Os sinos de winterfell tocavam na madrugada e vozes alvoroçavam o lugar e os corredores, os passos assustavam aos primeiros sinais de descontrole e ordens aos homens, através dos guardas. Ele levantou e protegeu Dany com medo de que algo estivesse no quarto. Quando percebeu que nada havia, levantou depressa.

Ela, ainda sonolenta o olhou e percebeu o que acontecia. Nada precisava ser dito, algo estava prestes a vir e sabiam o que era que os atacava. Eles estavam chegando.

Daenerys colocou sua roupa imediatamente, esperando que o ataque, seja lá qual fosse, estivesse já acontecendo e que fosse tarde demais. Jon ia arrumando a armadura e pegando a espada para amarrá-la na cintura.

Quando chegaram ao salão principal, Arya estava em pé empertigada como um gato, atenta a movimentação que via pela janela, Sansa chegou logo em seguida e eles tentavam entender o que estava acontecendo.

— Um corvo da patrulha chegou não faz muito tempo, nosso Maister foi acordado para recebê-lo. Eles atravessaram. - Sansa disse para o irmão.

— E a maldita magia da muralha? - Disse Jon atordoado, como era possível que eles houvessem transpassado?

— O Rei da Noite conseguiu o Berrante de Joramun. As muralhas ruíram o suficiente. - A cara de decepção, demonstrava o sentimento do coração que ele mesmo trazia. Porém sabia desde sempre que o exército do Rei da Noite arranjaria uma forma de vir até eles, e agora era mais concreto que nunca.

— Mande um corvo o mais depressa possível a Lorde Tyrion Lannister, protetor de trono do Reino de Westeros e do Reino de Essos. - Ordenou Jon ao Maister da Casa Stark que estava ali entre eles. - Avise de que estamos em uma eminência de guerra.

— Sim, Majestade. - O homem saiu às pressas.

Tyrion andava até a sala dos intendentes para falar com Maister Alystan, havia chego uma carta do Rei e da Rainha e ao que parecia, notícias sérias caminhavam do Norte, até eles. Tinha a antecipação da preocupação com os sobrinhos, com o reino e com Jon e Daenerys. Não era de se esperar que as coisas melhorassem. O jovem Jon Snow parecia estar certo desde o início. White Walkers não eram uma lenda maluca de velhas amas. Estavam em guerra e em uma guerra onde valia tudo ou nada.

Ao longe Rhaella seguia o tio que havia deixado o momento de brincadeira com ela e o irmão, no jardim para falar com Maister de seus pais. Ela se esgueirava pelas pedras e pelas vozes do castelo. Ned seguia logo atrás dizendo que não deveriam estar ali bisbilhotando o que o tio estava fazendo e tentava com todos os argumentos, dissuadí-la a voltar para o jardim.

— Não voltarei, Ned. Nem pensar e pare de falar na minha cabeça, imediatamente. - Disse ela sussurrando pela enésima vez ao irmão.

— Não podemos ficar ouvindo as conversas de nosso tio dessa forma, é errado. - Disse Ned acusadoramente. - Papai e mamãe não aprovariam isso.

— Papai e mamãe não estão aqui para me castigar, afinal. - Disse ela com petulância. - Eu ouvi quando falaram sobre Winterfell e sei que é lá que nossos pais estão. Você tem o nome de um Lorde Stark de Winterfell, ao menos deveria estar interessado em saber o que se passa lá.

— E você tem o nome de uma rainha Targaryen, deveria se portar como uma. - Disse o irmão já irritado com sua teimosia. Rhaella sempre ouvia o tio comentar como Ned falava como um nortenho resmungão quando queria.

— Não comece com isso ou te beliscarei com força. - Rhaella estava irritada, porém continuava a seguir Tyrion.

— Não vai fazê-lo, pois meu tio lhe colocará de castigo e não mais saberá de nossos pais e nem o que estão fazendo, é realmente isso que quer? - Ela pareceu hesitar por um segundo, pois o olhou com a mesma carinha que fazia quando caíra nas palavras do irmão, convencida de algo. - Vamos voltar a brincar, Rhaella.

— Não, pode fazer e falar o que quiser. - Ela se recostou na porta da sala e pôs-se a ouvir.

Tyrion estava preocupado com os dois, as notícias na nota não eram animadoras em nada, precisava iniciar uma tomada de decisões para com os filhos, mas sequer sabia por onde começar.

— Winterfell ao menos está bem abastecida? - Ele quis saber com o Maister.

— Fizemos todo o possível para abastecer do que necessitassem. Nossos homens foram armados e treinados como o senhor bem sabe e mantimentos foram levados de todas as partes do reino. Realmente o trabalho que o senhor tem feito nestes anos, Vossa Graça, tem surtido resultados frutíferos.

— É meu dever para com o reino de meus pequenos sobrinhos, se eu não o fizer, nada o fará no momento. - Sorriu ao lembrar das crianças.

— Quanto a eles, Vossa Graça, deveria dizer do comportamento de Lady Rhaella em suas aulas. A menina insiste em perguntar sobre a guerra e sobre o que os pais podem estar fazendo. Ned permanece sempre compenetrado nos estudos, porém a irmã é demasiadamente curiosa pelos assuntos dos pais.

— Ambos lidam com o mesmo problema, Maister, a falta dos pais. Não seria Ned diferente de Rhaella, apenas tem o sangue dos nortenhos. Percebo muitas vezes pela maneira que fala com a irmã e ele nunca esteve naquele lugar, e exceto pelo pai, nunca conviveu com sua gente, porém fala como um e age como um. Rhaella é a cópia impetuosa da mãe e não admite ser contrariada e ignorada. Algo que o irmão possui nas palavras, é o que algumas vezes consegue refreá-la. Acredite em mim, Sir, ficará cada vez mais difícil controlar sua curiosidade por tudo o que acontece ao seu redor. E espere, em breve, atitudes imprevisíveis.

— Sinceramente, eu espero que ela fique só na curiosidade, Sir. - Tyrion duvidava que a sobrinha, a qualquer momento, não pudesse se mostrar surpreendente.

Rhaella levantou da cama, logo após a saída do tio, que vinha vê-los toda noite antes de dormir. Sabia que o irmão já estava dormindo profundamente, pois o ouvia ressonar. Bem devagar, levantou-se e foi até seu baú para abrí-lo com muito cuidado. Pegou várias mudas de roupa e colocou em sua bolsa de passeio. Escondeu-a debaixo de sua cama e depois, fez o mesmo com o baú do irmão, abrindo-o e guardando algumas peças na bolsa dele. Guardou junto com a sua e logo colocou-se debaixo das cobertas para dormir, deitou pensando no que estava prestes a fazer. Era o certo, quisesse o irmão ou não admitir.