Jon pediu pela manhã um café nos aposentos principais com tudo de melhor que o Norte poderia oferecer. Naquele quarto cujo qual não se sentia digno de estar ali, pois havia sido de seu pai e jamais, como bastardo se imaginara ficando hospedado naquele lugar, porém agora era o rei, e para sua esposa, deveria dar o mais fino que poderia. Ela ainda dormia em seus braços e sentiu-se completo de amor. Ela deitada em seu peito, com os cabelos espalhados pelo seu corpo. Haviam feito amor naquela madrugada, pois Dany o acordou para que o fizesse, com muita paixão. Ele sonolento, viu sua silhueta entre a penumbra e sua voz doce lhe chamando pelo nome. Ele a amou com toda doçura do mundo mais de uma vez, amava seus beijos, seus carinhos e seus gemidos. na cumplicidade do quarto, pudera imaginar o que sentira seu pai por sua esposa, um dia. Sabia o quanto ele amara a esposa, e o quanto ela deveria amá-lo para aceitar ver o marido trazê-lo bebê para casa. Sua casa.

Por mais que houvesse se negado a aceitar por tantos anos, Winterfell era seu lar. Sabia que era um passado que não lhe cabia mais, porém ainda era o lugar onde teve que aprender a viver só, sem uma mãe que pudesse lhe cuidar e lhe amar, porém via o amor de sua esposa pelos filhos, e isso lhe aquecia o coração, pois sabia que jamais eles viveriam sem esse amor.

— Bom dia, meu amor. - Disse Dany se aninhando mais ao abraço dele. - Tive um sonho tão bom.

— Verdade? - Perguntou Jon. - Como ele foi?

— Lindo. - Ela fechou os olhos em encanto. - Eu vi nossos filhos crescidos e amados por todo o reino. Os vi montando dragões, era perfeito. Você estava ao meu lado, e tudo estava bem.

— Vamos lutar para que tudo permaneça assim. - Jon a beijou. - Agora, nós vamos comer e depois desceremos para um passeio por Winterfell.

— Vou adorar conhecer o lugar, se sua irmã permitir.

— Ela só está sendo como todos os nortenhos, são.

— Inconvenientes? - Ela riu.

— Não, pois assim, eu seria inconveniente. - Ele a viu sair nua da cama e ficou apoiado nos cotovelos, vendo o caminhar daquela deusa.

— Mas você não nasceu aqui, certo? - Disse ela comendo um pedaço do pão.

— Não sei ao certo onde nasci. - Ele ficou um pouco mais sério. - Meu pai nunca falou muito sobre.

— Entendo. - Ela puxou o café para perto da cama e sentou ao lado do marido. - Eu sinto muito, não queria te chatear.

— Sabe que não tem problema. - Ele sorriu quando ela colocou uma mão em seu rosto. - Sei que ele deve ter amado muito minha mãe, pois pegar um filho e trazer para a esposa grávida, isso seria demais para qualquer um.

— Mas pense que seu pai te amou, e é isso que importa. - Acariciou os cabelos dele. - Ouvi falar de seu pai, soube que era um bom homem. As vezes penso se ele sabia o que Robert queria fazer comigo.

— Posso lhe dizer, Dany, ele era contra qualquer coisa assim, jamais ele permitiria que fizesse algo com você. - Ele segurou e beijou as mãos da esposa. - Queria que ele tivesse tido tempo para te conhecer e saber a mulher incrível que é.

— Eu o amo, Jon. - Beijou-o. - Mas duvido que seu pai aceitaria meu reinado.

— Teria, você é uma Targaryen e ele sabe que tem o direito a seu trono. Meu pai teria lhe pedido o Norte, isso certamente, porém nunca recusado seu reinado, isso não.

— O Norte você sabe que continuará com sua Lady, porém eu não renunciarei essa parte do nosso território. E se algo acontecer comigo, saiba…

— Dany… - Jon a interrompeu.

— Saiba, que o Norte pertence a nossa sucessão e cabe aos seus filhos decidirem.

— Não teremos essa conversa. Você voltará comigo para casa, assim como eu com você.

— Temos que estar sempre preparados para tudo.

O passeio a sós com o marido havia sido agradável. Cada parte do território dos Starks, cada vale, cada moinho, valia a pena de ser visto. Era uma paisagem branca incrível. Certamente seus filhos amariam aquele lugar um dia, já que tinham tanta paixão pelo gelo.

Desmontaram ao chegar na floresta sagrada. A grande árvore de cara, com suas folhas vermelhas como o sangue, emolduravam o silêncio. De mãos dadas, andaram para perto dela e sentaram próximos ao grande tronco.

— É um lugar lindo, sem dúvidas. - Ela o abraçou com ternura.

— Meu pai gostava de vir aqui para fazer suas preces aos antigos deuses. - Ele mantinha um olhar distante. - Deuses aos quais jurei minha guarda e minha vida. Deuses dos quais ouço falar desde que me entendo por gente.

— Porque me diz isso, meu amor? - Quis saber Dany, e Jon virou-se para olhá-la nos olhos. Entrelaçou seus dedos aos dela e apertou firme suas mãos. O amor que sentia por ela era tamanho, que podia sentir o calor que emanava mesmo no frio da floresta.

— Queria pedir aos deuses que nos deixassem voltar para nossa família, nossos filhos. E farei de tudo, pedirei a todos eles se for preciso, para que saiamos daqui para sermos felizes e te fazer feliz pelo resto de nossas vidas.

— Jon, façamos a promessa então a frente dos velhos deuses. - Ela olhou para a grande árvore. - Eles estão aqui antes de nós, de nossos pais e avós. Que toda a força de suas raízes recaiam sobre nós e possamos ser as raízes que filtram o bem, o amor e a justiça. Eles não foram os deuses de meus avós e meus pais, porém no nosso mundo que surgirá, eles serão para muitas pessoas o porto seguro de suas preces. Que possamos voltar para nossa casa e nunca mais nos separar. Nunca mais. - Dany pegou as mãos do marido e as apertou, pedindo pelo desejo mais profundo do coração. - Não há nada que não consigamos sem o desejo de fazer acontecer.

— Eu te amo, sabia disso? E que os deuses saibam, que irei até o inferno por você, todos os dias se necessário. - Ele disse com tanta verdade, que a emoção tomou conta do coração de ambos.

— Sabia, e eu também vou até o fim do mundo para nunca mais te perder de novo. Não há mais espaço para vivermos separados. Se eu pudesse ter te encontrado antes… - Ele a beijou e nada mais precisou ser dito naquele momento. Era suficiente, bastava o amor verdadeiro.