Blood Kiss

O Segredo de Akira


Os dias se passaram e o tempo corria depressa. Na segunda semana no novo colégio, resolvi investigar o subterrâneo da escola, o único lugar que fomos aconselhados a não ir.

- Quer deixar de ser medroso seu idiota! – falei para Akira enquanto descíamos pelo elevador.

- Que saco! Era melhor gastarmos nosso domingo jogando videogame. – ele disse pondo a mão atrás da cabeça.

- Deixa de ser medroso. Concordou em vir porque quis. – disse revirando minha bolsa atrás da lanterna.

- Não foi bem isso... – ele disse relembrando.

FLASHBACK

Estavam todos no refeitório quando cheguei até a mesa de Sato. Ela e seus amigos, juntamente com Akira e Akimi estavam na mesa.

- Galera, consegui uma planta dessa escola e descobri que existe uma parte subterrânea. Vou lá no domingo. Alguém quer ir?

- Que nojo! Não vou há nenhum lugar do tipo escuro e abandonado! – Akimi falou cheia de si, como sempre.

- Não desço lá nem que me matem. – Sato disse com nojo.

- Vocês são uns medrosos. Pois bem, vou sozinha. – disse quase saindo da mesa.

- Você não pode ir sozinha! – Akira disse preocupado.

- Não me importo com sua opinião. – falei saindo.

- Tá bom! Eu vou com você! Não vou deixar você ir desacompanhada! – Akira disse com uma gotinha.

- Isso! – murmurei com um sorriso malicioso.

FIM DO FLASHBACK

- Concordou porque quis, além do mais só vamos dar uma olhadinha, que mal há nisso? – disse ironicamente.

- Sei... – ele disse desconfiado.

- Pára de ser besta! Só vamos dar uma olhada de nada e depois voltamos pros quartos. – gritei.

- Tá certo. – ele disse assustado.

- Cala a boca seu idiota! Falei ao sair do elevador.

- Cala a boca você! – ele disse furioso.

- Ora seu... – resmunguei.

Saímos do elevador e nos deparamos com uma espécie de túnel. Liguei a lanterna e segui caminho até uma luz que ficava ao longe. No fim estava a saída do colégio, a floresta da ilha.

- Legal, sabia que não era desperdício vir aqui! – falei com um sorriso no rosto.

- Bem, acho melhor voltarmos agora, né? – Akira disse quase voltando para o túnel.

- Espera só mais um pouco. Quero explorar a floresta. – disse entrando mata adentro.

- Vou com você. – ele falou pondo a mão no meu braço.

- Não precisa vir se não quiser... – disse olhando – o.

- Tudo bem, eu... – ele disse aproximando e me dando um beijo.

- Seu idiota! – eu disse dando uma tapa na sua cara.

- O que foi? Eu sabia! Você é mesmo um menino! – ele disse ironicamente.

- Eu não sou menino! – falei o empurrando.

- Pois parece! Outra garota teria até gostado! – ele falou vermelho de raiva.

- Só sendo muito burra ou estando alcoolizada pra gostar disso! – eu disse mais vermelha ainda.

- Que? – ele gritou.

- Você é surdo? – eu disse em contrapartida.

- Nada a ver. Só sei que você é uma verdadeira... – ele disse ao sentir algo.

- O que foi? – perguntei.

- Vem aqui. – ele disse me pondo nos braços.

- Ei, eu sei andar, viu? – disse ironicamente.

- Me desculpe, é que eu acho que tem alguma coisa na mata. – ele disse chegando perto.

- Não vai! Disse escondendo meu rosto nele.

- Achei seu ponto fraco... – ele disse rindo.

- É trauma, não ponto fraco... – disse um pouco triste.

- O que? – ele perguntou confuso.

- Não se importa. Ninguém se importa. – eu disse tristemente.

- Claro que me importo. É só contar. – ele disse me soltando.

- Meus pais morreram quando eu tinha cinco anos. Eu acho que bati a cabeça porque não lembro mais o que aconteceu depois que... – falei.

- O que aconteceu? – ele perguntou.

-... depois que eles morreram. – continuei.

- Me desculpe, eu não sabia. – ele falou tentando pegar em minha mão, mas desistindo logo em seguida.

- Desde aquele dia eu nunca mais sorri nenhum dia. Eu fiquei sempre tão sozinha e angustiada que nunca mais tive vontade de amar novamente. Então, eu peço que, por favor, nunca mais faça isso novamente. – falei saindo.

- Tudo bem. – ele disse zangado.

- Ei, vem aqui. – eu disse pegando em sua mão.

- O que foi? – ele perguntou brincando.

- Olha só. Tem uma estátua bem estranha ali, ó. – disse apontando para a grande escultura de um garoto de aparência de dezesseis anos.

- Ei, vamos olhar? – disse me aproximando.

- Vem cá. Isso não é boa idéia. – ele disse tentando me conter.

- É estranho, mas... Até parece que o conheço de algum lugar... – disse tocando a estátua no rosto.

- Olha só, é melhor a gente ir. – ele falou tentando esconder algo.

