Sansa estava no portão de entrada com seus homens, vendo a casa rolante do rei e da rainha se aproximando cada vez mais. Se pôs imponente diante da comitiva da rainha. Mal conhecia a mulher e sua história, porém sabia que era a nova rainha e nunca tentou contra o Norte. Certamente poderia, sendo casada com um Stark reconhecido, porém nos quase seis anos de casamento dos dois, nunca aconteceu nada que pudesse ameaçá-la. Felizmente Jon entendia que de não adiantaria invadir aquela que fora sua casa. Ali havia uma filha de Ned Stark e por mais que ele fosse um, ela sim era a legítima.

A casa rolante parou em sua frente. Jon desceu primeiro para ajudar a esposa a sair. Ela sorriu amavelmente para o marido, e depois um leve sorriso para Sansa. Realmente Daenerys era muito bonita, e percebia o irmão apaixonado por ela. Imediatamente ouviram um estrondo no céu. Todos os nortenhos presentes se assustaram com os gritos e as manchas negras que irrompiam o acinzentado manto de nuvens, acima, passando com uma velocidade impressionante.

Dois gigantes dragões vieram com sua mãe. Nunca aqueles homens haviam visto algo igual.

— Não é preciso ter medo. Eles estão aqui para nos ajudar. - Disse Dany. - Olá, Lady Sansa. - Cumprimentou Dany à sua cunhada.

— Minha rainha. - Sansa fez uma reverência polida. - Espero que nossa casa esteja a altura de Vossas Altezas.

— Temos certeza que estará, minha irmã. - Disse Jon abraçando-a. - Como está?

— Bem, Jon. Tudo bem. - Disse ela um pouco sem graça.

— Já pedi para que o quarto de nosso pai fosse preparado para vocês, por favor. - Pediu para que entrassem. - Caso esteja disposta, Vossa Graça, amanhã poderemos conhecer melhor Winterfell.

— Seria uma honra para mim, Lady Sansa. - Ela tentou parecer o mais agradável possível, sabia que ali era um lugar literalmente frio para ela.

— Bom, deixe-me mostrar o caminho. As refeições faremos em família se nos permitirem, sim?

— Claro, seria ótimo conhecer a família de meu marido.

— Todos estão aqui, Sansa? - Jon perguntou pelos irmãos.

— Sim. Arya, voltou para nós, Rickon e Bran estão por aqui. Ele vive na Floresta, perto da Árvore dos velhos deuses.

— Imagino que sim, ele agora possui dons especiais.

— Não faz sentido, Jon. Ele diz que pode nos ajudar a derrotar o Rei da Noite.

— O que posso dizer? Toda ajuda é bem-vinda.

— Estamos aqui para dar todo o apoio que pudermos, Lady Sansa. Jon quando chegou a mim, me fez entender a gravidade da situação.

— E acabou casado com Vossa Graça. - Disse com uma pitada de petulância.

— Sansa! - Advertiu a irmã sobre comentários.

— Sei o que pensa, Lady Sansa. Porém saiba que se não vim em busca de Winterfell até agora, é porque sei que ele faz parte do reino que me pertence e que a senhora me respeita como rainha. Isso já acontecia antes de Jon aparecer, porém agora, somos uma família.

— Vossa Graça, sinta-se a vontade para pensar como quiser. - Sansa apenas disse, deixando no ar que não era exatamente o que concordava.

— Sansa, por favor, agradeço a companhia, porém vou acompanhar minha senhora para um descanso, a viagem foi longa, e nossa conversa, o suficiente. - Jon disse logo ao perceber o clima que Sansa criara. Dany sentou-se exausta na cama, um pouco desconfortável com a situação que havia acontecido.

— Não era minha intenção criar esse tipo de tensão. - Olhou para o marido com um olhar triste.

— Não se desculpe. - Ele disse contrariado. - Sansa deveria se manter quieta, essa é que é a verdade. Precisamos focar no que viemos fazer aqui, sim?

— Eu sei meu bem, estou tentando manter o foco no que viemos fazer, e é isso que no fim das contas, nos importa. O bem maior.

— Obrigado por estar aqui, sabe que isso significa demais para mim, não sabe? - Jon juntou as duas mãos da esposa e as beijou. Ela beijou de volta as dele.

— Eu sei que sim, meu amor. Fizemos muito um pelo outro pela nossa felicidade, esse é o maior presente que alguém pode ter. - Se deixou conduzir para a cama até que Jon pudesse pedir o banho deles. - Sinto falta deles. - Disse sentindo o coração se apertar.

— Eu também, meu amor. - Ele a abraçou e sorriu com carinho ao lembrar dos filhos, ao lembrar de suas preciosidades.

— Espero que estejam bem e não deixando o Tyrion louco desvairado. - Eles riram, lembraram de como Tyrion ficava tonto quando os filhos resolviam tirar o dia para estar atrás dele. Sempre arrancavam cenas divertidas. Sempre soube que os filhos haviam pego carinho especial por ele desde o primeiro contato, e ele pelas crianças.

— Tenho certeza que se ele quisesse ter sido um pai, teria se saído muito bem.

— Não é não querer. Ele sempre achou que a vida seria cruel com quem ele era. Tyrion tem um bom coração, porém muito machucado e perdido nas própria tristezas.

— Sei como é criar uma armadura em volta de si. - Ele suspirou. - Mas elas não duram para sempre. - Olhou para Dany e beijou-a.

— Creio que ele tenha encontrado quem lhe derrubasse as armaduras, assim como você encontrou. - Ela o beijou. - E que também derrubou suas calças, roupas em geral.

— Essas foram partes interessantes. - Eles riram muito na cumplicidade daquele quarto. Era bom saber que poderia contar com a mulher mais maravilhosa do mundo, pois ela o via com seus defeitos e virtudes. Ela era nada menos que maravilhosa e tentava demonstrar todos os dias, e o tentaria enquanto vivesse.

Sentia-se um estranho naquele lugar quem um dia fora sua casa, porém com sua esposa, sentia que pertencia a algum lugar melhor no mundo, um lugar que era totalmente estranho para tantas pessoas. Notou sua sorte. Nem todos podiam desfrutar do que ele sentia, nem todos podiam por algo que valia a pena lutar.

Tomaram um banho assim que foi pronto, ficaram abraçados aproveitando apenas o momento de estarem juntos, pois cada um era precioso. Assim pensavam, o amor era precioso como a vida. Ele a ajudava a se banhar no silêncio da noite. Mais tarde deitaram-se cobertos pelas peles que aqueciam-os do frio. Do futuro nada sabiam, mas o presente entendiam que era preciso viver intensamente.