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Capítulo 3: NA DEFENSIVA


CAPÍTULO 3: NA DEFENSIVA

PDV Sam

Andei meio desanimada. Ainda iria demorar mais uma semana para eu retomar à quadra. Sim, eu contei os dias!

Havia uma enorme ansiedade dentro de mim, pois - além de querer saber qual seria a reação dos outros homens com a minha frequência nos treinos de handebol – queria muito encontrar o Freddie.

Mas quem disse que eu só poderia encontrar o Freddie durante os treinos? — questionei a mim mesma, inquieta.

Ousei fazer o meu ‘dever de casa’. Fiz uma busca pelo seu nome nas redes sociais, afim de conhece-lo melhor.

O seu nome era o primeiro da lista de buscas. E, confesso, tive uma ótima surpresa ao rolar a tela do meu Pear Phone: Freddie era solteiro, ao menos não encontrei nenhuma foto recente com uma garota.

Descobri também que o moreno tinha um cachorrinho de raça dachshund; morava em um hotel 4 estrelas aqui de Seattle e ainda colecionava motos (contei mais de 3).

Fora isso, o Benson era um típico “baladeiro”. Haviam inúmeras fotos dele em casas de festas, rodeado de amigos. O meu interesse por ele só aumentava. E que maneira melhor de demonstrar o meu interesse nele que não fosse ‘seguir’ e ‘curtir’ todas as suas fotos?

Confesso, a minha expectativa era alta. Esperava que ele me seguisse de volta na mesma hora (coisa que não aconteceu), mas não desisti. Me mantive em alerta quanto as atualizações em suas redes sociais.

No dia seguinte...

Acordei com uma notificação no Pear Phone: Freddie Benson confirmou presença em um evento. Mais que depressa cliquei na tal notificação. Nada mais era do que uma “confraternização entre atletas” (que iria ocorrer esse Sábado em uma boate popular de Seattle).

Eu coloquei em minha cabeça que eu iria. Mesmo não tendo idade suficiente para entrar nessa boate e mesmo não sendo convidada para o evento... Eu iria dar um jeito.

[ SÁBADO ]

Comecei a me produzir por volta das 18h. Até coloquei uma playlist animada para entrar no clima. Estava tudo nos esquemas: roupa provocante (um top vermelho e sainha preta), maquiagem provocante, cachos soltos e - o principal – a identidade falsa. Somente assim para entrar na boate.

Saí do meu quarto; desci os degraus; passei pela minha mãe – Pam – na sala de estar; e estava quase alcançando a porta quando fui interrompida por um questionamento dela:

— Aonde vai essa hora?

— Vou dormir na casa de uma amiga hoje. – menti.

Pela primeira vez, ela demonstrava se preocupar comigo. Pam, inclusive, deu uma pausa no filme que assistia na TV para me fazer uma espécie de interrogatório:

— Que amiga?

— Carly. – respondi o primeiro nome que veio à cabeça. Carly e eu não éramos amigas coisa alguma.

— Carly? – minha mãe estranhou. Eis o motivo: — Aquela patricinha, líder de torcida, que expulsou você do clube das líderes de torcida da escola?

— Essa mesma. – revirei os olhos.

— Hm. – Pam voltou a dar play em seu filme e ignorou o fato de eu ter saído ‘tão’ produzida, quase seminua, de casa.

Bem, desde o falecimento do meu pai (há 3 anos atrás), Pam não aparentava se preocupar com mais nada. A morte dele continuava sendo um tabu entre nós duas.

[***]

O relógio do meu Pear Phone marcava 19h10 quando cheguei na porta da boate. O eco do som alto e a fileira de gente disposta a ingressar naquela casa noturna me chamou bastante atenção. Somente quem tinha pulseirinha V.I.P poderia evitar àquela fila que dobrava quarteirões (o que não era o meu caso).

Sabe sei lá quanto tempo eu perdi naquela fila, EM PÉ, sem ter a certeza de que a minha identidade falsa iria dar para o gasto.

— Virginia Mallory? – checou o segurança quando entreguei minha ID falsificada. A foto da carteirinha apontava uma loira muito mais velha. Eu também poderia ter escolhido um codinome melhorzinho...

