− Eu não sei como administrar o que estou sentindo depois de saber como minha própria mãe me arremessou para a morte.

− Não foi ela... – falou num instinto em se defender. – Não fale assim porque você não sabe o que se passou!

− Eu sei o que ouvi e isso me basta! – ficou de pé e entregou o bebê a ela. – Eu vou deitar um pouco que não estou me sentindo bem!

Victória assentiu e também ficou de pé a olhando.

− Qualquer coisa que precisar é só me chamar!

Maria assentiu e saiu a deixando ali com suas expectativas, precisava resolver aqueles sentimentos sem que Maria sofresse e voltou ao quarto para pensar no que fazer, Heriberto estava deitado na cama e a olhou deixar o filho no berço e abriu os braços para que ela fosse a ele e ela foi, deitou e se aconchegou em seus braços e nada disse apenas ficaram ali meditando o que fazer...

(...)

Mais alguns dias se passaram naquela agonia, Victória queria que Heriberto fizesse o exame de DNA para tirar logo aquela duvida de sua cabeça e ele pedia que ela tivesse calma já que Maria estava em seus últimos dias de gravidez. Ele sabia que ela não conseguiria segurar a emoção se de fato ela fosse mesmo a filha deles e tinha medo por sua neta, tinha medo que tudo se complicasse e a emoção fizesse mal as duas e por isso pediu que ela esperasse até o nascimento e assim seria mais fácil fazer aquele exame que tanto os deixava perto e longe da verdade.

Ela estava impaciente, mas concordava com ele em não alterar demais sua menina e adiantar o parto mesmo que ela já estivesse próxima de dar a luz, fazia de tudo por Maria e sempre que podia a observava para encontrar nela tudo que tinha em si e de fato se via em Maria sempre. Victória foi até o convento e pediu todas as informações da chegada de Maria e inclusive os dados do casal que a resgatou, mas quando os procurou foi sem sucesso já que eles não moravam mais no mesmo lugar e ninguém sabia para onde tinham ido, era uma chance a menos de reconhecer Mayra, mas ela tinha em suas veias o DNA e esperava ansiosamente pelo dia de poder confirma que era sim sua menina.

Naquela manhã todos estavam a mesa tomando seu café para irem a seus afazeres, Maria estava mais quieta até que largou o talher sobre o prato fazendo com que todos a olhassem e ela olhou para baixo sentindo sua roupa molhar e o chão também fazendo com que todos ficassem de pé e começassem a se mover em função dela que nada falou apenas olhou todos enlouquecido em busca das coisas da pequena e dela. Maria ficou de pé e caminhou tranquilamente para o andar de cima para trocar sua roupa, não estava sentindo contração alguma e ela subiu, vestiu a roupa e logo voltou ao andar debaixo onde estavam todos parado a observando descer calmamente enquanto eles todos estavam nervosos e ansiosos pelo momento.

− O que foi?

− Meu amor... – João ia falar mais ela o interrompeu.

− Eu estou bem, só vamos para o hospital! – sorriu acariciando a barriga.

Eles confirmaram com a cabeça e as crianças ficaram com a babá e eles partiram para o hospital, mas no meio do caminho o que parecia ser calmaria para Maria se tornou um pesadelo quando as fortes contrações se apossaram de seu corpo e eles pegaram transito para chegar ao hospital deixando assim João em pânico com ela gemendo de dor e apertando o banco do carro. Victória pedia que ela respirasse fundo e segurava uma mão dela, encontraram uma viatura e Heriberto pediu que eles abrissem caminho para eles e assim conseguiram chegar rapidamente ao hospital, agradeceram e ela foi levada para dentro.

