TURNÊ DE 91 [sem música nesse capítulo]

[Glória's POV]

O Billie e eu continuamos amigos, saimos as vezes, mas é tudo muito estranho. Eu sinto que em breve aquela alma-gêmea dele vai aparecer. Eu o amo tanto. E aquele filho da puta do Alex foi só um "escape" pra me manter segura... mas enfim, vou manter a promessa que fiz comigo mesma: deixar o Billie livre para conhecer o amor da vida dele.

– Oi Billie! - eu digo ao entrar na casa dos Armstrongs

– Oi Glória. É hoje. - ele diz, suspirando

– É... é hoje. - eu digo

Ele está se referindo ao fato de que hoje ele começa a tour do Green Day. Enquanto ele e Mike abandonaram a escola pra essa tour acontecer, o Al Sobrante quis ir pra faculdade e largou a banda. Foi um baque e tanto pra eles, mas eles já encontraram um novo baterista, um garoto que todos chamam de Tré Cool. O Billie, o Mike e o Tré estavam terminando de arrumar as malas e os instrumentos para uma pequena tour nacional.

– Os meninos estão aqui? - eu perguntei pro Billie

– Estão lá na garagem pegando a bateria. - ele respondeu e foi comigo até lá

– Tréeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! - eu disse, praticamente pulando no colo dele

– Minha Little Girl! Tá com a bunda pegando fogo? - ele pergunta, rindo

Eu amo demaaaaaaais o meu Tré Cool. Ah é, esqueci de contar esses detalhes: quando eu fui conhecer o Tré Cool, eu vi um garoto retardado, barulhento, cruel, ofensivo, engraçado... ele era tudo de bom que eu procuro em um melhor amigo. Nós nos demos bem desde o princípio, ele me ensina alguns truques na bateria, é muito legal. Com o Mike eu não tive toda essa intimidade, mas eu admiro os vandalismos dele e as vezes acompanho ele.

– Ain gente, eu vou sentir tanta saudade de vocês! - eu disse, com vontade de chorar

– Glória, qual é, vem com a gente! - Tré disse e Billie o olhou com uma cara estranha

– Acho que alguém não ia gostar muito da ideia... - eu disse, me referindo ao Billie

Tré me puxou pra um canto e sussurou:

– Ele me olhou assim porque eu fiz uma cagada agora, era pra ele ter te convidado, ele que tinha dado a ideia e ia te convidar. - ele disse

– Não sei, eu não me sinto confortável em ir nessa tour. - eu disse

– Por que? Você sabe que pode me contar tudo, mana. - ele disse

– Ah, maninho. É complicado, não sei se você ia acreditar ou entender. - eu respondi

– Ei, vocês dois. Vão ficar ai de cochicho só porque são melhores amigos ou vão vir conversar com a gente também? - Mike chamou

– Depois eu juro que te conto, maninho. - eu digo

Ir ou não ir, eis a questão. É que eu sinto que o Billie vai conhecer a tal da A...seilaquem nessa turnê. Mas quer saber? Eu não posso perder isso.

– Gente, eu vou. - eu disse

– Vai mesmo? - todos perguntaram

– Sim! Quanto tempo nós temos? - eu perguntei

– Vamos sair daqui a duas horas. - Mike respondeu

– Beleza, vou em casa pegar tudo o que eu puder! - eu disse

– Deixa que eu vou com você! - Billie e Tré falaram ao mesmo tempo e se olharam

– Ahn... não precisa meninos, eu volto correndo. - eu disse e sai

[Billie's POV]

Argh, detesto que o Tré seja melhor amigo da minha Glória. Agora além de perder ela como namorada, perdi ela como melhor amiga. Só espero que ele não se apaixone por ela... pouco provável.

– Cara, você e a Glória... são só amigos né? - eu perguntei pro Tré

– Claro que não! - ele respondeu

Eu congelei.

