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-Eu sei! Daí eu só cutuquei ele, e o cara acordou na mesma hora, babando horrores!

Dani me contava, me fazendo rir pra caramba. Eu sei que a tinha conhecido no dia anterior, mas era uma garota incrível. Nós conversávamos de um jeito descontraído, e quando ela me convidou para almoçar na casa dela, eu só não pude recusar. E ficar com ela me ajudava a esquecer... Bem, a esquecer.

-Você é completamente pirada.

-Não sou não, você vai descobrir que sou extremamente normal.

-Se esse é seu normal, não quero nem ver quando perde a cabeça.

-Não queira mesmo.

-Os seus pais ficam fora o dia inteiro?

-Bom... Eles trabalham muito. Sabe, a gente tem que ralar.

-Ah... Bom, agente podia fazer alguma coisa depois de comer?

-Que não seja nadar, por favor.

-Não, pode deixar... A gente podia ficar só caminhando pela praia, que nem ontem.

-Pode ser.

Depois de comer a deliciosa macarronada que ela fez, fomos até a praia, caminhar apenas, e sentir a brisa deliciosa de fim de tarde. Caminhávamos lado a lado, ainda conversando sobre coisas engraçadas, ela sempre me fazendo rir e me surpreendendo a cada coisa que descobria sobre sua personalidade cativante.

-Tokio Hotel, hein? Eles são legais... Mas podiam ser mais homens.

-Não fala mal deles, quer perder a vida?

-Não, não quero!

-Agora já provocou!

Ela saiu correndo atrás de mim como se fosse louca, e corremos até os joelhos fraquejarem, e cairmos um em cima do outro sem fôlego, com as costelas doendo de tanto rir. Ela apoiou o cotovelo na minha barriga, e ficou me olhando, toda sorridente.

-Sabe o que devíamos fazer? Ir a um bar. Qualquer bar, e dançar até os pés doerem.

-Também acho.

Era meio improvável que entrássemos naquele bar, mas ela disse que não desistiria, então entrei na fila ao seu lado. O bar que parecia algum tipo de pub, recebia adolescentes que pareciam já ter atingido a maioridade, e estavam todos estacionando seus carros tunados e indo com a namorada ter algum tipo de privacidade. Quando a nossa vez na fila estava chegando, ela se virou pra mim, os olhos brilhando com a possibilidade de fazer alguma travessura, e sussurrou:

-Entre na jogada,ok?

-Ok.

O segurança, alto e mal encarado, baixou os olhos para nós, com ar de impaciência. Parecia que sabia exatamente o que estava prestes a acontecer, quando foi surpreendido pela minha cara companheira, que devo acrescentar, devia se atriz.

-Amor, você estacionou o carro muito longe, sabe. A gente vai ter que andar um bocado.

-Ah, lá vai você reclamar de novo. – disse, me contendo para não rir da cara de esnobe que ela fazia.

-Vai ter que me carregar novamente, igualzinho aquele dia em Las Vegas. Você insistiu em parar a uns cinco metros do cacino, pra evitar o trânsito, e teve que me carregar. Bem feito.

-Então da próxima vez, você dirigi.

-Não seja burro. Sabe que eu odeio dirigir. E outra, estou de salto agulha importado. Entendeu bem o que eu disse? I-m-p-o-r-t-a-d-o. Não posso suja-lo por nada no mundo.

-Amor, você quer ir embora?

-Não! De jeito nenhum! Por que será que comecei a namorar alguém tão burro?! – ela disse para o segurança, que olhava tudo boquiaberto. – Ele não tem iniciativa, e só faz o que eu mando...

-Querida, vamos entrar logo? Quero tomar logo uma cerveja e relaxar.

-Cerveja?Cerveja? Acha que vou deixar você se embebedar de novo? Nem pensar! Vamos beber só vinho, entendeu?

-Ah... Gente, vocês precisam entrar, tem mais gente na fila...

-Só um minutinho. Entendeu? E não quero te ver olhando para nenhuma loira peituda lá dentro, entendeu?

-Sim Dani. Agora vamos entrar.

-Ok, vamos.

Ela foi à frente, e o lancei ao segurança u olhar de ‘mulheres’, e entramos sem nem precisar de convite. Ela me agarrou quando conseguimos chegar bem longe da entrada.

-Você conseguiu! Foi incrível, sabia?

-Você quem foi enganando eles daquele jeito! Eu nunca ia conseguir sem você e...

Não terminei a frase. Fomos jogados contra a parede por causa do fluxo de pessoas querendo entrar no pub, e eu fiquei esmagado contra ela. Nossos narizes estavam colados, e eu podia sentir o hálito dela e o cheiro de pasta de dente. Olhávamos-nos, sem conseguir desviar, como se estivéssemos presos àquela posição.

