Estava tocando a última música do show: Somebody To Love. Eu estava cansado ao máximo, mas mantinha o ritmo, para minhas fãs que ali gritavam. Ao meu lado, eu via Jacque, suando bicas, mas mesmo assim, com um sorriso no rosto dançando pra valer. Isso me dava forças para continuar cantando pra ela.

-... I just need somebody to love... – cantei o ultimo verso para a platéia. – Valeu Califórnia!

Sai em meio a ovação que o auditório inteiro me dava e me joguei no chão dos backtages, fazendo gracinha para a equipe.

-Oh, não, Bieber morreu, o que faremos agora? – alguém falou.

-A gente arruma outra pessoa, vamos embora? – esse era Scooter.

-Ou a gente pede pra Cinderela ressuscitar o príncipe ai.

-Hum, oferta tentadoora... – a voz de Jacque ecoou. – Deixa eu me preparar.

Ouvi algumas risadinhas, mas mesmo assim não abri os olhos. Estava esperando ela se agachar ao eu lado para fazer alguma coisa. Eu senti seus cabelos cacheados em meu rosto, seu hálito de menta, no minuto seguinte, espiei, abrindo uma frestinha nos olhos fechados. Ela estava lá, de olhos fechados pronta para me beijar.

-Amor, você foi ótima. E... Você tinha que pedir para me carregarem até o quarto de Hotel, porque eu to praticamente morto. – sussurrei pra ela.

Ela riu, e parou sua tentativa de me beijar, se levantou e sussurrou algo que eu não pude ouvir. Então os meus amorosos seguranças juntos com Scooter, me levantaram e começaram a me carregar lá pra fora, prontos para me jogar no mar de fãs.

-Não! Não! Eu imploro! NÃAAO! – eu gritava, fingindo desespero.

Assim que nós saímos eu escutei os costumeiros gritos, mas no meio deles, a risada dela. E então eu comecei a entrar na brincadeira, e gritar como louco pras meninas:

-HEY! QUEM QUER GANHAR UM BIEBER? VAMOS BRINCAR DE ALELUIA! QUEM PEGAR PODE ME LEVAR PRA CASA!

Elas berraram muito mais alto do que as suas gargantas podiam agüentar, e nós rumamos para a van. Quando fui jogado lá dentro, pude ouvir claramente a risada dela. Era engraçada, parecia que ela estava se afogando.

-A sua risada é muito engraçada, sabia?

-Não... Fala... Isso! – ela falou, entre as risadas. – Eu... odeio... ela!

-Não devia odiá-la. É linda como tudo em você.

O rosto risonho dela logo se tornou um sorriso apaixonado.

-Sabia que você me leva no bico?

-Sabia. – ela riu, balançando a cabeça.

-Eu nem acredito que consegui dançar no meio de toda aquela gente. Foi assombroso.

-Você arrasou. Do jeito que rebolava... Me deixou louco.

-Da onde vem toda essa taradisse Justin Drew Bieber?

-Nem te conto.

-Nem quero saber.

Continuamos assim, só nas conversas e provocações até chegar no Hotel, eu tinha pedido para ela vir junto, assim nós podíamos ficar mais tempo “namorando”.

Mas no fim, a equipe toda estava ali, inclusive os amigos dela, e acho que não era o melhor jeito de beijar ela, na frente de todos sabe? Então ficamos conversando sobre o show, e sobre como a minha nova trupe de dançarinos era boa. Chegamos no ponto que eu abordaria com ela se estivéssemos a sós.

-E o clipe? Já te falaram como vai ser?

-Bom, eles estão omitindo alguns fatos. Só sei que vamos precisar de muitas figurinistas.

-Muitaas? - Jacque falou, ciumenta.

-É, mas não se preocupe, você não será uma delas, vai fazer o papel principal.

-O que?

Ela quase caiu da cadeira. Me olhava com um meio sorriso, como se aquilo fosse inacrditavelmente satisfatório. Talvez fosse.

-É. Você vai ser a minha “Runaway Lover”.

-Justin, eu vou gravar um clipe com você?

-Vai. Daí todo mundo vai saber que estamos juntos. Finalmente.

-Você quer que saibam?

-É claro que quero. Porque não iria querer exibir a garota mais linda do mundo em meus braços? E vai ser o primeiro beijo de clipe... Tem que ser bom, ta ok?

-Então vê se melhora até lá.

Soltaram risadinhas debochadas, e eu apenas sorri, me lembrando mais uma vez de porque estava com ela. Porque ela era única e incrível demais para ser copiada. Era a melhor garota que Deus tinha criado. Ficamos assim por um tempo, discutindo como seria o clipe, até todos começarem a ir embora, e ficarmos finalmente a sós.

