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Capítulo 2: AO ATAQUE!


CAPÍTULO 2: AO ATAQUE!

PDV Sam

Enfim Freddie, o tal assistente do treinador Wayne, deu uma pequena palinha de quem ele era. Passei a dar mais atenção ao que ele falava do que, propriamente, o nosso treinador de longa data.

— Bom, turma. – ele disse, enlarguecendo um sorrisão. – Sou o Freddie, tenho 25 anos e joguei no time de handebol profissional de Seattle durante os anos de 2017 e 2018. E também fui escalado para técnico em um time sub-12 no ano passado [...]

O currículo do moreno surpreendeu bastante dois magrelos próximos a mim. Pelo visto a minha admiração pelo Benson havia acabado de ganhar concorrência, mas isso não seria problema para mim.

— Basta, Freddie – o senhor Wayne precisou intervir. Passaria facilmente o restante da tarde escutando os feitos surpreendentes de seu assistente. – Vamos ver esses jogadores entrarem em cena.

— Isso. – Freddie concordou, sem deixar o seu carisma decair. – Antes de tudo, se alonguem! Iremos formar os times em breve.

Enquanto alongava os meus braços e pescoço, mantive o olhar fixado no Benson. Ele e o treinador Wayne – que parecia anotar algumas coisas em sua prancheta – se reuniram num cantinho da quadra para discutir qual seria a dinâmica do dia.

Eu estava mais do que preparada para vencer. Queria que o Freddie me olhasse se alongar, implorei para que ele olhasse, ao menos 1 segundo corriqueiro. Eu era a mais esforçada daquela fileira. Ele veria do que eu era capaz.

[ *** ]

O treinador Wayne usou o seu apito estrondoso para chamar a nossa atenção. Ele e o Benson terminaram de montar os times.

Olhei ao redor, fazendo uma contagem mental. Éramos, ao todo, 16. Torci para não cair no mesmo time que o do Billy e de seus amigos. Minha intenção era destruí-los.

— Serão 4 times – anunciou Freddie. – Quando eu chamar os seus nomes, aproximem-se e peguem os seus coletes.

O meu coração acelerava a cada nome que saia da boca do Benson. Ao menos, aconteceu o que eu tanto queria: Billy e seus amigos (Lion, Kaio e Sebastian) caíram em um time diferente do meu. Os idiotas ficaram com o colete verde, enquanto eu e mais 3 palermas (Vince, Rick e Paul) ficamos com o colete vermelho. De brinde, ainda tive o prazer de ouvir o Benson pronunciar o meu sobrenome com total normalidade.

— Os primeiros times a se enfrentarem serão... – o treinador Wayne fez um rápido sorteio. – Time verde contra o time vermelho.

Vibrei baixinho, enquanto ia me juntar com o meu time

— Somos nós! – falei, contente. De início senti uma pequena repressão por parte deles, especialmente o Vince, que se autoconsiderava o líder da equipe vermelho.

— ‘Cê‘ sabe mesmo jogar handebol? – questionou Vince, desdenhando. Ele e os outros estavam por fora da minha reputação.

— Se eu sei? – ri, debochada.

— Sério? Ninguém vai questionar por que essa garota tá aqui no nosso time? Isso é muito injusto! – Rick cruzou os braços, insatisfeito.

— É, vamos perder feio pro Billy. – Paul cochichou entre eles, mas eu ouvi!

— Não vamos, não! – me impus, calando a boca daqueles palermas. Mal parecia que éramos um time, afinal queriam mesmo era jogar contra mim. Eles até poderiam ser mais fortes, mais altos, porém, não tinham metade da minha agilidade. – Me escutem! Você, Rick, vai ficar responsável de roubar a bola; Paul me ajuda com as finalizações e Vince, por ser o mais alto de todos, ficará no gol.

— O quê!? – Vince não gostou nada. – Eu sou o atacante! Não posso ficar no gol!

— É, loira, você chegou agora e já quer mandar no time? – Rick concordou com Vince.

Suspirei, disposta a dar uma rasteira naqueles dois cabeças-duras. Entretanto, não havia mais tempo para discussão, o treinador Wayne nos chamou para decidir qual dos dois times iria dar início a partida. No ‘zero ou um’, o time do Billy acabou levando a melhor. O próprio Billy, que estava com a posse da bola, lançou um beijinho no ar para mim.

PRIMMMM! – fez o treinador Wayne assoprando o apito. – COMEÇA!

Foi um desastre. Levamos um gol de graça por não ter ninguém para proteger a retaguarda. E, de sobra, os meninos do meu time ficaram chateados comigo. COMO SE A CULPA FOSSE TODA MINHA!

Muito bem, eu não precisava deles. ‘’EU MESMA’’ seria um time à parte. Eles iriam ver que eu tinha capacidade de jogar por 3.

Como os meninos do meu time só faziam trocar a bola entre si, optei por roubar a bola deles e partir para o ataque.

Vince ficou sem reação quando ousei tomar a bola de suas mãos e a arremessei, certeiramente, no gol.