João foi rapidamente preparado já que a filha estava com pressa de deixar o ventre de sua mãe e ele segurou a mão de seu amor enquanto ela fazia força a medida que a medica pedia e em dez minutos o choro estridente da pequena foi ouvido e ela foi colocada no peito de Maria que chorou emocionada beijando a cabecinha dela assim como João que não conseguia controlar sua emoção. Era o momento mais importante de suas vidas e eles se beijaram muito ouvindo o chorinho de sua bebê que era como musica para seus ouvidos, sem duvida não havia sensação de felicidade melhor que aquela e na sala de espera Heriberto já tinha providenciado tudo para que fosse colhido o material dos três para o exame, a ansiedade estava estampada nos olhos de Victória e ele a abraçou sentindo o mesmo com ela. A tortura estava prestes a terminar.

(...)

TRÊS MESES DEPOIS...

Victória guardou aquele exame sem abrir durante três meses, três dos quais Maria precisou para se recuperar completamente do parto e agora ela estava ali finalmente com ele nas mãos e seu coração estava acelerado. Era sua ultima tentativa de resgate daquele passado e se ela não fosse a sua menina iria por fim deixar que ela descansasse em paz, ela caminhou saindo do quarto e desceu onde Heriberto já estava com Maria e João, ele achou importante que o filho estivesse naquele momento em que tudo se explicaria e para amparar Maria para o bem ou para o mal daquele resultado.

− Agora podem dizer o que está se passando? – Maria perguntou curiosa.

Victória sentou frente a eles dois e olhou seu amor que também sentou passando segurança a ela que logo voltou seus olhos a eles dois.

− Acho que João deve ter contato pra você um pouco de nossa historia. – Maria assentiu em confirmação. – Mas não deve ter contato tudo e por isso, hoje eu quero contá-la a você! – mordeu o lábio nervosa.

− Maria, nós queremos que vocês nos ouça antes que possamos abrir esse envelope! – apontou para a mão de Victória.

− Vocês estão me assustando... – olhou João que deduziu o que poderia ser.

− É o que eu estou pensando? – falou com o coração já começando a bater num ritmo acelerado.

− Achamos que sim, mas não temos a certeza! – ele respondeu por Victória que estava com me até de manter seus olhos em Maria e principalmente de seu julgamento. – Não abrimos o envelope porque queríamos fazer isso na frente de vocês!

Maria se sentia perdida ali no meio deles e voltou seus olhos a Victória que deu um longo suspiro querendo terminar logo com aquela tortura.

− Eu e Heriberto tivemos um começo maravilhoso que logo foi interrompido pela maldade e o desejo insano de Leonela por ele, eu estava grávida quando descobri que Heriberto tinha me traído com ela... – era difícil relembrar e ele suspirou com pesar. – Eu disse a ele que tinha perdido o bebê, mas não foi assim. Eu tive uma gravidez tranquila até o dia do parto e foi ali que minha tortura começou quando descobri que minha menina tinha morrido...

− E sempre soube que era um menino, Leonela me fez acreditar por anos que tinha perdido um filho!! – ele completou a fala dela.

− Mas não foi assim, eu sempre acreditei que minha filha estava morta até que a prima de Heriberto retornou e virou nossa vida pelo avesso, insinuando, tramando contra nós dois até que revelou que tinha joga... – naquele momento a voz falhou e ela sentiu medo do olhar de Maria. – Que ela tinha jogado a nossa filha da ponte no rio...

Naquele momento aquela historia fez sentido e Maria que até então não entendia o porquê de eles estarem revelado aquela historia para ela fez todo o sentido, estava ali diante de uma situação em que entendeu que naquele envelope poderia conter o restante dos fatos e ela com desespero pegou o envelope das mãos de Victória que ficou de pé nervosa assim como Heriberto.

− Vocês querem dizer que podem ser os meus pais?

− Sim! – Victória falou com lágrimas nos olhos e o queixo tremeu.

Maria também encheu seus olhos de lágrimas e com as mãos tremulas de desespero rasgou o envelope pegando o papel de dentro, seus olhos passaram por aquelas linhas e ela virou a outra pagina, não entendia nada até que chegou às letras garrafais e os olhos deixando que seus olhos transbordassem aquele resultado...

− O que diz? – a voz saiu em suplica.

− Vocês... Vocês são os meus pais... – a voz saiu com dor e ela largou o que tinha na mão e saiu correndo dali para o desespero de Victória...