Naquela tarde, ela estava sentada em sua cadeira e rabiscava em um papel, Maria bateu na porta e depois que recebeu a permissão entrou. Victória deu um meio sorriso para ela e apontou a cadeira para ela sentasse, mas ela não sentou.

− O que aconteceu?

Maria moveu as mãos nervosa e disse:

− Aconteceu uma coisa...

− O que? – se preocupou. – Aconteceu algo com meus filhos ou Heriberto? – ficou de pé.

− Não, calma! – foi até ela. – É comigo... – segurou em suas mãos. – E-eu estou grávida!

Victória arregalou os olhos com aquela noticia e nem soube o que dizer naqueles segundos em que ficou presa no olhar desesperado de Maria e ela deixou as lágrimas rolarem por seu rosto por não obter nem se quer uma reação positiva de Victória.

− Grávida? – falou por fim.

− Eu sei que temos um contrato e que nele me proibia engravidar, mas aconteceu e eu nem sei como...

− Sabe sim como! – a cortou.

− Victória, eu sei que não tem justificativa, mas eu não quero perder meu emprego e nem sei como contar a João! – estava desesperada e passou a mão no rosto mais as lágrimas não cessavam.

− Primeiro fique calma ou vai fazer mal ao bebê! – segurou as mãos dela. – Segundo que João vai ficar enlouquecido com essa noticia! – sorriu por fim.

− Você acha? Ele está tão triste nos últimos meses que não sei se é uma boa ideia! – suspirou.

− Meu amor, um filho é sempre uma boa ideia! – a levou para o sofá e sentou. – Já foi ao medico?

− Não, eu acabei de descobrir e a primeira pessoa com quem eu vim falar foi você!

− Fico feliz de saber que confia em mim a esse ponto! – sorriu mais ainda. – Eu sou sua chefe e também sua sogra, porque João é um filho pra mim. – falou com orgulho. – E seus pais como vão reagir?

Maria abaixou a cabeça e disse:

− Você sabe que eu não tenho pais... – a olhou.

Victória sentiu um nó na garganta.

− Me desculpe por ser inconveniente! – tinha se esquecido daquele detalhe.

− Tudo bem, são muitas modelos para que se lembre de tudo! – sorriu fraco. – Você me ajuda a contar a ele?

Victória sorriu com aquele pedido e disse:

− Vamos jantar em minha casa hoje e você conta a ele!

Maria abriu o mais lindo dos sorrisos e sem pensar duas vezes a abraçou forte, era bom saber que tinha total apoio dela naquele momento e que não ficaria sem emprego, Victória a segurou em seus braços e a apertou, ela tinha o dom de revirar suas emoções e sorriu ali em seus braços, somente por aquele lindo nome já a amava e tinha tantas ilusões de cuidar dela como se de fato fosse a sua menina. Maria ficou ali mais alguns minutos com ela e logo saiu para ensaiar e Victória se recostou no sofá, tocou sua barriga e respirou fundo a casa ficaria cheia de crianças e isso era maravilhoso, depois ligou para casa e pediu que fosse feito um jantar maravilho e logo voltou ao trabalho.

(...)

MAIS TARDE...

Victória chegou um pouco mais cedo em casa para supervisionar o jantar e quando entregou suas coisas para a empregada a notou um tanto estranha e ao perguntar o que se passava ela apenas apontou para o escritório e Victória não pensou duas vezes em ir até lá. Quando entrou no escritório encontrou um Heriberto embriagado e com os olhos inchados pelo choro, olhou ao redor e viu que não tinha bebido apenas a garrafa que estava em sua mão, ela caminhou até ele e arrancou a garrafa de sua mão e abaixou o som que estava alto.

− Victória... – a voz saiu embargada.

− Por que está bebendo assim? – foi rude. – Eu te deixei um monte de mensagem no seu celular!

Ele respirou fundo e olhou o celular na mesinha ao lado e logo voltou seus olhos para ela.

− Eu não vi! – passou a mão no rosto.

− Eu percebo que não! – se afastou e deixou a garrafa no lugar. – Trate de curar essa bebedeira porque temos um jantar com nossos filhos hoje! – o olhou sentindo muita raiva daquela situação.

− Os resultados saíram!!

Ela sentiu seu corpo tremer, mas não iria se deixar abater como ele estava fazendo a dois meses e rapidamente disse:

− A nossa filha está morta e esta na hora de deixá-la descansar em paz! – foi firme. – Ela sempre esteve morta e somente agora descobrimos a verdade e eu não quero mais falar nesse assunto!

− Victória, você precisa saber...

− Já chega Heriberto! – gritou. – Você está se entregando a depressão e se culpando por um fato que não é sua culpa, você foi tão vitima quanto eu, nossos filhos e nossa filha! – passou a mão no cabelo. – Você esta assustando nossos filhos com essa sua atitude e acho que está na hora de começar um tratamento mais rigoroso porque eu não aceito perder você novamente e pra uma doença como essa!

Heriberto deixou que mais lágrimas rolassem por seu rosto e ficou de pé como pode e ela rapidamente se aproximou e o segurou em seus braços para que ele não fosse ao chão.

