Jacob.

-Como estão as coisas?

Encaro Paul, ele me olha com atenção, aguardando minha resposta. Suspiro.

-Uma grande bagunça, eu acho. Sinceramente, sinto que estou no olho do furacão e não tem pra onde correr. -respondo. Ele assente.

-Sam não causou mais nenhuma confusão? -questiona, sorrio sem humor.

-Não e tenho certeza de que isso tem dedo seu. -acuso, ele dá de ombros.

-Era o mínimo que eu podia fazer, colocar algum juízo naquelas cabeças. -fala como se não fosse nada. -Pra falar a verdade, eu achei mesmo que algo assim fosse acontecer. A sua ideia de manter as duas matilhas e coexistirmos era ótima e eu queria que tivesse dado certo, porém, havia muita coisa entre você e Sam para que isso fosse possível.

-Eu tentei Paul, tentei de verdade. Você sabe que eu nunca quis ser alfa, foi uma necessidade naquela época e aparentemente, agora também. Apesar de não concordar, eu nunca quis tirar o lugar de Sam, eu reconheço que ele foi muito bom pra nós e pra Reserva nos primeiros anos, eu o achava um grande líder, a escolha certa, é uma pena que não seja mais assim. -desabafei. -Infelizmente, ele me levou ao limite.

-Sei que tentou Jacob, não é culpa sua que Sam esteja tão perdido. Tenho que admitir, tem sido cansativo tentar fazê-lo voltar ao eixo. -falou Paul, demonstrando exaustão.

-Você tem sido o verdadeiro líder da sua matilha. -comentei, ele fez uma careta.

-Assumi essa responsabilidade achando que tudo se resolveria logo, que eu estava apenas dando um alívio para Sam se reencontrar. -falou, encarando a paisagem.

-Você foi um excelente amigo, Paul. -elogiei, ele sorriu cabisbaixo.

Ficamos alguns minutos em silêncio, olhando para o nada. Então ele se virou para mim.

-Já pensou no que vai fazer? -questionou.

-A pergunta de milhões. -falei irônico, Paul continuou aguardando paciente. Respirei fundo. -É muito feio admitir que não parei para refletir sobre isso nem um minuto? -perguntei amargo. Paul abriu um sorriso afetuoso.

-Não, imagino que o duelo com o imprinting tenha dominado totalmente sua cabeça. -respondeu. Foi minha vez de fazer careta. -Você já viu como ficamos quando sofremos um imprinting, por algum tempo somos totalmente dominados por isso. Você está lutando contra algo exatamente forte, é claro que isso vai tomá-lo por completo.

-Não sei se rio ou se choro com essa sua resposta. -falei sincero, Paul riu. -Tenho me sentido sufocado. -admiti, encarando o chão.

-É por isso que te encontramos dormindo no corredor? -provocou.

-Não conseguia decidir, meu velho quarto tinha a presença de Leah e o novo… de Renesmee. -falei envergonhado. Paul ficou surpreso com a informação inesperada.

-Devo perguntar sobre isso?

-Renesmee? -perguntei, ele confirmou. -Ela é uma monstrinha, enganou Charlie para que a trouxesse até a Reserva e não pudesse ser expulsa. -resmunguei, fazendo Paul gargalhar.

-Ela te encurralou direitinho. -zombou ele.

-Ela deu sorte de não ter encontrado a Leah. -falei irritado. Paul parou de rir.

-Isso teria sido um desastre. -concordou.

-Desastre? Teríamos a 3° guerra mundial com os Cullen!

-Não dúvido da capacidade de Leah de matar ninguém, porém, será que ela conseguiria? Todos sabem que é proibido atacar o imprinting de alguém, talvez isso teria parado Leah. -divagou Paul.

-Não acho que uma regra de qualquer natureza seria capaz de parar Leah. -respondi.

-Não estou falando da regra em si, mas talvez houve uma força sobrenatural que a impedisse, entende? -presseguiu.

-Como a força do imprinting, que é totalmente incontrolável… bom, é uma possibilidade, mas não gostaria de testar essa teoria. -falei, Paul assentiu concordando.

[…]

Leah.

Não pude esconder minha surpresa quando abri a porta de casa e encontrei Rachel do outro lado. Ela imediatamente abriu um sorriso caloroso para mim.

-Podemos conversar? -perguntou. Assenti e abri espaço pra ela entrar.

Rachel me seguiu até a cozinha e aguardou pacientemente enquanto eu preparava uma pink lemonade.

-Você quer a sua com ou sem álcool? -perguntei.

-Como álcool, por favor. -respondeu. Olhei o relógio.

-Você sabe que ainda são duas da tarde né? -questionei. Ela riu.

