Treinar com Storm Shadow é algo insano, ele me soca, me chuta, me derruba sem dó nem piedade. A cada treino que temos é necessária uma pausa de pelo menos três dias para eu me recurar e ele também, não é porque estou mais humana que vou deixar um cara me bater, mas quero descobrir logo onde no laboratório eles estão guardando meus poderes.

– Levanta - Storm Shadow me esticava a mão, eu sentia o gosto de sangue na garganta, os inchaços pelo corpo, ele não estava muito melhor do que eu, nariz quebrado, cortes pelo corpo, peguei sua mão e levantei, ele me abraçou pelos ombros doia.

– Casal, estão nos chamando - era assim que Dentes nos tratava.

O seguimos, pegamos toalhas que começamos a deixar na saída da sala de treino. Iamos limpando nossos machucados, entramos na sala onde nos dariam a missão, não era diferente da organização dos Joe, só que um cara com tapa-olho, o dobro do tamanho de Road era nossos superior e nos passava os detalhes. Iriam transportar uma poderosa arma e precisavam de guardas.

– Vou poder ir? - os olhei desconfiados, não me deixaram ir nas outras missões, por que deixariam em uma tão perigosa?

– A julgar pelo estado dos dois - eu e Storm trocamos sorrisos ensanguentados - você está pronta para sair - o homem falou - Mas se você cometer um único erro, eu mesmo irei te treinar.

– Ela não vai errar - Storm Shadow falou, eu o analisei - Eu prometo.

Okay, não to entendendo mais nada, ele me ameaçou e disse que ele mesmo cortaria minha cabeça, agora ele mesmo garante minha proteção, não sei o que aconteceu, mas não quero que isso acabe.

Dentes me observava atendo, eu mostrei a língua para ele que odiava quando eu fazia isso, ele me odiava e isso era claro em seus olhos desde o momento que me juntei a eles, ele não confia em mim e não tiro a razão dele. Se pudesse, sei que Dentes me atacaria, mas parece que agora precisam de mim e ele não pode fazer nada e eu agradeço.

Nós três apenas seriamos guardas do veículo que transporta a tão poderosa arma que eu ainda não sei o que faz e não é como se eles fossem me contar.

– Aqui! - Storm Shadow me chamou para o quarto dele - Você disse que queria uma uniforme, aqui está - ele me mostrou a roupa branca como a dele, uma mascara que subia pelo pescoço e cobria meu rosto até o nariz deixando testa e cabelos para fora, era bonito - E vai precisar disso - ele me jogou uma katana, duas facas e duas armas e munição.

– Obrigada, sensei. - ele sorriu.

– Agora vá se arrumar, temos meia hora.

Confirmei e fui para meu quarto. Vestir aquele uniforme era complicado, ele era bem justo, a máscara deixei dobrada para baixo até sairmos, prendi as armas e fui encontrá-los enquanto eu amarrava meu cabelo em um alto rabo-de-cavalo. Eles supervisionavam os homens carregando o carro no qual iriamos.

– Vocês dois vão atrás - Storm Shadow falou - Eu vou na frente.

– Eu vou ter de aguentá-la? - Dentes falou revoltado.

– Não se preocupe, tigrão, você nem irá perceber minha presença.

Saltamos da estrutura do teto do galpão. Storm fechou a porta da frente, depois que eu entrei Dentes-de-sabre fechou a porta, mais alguns homens estavam ali e maquinas faziam leituras constantes daquela arma, eu coloquei a máscara, meu companheiro revirou os olhos, eu mostraria a língua, mas ele não veria e não teria graça.

O carro começou a se movimentar, eu fiquei sentada de um lado com os braços cruzados, pernas esticadas e cabeça baixa, eu apenas ouvia o que acontecia a minha volta. Do outro lado atrapalhando os cientistas estava Dentes que reclamava por eu ter pego o melhor lugar do carro, e na frente Storm Shadow estava atento a qualquer movimento.

– Estão vindo! - falei abrindo os olhos e assustando Dentes que parou de reclamar e passou a ouvir.

– Eles vão nos atacar - ele falou com Storm Shadow que confirmou para nos informar que ouvia.

– Abre a porta, tigrão.

– Não!

– Tigrão, eu vou ficar lá fora. - Storm Shadow me olhou curioso - Vou ficar de guarda lá de fora, acho que vocês podem dar conta de cuidar disso aqui.

– Use isso - Storm me jogou um fone e um microfone, os instalei, ele deu a ordem para que a porta fosse aberta.

Eu não tinha percebido que já tinhamos saído da cidade, o motorista era rápido. Eu me equilibrei no teto da van, ele fazia as curvas de forma brusca, mas eu conseguia me manter, observei a nossa volta, motos nos seguiam, os Joe. Eu torcia para que não fossem os meus Joe, mas se Storm Shadow estava ali com toda a certeza Snake apareceria. Olhei o céu, helicopteros deles nos seguiam.