− Você é o homem que eu amo e eu não vou deixar que se perca!

− Eu te amo! – a olhou com o rosto banhado de lágrimas. – Mas eu não sei se consigo...

Ela limpou o rosto dele e disse com certeza.

− Você consegue! Você tem tudo que precisa pra seguir em frente e nossa pequena Maria está nos protegendo lá do céu.

− Victória...

− Eu não quero ouvir o que eu já sei! – beijou o rosto dele. – eu vou te levar para tomar um banho e descansar enquanto não chega ninguém!

Ela caminhou com um pouco de dificuldade, mas o levou para o quarto e o ajudou no banho, pediu um café forte e depois que ele tomou, deitou e ela ficou ali agarrada nele até que dormiu. Victória ligou para a médica que estava tratando da família e contou o que se passada com seu amor e marcou uma consulta para o dia seguinte e logo o deixou descansar e desceu, as crianças chegaram e ela os ajudou no banho e a risada era sempre maravilhosa com os dois.

João também logo chegou e Victória estava radiante com a noticia de que seria "avó" e o encheu de beijos e logo o mandou para o banho também, não contou de Heriberto e seguiu para o quarto para se arrumar também. Quando faltaram apenas alguns minutos para o jantar, ela viu Heriberto despertar e ele respirou fundo.

− Tem condições de estar no jantar? – estava sentada em sua penteadeira.

Ele a olhou e sentou.

− Só preciso de um banho! – a voz saiu rouca.

− Tem duas aspirinas ai do seu lado para que tome! – estava seria e queria que com aquela atitude ele entendesse que o caminho da bebida era o pior.

Ele tomou o remédio e foi para o banho, demorou poucos minutos e quando saiu ela já não estava mais no quarto, se vestiu e mesmo que se sentisse um trapo humano ele desceu e encontrou a todos na sala, cumprimentou a todos e de imediato João sentiu o cheiro de bebida nele e olhou para Victória que apenas respirou fundo. As crianças vieram para cima dele e o encheram de beijos e ele apenas recebeu aquele amor que era dele, Enrico que era sempre o mais encrenqueiro naquele momento só deu carinho a Heriberto.

− Eu já ia te buscar culioso! – falou rindo. – To cum fome!

− Eu também papai! – Joyce sorriu acariciando os cabelos dele.

− Então vamos jantar! – falou com calma e eles comemoraram e desceram do colo dele e correram para a mesa.

Eles também ficaram de pé e caminharam para a mesa, João foi ao lado de Victória e falou somente para que ela ouvisse:

− Ele estava bebendo de novo?

Victória o encarou e elevou uma sobrancelha.

− Como assim de novo? – parou deixando que os demais fossem na frente.

− Eu o encontrei no escritório esses dias e estava bêbado!

Victória respirou fundo e segurou sua mão.

− Seu pai precisa muito de nós dois, mas esse não é assunto para hoje! – beijou no rosto. – Amanhã conversamos sobre isso!

João assentiu e eles caminharam para a mesa, Victória não iria estragar aquele momento e depois de todos sentados a mesa, Maria olhou para ela que sorriu deixando que ela conduzisse aquele jantar. Maria deixou que o jantar fosse servido e quando a sobremesa foi servida ela fez com que todos esperassem e olhou para seu amor que estava a seu lado.

− Amor, eu quero que saiba que não foi planejado, mas aconteceu e eu estou tão feliz! – falava com um lindo sorriso no rosto. – Meu amor por você é tão grande que vai bater fora do peito em alguns meses.

João sentiu seu corpo todo tremer e antes que conseguisse falar alguma coisa, abriu e fechou a boca por duas vezes e olhou para Victória e logo para o pai, sorriu maravilhado e voltou seus olhos para seu amor.

− Você vai me dar um filho? – ela assentiu. – É serio isso?

− É meu amor! – colocou a mão dele sobre sua barriga. – Você não está bravo?

Ele gargalhou e ficou de pé a puxando para seus braços e a beijou todo apaixonado.

− Ecaaaaaa. – Enrico gritou. – Ta babando Joce. – comia seu doce e ela riu os olhando.

− Ecaaaaa. – riu mais ainda dividindo do seu com ele.

Victória gargalhou com o jeito deles dois e ficou também de pé e foi até eles quando se soltaram e os abraçou toda boba com aquela noticia. Heriberto também estava feliz pelos dois e os abraços emocionado deixando que suas lágrimas rolassem por seu rosto.

− Parabéns meus filhos! – secou as lágrimas.

− Obrigada papai! – o beijou e disse em seu ouvido. – É a hora de seguir em frente e deixar o passado para trás, ser feliz com o que temos e você vai conseguir porque eu estou aqui a seu lado e sempre vou estar porque eu te amo! – o olhou nos olhos e Heriberto sorriu em meio a suas lágrimas.

− Vamos conseguir! – ele disse com calma e olhou para Victória que sorriu para ele. – Eu amo muito vocês! – o abraço foi coletivo e eles deixaram o momento cheio de cor porque era assim que a vida tinha que ser dali em diante para que todos ficassem bem...