-Está bem bem tarde pra quem andou tomando espumante no café da manhã. -falou ela, me fazendo rir.

-Surpreendente, dona Rachel. -brinquei.

Terminei de preparar nossas bebidas e fomos nos sentar na varanda dos fundos.

-Então, o que aconteceu com a lua de mel? Você finalmente cansou do Paul? -perguntei, Rachel arregalou os olhos.

-Meu Deus, Leah, que horror! -reclamou. Dei de ombros.

-Nunca se sabe. -provoquei, ela balançou a cabeça em negação.

-Estou aqui principalmente pelo Jacob, mas também por você. -respondeu, a encarei confusa. Ela sorriu docemente. -Meu irmão estava se afundando, eu precisava vir ajudá-lo. E isso inclui você, sei que também está sofrendo e eu me importo com você, pensei que pudesse lhe trazer algum consolo. -explicou, assenti.

-Não estou surpresa que você tenha encurtado sua lua de mel pra trazer ordem pra esse lugar, embora, se você me perguntasse, eu diria pra não fazer isso. E sinceramente, obrigada por vir checar se eu estou bem, sei que a sua prioridade é ficar ao lado do seu irmão…

-Eu vou apoiar o Jacob, em qualquer situação. Mas vou estar aqui pra você também, Leah. Você já passou por tanta coisa, quero vê-la feliz também, seja com meu irmão ou não. Independente de sermos cunhadas, eu gosto verdadeiramente de você. -falou.

Olhei pra frente, de repente a paisagem me pareceu muito interessante. Suspirei.

-Me sinto uma idiota. -confessei e senti seu olhar sobre mim. Prossegui. -Eu fico aqui sentada, esperando o Jacob decidir se me quer ou não. Eu jurei nunca mais ficar nessa posição, não depois do que aconteceu com Sam. Mas veja onde eu estou agora, exatamente como anos atrás, quando assisti Sam se apaixonando por Emily bem na minha frente.

Uma lágrima idiota escapou dos meus olhos e correu por meu rosto. Funguei me sentindo patética.

-Eu sinto muito. -lamentou Rachel, lhe dei um sorriso triste em resposta e ela segurou minha mão. -Não sei como foi com Sam e não sei qual será o final dessa história, mas saiba que Jacob está lutando, por você, por vocês dois! Não vim aqui para defende-lo ou fazer propaganda, mas saiba que ele também não quer que isso aconteça.

-Até que ponto ele é capaz de lutar? Será que não é uma batalha perdida? -questionei amarga. Fechei meus olhos. -Sei que ele está se esforçando, mas será que não estamos apenas postergando o inevitável? As vezes é melhor simplesmente puxar o band-aid de uma vez.

-Entendo seu medo, mas, se quer minha opinião, não acho que lutar pelo que se quer e principalmente, lutar pelo amor, mesmo quando o resultado não é o desejado, seja em vão. Pelo contrário, é um ato de pura benevolência. -objetou ela e eu me agarrei com todas as forças em suas palavras.

Ficamos alguns minutos em silêncio. Então a olhei.

-Como ele está, Rache? -perguntei receosa.

-Parece uma criança perdida. -respondeu. -O encontramos dormindo no chão do corredor quando chegamos lá. -acrescentou.

-Sei bem como é a sensação de estarmos sufocando mentalmente. -falei, ela assentiu triste.

-Sei que deve ser difícil, mas acho que seria muito bom vocês estarem mais próximos. -sugeriu, fiz uma careta.

-Tem sido estranho, as poucas vezes que nos vimos ou nos falamos desde o imprinting. O corpo dele está presente, mas o restante não, pelo menos não por inteiro. -reclamei. -Sei lá, ficar ao lado dele parece deixá-lo em agonia e me afastar também causa o mesmo efeito, não sei o que fazer.

-E, claro, tem os seus sentimentos também. Você não quer estar com alguém dividido, principalmente depois do que viveu. -disse Rachel, sabiamente, concordei.

-Sim, mas se ignorarmos o efeito Sam na minha vida, pensarmos apenas na minha história com Jacob: eu já o tive inteiramente para mim, não consigo aceitar apenas migalhas agora. -confessei.

-E você não está errada, Leah. Todo mundo quer um amor que seja só seu, ter a sorte de um amor pleno. -falou ela. -Jacob passou anos recebendo migalhas de Bella, toda essa situação o está matando por dentro. -acrescentou ela.

-Não vou ser hipócrita, quero que ele me escolha, quero com todas as minhas forças. Mas eu quero que isso acabe, Rachel. -falei cansada. Rachel afagou meus cabelos.

-Por favor, Deus, que tudo acabe bem. -suplicou Rachel, encarando o céu.