— É, eu sou modelo. – inventei, dando uma mexida nos cachos aloirados. Ganhei altura graças aos saltos. Ele me olhou da cabeça aos pés, tendo lá suas dúvidas. Apesar de mal encarado, o segurança bufou e liberou a minha entrada sem mais questionamentos.

Me senti como um peixinho fora d’ água. O ambiente era muito conturbado. Muitos jogos de luzes, um amontoado de pessoas em minha volta, bem como uma música eletrônica muito dançante me chamando para a pista. Porém, não poderia me distrair do objetivo principal: encontrar o Freddie.

Após rodar toda aquela boate, acabei avistando o moreno próximo da bancada do bar. Naquela noite o Freddie usava uma jaqueta marrom, cobrindo a sua regata branca, além de uma calça jeans justinha em seu corpo.

Presumi que ele não estivesse sozinho, afinal ele havia sido confirmado em uma confraternização de atletas. Me parecia o mais sociável e sorridente em seu grupinho de amigos.

Esperei o tempo certo para chegar nele. E o momento oportuno foi quando ele, solitário, decidiu ir pedir uma bebida ao barman. Esbarrei-me em suas costas, mas fingi não lhe dar atenção. Os meus olhos se voltaram somente para o barman, ao qual fiz um pedido:

— Oi, me prepara uma gin tônica com bastante gelo! – exigi em alto e bom tom.

— Sam? – Freddie virou-se para mim no mesmo instante. Foi cômico ver a sua reação mista de surpresa e espanto. – É você mesmo?

— Freddie!? Caramba, que coincidência! – sorri, puxando-o para um abraço momentâneo. Claro que tirei uma casquinha do seu abraço. Pude apertar o seu ombro e sentir um pouco do seu perfume amadeirado.

Para ele, ainda não havia caído a ficha de que era eu ali, pessoalmente.

— Desculpa, eu passei na sua frente? – me referi ao fato de ter feito o pedido ao barman antes dele, que estava na vez.

— N-não, tudo bem. – Freddie riu, abaixando a cabeça. – Desculpa perguntar, mas... Você tem idade para beber? Digo, tem idade para frequentar um boate como essa?

Ri, me escorando na bancada.

— Estou aqui, não estou? – falei com um ar de diversão. Quanto ao fato de beber, bem... Já havia experimentado em algumas festas. O meu primeiro ‘PT’ foi durante uma social de uma calourada de universidade (eu tinha apenas 14 anos na época!).

— É. – ele deu de ombros. Era uma incógnita. Não sabia se ele tinha gostado ou não da minha resposta afiada. – Está sozinha?

— Vim me encontrar com algumas amigas, mas elas ainda não deram as caras. – menti. – E você?

— Vim para uma confraternização.

— Oh! – fingi surpresa. – Legal! Amo confraternizações.

— Até te convidaria para se juntar comigo, mas... Você sabe. – coçou a cabeça. – É meio que exclusivo...

— Freddie, tudo bem. – o interrompi, pousando a minha mão em sua mão. - Não quero atrapalhar nada e você não me deve explicações.

Ele se sentiu meio desconfortável com o meu ato meio evasivo. O clima entre nós dois precisou ser atrapalhado com a chegada do barman e da minha taça com gin tônica.

— São 10 dólares. – avisou o barman, enquanto colocava o canudo na taça.

— Um momento... – retirei de dentro do meu top a minha carteirinha. Notei que o barman não tirava os olhos do meu busto (coisa que deixou o Benson bem incomodado).

- Humhum. – o Benson precisou ‘limpar a garganta’ para chamar a atenção do barman para ele.

— Ah, aqui está. – entreguei os 10 dólares ao barman. Sorri, virei-me pro Freddie e dei o primeiro gole de minha bebida.

— Vou querer 5 cervejas, por favor. – foi a vez do Benson fazer o pedido dele.

O barman se afastou e novamente pude flertar à vontade com o assistente do treinador Wayne.

— Você dança? – mordi a ponta do canudinho.

— Não, sou péssimo. – ele admitiu, tirando sarro de si mesmo. – Se bem que... – ele pensou alto. – Depois de muitas, muitas doses, eu tento alguns passos. Não posso garantir se isso é 'dançar'.

Gargalhei, realmente achando uma graça.