— Ficou louca? – ele espumou, mas logo se calou. Graças a mim havíamos empatado.

Apenas joguei os meus cachos para o lado e mirei a atenção do Freddie. Poderia ser coisa da minha cabeça, tive uma leve impressão de que o moreno curtiu a minha atitude. Vi o seu olhar brilhar e esboçar um sorrisinho orgulhoso no canto de sua boca.

Bom, a partida se reiniciou. Billy vinha se aproximando para o ataque e, mais uma vez, não havia ninguém para proteger o nosso gol. Dessa vez eu, com minhas pernas largas, consegui alcança-lo e impedir que marcasse mais um ponto.

Roubei a bola de suas mãos e me dediquei ao ataque. Enquanto atravessava a outra extremidade da quadra, reparei no Rick e no Paul me pedindo para repassar a bola para eles. Apenas ri e continuei o meu percurso. Eles iriam sentir na pele como é não ter assessoria da equipe.

Foi fácil demais marcar o meu segundo ponto contra o time verde. Durante a minha comemoração, notei o Vince - de braços cruzados - no meio da quadra.

— Custava passar a bola?! – reclamou Paul.

— Custava. – dei de ombros.

Placar atual: 2x1 para o time vermelho.

Novamente, o time do Billy teria a posse da bola...

Mas não por muito tempo. Logo tratei de tomar a bola das mãos do Kaio. Ele era o mais fraco de todos, além de ser o mais lento.

Justo quando eu estava a um passo de chegar no gol dos adversários, fui atacada em cheio pelo brutamonte do Billy. Senti o impacto de sua mão atingir os meus seios ao invés da bola.

— AI! SEU FILHO DA PUTA! – berrei, soltando a bola no mesmo instante.

— Foi mal, loirinha!

— Foi mal uma ova! Fez de propósito! – murmurei.

O jogo necessitou ser interrompido pelo treinador Wayne, que se aproximou da quadra.

— Chega! – disse o treinador, massageando a própria testa. – Argh, eu sabia que isso não ia dar certo... Sam, vai já para o vestiário feminino ver se está tudo ok com você. Essa partida está encerrada!

[ *** ]

Eu estava bem. Por mais que o ataque do Billy tenha me deixado um pouco marcada, não queria demonstrar a minha fragilidade para aqueles palermas. Eles não mereciam.

Era por volta das 18h30 quando o treino acabou. Esperei pacientemente os meus ‘colegas’ partirem e o Freddie terminar a sua conversa com o técnico Wayne para que eu, no final, tivesse um momentinho a sós com o assistente.

Os segui até o estacionamento do Ridgeway. O técnico Wayne se direcionou para o seu carro velho; enquanto o Benson já ia montando em uma motoca irada.

O abordei - de surpresa - antes mesmo que ele colocasse o capacete na cabeça.

— Oi, sou a Sam. – falei, estendendo a minha mão para ele.

— É, sei quem é. – ele disse, aceitando o aperto de mãos. Sem pudor, encarei o seu sorriso perfeito e a sua boca (a poucos metros da minha). Aproveitei também para sentir o seu cheiro. Senti uma fragrância apimentada e amadeirada nele.

— Gostou do que viu? – sorri, ainda segurando a sua mão com certa firmeza.

Freddie revirou os olhos, concordando com a cabeça.

— Você é boa, menina. – disse de um jeito sincero, largando a minha mão logo em seguida.

— Boa? – franzi o cenho. Não era o bastante, mas aceitei o elogio vindo de um atleta profissional.

— Sim, vejo muito potencial em você. Embora, claro, precise melhorar a sua dinâmica em equipe. – disse fazendo uma careta engraçada.

Ele colocou o capacete, disposto a ir embora. Me mantive de frente a seu veículo, o impedindo de partir. Queria conhece-lo melhor, conversar um pouco mais.

— Pra onde vai agora? – quis saber, dando uma rápida encarada em sua moto.

— Pra casa. – riu, desconfortável. – Por quê?

— Sei lá... Quem sabe poderíamos ir para outro canto. Um lugar mais agitado, que tal? A noite está só começando.

Freddie retirou o capacete, talvez para ter certeza de que aquela conversa estava mesmo acontecendo. Ele olhou nos meus olhos, sem acreditar que eu lhe flertava na cara dura. Ele riu, envergonhado, e abaixou o olhar para a sua própria moto.

— Sam, vá pra casa. Sua família pode ficar preocupada. – me aconselhou.

— Me dá uma carona, vai. Te peço pelo menos isso.

Por um segundo, ele considerou o meu pedido. Lambeu os lábios e sacudiu a cabeça de um jeito negativo.

— Não posso. – Freddie voltou a colocar o capacete na cabeça. - Se alguém me pegar te dando carona... Rum, gosto nem de pensar nisso. A... A gente se vê por aí. Se cuida, tá?

Deu partida na moto, me driblou e partiu em altíssima velocidade. Era mais como se ele estivesse fugindo de mim.