Leah.

Ele estava sentado na areia fitando as ondas quebrando na praia. Não soube dizer se ele não havia percebido minha presença ou se estava apenas me dando espaço para decidir se me aproximava ou não. Calmamente forcei meus pés a irem até ele, afinal, eu tinha ido até lá para encontrá-lo. Quando parei ao seu lado, ele continuou olhando para o horizonte, então me juntei a ele na areia.

-Bom dia. -saudou.

-Bom dia, Jake. -respondi o mais calorosa possível, ele abriu um pequeno sorriso.

-Posso perguntar o que te traz aqui a essa hora da manhã? -questionou, dei de ombros.

-Passarinhos me contaram que você andou adquirindo hábitos madrugadores andando pela floresta ou na praia. -brinquei, ele bufou.

-Bando de fofoqueiros! -reclamou, me fazendo rir baixinho.

Jacob se virou para mim, me olhando intensamente.

-Você queria conversar? -perguntou cauteloso, assenti.

-Queria ver como você estava, principalmente. -expliquei, ele respirou fundo.

-Bom, eu sei que te manteram informada sobre tudo, mas vamos lá. Eu estou um caco, não consigo dormir, não consigo ficar quieto em lugar nenhum. -respondeu amargo. Jacob cravou seus olhos de volta no mar. -Você disse que estaria comigo, mas você sumiu, Leah. Sei que precisava de espaço e eu dei isso a você, mas você simplesmente não me procurou mais. -acusou, me encolhi, abraçando meus joelhos.

-Eu queria que você tivesse espaço para pensar e tomar uma decisão sem que houvesse interferências, ao menos não dá minha parte. -me defendi, ele voltou a me encarar.

-Que ideia de merda. -resmungou. -Achei que queria que eu a escolhesse!

-E eu quero, Jacob, mas quero que essa escolha seja limpa e verdadeira. -retruquei.

-O outro lado não está pensando assim. -apunhalou ele, me fazendo recuar.

-Eu não tô nem aí pra porra nenhuma que aquela sanguessuga mirim tá fazendo. Se você escolher ela, problema de vocês. Mas EU, Leah, quero ser escolhida não por jogar sujo, mas pelo que nós construímos. -exclamei. Então me levantei. -Espero que você deixe de ser idiota e comece a pensar direito sobre tudo isso.

Jacob riu.

-E se eu não pensar direito? -desafiou, o rosto retorcido. -Tudo o que tenho feito nos últimos dias é pensar, querendo ou não, e Deus sabe que já não me resta muita sanidade. -desabafou.

-Lamento Jacob, mas isso só quem pode resolver é você. -respondi tristemente.

Ele então se levantou, ficando de frente pra mim. Nos encaramos, nossos olhos travaram uma batalha silenciosa. Então senti seus dedos puxando meus cabelos e sua boca atacou a minha. Meu corpo se colou ao dele, nossas curvas se completando, me lembrando do quanto éramos perfeitos juntos. Senti as costas musculosas de Jacob em meus dedos e cravei minhas unhas em sua pele, o arranhando, enquanto minha língua parecia lutar com a dele. Quando interrompemos o beijo para respirar, Jacob não se afastou, apenas encostou sua testa na minha.

-Sinto sua falta, Lee. -falou baixinho, de olhos fechados, acariciando meu cabelo.

-Também sinto sua falta, Jake. -admiti.

-Desculpe pelo que eu falei. -pediu, seus olhos agora fixos nos meus. Acariciei sua bochecha e ele virou o rosto para beijar minha mão.

-Sei que te abandonei, mas eu não consigo ficar ao seu lado, sabendo que não te tenho por inteiro. -falei, ele assentiu.

Ficamos abraçados, apenas absorvendo a presença um do outro.

-Não quero te machucar, Leah. -disse ele, depois de um tempo. O encarei, ele continuou. -Quero que isso acabe, desesperadamente. Estou quebrando todos os que amo novamente.

Abracei Jacob mais forte e deixei que ele desabasse sobre mim.

-Não entendo porque tudo está se repetindo, não entendo o porquê de nada disso, é tão cruel. -presseguiu. Então suspirou. -Ela é só uma menina, acho que nem tem consciência de toda essa merda. Talvez ela só esteja tão acostumada a ter tudo e ser adorada por todos que o fato de eu não ter me entregue imediatamente se tornou um desafio. -divagou.

-Nesse caso, Edward e Bella estão fazendo um trabalho de merda como pais. -julguei, fazendo Jacob rir.

-A gente sabe que aquela família é um tanto quanto bizarra. -respondeu Jacob.