Então eu a beijei. Senti nossos lábios se encaixarem, e a maciez de seus lábios era incrível. Era como se estivesse beijando veludo. Nossas línguas começaram a travar uma intensa luta, enquanto eu apertava sua cintura para baixar a ardência que começava a crescer em mim.

-Justin... Estamos no meio do Saguão. Aqui não.

-Aaah... Ta bom...

-Pode me levar pra casa? Já esta tarde.

-Ok, vamos. – disse contrariado.

Fomos para o carro, e eu dirigi sem falar nada até lá. Quando paramos o carro, eu falei que não a deixaria sair se ela não me desse um beijo de boa noite. Nossos láios se conectaram novamente, e eu queria mais e mais, como um viciado. O gosto era bom, era como se eu não precisasse de mais nada se tivesse seus lábios sempre junto aos meus. Dessa vez fui um pouco mais longe, e apertei suas coxas de leve, em troca ela se agarrou a meus cabelos. Estávamos num beijo continuo e desesperado, porém cheio de sentimentos e luxuria. Mas ela mais um vez interrompeu arfando, e saiu do carro.

Foi para dentro de sua casa, e me deixou ali, com o peito arfando de desejo por ela. Era aquela garota que me provocava ao máximo, a única que tinha me feito ter vontade de mais do queum beijo. E eu não conseguia sair do mesmo lugar, ainda sentindo o gosto do beijo, ainda sentindo os movimentos de sua língua, ainda sentindo a maciez de seus lábios.

Recobrando os sentidos, voltei para o Hotel, ainda tentando reviver aquele beijo em minha mente.

Era mais um dia de trabalho. Estava indo para o estúdio, para começar as gravações do clipe “Runaway Love”, e é claro, para ver Jacque novamente. Desde a noite passada eu não tinha conseguido fazer ela sair da minha cabeça. Uma mulher que provocava tanto de mim... Aquilo era raro. Eu deixava aquilo para Beyónce, mas era por isso que eu estava com ela não era? Porque eu tinha certeza de que ela não era como as outras.

Entrei no estúdio sorrindo, a procura do cabelos cacheados e castanhos dela, mas percebi que o clima estava muito tenso. Estavam todos em volta de Scooter, que tinha uma revista nas mãos. Talvez fosse uma crítica ruim, pensei, crente de que se fosse isso, eu poderia superar.

-Gente... O que foi?

Todos se sobressaltaram ao ouvir minha voz. Jacque me olhou meio triste, meio nervosa, e percebi que a coisa não podia ser tão simples. Olhei então para a revista, e tive certeza de que era pior.

“Justin Bieber e Nova Namorda?”

O famoso cantor canadense Justin Bieber, foi visto ontem com garota misteriosa aos beijos. A foto dos dois dentro do Hotel, foi tirada logo após o show que ele fez na Califórnia, e fontes teriam afirmado que a garota em questão é uma das dançarinas de Bieber. O que resta saber agora é, Quem é ela? É sua namorada, ou Justin esta apenas ao beijos com garotas por aí? Sim, essa não é a primeira a receber um beijo a lá Bieber. Lana, de 15 anos, nos contou que foi assistir a uma entrevista que Justin teria dado para uma rádio, e acabou conhecendo o garoto. É tradição ele tirar foto com a garota mais bonita que estiver por lá, por publicidade, mas dessa vez ele tirou muito mais que uma foto. “Ele me beijou.”, diz Lana. “ Não estou reclamando disso, pois qualquer fã dele gostaria de estar no meu lugar, mas apenas digo que ele me beijou e não tornou a falar comigo como prometeu”.

Então o astro adolescente anda beijando garotas sem compromisso. Seria então a dançarina um real caso de amor, ou seria só mais uma na lista de Bieber?

Reli a matéria. Não conseguia me conformar. Aquilo tinha sido a tanto tempo... E agora eu estava pagando por todas as ‘escapadas’ que tinha dado por causa de meus hormônios malucos. O sorriso tinha se apagado de meu rosto, é claro. Eu olhei para eles. Todos me encaravam apreensivos.

-Licença.

Me retirei, e tranquei a porta do camarim. Não queria ser incomodado. Eu precisava pensar em alguma coisa. Eu teria que desmentir aquela história, e afirmar que eu tinha achado a minha garota de verdade dessa vez. Mas como? A imprensa provavelmente ia cair matando. E se eu encontrasse aquela tal de Lana mais uma vez, provavelmente mataria ela, e nem me preocuparia em fingir que fora um acidente.

Se meu pai estivesse aqui... Ele com certeza ia saber o que fazer. Ele sempre sabia o que dizer para me deixar alegre novamente. Uma lágrima solitária molhou meu rosto. Porque aquilo estava contecendo? Agora que eu tinha encontrado ela, pensei que isso ia parar, mas agora a pressão da imprensa sobre mim ia ser maior que nunca, e eu tinha uma entrevista em um programa de Televisão. Ia ser bombardeado com perguntas sobre aquilo, com absoluta certeza.

