Ter o Storm Shadow como guarda é a melhor coisa do mundo como também é a pior, porque qualquer um que vem falar com você nunca te olha, você não consegue interagir e...

– Se tocar nela de novo arranco seu braço fora - ele falou empurrando um dos guardas que nunca me fez nada.

– Storm Shadow, para com isso - ele me olhou - No começo até que era bonitinho, mas já deu, perdeu a graça.

– Te defender perdeu a graça?

– Não, ser protegida 24 horas por dia perdeu a graça - eu espreguicei - E sobre aquela arma vai ficar por isso mesmo?

– Estão construindo uma nova, quando essa ficar pronta teremos de ser guardas novamente.

– E o tigrão vai? Quero dizer, ele precisa de um banho, esse cheiro de gato de rua não dá não.

– Eu não vou tomar banho tão cedo - Dentes falou - Storm, estão nos chamando.

E... Ótimo! Estou livre.

– Desculpa por isso, Tomas - ajudei o homem que agredido - Trouxe o que te pedi.

– Sabe que sim.

Ele me entregou o cartão. Entrar na área dos prisioneiros sem usar a digital só pela saída. Aprendi isso observando os guardas que levavam alimentos para os prisioneiros. Eu não poderia soltá-los agora e isso me matava por dentro, mas precisava ver o Wade mais uma vez, ter certeza de que ele estava bem.

Esperei a dupla medonha sair para a missão, quando tive certeza de que Storm e Dentes estavam longe eu fui até a parte dos prisioneiros. Abri a porta, estavam alimentando os prisioneiros, quando me viram alguns guardas assumiram posição de sentido, sim, eles tinham medo de mim, alguns diziam que eu era o braço-direito de Storm Shadow e por isso me temiam.

– Saiam! - falei com eles.

– Mas não terminamos...

– Não me ouviu? Saiam! - sairam, tranquei por dentro assim ninguém entraria.

Terminei de distribuir os alimentos. Rogue gritava comigo, queria que fosse até ela, eu apanharia.

Fui até a cela de Wade, ele estava agachado ao fundo, eu não conseguia vê-lo.

– Boo! - ele estava sem máscara a língua machucada balançava espalhando baba e sangue por todo o vidro.

Eu o encarei, ele continuou fazendo o que ele achava ser engraçado, mas não era.

– Wade... - falei pelo espaço onde antes estava a bandeja de comida - Wade... Wade! - falei firme, ele parou.

Deadpool andou até mim, me encarou.

– Eu te conheço?

– Sou eu, Wade.

– Eu? - ele me olhou de cima a baixo.

Ele estava louco, entrar naquele lugar trazia más lembranças a ele e não era diferente para mim, mas me mantinha forte para poder tirá-los dali.

– Esquece, ele enlouqueceu - olhei Rogue - Está assim desde que chegou e se recuperou.

– Ele não fez nada?

– Nada. E matou alguns guardas - olhei Wade.

Destranquei a cela.

– Você é louca, assassina? - ela gritou - Ele vai te matar e... - tranquei.

Já não a escutava mais. Wade me encarava, ele correu até mim e ia me atacar, tirei do bolso a cueca, ele a analisou e me olhou desconfiado, sem a máscara eu via todas as suas expressões, ele parecia com medo, deu um passo na sua direção, Rogue gritava e batia no vidro louca. Fui até ele e estiquei a mão, ele me mordeu, eu segurei o grito de dor, não gritaria para ele, ele não quer me machucar, ele está alterado. Ele me mordeu novamente, me encolhi, ele me olhou. Estiquei o outro braço, passei por seu pescoço, ele me mordeu, eu o apertei, ele retomou a postura eu ficava nas pontas dos pés. Ele mordeu minha bochecha, eu o mordi de volta, ele grunhiu como um cão ferido, se afastou me largando no chão. Se encolheu ao fundo da cela como um animal perdido e amedrontado, o que na verdade, não deixava de ser verdade. Agachei na frente dele, passei a mão pela sua cabeça, ele se encolheu e depois de um tempo tremendo, ele se aconchegou em meu colo, a cabeça em meu peito. Eu queria chorar, queria tirá-lo dessa situação, nunca perdoaria quem o deixou nesse estado. Ele estava amedrontado.