– Somos MELHORES amigos, deeer. - ele disse, revirando os olhos

– Af, tô falando sério. - eu disse

– Véi, sério, eu sei que tu é gamado nela ainda, é claro que eu nunca faria nada e nem pensaria nada... tipo, meu, ela é perfeita. É de uma garota incrível que estamos falando e tudo o que eu quero é protegê-la. E eu vejo os olhos dela brilhando pra você e o coração dela batendo pra você. Se eu fosse você eu não deixaria isso passar. Eu sei que você também gosta dela, e só por isso você merece todo esse amor. - ele disse

– Caramba... - eu disse, impressionado

– Eu sei, filosofei né? Sou foda, haha. - e ele voltou a ser o mesmo Tré de sempre

– Não sei se vocês dois perceberam mas vocês tinham uma espiã ouvindo vocês o tempo todo. - Mike disse

Quando eu e Tré nos viramos, Glória já tinha voltado e com duas malas na mão.

– Mike, seu babaca, tinha que contar? - ela disse mostrando a lingua pra ele e ele mostrando a lingua pra ela, como duas crianças

– O Mike é um cu mesmo. - Tré falou, rindo sozinho

Depois daquilo o clima ficou levemente tenso, mas a van chegou e fomos começar a tour. Pra quebrar o silêncio, eu fiz uma pergunta para a Glória.

– Como convenceu seus pais a vir na nossa tour? - eu perguntei

– Simples. Papai não estava em casa como sempre e pra mamãe eu disse que ia viajar pra uma visitar uma igreja muito bonita, ela até queria vir comigo, mas eu menti que era uma excursão só pra adolescentes. Ela acredita em qualquer coisa que eu falo, ela vê muita pureza em mim. - ela disse, se gabando

– E de pureza não tem nada, só safadeza. - Tré riu

– Olha quem fala, né mano! - ela riu e eles deram um "bate aqui"

– Blargh. - eu falei, mas era só pra mim ter pensado isso

– Olhaaaaaaa, que ciumento. - ela disse, rindo

– Não é ciúme, é... - eu tentei explicar

– É vontade de dar. - Tré completou e todos cairam na risada

[Glória's POV]

A viagem estava sendo longa mas engraçada. Intercalamos sonecas com conversas, cantorias, risadas, paradas em posto de gasolina... eu estava adorando. Os dias foram passando muito bem, conhecemos figuras e tanto, o Tré fazia muitas amizades pelo caminho e vários caras me pediam meu telefone, o Green Day estava arrasando por onde passava e eles tocavam em qualquer lugar, até mesmo em uma cozinha pra 6 pessoas. Nós também dormiamos em qualquer lugar, e eu tava pouco me fudendo pra isso, eu estava amando essa aventura punk rock. Até que nossa próxima parada era a cidade de Minneapolis, em Minnesota.

– Chegamos! - Mike disse

– Uhu! Vamos detonar essa porra! - Tré gritou

– Tré, vem cá um pouquinho. - eu disse

– Fala, maninha. - ele disse

– Então... é aqui que vai acontecer alguma coisa, eu to sentindo isso. - eu disse

– O que? Os cachorros vão dominar o mundo, como diz o Mike? - ele perguntou, rindo

– Não mano, é sério! O Billie vai encontrar a alma-gêmea dele! - eu disse

– É zoeira né? Como isso é possível? - Tré perguntou

– É sério, eu ás vezes sinto ou sonho com algo assim, tipo uma premonição, mas eu sei que é hoje, nessa cidade, que o Billie vai encontrar a garota dos sonhos dele. - eu disse

– Aaah! É por isso que você não queria vir e é por isso que vocês não ficam juntos de uma vez! - ele se tocou

– Isso mesmo, não há nada que eu possa fazer, eu não vou impedir ele de conhecer a tal garota. - eu disse

Ele me deu um abraço reconfortante que só ele sabe me dar.