Bateram na porta. Eu não respondi. Não queria que ninguém interrompesse meus pensamentos. Tornaram a bater na porta.

-Justin? Justin abre pra mim. É a Jacque.

Hesitei por um momento. Talvez ela pudesse me ajudar. Ela também estava metida nessa, ela é quem tinha me ajudado a mudar e a me tornar uma boa pessoa novamente. Mas eu queria ficar sozinho. Queria ficar szinho para pensar.

-Justin... Eu sei que você esta chateado... Mas, por favor, me deixa entrar.

Eu abri a porta, meio a contra gosto. E ela entrou , o rosto mais aflito que o meu, tentando parecer calma para me ajudar.

-Baby, a gente vai dar um jeito. A gente vai dar um jeito nisso.

-Eu não sei... Estou... Eu estou sentindo nojo de mim mesmo por isso.

-Ah não fique assim! Olha, você pod contornar isso, talvez de um jeito engraçado...

-Só agora eu percebi o quanto o que eu fiz foi insano e idiota. Eu estava tão... Preocupado para satisfazer meus desejos, que não percebi o como isso era nojento.

-Não fique assim. O que importa é que você mudou. Mudou para melhor, e sabe disso.

-É... Eu mudei mesmo... Mas como vamos contornar a imprensa?

-Bom, era isso que eu estava tentando falar, acho que você vai precisar falar disso de um jeito engraçado, ou vai ter que falar a verdade mesmo.

-Falar a verdade? Falar que eu estava me sentindo transtornado por causa da morte de meu pai e estava tentando chamar atenção? Segundo o Doutor Louis.

-Não... Você podia inventar uma verade. Tipo, que você tinha achado ela bonita, e tinha se simpatizado, mas que era impossível falar com ela novamente, por alguma razão que você vai inventar.

-Você é um gênio.

-Eu tento ser.

-Acho que com você do meu lado, eu posso fazer qualquer coisa.

-É... Escuta, quanto a isso... Vou falar rápido, senão pode ser que não saia. Eu só tenho mais uma semana aqui na Califórnia. Vim passar só um mês entende? Eu tenho minha escola, e tudo o mais...

-Você... Eu... Nós vamos nos ... Separar?

-Ia acontecer uma hora ou outra, não ia? – ela flou derrotada. – Vcê tem uma carreira. Você precisa ficar viajando pra lá e pra cá por causa da sua música, e eu não ia poder te seguir nessa jornada maluca, sabe?

-Mas eu... as eu não quero que você vá! – falei como uma criança birrenta. – Você tem que ficar comigo Jacque, tem que ficar comigo! Eu não consigo viver sem você, não consigo ficar um segundo sem pensar em você e nos seus beijos, por favor não me deixe!

Minha garganta estava seca agora. Já não astava saber queo mundo pensava que eu era um garoto babaca que ficava distribuindo beijos para as fãs, e agora isso. Saber qu eu ia provavelmente ficar sem meu coração? Porque tirar ela de mim, era a mesma coisa que arrancar meu coração, ela tinha se tornado parte de mim. Tinha se tornado a razão de minha exisencia, e o porque de eu lutar.

-Jacque Mason, diga que vai ficar comigo. Diga que nunca vai me deixar sozinho?

-Eu não quero isso. Não quero te deixar. Eu te amo Justin.

Ela deixava suas lágrimas caírem livremente pelo rosto. Mas o que mais causou impacto não foramsuas lágrimas, e sim suas palavras. Ela me amava. E eu finalmente tinha certeza de que não era o único que sentia isso. Sempre achei que fosse cedo demais para falar eu te amo para ela, mais era a mais pura e inocente verdade. Eu a amava. Do fundo do meu pequeno e inexperiente coração, eu sabia que ela tinha acesso uma pequena chama nele, tinha escrito seu nome em chamas perpétuas, para eu nunca me esquecer de que era ela que eu queria.

-Eu também te amo Jacque. Mais do que tudo.

Eu a abracei, deixando que suas lágrimas molhassem mo minha camiseta, no lugar do ombro, me contendo para não chorar também. Ainda tínhamos que gravar o clipe. Mas eu não conseguia pensar em trabalho, sabendo que provavelmente ia perder minha garota.

********

Estávamos em fim, todos prontos para filmar. Parece que eles tinha conversado e algo muito importante e empactante, porque Jacque tinha, sem sombra de duvidas, chorado.