— Uma pena. Queria tanto dançar com você. – o olhei em seus olhos.

— Sam... – ele suspirou fundo e deu uma coçadinha na cabeça.

— O quê?

— Não me leva a mal, você é linda, muito linda mesmo. Mas... Mas é que não dá. Não pode acontecer isso. – ele gesticulou, fazendo um espaço entre nós. – É contra as regras, entende?

— Freddie, não estamos na escola. – pousei a taça na bancada. Ele sempre na defensiva e eu investindo alto nos ataques.

— Ainda assim! – ele lambeu os lábios, olhando em volta. Era notável o quanto ele se controlava para não fazer uma besteira. Eu adoraria desviá-lo a meu favor. – Sinto muito. Não vai acontecer nada entre nós dois. Então, te peço, não perca o seu tempo comigo. Te aconselho também a ir para casa e...

O Benson fora interrompido com a chegada das suas cervejas na bancada.

— São 25 dólares! – avisou o barman, que não estava nem aí para o papo particular entre Freddie e eu.

— Tudo bem, Freddie. Entendi o recado. – peguei o meu gin tônico, dei-lhe as costas e parti para a pista de dança.

Fiz com que ele pensasse que eu desisti de conquista-lo, mas isso estava longe de acontecer. Me mantive vibrante, dando a impressão de que fui lá apenas para me divertir um pouco.

Usei os meus dotes dançantes para atrair a atenção de todos ao meu redor, especialmente o Benson – que, naquela altura, já havia retornado ao seu grupinho de confraternização. Eu bem reparei que ele, enquanto bebia seu galão de cerveja, se via divido entre interagir com os amigos e me ver dançar. No fundo ele sabia que eu dançava especialmente para ele.

Passaria a noite toda ali, seduzindo-o com a minha dança. Uma hora ele iria ceder aos chamados dos meus quadris, assim como vinha acontecendo com uns palermas em minha volta. Eu os usava para requebrar o meu corpo durante a música ‘somethings about to go down’ – Anti Up.

E, pelo visto, consegui atingir o meu ‘alvo’. Freddie, calmamente, decidiu se aproximar de mim.

— Licença - ele fez, afastando dois ‘urubus’ da minha cola.

Devido a música alta, tivemos que manter os nossos corpos bem próximos. Somente assim para um escutar o outro.

- Isso é ridículo, Sam. Você aí se jogando para esses outros caras só para tentar me atingir? – ele murmurou para mim.

— Por que se importa? – o fitei. – Saiu da sua confraternização só pra me falar que o que estou fazendo é ‘ridículo’?

Ele arfou, se sentindo ‘vencido’ pelo cansaço.

— Vamos apenas dançar, ok? – ele sugeriu, movimentando as pernas conforme a música.

— Ok. – sorri, sugerindo novos passos de dança. – Faz o que eu faço, tá bem?

O DJ trocou a música. Agora tocava uma versão remixada de ‘Cooler Than Me’. Mexi a cabeça de um lado para o outro, além de saltitar um pouco. Em um dado momento, fiquei de costas para o Benson, permitindo encoxar o seu corpo no meu.

— Uou. – de início ele hesitou, mas não tinha razão para negar: ele também me desejava. Foi questão de tempo para que ele se encaixasse na minha dança sensual.

Finalmente o negócio começara a ficar quente entre nós dois. Freddie não estava bêbado, assim como também não estava ao ponto de sair cambaleando da boate. Estávamos alegres, "no brilho".

Virei-me para ele, já mirando os seus lábios. Ele, por ser um pouco mais alto, curvou o corpo até mim. O nosso beijo fluiu naturalmente, adorei quando ele segurou com firmeza a minha cintura, puxando-me para irmos mais fundo na nossa troca de salivas. Minha saia ficou até um pouco amarrotada com a sua pegada.

Teria que aproveitar ao máximo aquele momento, afinal não sabia se iriamos voltar a nos envolver fora da boate. Ele beijava muito bem, embora eu tenha tomado a iniciativa de guiar o ritmo dos nossos lábios. Chupou minha linguinha de um jeito que nenhum outro jamais fez. Não me arrependo de ter apostado minhas fichas nele, de longe o melhor beijo da minha vida.