− Boa tarde senhora Victória. – falou assim que ouviu a voz dela.

− Quem fala? – não reconheceu a voz.

− Sou o investigador que Oscar contratou, ele me passou seu contato já que não conseguiria falar com a senhora no momento.

Victória sentiu o coração disparar e olhou para Heriberto.

− O que aconteceu? – falou logo.

− Tenho noticias sobre o caso da senhora e preciso que nos encontremos para conversar.

− Claro que sim. – falou afoita. – Mas pode me adiantar algo?

Ele pensou por um momento na linha e disse:

− Pelo que descobri a primeira filha da senhora pode estar viva... – e Victória ficou branca no mesmo momento...

Como assim a filha estava viva? Respirou pesado sentindo que o ar faltava e Heriberto no mesmo momento tirou o telefone de suas mãos e a acudiu deitando na cama.

− Senhora Victória? – o homem no telefone chamou sem obter resposta.

Heriberto colocou o telefone ouvido e disse:

− Seja o que tenha falado para minha mulher não deveria ter dito por telefone! – e sem mais desligou e tocou o rosto dela. – Respira pelo amor de Deus, respira!!! – falou com desespero.

Victória sentiu tudo doer e com um grito de desespero seu ar saiu junto a seu choro e ele a amparou em seus braços preocupado por ela e pelo bebê que estava em sua barriga e que ela quase não tinha pensado naquele dia com tudo que tinha feito. Victória se agarrou a ele e com o pouco ar que tinha disse:

− E-ela... – respirou fundo quase se engasgando com o choro.

Heriberto a olhou nos olhos e segurou seu rosto e disse firme.

− Seja lá o que você tenha pra me dizer, você vai se acalmar ou vamos ter sérios problemas. – foi firme e levantou pegando um copo com água para ela.

Victória mal conseguia segurar o copo e ele a ajudou a beber com calma para não engasgar e ela respirou engolindo o choro ou não conseguiria resolver nada nervosa daquele jeito. Era uma noticia tão forte que ela precisava mesmo ter calma, mas como ter calma quando se trata de um filho? Ela não podia e não conseguia, mas precisava para não fazer mal a seu bebê que era tão pequeno ainda em seu ventre. Olhou Heriberto e bebeu mais um gole da água antes de dizer:

− A nossa filha, Heriberto... – respirou mais uma vez. – Ele disse que a nossa filha pode estar viva!!! – os olhos se inundaram novamente.

Heriberto sentou na cama as palavras dela o atingiram como um tiro e ele a olhou sentindo então o desespero dela, recordou também as palavras de Mayra e as mãos tremeram. A filha que ele nunca velou, a filha que ele nunca chorou sofre a pequena tumba, a filha que foi mais dela todos aqueles anos do que foi para ele, a filha poderia estar viva... Os ossos das costas doeram e ele sentiu o nó em sua garganta.

− Victória...

− Heriberto... Eu não quero que você me diga que não pode ser, que isso e que aquilo... – soluçou. – Se existe a mínima possibilidade dela estar viva, eu quero saber!!! – ele segurou a mão dela.

− Eu não vou dizer para não fazer ou para não ir atrás. – foi verdadeiro. – É a nossa filha!!

− Mayra sabe, Mayra sabe de tudo Heriberto e você não acreditou quando estávamos lá. – era uma clara cobrança.

− Victória, ela poderia muito bem estar jogando com nossos sentimentos... – ele levantou a mão quando ela iria interrompê-lo. – Eu não estou dizendo que é mentira e que você não tem razão, mas eu precisava que você saísse de lá para o seu bem e para o bem do nosso bebê que cresce ai na sua barriga e você parece não se importar!!! – foi rude.

− Não fale do que não sabe!!! – mudou sua postura. – Você não sabe tudo que eu passei para chegar até aqui!!!

− Não sei por que você nunca quis se abrir comigo!!! – ele sabia que não era o melhor caminho para aquela conversa. – Eu não vou brigar com você, porque eu sei da minha culpa e da cruz que eu carrego. – respirou fundo. – O que quero que você entenda é que você saiu de casa sozinha hoje para bater em Mayra e se ela te machucasse ou até machucasse o nosso bebê? Como você se sentiria?

Ela abaixou a cabeça sabendo que ele tinha razão, não tinha se preocupado, ou melhor, achava estar segura, mas poderia não ser assim, voltou seus olhos a ele e disse com mais calma.

− Me perdoe por isso, mas não pelo resto. – pegou o celular. – Vou pedir para que o investigador venha aqui para que possamos conversar!!!

Ele apenas assentiu e ela ligou para o numero que estava registrado em seu aparelho e marcaram para de noite, Heriberto desceu e fez algo para que ela comece e Victória tomou um longo banho de banheira para ver se relaxasse, mas em sua mente só vinham os momentos depois do parto em que se desesperou por saber que sua filha estava morta. Levou a mão ao rosto e deixou que mais lágrimas rolassem por seu rosto, Heriberto não estava diferente sentado na cama, ele chorava ouvindo o soluçar dela, mas não conseguia ir até ela a dor que sentia era tão grande que não conseguia nem se mover e estava longe de terminar e ali eles ficaram sofrendo por um longo tempo...

(...)

NOITE...

Os dois estavam ansiosos pela chegada de Oscar juntamente com o investigador Julio, tinha colocado as crianças para dormir e João com Maria foi namorar. Quando a campainha tocou, ela mesma foi atender e os levou a sala sentando ao lado de Heriberto que já tinha a advertido sobre as emoções, mas aparentemente tudo estava bem e ela não estava sentindo nada de dor ou algo do tipo o que o deixou mais tranquilo.

− Me desculpe a grosseria no telefone. – Heriberto se desculpou assim que tocou a mão de Julio.

− Eu que me desculpo pela forma como falei. – deu um meio sorriso.

− Como descobriu sobre ela... Sobre Maria? – revelou por fim o nome da filha e Heriberto a olhou sem conseguir evitar.

− Foi um mês de investigação sem parar, a senhora é bem exigente então eu trabalhei quase que dia e noite até chegar ao hospital em que a senhora deu a luz e lá puxei todas as informações e descobri que na época em que ela nasceu havia um trafico de bebês... – Victória apertou a mão de Heriberto. – O hospital foi fechado e muitas informações foram perdidas e eu pensei que não conseguiria achar mais nada e comecei a buscar as pessoas que lá trabalharam e uma delas me revelou que ganhou um bom dinheiro para trocar seu bebê por um morto.

Victória já estava em lágrimas e Heriberto a amparava tentando ser forte, mas a cada nova palavra ele se destruía ainda mais por não estar ao lado dela quando ela mais precisou dele, isso ele nunca se perdoaria... Nem o nome da filha ele sabia até aquele momento. Eram pequenos detalhes que ele tinha perdido por covardia, ou melhor, por sua traição que ele nem se quer lembrava direito.

− Eu sei que são muitas informações. – ele continuou já que eles não disseram nada. – Mas não termina ai. – olhava os dois com a mirada firme para que não pensassem que ele estava ali jogando com os sentimentos deles. – Essa mulher trocou sua filha por uma morta e a entregou a uma mulher...

− Que mulher? Ela disse? – Victória o interrompeu nervosa querendo logo saber onde sua filha estava.

Ele olhou para Heriberto e disse:

− A sua esposa... Leonela Montenegro!!!