Olhei para os lábios bonitos dela. Tinha me esquecido completamente de tudo o que tinha acontecido naquela semana, e simplesmente, me entreguei a beijá-la com a intensidade que ela merecia. Foi como se um choque elétrico percorresse todo o meu corpo, e eu suspirei com os lábios ainda colados aos dela. Era imaturo, infantil, mas ainda assim, era um beijo que tinha me feito repensar toda a minha vida.

Ela era incrível. Uma mão em minha nuca, e a outra ainda esmagada na parede, ela me apertava ainda mais contra seu corpo, e eu não fazia objeção, abraçando sua cintura por completo. Aquilo fora o suficiente para me fazer esquecer completamente.

Soltei-a, ofegante ainda com os olhos fechados, com medo de que se euos abrisse, pudesse ver que tudo não passara de um sonho, e eu não tinha encontrado realmente aquela garota. Mas quando os abri, ela continuava lá, me encarando com um sorriso tímido e sincero. Como não imaginei nada para dizer a ela, sorri também, para comprovar que tinha gostado de tudo aquilo tanto quanto ela.

-Ah... Acho melhor encontrarmos uma mesa.

-O-ok... – falei, gaguejando.

Sentamo-nos em uma mesa perto do bar, com fácil visualização de todo o pub, que agora que eu olhava mais atentamente, estava cheio de jovens dançando com vitalidade. Era um lugar enorme! Luzes coloridas percorriam toda a extensão do bar, e a música eletrônica tocava, sem nunca perder o entusiasmo. Eu ainda estava meio perplexo com o acontecido. Dani começou a mexer nos guardanapos com uma expressão confusa no rosto. Então comecei a pensar no quanto tinha sofrido com as garotas por toda a minha vida, e comecei a pensar em como ela era diferente de todas, e em como ela me fazia bem. Ela fazia eu me sentir compreendido, e não era difícil saber porque ela estava confusa, ela também tinha acabado de sair de um relacionamento intenso que acabou em desastre, e tinha medo que conosco fosse acontecer a mesma coisa. Foi aí que soube que estava no caminho certo e seguro para a felicidade.

Peguei sua mão, e cessei os cortes que ela fazia no guardanapo de papel, ela ergueu os olhos para mim, surpresa.

-Eu quero que saiba, que nunca gostei de ninguém assim, e eu não vou te magoar se quiser prosseguir com isso. Eu já me machuquei muito por causa disso e não vou causar a mesma coisa em você. Nunca. – ela me olhou, com seus enormes olhos meio marejados de lagrimas.

-Eu quero prosseguir. Quero mesmo, porque você é diferente Ed. De todos.

***********

Acordei com um terrível bom humor que podia ser destrutivo para os outros ao meu redor. Ver Justin Bieber cantando de cuecas em cima da cama as cinco da matina, não era uma coisa muito comum. Além de estar feliz porque meu ‘plano’ tinha dado certo, ainda tinha o fato de eu poder vê-la novamente hoje, nos ensaios. Ela me fazia feliz. Não haviam duvidas sobre isso.

Fui tomar café com Scooter, que ficou analisando meu sorriso exagerado por longos minutos antes de me perguntar qual era o motivo da minha felicidade sem noção.

-Jacque. – respondi, sem parar de jogar Ketchup no meu bacon.

-Hãah... Então a garota finalmente te fisgou, e te fez andar na linha, não é mesmo?

-Pode se dizer que sim. – falei, sorrindo mais ainda, se é que era possível.

Entrei na van com o pessoal da equipe, e fomos para o estúdio de dança para nos prepararmos para o show que teria no dia seguinte. Eu vibrava por dentro, louco para chegar,e ver o objeto de minha afeição ali, sorrindo e exibindo suas curvas atrevidas para mim.

Quando chegamos eu quase voei para fora do carro, e corri para dentro do estúdio, nem ouvi a risadinha debochada de Scooter, eu só tinha olhos para uma das dançarinas que se aquecia lá dentro.

A costumeira sensação de perder o ar, e sentir meu coração ser repuxado para a boca, continuei indo na direção dela com o sorriso ainda cintilando. Coloquei as mãos sobre seus olhos a fazendo se sobressaltar.

-Adivinha baby.

Ela sorriu em resposta e arrancou minhas mãos de lá, me puxando para um selinho demorado demais. Os lábios macios... Eu tinha vontade de ficar daquele jeito pra sempre. Soltamos-nos ainda sorrindo.

-Eu tenho uma boa notícia para o senhor, Bieber.

-Pode falar.

-Vamos lá dentro? – ela flou, apontando um camarim. – Estão todos de olho, sabe? – ela sussurrou.