– Sensei - gritei, ele colocou a cabeça para fora e me olhou - Eles têm helicopteros - ele olhou para o alto.

Pude ouví-lo acionar o abatedor de aereos, olhei nos outros carros, o último se preparava para o abate.

– Agnes, se segura! - eu o fiz, o carro derrapou na pista, outros sairam e capotaram, meu coração estava muito acelerado.

Passamos por uma cortina de fumaça e batemos contra algo que eu não tive tempo de observar o que era, fui arremessada por cima de tudo, quiquei ao cair no chão, senti alguns cortes se abrirem. Me levantei meio zonza e fui atingida nas costas.

– Agnes? - meu rádio - Agnes, você está bem?

Derrubei quem me segurava, eu não conhecia, apagá-lo seria mais fácil, bati a cabeça da pessoa contra o asfalto.

– Estou preso nas ferragens - ouvi Storm falar - Dentes, qual sua condição?

– Em combate - o ouvi receber um soco - E a guria?

– Sem sinal dela.

– Sensei - eu ja estava na porta da van e tentava arrancá-la - Você está bem?

– Cuidado! - eu desviei de um chute, olhei para quem me atava, Ripcord.

Deve ser brincadeira. Desviei de outro ataque dele e o acertei sem dificuldade, eu ouvia o rádio dele.

– Ag... Agnes... - eu olhei para a porta da van, alguém a invadia, fui até a parte traseira da van, a pessoa já tocava na arma quando a acertei com um chute que a fez cair, olhei os cientistas, estavam desacordados e as leituras da maquina estava louca.

– Vou te tirar daqui - falei para Storm Shadow, ele confirmou, mas estava tão ferido que senti algo ruim dentro de mim.

O som de tiro, Storm se contorceu de dor, o tiro pegara nele.

– Snake... - falei.

– Ag...

– Sh... - calei meu sensei.

Enfiei a espada no vão da porta amassada, a usei de alavanca para arrancar o resto, outro tiro, merda, tenho de ser rápida, com uma das facas cortei o que prendia Storm, o arranquei para fora da van. Algo me atingiu e eu rodei pelo chão. A sombra de Snake Eyes era inconfundivel, ele mirava em Storm Shadow, eu fui até ele e o acertei com um chute, ele caiu para dentro da van.

– Dentes, você ta livre? - perguntei pelo comunicador.

– Agora estou - ele falou.

– Pega o Storm Shadow.

– Nã... Ag... - Storm cuspia sangue, eu olhei os vários furos, me distrai e fui atingida.

– Tigrão! - eu gritei, Snake iria acertá-lo, ouvi a arma começar a apitar, aquela coisa ia explodir - Agora, tigrão!

Dentes se colocou entre os dois, vi o corpo de Snake Eyes ser arremessado, o mutante levantou meu atual sensei nos ombros e correu. Corri até Snake Eyes, ele estava apagado, se continuasse ali morreria. Desajeitada e sem aguentar o peso dele o coloquei nas minhas costas, os pés se arrastavam, o lei par ao mais distante que consegui onde meu corpo despencou com o peso, o deitei de lado e ouvi a explosão, cobri o corpo dele com o meu. A onda de calor me atingiu. Snake se movimentou.

Desliguei meu comunicador.

– Sh... - eu fiz para ele que sossegou - Você está um pouco ferido pelo Dentes - falei - Mas vai ficar bem. - o comunicador dele ainda funcionava - Scarlett - chamei, ela respondeu assustada - Snake está no acostamento perto de um salgueiro, acho que é o único que tem por aqui, cuide bem dele.

Eu me levantei, ele segurou meu tornozelo quando me virei para continuar andando, com aperto no coração virei e lhe acertei um chute no rosto, ele desmaiou. Segurei algumas lágrimas por ter feito isso, liguei meu comunicador.

– Agnes! Agnes! - era Dentes.

– Estou bem - falei, ouvi a respiração dele aliviada - Estou meio distante de tudo, mas já deve chegar até algum carro que funcione, eu vou...

Desmaiei.

Eu tinha inalado muita fumaça, estava muito ferida e ainda tinha queimado as costas ao proteger Snake, eu estava acabada.

Acordei na minha cama na Hydra, tossi um pouco, mas estava sem curativos, olhei em volta meio zonza pelo tempo que passei apagada. Fui andar pelo lugar torcendo para encontrar alguém.

– Olha só quem está viva - ouvi um sargento falar, ele estava conversando com alguém que sem o uniforme foi impossivel reconhecer. - Parece que alguém é mais durona do que você, Storm.

Ele se virou, quando tive certeza de que era ele corri até ele e pulei em seus ombros, ele ficou assustado por alguns segundos eme abraçou.

– Que bom que você está bem - falei me arrumando, dei um soco no ombro dele com a força que consegui reunir - Não me deixe ficar preocupada novamente.

