− Você também não me deixou chorar por meu filho? – gritou com ela e Victória sentiu as palavras dele. – Me privou de chorar a morte de meu filho... – a chacoalhou. – Maldita infeliz!!!

− Você chorou quando eu te dei os sapatinhos dizendo que eram do filho de Victória!!! – foi cruel. – Você merecia por não me amar!!! – o empurrou.

− Você é um monstro!!! – a soltou ou seria capaz de fazer uma loucura.

Leonela não queria saber da dor dele, era a dela que estava ali ardendo naquele momento e ela foi até João e ajoelhou em seus pés agarrando suas pernas.

− Eu só queria que você tivesse um lar e eu te dei um... – o olhou. – Você é o meu filho, meu!!!!

João olhou para o teto sem conseguir controlar suas lágrimas e com muito custo se afastou dela que chorou ainda mais pesado por sua rejeição.

− Você é um monstro que brincou com a vida de todos aqui!!! – a olhava dentro dos olhos. – Eu tenho pena da minha irmã por carregar o seu sangue.

− Não tenha pena dela por que... – olhou Heriberto. – Ela também não é minha filha!!!!

Horror era o que se via nos olhares daquela sala, não podia ser possível tanta maldade em uma única pessoa, Leonela tinha jogado com a vida de todos ali e pior ainda, tinha roubado duas crianças, duas e não era somente isso que ela tinha guardado dentro de si. Anos de maldade estava ali pesando sobre sua cabeça e ela não tinha mais nada a perder, não tinha nada e nem ninguém, o amor de seu filho tinha perdido ali naquele momento e ela apenas iria ferir a todos.

− Joyce foi um erro e eu me arrependo de um dia ter colocado essa menina aqui dentro!!! – era tanto ódio na voz que dava medo.

− Ela é uma criança!!! – Victória não agüentou ouvi-la.

− Ela é um estorvo em nossas vidas!!! – a olhou com ódio também. – Assim como você!!! – tornou a ficar de pé.

− Eu não tenho culpa se sua vida não foi como você quis!!!

− Não foi porque você sempre esteve no meio de tudo!!! – rosnou. – Eu vi Heriberto primeiro e você como a boa bisca que era o roubou de mim!!!

− Eu não o roubei de você!! – se defendeu. – Nos apaixonamos e você nunca aceitou isso!!! – falou com pesar agora entendendo muita coisa. – Você é uma pessoa doente e precisa se tratar!!!

− E você precisa sumir do mundo!!!

Heriberto ainda não tinha absorvido as palavras dela, tinha dois filhos, dois que ele tinha criado e dado todo seu amor e que na verdade não eram seus, ou melhor, eram sim, mas não tinham seu sangue como ele pensou toda uma vida. Sua pequena Joyce o seu amor de menina não era seu sangue, o peito subiu e desceu e ele deu um grito avançando em Leonela e a enforcou, não precisou de muito para que ela perdesse o ar e se debatesse com as duas mãos dele em seu pescoço enquanto Victória e João tentavam a todo custo tirá-lo de cima dela, sabiam que não iria precisar de muitos segundos para que ele tirasse a vida dela e Victória gritou com ele.

− Pense em seus filhos, Heriberto, eles precisam de você e matá-la ira te tirar tudo.

− Pai, por favor!!! – João implorou e Heriberto o olhou soltando seus dedos do pescoço dela que caiu no chão tossindo muito. – Ela não merece a morte!!! – negou com a cabeça.

Heriberto chorou e o puxou para seus braços.

− Meu filho, você é meu filho!!!

− Vamos embora daqui!!! – ele pediu sofrido não querendo mais ver a cara de Leonela.

Leonela puxava o ar sentindo a garganta arder e como conseguiu disse:

− Você nunca vai conseguir ser feliz... – olhava para Heriberto. – Eu só fui uma parte desse plano, mas em suas costas sempre vai ter o peso da morte de sua filha... – tossiu. – A sua pequena Maria, morreu por você nunca ter olhos para outra pessoa alem de Victória.

Victória tremeu seu corpo inteiro a olhando, ela sabia até o nome de sua filha, ela também deveria saber o que tinha acontecido com sua pequena.

− O que você sabe, maldita?! – se controlava para não ser ela a avançar em seu pescoço.

− Eu não tenho mais nada a perder mesmo!!! – falava com dificuldade. – Mayra pagou o medico para me entregar a sua filha, mas eu fui fraca e recuei depois que a tive em meus braços, era tão pequena e tão linda que ainda consigo ver aqueles pequenos olhinhos tão cheios de vida...

Era como se facas tivessem entrando no coração de Victória que teve que ser segurada por João para não avançar nela que se arrastou para trás, mas no fundo gostava de ver como ela sofria por suas palavras.

− Eu esperava o meu bebê, estava no fim da gestação e eu não tive coragem de terminar o "serviço" e Mayra a levou, levou e a matou.

− Mentirosa!!! – gritou desesperada. – Você é uma maldita que tem o prazer de me fazer sofrer!!!

− Mayra a matou!!! – gritou. – A morte dessa criança é culpa de Heriberto que nunca deu uma chance a ela e ele nunca vai ser feliz a seu lado porque sempre que o olhar vai ver que as mulheres que o amaram fizeram de tudo para que você fosse infeliz.

− Eu odeio você!!! – se debateu. – Odeio sua mladita existência!!!

− Eu não tenho nada mais a perder!!! – ficou de pé e saiu correndo dali para o escritório.

Victória chorou pesado e Heriberto se aproximou tocando o rosto dela, era tudo culpa dele, todos sofriam somente por sua culpa.

− Meu amor, fique calma por nosso bebê!!! – pediu sabendo que era uma coisa impossível.

Victória estava desesperada em saber que a filha continuava morta, em menos de 24 horas a tinha recuperado e a perdido novamente, era um destino cruel demais para ela que sentiu suas forças diminuírem e antes de tudo ficar escuro para ela um tiro foi ouvido... Heriberto e João se olharam e ele segurava Victória ainda em seus braços e Heriberto correu para o escritório de onde havia ouvido o tiro e ao chegar encontrou Leonela em uma possa de sangue.

Heriberto correu até ela que o olhou ajoelhar a seu lado e tentar parar o sangramento, um tiro que era pra ser no coração com o impacto pegou em seu pescoço e ela se afogava em seu próprio sangue, mas antes que fosse tarde demais ela disse em um sussurro.

− Foi por amor... – foi o único que conseguiu dizer e pra ela tudo ficou negro...

− Maldita não pode morrer assim!!! – ele rosnou sentando ao lado dela com as mãos cheias de sangue. – A morte é pouco pra você!!! – chorou por aquele triste fim...