– Droga, Wade... Eu vim aqui buscar forças e te encontro assim, isso é... doloroso. - eu o apertei, ele se arrumou entre meus braços. Não contive as lágrimas, vê-lo dessa forma era a pior coisa do mundo para mim.

Ouvi alguém entrar pela entrada convencional.

– Já deve estar morta - foi o grito da Rogue - ele não perdoaria ninguém, nem mesmo...

A cela se abriu, olhei para quem entrava, Storm estava parado na entrada, eu me assustei e meu susto acordou Wade que me olhou e seguiu meu olhar, quando viu Storm saltou e de pé começou a grunhir.

– O que fizeram com ele? - perguntei com meus olhos cheios de lágrima.

– Não importa, ele não era nada important... - ele foi me segurar eu desvie - O que é isso, Agnes...

– Agnes? - Wade me olhou como se me reconhecesse - Agnes!

– Isso, Wade, sou eu. - eu estiquei a mão para ele, mas Storm me puxou para longe - Wade! - ele me empurrava para fora da cela, a trancou e ficou de dentro, eu assistia a tudo, as agressões.

Eu tentei abrir a cela, mas estava trancada com senha, tentei quebrar os vidros, impossível. Eu urrava para que Storm parasse, Wade estava encolhido a um canto e era agredido, eu me sentei de fora da cela como fiz tantas vezes na casa de Snake esperando ele sair do quarto.

Quando a cela se abriu surpreendi Storm com um pelo de um soco seguido por um chute que o deixou caído no chão. Eu o encarava.

– Por quê...

– Por quê? Você deve ser mais burro do que eu pensei, Storm Shadow.

– Do que você está falando?

Eu entrei na cela, a tranquei. Ele me assistia, tentei me aproximar de Wade, ele me atacou, eu bati contra o vidro, ouvi Rogue gritar. Deadpool me atacou novamente e eu não iria pará-lo, depois de alguns ataques eu não sentia mais meu corpo, ele parou, me encarava de cima, ofegante.

– Muito bem, tumorzinho... - eu sorri para ele.

Deadpool abaixou ao meu lado, agora ele parecia me reconhecer, seus olhos emocionados faziam com que eu quisesse chorar. Ele me levantou nos braços e me apertou bem rente ao peito, eu me aconcheguei, ele levou a mão até meu rosto como um pai faz com uma criança, limpou o sangue que escorria da minha boca.

– Eu sou perigoso demais - ele falou - Vá com ele.

– Não - eu o abracei.

– Vou te matar se você continuar aqui.

– Que me mate, mas eu não vou sair daqui - ele me apertou - Prefiro ser morta pelo Deadpool a ter de encarar Storm Shadow.

– Agnes, você precisa vir comigo - olhamos para cela, estava aberta. Me encolhi ainda mais - Você não vai vir? - ele me encarou, neguei - Ótimo, que enlouqueçam e pereçam juntos - senti o ódio de Storm Shadow ao nos trancar ali.

Wade se jogou ao chão comigo em seus braços, eu me recolhi como fazia quando criança e dormi deitada sobre seu peito.

– Desculpe por tudo isso - Wade falava enquanto passava seu sangue em meus machucados.

– Wade, está tudo bem. - eu falei sorrindo.

– Não, Agnes, eu te machuquei, eu poderia ter te matado e agora eles irão te matar, eu nã...

– Wade - eu virei o rosto dele para mim - Pare de ficar tagarelando - ele me olhava profundamente - E esse seu lado preocupado é um saco - ele riu.

– Não posso evitar, se eu tivesse te matado nunca me perdoaria.