– Você não se preocupou quando me prendeu naquelas correntes.

– Eu não te mataria e sei disse, as coisas agora são diferentes, Storm Shadow.

– Casal! - Dentes nos gritou - Que bom que já estão de pé, querem nos dar uma bronca por permitirmos que tudo explodisse.

Ele nos guiou até uma sala distante de todas as areas de escritorio.

– Isso aqui é...

– Treinamento surpresa! - luzes se acenderam, no alto eu via uma cabine onde o Dentes já se encontrava.

– Mas que merda, eu não me aguento de pé e querem que eu sobreviva?

– Não - Storm me olhou - Querem que sobrevivamos juntos.

Ele me olhou, dei de ombros.

Começaram o treinamento, era como a sala dos X-Men, só que aqui machucava de verdade, recebi um tiro de raspão ele abriu uma ferida profunda, mas eu destrui a arma.

Depois de duas horas nós dois saímos com alguns arranhões, mas sobrevivemos. Escoravamos um no outro para conseguir andar o que nos fazia rir. Fomos para o banheiro comunitário que diferente dos Joe aqui era um só, porque a única mulher que encontrei nesse até agora fui eu. Me enrolei na toalha e saí do banho.

– Ah, droga!

– Qual o problema? - Storm Shadow já se vestia.

– Deixei tudo no quarto - falei - Eu não esperava que fosse tomar banho agora.

– Boa-sorte no percurso de toalha.

O xinguei.

Durante o percurso em boa parte dele não encontrei nenhum guarda e eu agradeci por isso. Entrei no quarto me troquei e fui comer algo, eu estava faminta.

Me servi e me sentei em uma mesa qualquer como sempre, estava tudo bem até que as telas de noticias começaram a ligar, olhei pensando que seria algum chamado, mas me deparei com imagens minha no banho, saindo de toalha, entrando no meu quarto e o que mais mexeu comigo, imagens minha me trocando.

Os homens a minha volta começaram a me olhar diferente, era como se até aquele momento nenhum deles tivesse percebido que eu era mulher.

Me levantei para entregar a bandeja quando senti um tapa na minha bunda, olhei para quem o fizera o que fez a maioria rir, os ignorei, um segundo tapa, isso já está me irritando, outro tapa e a bomba explodiu, peguei a mão de quem o fizera, a torci, o ouvi gritar de dor e o chutei pela bunda até ele bater contra a mesa.

– Qual é, você é nossa mulher, não pode se comportar assim - um deles falou.

– Não duvide do que posso fazer - falei e outro homem me tocou.

Revirei os olhos até que outros se aproximaram ao mesmo tempo eme tocaram, consegui chutar alguns, socar outros, mas os que eu não apagava não pareciam perceber que eu os queria longe.

A porta do refeitório bateu, alguns olharam, mas os que me molestavam estavam tão distraídos que eu sequer consegui me soltar, já tinham mordido meu lábio e sangrava, minha orelha que também sangrava, invadiam minha calça sem dó e em meio a essa distração eu vi alguém se aproximar.

Cutucou quem me segurava que o olhou sem interesse. Isso lhe rendeu um soco e ele caindo desacordado e eu também, outro homem a minha frente ainda estava distraido quando recebeu o chute.

A pessoa me levantou, eu ainda não tinha visto quem era.

– Sensei - eu o olhei, ele estava com o rosto sério - Sensei...

– A partir de hoje você irá par ao refeitório quando eu for, se quiser usar o banheiro me avise e não ande sozinha por ai - ele falou me encostando contra a parede - Fui claro?

– Foi. - falei me encolhendo, eu estava um pouco assustada, estou acostumada com mortes, perder órgãos, mas nunca cheguei perto de ser estuprada e agora que não tenho a força suficiente par ame livrar de qualquer um era doloroso e medonho.

Eu estava encolhida contra mim mesma, ele me olhou e me assustou quando me abraçou, apoiou sua cabeça na minha.

– Sensei - ele gemeu para que eu continuasse - Acho que você não precisa me abraçar assim - ele me olhou - Quero dizer, isso realmente pareceu que somos um casal.

– Não diga besteira - eu ri, ele tinha corado.

– Você se importa de me acompanhar para o jantar? Ainda estou com fome.

– Vem. - ele me abraçou pelos ombros.

Entrar no refeitorio onde os homens acordavam e estar acompanhada de um dos homens que eles mais teme ali era incrivel, todos se afastaram até mesmo os que ainda estava zonzos. Nos servimos, pegamos uma mesa que se tornou nossa particular e comemos rindo e contando quantos daqueles homens cada um de nós apagou.

Mas eu sentia falta dos Joe, mesmo que eles estivessem acostumados com mulheres em hipotese alguma um deles teria tentado fazer o que aqueles ali fizeram, vou ter de treinar mais e caso eles tenham brigas internas terei de participar caso eu queira que me respeitem. Farei isso.