-E metade de você está louquinho pra se juntar a eles. -enfiei o dedo na ferida. O corpo de Jacob enrijeceu.

-Meu Deus, em que desgraça me meti. -resmungou e foi minha vez de rir.

-Pensando bem, seria uma bela história a se contar pros filhos de vocês algum dia: papai era apaixonado na vovó e tentou acabar com o casamento dela várias vezes, mas quando ela ficou grávida da mamãe o papai fez de tudo para protegê-la, era o destino, que tempos depois finalmente nos uniu. -continuei provocando. Jacob bufou e se afastou.

-Porra, Leah. -reclamou e estremeceu.

-Isso é pra você ver como isso tudo é escroto. -falei, ele me encarou.

-Eu sei! Mas parece que a merda do imprinting não tá nem aí pra questões moralistas. -rebateu, dei de ombros.

-Você tem um cérebro, Jacob, use ele, seja dono de sua própria vida. -falei, ele respirou fundo e voltou a se aproximar de mim.

-Você é má, Leah, muito má. -acusou, antes de me calar com outro beijo.

Após passarmos a manhã na praia conversando banalidades, fomos pra casa de Rachel e Paul na hora do almoço.

-Que surpresa mais agradável! -berrou Rachel ao nos ver, então correu para abrir a porta e nos recepcionar.

-Achei que devia vir conhecer sua casa. -brinquei, ela sorriu e me abraçou, me puxando para dentro.

-Nem me lembre, preciso organizar um jantar de open house. -respondeu Rachel em meu cabelo.

-Ou um churrasco! -sugeriu Paul, vindo nos receber. Ele e Jacob bateram nas costas um do outro, num cumprimento masculino idiota. Paul sorriu para mim. -Bom ver você, Leah e quem diria você frequentando a minha casa. -provocou, fiz uma careta.

-Você mora aqui? Achei que a casa fosse de Rachel e você ficasse no quintal, não sabia que ela gostava de animais dentro de casa. -rebati, Paul gargalhou e Rachel revirou os olhos.

-A quinta série já acabou faz tempo. -repreendeu ela, finalmente me soltando.

-Não se preocupe, querida, é sempre bom receber algumas doses do humor ácido de Leah, mantém todos alertas. -disse Paul, acalmando a esposa.

-Ele virou tão maricas. -comentei para Jacob.

-Quando nos casarmos, prometa não me deixar chegar nesse estado decadente. -pediu Jacob, ergui uma sobrancelha.

-Pra isso acontecer, você não poderá casar com a sanguessuga mirim. -apunhalei, Jacob estremeceu, se dando conta do que havia falado.

Rachel e Paul nos encaravam em silêncio.

-Então, onde fica a cozinha? -perguntei para o casal. -Estou morrendo de fome. -acrescentei. Rachel abriu um pequeno sorriso.

-Não quer fazer um tour primeiro? -perguntou ela.

-Só se for um tour pela comida. -respondi, fazendo ela rir.

Rachel então entrelaçou seu braço no meu e me arrastou em uma direção que imaginei ser a cozinha, pois cheirava a comida pronta.

-Papai, veja quem encontramos em nossa porta. -falou Rachel ao entramos na cozinha, chamando a atenção de Billy.

-Falando desse jeito até parece que você encontrou um cachorro perdido na porta. -reclamei, ela riu. Billy sorriu para nós.

-Um prazer vê-la, Leah. -cumprimentou ele, sorri de volta.

-Como tem passado, Billy? -perguntei, ele deu de ombros.

-Continuo forte como um touro. -respondeu.

-Claro que sim, papai. -falou Rachel, dando tapinhas em suas costas.

Rachel conferiu as panelas em cima do fogão, então um timer soou e ela abriu o forno.

-Querido, me ajude a servir! -berrou ela, encarando o assado pronto no forno.

Paul surgiu rapidamente e junto com Jacob levaram tudo para a mesa de jantar já montada.

-Que refeição chique, se eu soubesse tinha me arrumado melhor. -provoquei.

-Você está ótima, Leah! -protestou Rachel.

-Deliciosa. -falou Jacob. Billy engasgou. Todos o encaramos. Ele pigarreou. -As batatas… as batatas estão deliciosas. -resmungou, numa falsa vergonha.

-Pelo amor de Deus, Jacob, estamos na mesa, deixe seus comentários depravados para outro momento! -brigou Rachel. Jacob piscou fingindo inocência.

-Não sei do que está falando, irmãzinha, estou apenas elogiando sua maravilhosa comida. -falou, ela revirou os olhos.

-Estou te avisando, Jacob. -ameaçou, apontando o garfo na direção do irmão.

-Crianças. -pediu Billy.

