— Estão prontos? — Amy perguntou, um sorriso caloroso no rosto, embora fosse falso, ao descer as escadas que davam para a sala.

Dan estava lá, junto com Natalie e Ian. Alistair deveria estar em seu quarto, dormindo ou se envolvendo com seu trabalho. Ser um dos melhores historiadores e inventores do mundo dava trabalho.

— Apenas esperando pela srt., Amy. — Natalie informou, andando graciosamente na direção de Amy. Ela vestia uma saia preta armada, coberta de rendas e uma blusa cor de rosa claro, quase transparente. As meias calças, também pretas, e a bota cano curto de salto davam-lhe ainda mais o ar de boneca de porcelana. Os cabelos escuros estavam soltos em cachos e o rosto lindamente maquiado.

— Então, não há mais por quem esperar. — Amy brincou, enquanto aceitava a mão que Dan lhe oferecia. Ela também havia mudado de roupa, não por achar que sua roupa não era apropriada ou algo do tipo, apenas por ter amassado toda ela quando dormiu. — Obrigada, irmão. Parece que a presença de nossos primos lhe inspira o cavalheirismo.

— Guarde suas ofensas para você, maninha. — Dan entrou na brincadeira, rindo levemente. Os dois pareciam perfeitos bonecos superficiais, agindo e falando conforme um script. Dan estava com uma camisa social preta e um jeans escuro, seus cabelos louros bagunçados eram a única coisa que remetia ao Dan de sempre. — Mas o que posso fazer? Minha irmã foi presa então acho que devo ser mais cordial exceto se quero que ela roube minha carteira.

Natalie acompanhou os dois na risada, parecendo deliciada por estar em um ambiente com pessoas falando o bom inglês.

— Decididamente, tome cuidado ou minhas mãos leves podem roubar... — a garota ruiva brincou, colocando as mãos na barriga de Dan. — Risadas da sua parte.

Ela fez cosquinhas que fizeram Dan rir alto, embora comedido. Natalie sorria com a cena ao passo que Ian parecia distante, observando tudo com uma espécie de carranca.

Ele não se deixava enganar pelo falso sorriso de Amy e não estava desesperado para encontrar pessoas civilizadas como sua irmã para não se tocar do som superficial das brincadeiras. Ele quase percebia o esforço da ruiva, agora que percebera o quão fácil ela poderia quebrar.

Na verdade, Ian não estava muito afim de ir para casa de chás nenhuma, mas sua curiosidade de ficar observando a prima lhe compeliu a ir. E de fato, ela era uma coisa maravilhosa de se assistir.

Mesmo com o sorriso falso e os atos superficiais, Amy não deixava de dar e inspirar beleza pelo seu redor. Sua própria roupa pouco importava (um vestido que descia até seu joelho, verde escuro e uma jaqueta caramelo por cima, além da meia calça cor de pele, que Ian só percebera por estar anos dentro da classe alta e de seus jantares formais, e as botas no estilo hippesters, com franjas e também do tom caramelo), o seu rosto transmitia toda a beleza necessária, um rosto angelical. O nariz levemente grande demais, mas os olhos cor de jade, grandes olhos, deixavam tudo simetricamente simétrico. Os lábios fartos e os cachos ruivos – que se ele não tivesse visto ela hoje pela manhã não diria que eram feitos – lhe davam um ar amável e bela.

Bom, não era porque ele estava desconfiado da prima que não poderia aproveitar a vista.

Bleeding Out

— Natalie, querida — Amy chamou, depois de alguns minutos que os chás haviam sido colocados em sua mesa. A casa de chá era, na verdade, o antigo clube que sua mãe e avó freqüentavam, Amy havia ido lá uma dupla de vezes enquanto sua avó e mãe eram vivas e se lembrou do lugar quando viu Natalie, a garota era muito parecida com as jovens que Amy via freqüentando o lugar. A ideia foi perfeita, Natalie estava encantada, já havia falado com pelo menos todos os senhores, senhoras e senhoritas sentados no recinto em que estavam, e estava louca para ir ao jardim conhecer os outros. — Poderia me passar o açúcar que está do seu lado, por favor.

Amy notava o olhar sonhador no rosto de Natalie toda as vezes que mirava seu rosto, a jovem morena estava simplesmente encantada por cada palavra de Amélia, o que poderia ser útil no futuro, já que o irmão da garota não se deixava enganar pelos sorrisos de Amy.

— Claro. — Natalia passou o café, parecendo aproveitar o ambiente a sua volta.

— Toma chá com açúcar desde quando irmã? — Dan perguntou, ele sabia que a irmã estava fingindo, mas não conseguia parar de aproveitar cada minuto que conseguia fazê-la falar. Foram sete anos sem conhecer a jovem que morava no quarto ao lado, e ele percebeu que sabia muito pouco sobre os hábitos e gostos da irmã.

— Desde que pedi café — Amy riu, colocando um pouco de açúcar em seu café quente. Por mais fácil que Natalie estivesse sendo, Ian parecia muito afastado, tomando seu chá verde, Amy notará pelo cheiro, com a cadeira afastada, quase como se não quisesse estar ali. Amy desejava ter coragem para fazê-lo falar, mas temia que jamais iria conseguir.

Por um tempo, Dan manteve Natalie entretida, falando sobre Boston e peças de teatro ou qualquer outra coisa que Amy sabia que Dan odiava, mas que os dois sabiam que Natalie iria gostar de saber. A morena realmente estava impressionada com o comportamento do primo, que ela julgou ser um grosseiro de marca maior durante seu passeio até o sitio e que na verdade era agia como um doce agora, Natalie suspeitou que fosse a presença elegante da irmã que lhe fazia agir assim, mas ela ia aproveitar enquanto ele tinha classe.

O clube era maravilhoso, afastado da cidade, com campos verdes até onde a vista alcançasse e um grande e elegante chalé branco no meio. O chalé tinha quase todas as paredes feitas de vidro e era a sede do lugar. Amy apenas precisou dizer seu nome para que todas as portas lhe fossem abertas, a jovem ruiva desconfiou que sua avó e mãe lhe haviam colocado como membro e que Alistair, ou até mesmo Jane, continuassem pagando a taxa mensal para o lugar, caso Amy decidisse aparecer.

— Amélia e Daniel Cahill! — Uma voz alta chamou. — Eu mal acredito que estão saindo do seu castelo e vindo ao encontro de pessoas tão normais como nós.

Amy virou-se sem reconhecer a voz, notando uma menina ruiva, alta e com chocantes olhos azuis elétricos. Ela parecia um ou dois anos mais velha que Amy, e sua postura mostrava que havia sido criada para comandar. Isso e suas roupas eram todas de marca. Amy sempre soube reconhecer uma bolsa Chanel e um sapato Salvatore Ferragamo, duas coisas que Amy desejava nunca saber reconhecer. Mas o que lhe ajudou a reconhecer a jovem na sua frente foi o grande S acompanhado de uma cabeça de dragão.

A garota na sua frente era Sinead Starling.