– Então veja o lado bom, não me matou - eu puxei meus braços para mim e me joguei ao chão, ele se deitou ao meu lado, fitavamos o teto juntos.

– O que acha que farão conosco? - dei de ombros.

– Mas eu sinto falta dos tubarões - ele riu.

– Agnes, se você tivesse a oportunidade de fugir, o que faria?

– Se você pudesse vir comigo, eu fugiria, caso contrário eu não poderia.

– E quanto ao Snake, se fosse para escolher entre ele, eu e Duke, quem você escolheria?

– Isso foi uma pergunta idiota, mesmo que válida. - eu o olhei, ele lambia o sangue da boca em uma careta engraçada - Duke - ele me olhou - dos três é com quem menos me importo, quero dizer, claro que eu tentaria salvá-lo, mas só depois de ter certeza de que você e Snake estivessem a salvo. - ele sorriu do seu jeito descontraido.

– Toma essa, Duke, ela me ama mais - ele gritou me fazendo rir - E entre mim e Snake?

– Snake - ele sentou assustado.

– Eu limpei tua bunda, te emendei quando teve o braço arrancado, levei bala por você e você diz Snake? Nosso relacionamento acaba aqui, Agnes. - ele cruzou os braços fazendo bico o que me fez rir.

– Snake é menos importante do que você Wade - ele me olhou pelo ombro - Eu nunca me perdoaria se você realmente morresse. - eu o abracei.

– Sinto acabar com essa bela declaração de amor - Dentes entrou na cela - Mas preciso da garota.

Ele me puxou pelo braço, Wade tentou avançar, mas pedi para que parasse, ele o fez.

O vi espremer o rosto no vidro enquanto eu era arrastada para fora da ala dos prisioneiros.

Fui jogada a uma cadeira que automaticamente prendeu minha cabeça, meus tornozelos e meus pulsos, além de passar um cinto em X prendendo meu tronco. Olhei em volta, mas não tentei me soltar. Storm Shadw apareceu em um canto e ligou vários televisores que ofuscaram a minha vistam, Dentes se apoiou do outro lado.

– Divirta-se, traídora.

– O termo correto é assassina - corrigi Storm que me deu um soco no tronco - Isso doeu, por que fez isso?

– Primeiro por ter preferido o Wade, segundo - outro soco - por preferir o Snake, terceiro - outro soco - por nunca ter pensado em mim.

Eu o olhei, estava sem ar, mas conseguia raciocinar o que ele dizia.

– Pera lá - falei sem ar - Você quer dizer que - eu não contive o riso, Dentes me olhou assustado - Meu deus! Você, caramba, você realmente achou que em algum momento eu poderia te amar? Storm Shadow, você é patético.

Um soco ainda mais forte atingiu meu rosto, senti o que prendia minha cabeça lacear um pouco, olhei para quem tinha me atacado, Dentes virou minha cabeça dolorida para as televisões e pediu para eu prestar atenção, os dois me deixaram sozinha. Eram cameras nos Joe, no Instituto, na casa de Anung, eu não entendia o que queriam que eu visse, mas fiquei ali esperando algo interessante, que bem, hoje não aconteceu. Eu fui tacada na cela meio desacordada, apenas senti Wade arrumar meu corpo no chão e se deitar ao meu lado, na nossa pose de velório.

– Eu acho que morremos aqui - ele falou - Os seres mais invenciveis desse universo serão mortos por meros humanos.

– Seria lastimável para nossas biografias - falei sentindo dor.

– Nem me fale... Ah, encontrei minha máscara - ele vestiu.

– Mas que merda, Wade! - ele me olhou - Essa merda é a cara de um dos guardas.

– Sério? - ele tirou e olhou - Mas eu achei tão bonito, você não?

– Você é louco.

– É o que dizem.

Ele voltou a se deitar na pose velório e a sua nova máscara que logo entraria em decomposição.