[Billie's POV]

Estou me sentindo ótimo hoje! A hora do show chegou e vamos tocar em um porão. Começo a cantar músicas, as quais a maioria eu escrevi para a Glória. Ela nem se importa com isso, mas tudo bem, ela está lá animando a platéia, como se fosse uma fã. Do lado dela eu vejo uma mulher de aparentemente 21 anos, super... diferente. Longos dreads, roupas que parece que foram feitas em casa, simples e destacada entre as outras. Linda.

– Obrigado galera, foi um ótimo show, vocês são demais! - eu digo pra platéia no fim do show

[Glória's POV]

– Oi, você é fã da banda? - uma mulher de dreads me pergunta ao ver minha camiseta feita por mim mesma escrito Green Day

– Sou sim, meu nome é Glória, prazer. - eu disse, simpática

– Sabe onde eu posso conseguir uma camiseta dessa? E onde eu posso conseguir o CD da banda? - ela perguntou

– Claro, a camiseta foi feita por mim mesma, sou amiga da banda. Eu posso fazer uma pra você e mandar entregar aqui em Minneapolis. E sobre o CD você pode vir comigo e falar com os meninos. - eu disse, levando ela pra trás do palco

– Uau, muito obrigada! A propósito, meu nome é Adrienne. - ela disse

E então eu congelei. É ela, eu sinto, é ela! Minha vontade é de falar pra ela desaparecer e nunca chegar perto do Green Day na vida. Mas eu... gostei dela. Ela é diferente, me passa uma sensação de segurança, então não vou destruir o futuro dela.

– Lindo nome, vem comigo Adrienne. - eu digo

– Eai Little Girl, gostou do show? - Tré pergunta quando eu chego no lugar onde eles estão

– É o mesmo show todos os dias, mas é claro que eu adorei! Olha, tem uma pessoa que quero apresentar pra vocês. - eu digo

– Sério? Eu to cansado demais pra isso, Glória. - Mike chato falou

– Vai se fuder Mike. - eu digo, recebendo aplausos do Billie e do Tré

Os três cansados estavam deitados no chão e nem sequer viraram os rostos pra olhar pra gente. Até que o Billie virou.

– Quem é ela, Glória? - ele pergunta, de olhos arregalados

– Adrienne, ela quer saber onde pode conseguir o CD da banda. Vai conversar com ela sobre isso Billie, enquanto eu e os meninos arrumamos as coisas aqui. - eu digo

E eles vão se sentar em um banco lá fora na calçada e começam a conversar empolgados em conhecer um ao outro. Eu sabia que esse dia ia chegar.

[Billie's POV]

Que garota incrível.

– Quer dizer que você faz aula de Sexualidade? Isso é incrível. - eu digo

– Pois é, enfim, aqui está meu telefone, quando eu puder comprar um álbum me liga. - ela disse, me dando um beijo no rosto e indo se despedir dos outros

Ela é tão perfeita.

[Glória's POV]

– Então, Tré, é ela a alma-gêmea dele. - eu sussurro quando ela volta

– É, ela é gatinha. - ele diz e eu dou um tapa no braço dele

– Adrienne, então, nós já vamos partir pra próxima cidade. Foi muito bom te conhecer e prometo que faço sua camiseta. - eu digo

– Imagina, obrigada você, adorei conhecer vocês todos. Toma, Glória, meu telefone, me liga quando você chegar na sua casa, quero manter a amizade. - ela diz e vai embora

Ótimo, agora a possível futura-namorada do Billie quer se tornar minha melhor amiga.

– Tré, quer ser meu namorado? - eu pergunto

– Não quer ser deixada pra trás, né? Mas, maninha, isso não é uma competição. Você é uma garota forte, pode se manter solteira, como sempre fez antes de namorar o Billie. - ele diz

– Só você me entende. - eu digo e abraço ele

O resto da tour foi rolando, muitas loucuras como sempre, mas o Billie ás vezes ficava aéreo, pensando na Adrienne aposto. E ele me olha com uma cara estranha, quase uma cara de culpa. Se ele acha que eu não vou reagir bem a essa repentina paixão dele pela garota de Minnessota... ele está certo.