-Certo, certo, vamos mudar de assunto. -falou Paul. -Então, Jacob e Leah, onde estavam? -perguntou Paul, nos encarando. Dei de ombros.

-Na praia. -respondi.

-E foi por acaso que vocês se encontraram? -conrinuou o interrogatório. Rachel deu um tabefe em seu braço.

-Deixa se ser enxerido. -ralhou ela.

-Acho que não é segredo pra ninguém os recentes hábitos de Jacob. -apontei, Rachel assentiu e Paul abriu um sorrisinho. -Então sim, eu fui lá chutar o traseiro peludo dele. -respondi por fim. Jacob resmungou, enquanto Paul explodiu numa gargalhada. Até Billy deu uma risadinha discreta.

-Na boa, Jacob, se você escolher a monstrinha, nós vamos ter que deserdar você. A Leah é muito mais engraçada. -falou Paul, Billy engasgou, Rachel fechou a cara e Jacob que estava com a boca cheia ficou sem resposta.

-Acho que não vai ser necessário. -falei e todos os olhares se voltaram para mim. Suspirei. -Estarei de volta à Califórnia em breve, então já os privarei da minha extraordinária presença de qualquer forma. Mas, caso o Jacob venha a fazer sua escolha antes disso, talvez possamos organizar um esquema para que eu possa continuar frequentando os lugares sem topar com a sanguessuga mirim, afinal, Rachel não deve querer um assassinato em sua casa. -sorri. Paul engoliu em seco, mas foi o primeiro a se recuperar de minhas palavras.

-Ela me dá medo. -comentou, então voltou a rir. -É por isso que ela é a melhor. Acho bom você fazer a escolha certa, Jacob. -continuou ele.

-Paul, cale a boca, pelo amor de Deus. -reclamou Rachel.

-Está tudo bem, Rachel. -tranquilizou Jacob, me olhando de canto de olho. -É natural que as pessoas escolham lados.

Billy concordou.

-Alguém escolheu o lado de lá? -questionei, encarado Jacob. Ele fez uma careta.

-Claro. -respondeu, ergui uma sobrancelha, ele piscou pra mim. -O lado de lá claramente está torcendo por sua prole.

Revirei os olhos.

-Claro. -repeti.

-Então, Leah, já está se preparando para voltar pra faculdade? -Billy mudou de assunto.

-Ainda não, receio que tenha que me preparar para outro casamento antes disso. -respondi e Rachel bufou.

-Nem me fale! -resmungou ela. -Tenho que achar um vestido de madrinha que fique bem na praia e depois na recepção.

-O casamento vai ser na praia? -questionei.

-A cerimônia. A recepção será na casa deles. -explicou Paul.

-Não vai ser tão grande como o de Rachel, apenas as matilhas, alguns familiares e pessoas da Reserva. -comentou Jacob.

-Ainda bem, esse lugar não aguenta tantos eventos em tão pouco tempo. -zombei. Paul riu, Rachel ficou levemente envergonhada, claramente ela não queria desmerecer o casamento dos amigos em comparação com o seu próprio.

-Você ainda não tem um vestido. -apontou Jacob, para mim.

-Devo resolver isso com a minha mãe nos próximos dias. -respondi. Ele assentiu.

-Eu farei meu terno junto com Sam e Jared, mas posso levá-los em alguma loja depois. -Paul falou para Billy e Jacob.

-Seria ótimo. -concordou Billy.

Depois do almoço, os rapazes ficaram responsáveis pela limpeza, enquanto Rachel me levava para conhecer sua casa.

-Meu Deus, esse lugar é enorme! -exclamei após passarmos pelo quinto quarto, ela sorriu.

-Queremos uma casa cheia no futuro e quem sabe meu pai venha morar conosco em algum momento. -falou ela, sonhadora.

-Isso é mesmo a cara de vocês. -concordei.

-Espero que possamos continuar compartilhando momentos como hoje no futuro. -falou tristonha.

-Não se preocupe, mesmo que as coisas não saiam como queremos, não me afastarei de você. Afinal, você é uma das poucas pessoas decentes nessa matilha. -a tranquilizei, ela me abraçou chorosa.

-Eu já a tenho como irmã. -admitiu.

-Nem tudo precisa mudar, Rache. Não é um status de relacionamento que vai nos dizer como nos sentimentos. -falei, ela balançou a cabeça concordando.

-As coisas vão ficar tediosas quando você for embora. -comentou.

-Talvez não, talvez você tenha uma sanguessuga mirim como cunhada e terá que conhecê-la. -provoquei, Rachel torceu o nariz.

-Que os espíritos tenham piedade de nós! -pediu ela, me fazendo rir.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.