Era dez da manhã quando o celular de Heriberto tocou e ele recebeu a noticia de que o resultado estava pronto e eles se encaminharam para o hospital, três corações e um único desespero pela verdade. João pediu que entregasse o resultado em suas mãos e ali estava de frente ao envelope que mudaria sua vida, olhou para os dois e depois rasgou o envelope, abriu o papel e leu apenas o final e seus olhos encheram se de lágrimas.

− Meu filho... – Heriberto falou com desespero.

João abriu o outro resultado e deixou que as lágrimas rolassem por seu rosto, era tudo uma grande mentira só podia ser e ele olhou para os dois.

− Eu... Eu não sou filho de nenhum de vocês dois!!!

Nem Victória e nem Heriberto entenderam aquilo e os dois pegaram os resultados de suas mãos, cada um com um papel e depois de ler o final se olharam e olharam para João, como assim ele não era filho de nenhum deles? Até onde tinha ido à maldade de Leonela para ter Heriberto a seu lado? Eles estavam sem saber o que falar para João que só fez chorar como uma criança. Heriberto o puxou para seus braços e o agarrou beijando onde conseguiu e ele soluçou seu choro agarrado a ele.

Victória também se aproximou dele e o beijou no braço acariciando seus cabelos e sentiu uma angustia tão forte que nem sabia como explicar, ele estava sofrendo e era como se fosse dela aquele sofrimento, tinha chorado tanto tempo por um bebê que aparentemente estava vivo e ela não sabia onde que conseguia entender a dor dele. João tinha vivido uma vida inteira enganado e agora resultava que ele não era filho de ninguém, se afastou de Heriberto e secou o rosto, precisava saber quem eram seus pais e somente uma pessoa poderia lhe dizer a verdade e sem palavras saírem de sua boca ele caminhou para a saída.

Heriberto sabia perfeitamente aonde ele iria e sem pensar muito segurou a mão de seu amor e saíram atrás dele, ele não iria permitir que João fosse sozinho, entraram no carro e saíram em disparada para a casa de Leonela. Um caminho silencioso e aterrorizante para João que parecia nunca chegar, ele respirava pesado com as mãos geladas e o choro preso em sua garganta. Victória o olhava a todo o momento querendo passar sua força a ele, mas era quase impossível já que em seu interior sentia que aquele encontro acabaria pior do que ela poderia imaginar.

Quando chegaram na frente da casa dela, João autorizou a entrada do carro e Heriberto entrou, João basicamente pulou do carro e correu para a porta e entrou com tudo já gritando por Leonela que ao ouvir saiu assustada do escritório e o encarou. João sentiu todo seu corpo tremer não conseguia acreditar que sua mãe era um monstro e que o tinha roubado de sua verdadeira família, ela o olhava e pode sentir naquele momento seu estomago doer quando viu Heriberto e Victória passando pela porta.

− O que essa maldita mulher esta fazendo aqui?

− Aqui quem faz as perguntas somos nós!!! – ele praticamente berrou a fazendo arregalar os olhos. – Que tipo de monstro eu tive como mãe a minha vida inteira?

− O que eles colocaram na sua cabeça? – se aproximou dele para tocá-lo, mas ele a segurou pelos braços.

− Não me toque!!! – a apertou. – Quem são meus pais? Quem?

Leonela que já tinha os olhos arregalados pelo modo como ele a tinha pegado, congelou e seu rosto empalideceu com aquela pergunta, João tinha a esperança de que fosse mentira mais com aquela expressão dela ele teve certeza que os resultados eram verdadeiros.

− O que está dizendo? – falou por fim. – O que esses desgraçados falaram pra você?

− Eu não quero mais mentiras!!! – a soltou. – Eu já sei de tudo!!

Leonela passou as mãos no cabelo e depois acariciou os punhos onde ele havia segurado e respirou pesado, sua mentira tinha por fim sido descoberta e ela encheu os olhos de lágrimas e olhou para Victória.

− Mais uma vez você quer me tirar tudo!! – foi para avançar nela, mas ele a segurou e Heriberto também entrou na frente dela de imediato.

− Se tem alguém aqui que me tirou tudo foi você!! – Victória gritou com ela. – Você, maldita invejosa!!!

− Heriberto sempre foi meu!!! – gritou.

João não estava ali para ouvir mais uma vez aquela historia, ele estava ali para descobrir quem eram seus pais e ele a empurrou de encontro a parede a segurando e ela o encarou sentindo o impacto.

− Quem são meus pais? – gritou com ela deixando a veia de seu pescoço saltada. – Chega de historia, eu quero a verdade.

− Eu sou sua mãe, eu e é isso o que importa!!! – gritou deixando que as lágrimas banhassem seu rosto. – Eu que te embalou quando você chorou, quando sentiu dor. Eu sou a sua única mãe!!! – o segurou pela camisa. – Nenhuma família iria cuidar de você como eu e sei pai cuidamos!!!

− Você é Deus pra decidir e manipular a vida das pessoas?

− Eu sou a sua mãe!!! – falou com desespero.

− Você não é!!! – gritou com ela.

Heriberto se aproximou e o tirou de cima dela ou ele acabaria a machucando e ele não queria que o filho carregasse aquele peso em suas costas, João bufava e deixou que as lágrimas rolassem por seu rosto, estava desesperado com aquela realidade que se desenhava em sua vida e olhar Leonela o feria mais ainda.

− Quem são meus pais? – gritou mais uma vez.

− Ela morreu, morreu e eu cuidei de você... – ajoelhou no chão com as mãos a frente do corpo. – Você era tão pequeno, indefeso e precisava de mim e eu precisava de você!!!

Victória levou à mão a boca e se aproximou dos dois para dar sua força, a força que não tinha, mas estava ali para eles.

− Quando meu bebê nasceu teve complicações para respirar e a mulher que dividia o quarto comigo, também teve e eu... Eu troquei os bebês e fiquei com você, você ia precisar de um lar e eu precisava de um bebê pra manter meu casamento...

Era difícil conter o choro e Heriberto a olhou e foi a ela a fazendo levantar e olhar em seus olhos.

− Você também não me deixou chorar por meu filho? – gritou com ela e Victória sentiu as palavras dele. – Me privou de chorar a morte de meu filho... – a chacoalhou. – Maldita infeliz!!!

− Você chorou quando eu te dei os sapatinhos dizendo que eram do filho de Victória!!! – foi cruel. – Você merecia por não me amar!!! – o empurrou.

− Você é um monstro!!! – a soltou ou seria capaz de fazer uma loucura.

Leonela não queria saber da dor dele, era a dela que estava ali ardendo naquele momento e ela foi até João e ajoelhou em seus pés agarrando suas pernas.

− Eu só queria que você tivesse um lar e eu te dei um... – o olhou. – Você é o meu filho, meu!!!!

João olhou para o teto sem conseguir controlar suas lágrimas e com muito custo se afastou dela que chorou ainda mais pesado por sua rejeição.

− Você é um monstro que brincou com a vida de todos aqui!!! – a olhava dentro dos olhos. – Eu tenho pena da minha irmã por carregar o seu sangue.

− Não tenha pena dela por que... – olhou Heriberto. – Ela também não é minha filha!!!!