-Ok.

Fomos até o camarim, e fechamos a porta. A sala era um tanto escura, e a tinta das paredes estava descascando, assim como o couro do imenso sofá, mas não importava a aparência do local, nós só precisávamos conversar.

-O que foi? – perguntei ansioso.

-O seu plano deu certo garotão.

-Como assim?

-Aaron me contou que eles saíram ontem, e acabaram ficando num pub.

-Como foi que eles entraram num pub?

-Não importa! O que importa é que deu certo não é mesmo? O que importa é que agora eles e encontraram, assim como aconteceu conosco.

Ela sorriu para mim carinhosamente. Acariciei suas bochechas rosadas. Como ela fazia diferença em minha vida. Era estranho ver o quanto eu era mais feliz ao lado dela do que como eu era feliz antes.

Eu fui me aproximando dela mais e mais, até fazê-la se sentar no sofá de couro gasto. Sentei-me ao lado dela, e a puxei para meu colo, colando nossos lábios com tal agilidade. Seus lábios macios me surpreenderam novamente, e continuamos com um beijo longo e quente, no qual nossas línguas dançavam em um ritmo sem igual. O que eu sentia naquele momento era tão intenso que não podia ser expresso por palavras, era mais do que gostar dela; era realmente amá-la. E aquilo ardia tão profundo em meu peito, que me fazia aperta-la cada vez mais contra mim.

Parecia que estávamos sentindo a mesma coisa, pois ela conseguiu me deitar no sofá, deitada em cima de mim, leve e graciosa, sem desconecta nossas bocas. E o que eu reconheci como desejo, tomava meu corpo mais e mais, e eu não agüentava mais apenas ver suas curvas sem senti-las. Porém, digo sem pesar, Scooter entrou sem bater, e nos desertou antes que fizéssemos alguma loucura.

-Justin voc... Opa. Aan, me desculpem garotos, é que o ensaio precisa começar, temos um show amanhã sabe?

-Huummm... É... Certo... O show.

Me levantei rápido, e Jacque veio logo atrás de mim, com as bochechas mais rosadas do que o normal, muito mais rosadas que o normal.

*********

Depois de uma boa noite de sono (cuja, dois dos sonhos tinham aqueles olhos castanhos e as clássicas jogadinhas de franja.), eu acordei pronta para me apresentar pela primeira vez em público. Os outros estavam tão impolgados quanto e quando cheguei ao estúdio.

-Como você está? – Justin disse, tentando me acalmar com beijinhos na testa.

-Já estive mais ansiosa, acredite.

-Então isso é fichinha pra você, não é?

-Pode se dizer que eu escolho mil desses a um seminário escolar na frente de todos.

-Concordo com você.

Fizemos um ensaio geral, e fomos para o local onde seria realizado o show. Um palco maravilosamente iluminado, com uma tela enorme atrás, onde passariam as imagens do show, sem falar em todo aquele equipamento de ponta montado ali.

Mais um ensaio no palco, repassando todas as músicas, e fomos para a roupa, cabelo e maquiagem. Eu estava completamente irreconhecível quando sai de lá. Cabelos lisos, graças aos céus existe a chapinha, uma maquiagem marcante com tons fluorescentes de rosa, que segundo a maquiadora deviam ‘brilhar no escuro’, sem tirar aquela roupa maravilhosa, o shorts curto, com o suspensório caído, uma blusa decotada que não passava do umbigo com um top por baixo, sem tirar as luvas e o chapéu. Aquilo era estiloso demais pra mim, uma simples garota que tinha medo de fazer seminários escolares.

O que seria de mim quando subisse no palco? Será que ia começar a suar novamente e ia desmaiar sem nem ao menos ter começado a dançar? Ou eu ia simplesmente estragar o show inteiro dando uma de garotinha fraca? Pensar deste jeito começou a tirar o mínimo de tranqüilidade que eu pensava ter, e eu comecei a tremer da cabeça aos pés, precisando me sentar para estabilizar meu corpo novamente.

Justin saiu de seu camarim impecável. Ele tinha os cabelos perfeitos, eu suspeitei que assim como eu tivessem recorrido a chapinha, vestia calças largas, um sneaker prateado e roxo, junto com uma camiseta prateada brilhante e um colete preto por cima. Ele estava maravilhoso. Me esqueci de minha aflição por um segundo e fiquei apenas o fitando, abobada. Como ele podia ser tão perfeito? E como eu podia estar no meio de tudo aquilo? Só sei que quando ele se sentou ao meu lado e começou a canta baixinho em meu ouvido ‘Up’, eu fechei os olhos, e como um bebê, acreditei cegamente que tudo, absolutamente tudo, daria certo enquanto ele estivesse ali.