- Tem outra atrás de você. – disse olhando a figura de um homem bem mais velho.

- Olha, é bom você sair daqui. – ele disse seriamente.

- Por quê? – ri.

De repente, uma luz emanou de mim. Meus olhos ficaram vermelhos e meus cabelos voavam. A estátua a minha frente se rachou até que o mesmo homem saísse de dentro.

- Que droga! Perdi meu tempo preso nessa droga de casca! – ele falou tirando o pó dos ombros.

- Pra trás! – Akira gritou.

- Eu sei me defender. – falei.

- Até nessas horas você briga? – ele disse furioso.

- Então deixe de se achar o tal. – disse calmamente.

- Ah! – ele disse se jogando no chão.

- Olha, eu não queria interromper a briga de vocês, mas é que eu preciso mesmo ir embora. Mas antes terei que matar vocês. – ele disse se transformando em um lobo castanho.

- Você é um ursinho? – disse confusa.

- O que? Eu sou ameaçador! – ele disse com raiva.

- Minha gata é mais ameaçadora que isso. – falei ironicamente.

- Você vai ver quem é mais ameaçador depois que eu te retalhar! – ele disse no auge da fúria.

- Se afasta! – Akira gritou.

- Eu já disse que sei me defender... – disse ao vê-lo transforma-se em um lobo branco diante de meus olhos. –... Sozinha. – continuei.

- Fuja. – Akira falou pulando em cima dele e iniciando uma briga.

- Nunca! – disse fazendo birra.

Enquanto os dois brigavam me dirigi até a estátua do mais jovem.

- Sei que você não é mal, então não dava pra ajudar meu amigo? – disse o observando.

- Ei, agora sei que te conheço de algum lugar... É a idiota que me aprisionou aqui! – ele disse chegando perto.

- Ai, minha nossa! Sabe o que é pasta de dente? – disse prendendo a respiração.

- Morra sua desgraçada! – ele disse jogando a pata para me rasgar.

- Não se preocupe, seu medo me despertou. – O garoto da estátua disse me colocando no braço antes que o lobo me atingisse.

- Porque todos os homens fazem isso comigo? – disse com raiva.

- Você não é mais você. – ele disse rindo.

- Resolve o problema seu estranho! – disse correndo.

- E também virou covarde. – ele disse ás gargalhadas.

- Seu idiota! – falei atrás de uma pedra.

- Vou me livrar desses dois! – ele disse sacando uma katana.

- Não! Só mate o marrom com bafo de coisa podre! – gritei.

- Ei! – o lobo marrom falou.

- Está maluca? – ele disse se virando.

- Olha, se você não for resolver o problema eu resolvo tá? – disse pegando uma faquinha do meu bolso.

- Meu Deus! Você anda armada? – Akira perguntou.

- Claro! – eu disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.

- Você se aliou á eles? – o garoto da estátua perguntou.

- Não. Só ao branquinho. – disse cravando a faca na pata do marrom.

- Sua maldita! – ele berrou sumindo.

- Ainda bem que eu trouxe isso comigo! – disse olhando a faca ensangüentada.

- Bem, só falta matar esse. – o garoto estátua disse se aproximando.

- Acho melhor darmos no pé. – Akira disse me pondo em suas costas e saindo em disparada.

- Quantas vezes eu vou ter que repetir que sei andar? – falei virando o rosto.

- Deixa de ser imbecil!Duvido que saiba correr á essa velocidade! – ele disse iniciando uma nova briga.

- Olha só o elevador! – disse ao vê-lo.

- Droga! – ele disse parando e me arremessando longe.

- Seu imbecil... – resmunguei caída no chão.

- Me desculpe, mas você não vai levar ela. – o garoto disse com a Katana na mão.

- Olha! Outro lobisomem! – apontei.

- Onde? – o garoto disse se virando.

- Tchau otário! – disse já no elevador com Akira.

- Não! – ele disse ao ver a porta fechar-se.

- Valeu! – Akira disse sorrindo.

- Valeu uma pinóia! Isso é por ter me beijado. – disse dando um soco em sua cara.

- Ai... – ele disse caído ao chão.

- A gente se vê por aí urso. – disse dando um sorriso malicioso.

- É assim que você me trata depois de tudo? – ele disse inconformado.

- Pois é. – disse indo embora.

No dia seguinte, cheguei à sala e me sentei como sempre na minha carteira.

- Ei, eu estou confuso desde ontem. – Akira falou se apoiando em minha mesa. – Porque não se assustou quando viu que eu era um lobo?

- Bem, digamos que eu também seja uma anormal. – eu falei me encolhendo.

- Por quê? – ele disse se aproximando.

- Meus poderes anormais. Visões, ler pensamentos que não me dizem respeito... – falei olhando ele.

- Não me falou disso. – ele disse.

- Não perguntou. – disse ironicamente.

- Não liga mesmo que eu seja um monstro? – ele disse envergonhado.

- Não liga pra eu ser marrenta? – falei dando uma risada.

- Jamais. Até porque eu também sou. – ele falou rindo também.

- Posso até gostar de você. – pensei enquanto ríamos juntos.