou - Você acabou com ela e ela é a melhor.

– Desculpa, se eu soubesse teria feito tudo mais rápido - falei passando a mão pelo rosto, nada de suor - Vocês me chamaram para eu treinar com essas mocinhas? - Duke e Ripcord trocaram olhares amantes que me fizeram estranhar.

Eles me levaram para outra parte da área de treino, me mostraram alguns homens que pareciam sempre aceitar desafios independente de quem fosse.

– Então se eu chamar para a briga, o dinheiro é meu? - eu olhei para as notas que Duke tirou do bolso. Ele confirmou - Fechado.

Fui até os homens, lancei o desafio e sem esforço eu os derrubei, Ripcord ria de Duke enquanto eu pegava a grana. Eles me levaram para mais dois espaços onde ganhamos mais dinheiro. Depois me levaram par ao refeitório onde Ripcord fazia questão de contar a todos sobre minhas vitórias em cima d ehomens bem maiores.

– Acho que você deveria desafiar o Roadblock - ele falou quando o mesmo se sentou ao meu lado - Se bem que ele é tão grande que talvez você não o aguente - eu os olhei - O que esse seu olhar quer dizer?

– Nada - falei me levantando - Eu vou descansar - anunciei - Onde eu fico?

– Siga-me. - Scarlett falou rindo das palhaçadas de Duke.

Ela me levou par ao dormitório feminino, disse que eu dividiria quarto com ela, larguei a cueca de lado e dormi, precisava relaxar os músculos, não por cansaço, mas para um preparo para o dia seguinte.