Victória já estava em lágrimas e Heriberto a amparava tentando ser forte, mas a cada nova palavra ele se destruía ainda mais por não estar ao lado dela quando ela mais precisou dele, isso ele nunca se perdoaria... Nem o nome da filha ele sabia até aquele momento. Eram pequenos detalhes que ele tinha perdido por covardia, ou melhor, por sua traição que ele nem se quer lembrava direito.

− Eu sei que são muitas informações. – ele continuou já que eles não disseram nada. – Mas não termina ai. – olhava os dois com a mirada firme para que não pensassem que ele estava ali jogando com os sentimentos deles. – Essa mulher trocou sua filha por uma morta e a entregou a uma mulher...

− Que mulher? Ela disse? – Victória o interrompeu nervosa querendo logo saber onde sua filha estava.

Ele olhou para Heriberto e disse:

− A sua esposa... Leonela Montenegro!!!

Era o choque tomando conta dos dois, era o choque tomando mais Heriberto que Victória naquele momento, ele levantou sentindo o ar faltar e passou a mão no rosto e logo nos cabelos, estava sem saber como reagir ou como pensar. Ele tinha passado a vida inteira ao lado de uma mulher que era um monstro e agora tudo fazia sentido quando nas brigas ela sempre deixava algo escapar ou falava em códigos para que ele não entendesse, era uma maldita víbora que tinha estado ao lado dele apenas para destruir sua vida e sua felicidade e ela tinha conseguido, tinha conseguido tudo que se propôs para que ele não fosse feliz.

Victória o olhava sem conseguir se levantar para ir até ele, ali conseguia ver todo o seu sofrimento de uma vida, Leonela tinha destruído tudo a seu redor inclusive o amor puro que eles tinham tido no passado e agora estavam ali colhendo os frutos podres que a maldita tinha plantado e semeado entre eles. Heriberto não era de um todo culpado, mas a tinha traído e agora ela descobria que sua filha tinha sido roubada por aquela maldita e eles corriam o risco de não saber onde a sua menina estava e se estava mesmo viva, ele precisou daquele momento de silencio até que se virou para Julio e disse:

− A chance de não ser uma menina? – cogitou aquela possibilidade pensando em seu filho. – A chance de ser um menino?

Victória estava com o coração acelerado e questionou.

− O que isso tem a ver?

Os olhos dele foram aos dela.

− Tem tudo!!! – foi rude. – Eu quero saber se a essa possibilidade. – voltou seus olhos ao investigador.

− A mulher com quem falou garantiu que era uma menina!!! – abriu um pequeno caderno. – Quer que eu investigue algo?

− Quero que investigue se a uma mínima possibilidade que tenha sido um menino!!! – estava bem nervoso e era possível ver como ele bufava.

− O que está duvidando? Eu tive uma menina, todas as ultra deram que era uma menina!!! – ficou de pé.

− Aparelhos falham e se ela pegou sua filha... – usou um termo que ela não gostou mais ele estava tão nervoso e magoado que nem percebeu que poderia magoá-la. – Pode ter manipulado todo o resto!!

− Ela é nossa filha!!! – encheu os olhos de lágrimas.

− Foi mais sua que minha, Victória, eu nem se quer sabia o nome dela até agora!!! – demonstrou toda sua chateação.

Oscar assim como Julio se olharam entendendo que a conversa iria por um outro caminho que não era bom eles ouvirem.

− Você precisam apenas focar em Leonela agora e não nos problemas que vocês tem do passado!!! – Oscar foi firme e Heriberto o encarou.

− Você tem toda razão!!! – passou a mão no cabelo novamente mostrando seu grau de nervosismo. – Quero que a levem presa, a quero na cadeia e Mayra também!! – foi firme.

− Quem é essa outra mulher? – o investigador anotava tudo.

− Uma prima minha que nos revelou algumas coisas e que pode saber onde essa cri... Onde nossa filha esta!!

− Farei isso o mais rápido possível para que não percamos as duas de vista!!! – olhou.

− Eu vou até a delegacia prestar a queixa contra elas e logo vocês também serão intimados. – Oscar completou.

− O mais rápido que você puder!!! – Heriberto respirou fundo.

Victória não tinha dito se quer mais nenhuma palavra apenas “mastigava” as palavras dele e continha as lágrimas para não chorar na frente dos três homens, Heriberto os levou até a porta depois que se despediram e ele voltou a sala e a encarou. Ela o olhou e por fim deixou as lágrimas rolarem por seu rosto, era magoa dos dois lados e parecia que naquele cenário construído eles não conseguiriam viver juntos, achavam ter superado mais ali estava os dois na primeira dificuldade jogando um na cara do outro seus sentimentos.

− É assim que vamos resolver nossos problemas? – ela disse por fim.

− Uma vida inteira você os resolveu me acusando de tudo sem se quer me deixar falar e quer que agora seja diferente? – estava muito magoado.

− Eu tinha meus motivos e você me traiu!!! – jogou na cara dele.

− E mais uma vez a vida me joga na cara a merda que eu fiz, eu só escolhi errado Victória e a prova esta que a mãe dos meus filhos é uma maldita sequestradora que roubou o nosso filho!!! – estava se sentindo sufocado e sabia que não era momento para dizer tudo que sentia ou aquela relação que estavam começando não teria futuro. – Eu preciso sair daqui...

− Aonde vai? – as mãos tremiam.

− Pra qualquer lugar que não me faça brigar com você!!! – e sem mais se virou saindo dali e a deixando em prantos ao sentar no sofá, tudo estava fora do lugar e mesmo eles tentando ajustar as coisas estavam dando errado.

Heriberto saiu em seu carro e foi direto para o bar de um conhecido seu, não ia beber apenas queria pensar e com sua cabeça fervilhando ligou para o filho e pediu que ele o encontrasse e João percebendo a voz que ele tinha, apenas levou Maria para casa e foi ao encontro de seu pai. Heriberto sabia que revelar o que se passava e pensava a seu filho podia mover toda sua vida, mas ele não podia ocultar e assim que João chegou, eles se abraçaram forte.

− O que aconteceu pai? – falou ainda no abraço.

− Meu filho, preciso falar uma coisa muito seria com você!!! – o soltou e sentou junto a ele.

− Pode falar!!! – já estava começando a ficar nervoso.

− Eu preciso que façamos um exame de DNA!!!

João arregalou os olhos no mesmo momento e seu coração disparou.

− Por quê? Você não é meu pai? – a voz até falhou e ele tocou o rosto de seu filho.

− Eu sei que o que vou te dizer vai te chocar, mas eu preciso desse exame pra saber se você pode ser meu filho com Victória...

− O que?!