A coreografia foi sendo filmada, e todo o resto do clipe, que era apenas feito por Justin e Jacque. No fim do dia, só faltavam a cena do beijo e mais uma parte de dança. Saimosdo estúdio exaustos, eu estava com Dani, que era a mais cansada dali tinha dançado e servido de figurinista.

Mas estava concentrado em um fato de nossas conversas que poderia mudar todo o relacionamento que tínhamos: No fim do mês, nós voltaríamos para o Canadá. E eu iria ficar um bom tempo sem ela do meu lado.

-O que foi Ed? Você ta muito quieto.

-É? Hum... É que eu... Preciso te contar algo.

-O que? – ela falou desconfiada.

-Eu... Nós temos que voltar. No fim do mês, eu tenho que voltar para casa.

-Como assim?

-Eu moro no Canadá. Não sou daqui, então preciso voltar.

Ao contrário do que eu imaginei, ela sorriu. O que? Ela estava feliz por eu ter que larga-la para voltar para o Canadá?

-Isso é incrível! Aah, eu sabia que tudo ia dar certo.

-O que? Do que é que você esta falando?

-Eu também vou para o Canadá. – eu olhei com cara de interrogação. – Minha mãe mora no Canadá, e eu estava aqui com meus avós. Agora ela queria que eu voltasse para ela. E você vai também. Vamos poder ficar juntos.

Agora sim. Eu ia conseguir ficar com Dani. Eu sabia que podia não ser um relacionamento eterno, mas eu não precisava ficar pensando no futuro, porque ela me distraia, ela me fazia feliz ali, e além de uma namorada, eu tinha uma melhor amiga. Uma amiga que não me deixaria.

-Isso é mesmo incrível.

Abracei ela e rumamos para casa.

*******

O clipe estava quase pronto. A única coisa que faltava era a cena do nosso beijo. Era uma cena muito trabalhosa, mas seria extremamente bonita. Eu sai do camarim completamente perfeita, o que seria um grande desperdício, porque teriam que nos molhar para fazer a cena. “Beijo na chuva”. Aquilo era clássico. Estava com uma camiseta preta lisa, uma calça jeans e um Nike de cano alto preto.

Fomos na van até o pequeno bosque onde íamos filmar, era um lugar muito bonito, e aquelas árvores exalavam tanta tranqüilidade, tanto amor... Mas no momento eu só sentia dor. Lembrava-me o tempo inteiro que teria de deixá-lo no fim desta semana. Era mais do que meu pobre coração podia agüentar. Já tinha sofrido tanto por causa dele, e agora não era nem para te-lo, e sim para não perde-lo.

-Muito bem pessoal, a cena é simples. Justin, você vai vir correndo pela estradinha até a Jacque. Jacque, vamos te filmar, então você tem que parecer triste, ok? Quando você chegar nela, tem que levanta-la e beija-la. Tudo bem para vocês?

Fazer cara de sofredora? Ok. Beijar Justin? Ok. Era mesmo uma cena simples e fácil. Me sentei no ponto em que me indicaram, cobriram com um pedaço de lona para que eu não sujasse a calça, e começaram a jogar a água em nós, como se fosse chuva. A água lavava todo meu corpo, e todos os meus sofrimentos vinham a tona. Quando tempo mais eu ia ter que sofrer por perde-lo? Bom, pelo menos o clipe ia ficar bom, não é?

-E... Silêncio pessoal. Ação!

Eles colocaram a música na parte do beijo, e eu não precisei fazer esforço nenhum para fazer cara de sofredora. Eu estava sofrendo. Justin vinha correndo devagar ao longe, mas para minha parecia que ele estava indo embora, escapando sob meus dedos, como se fosse a água que caia. Uma lágrima desceu, mas se fundiu com a água da ‘chuva’.

Justin estava chegando perto, agarrei-me ao chão mais forte. Eu queria que ele chegasse logo, queria poder sentir seus lábios bonitos e macios nos meus, queria me agarrar a ele e nunca mais soltar. Percebi que ele também não fazia esforço para mostrar sofrimento. Ele estava a alguns passos... A alguns passos.

Ele chegou em minha frente, arfado, e eu olhei fundo em seus olhos castanhos claros, me sentindo como uma criancinha perdida na floresta, só a espera do lobo mau.

O movimento foi rápido, porém pareceu passar em câmera lenta sobre meus olhos, com muita intensidade. Ele se abaixou, e me puxou pela cintura para perto de seu corpo molhado. Ao entrar em contato com seu corpo, me arrepiei inteira, ele me apertou contra si, e numa fração de segundos, nos beijávamos com muito desejo. Ele apertava minha cintura, e eu não conseguia largar de seus cabelos molhados, nossas línguas travavam uma batalha sem fim, e era tudo tão intenso que minha testa continuava franzida. Éramos um só. Acho que se eu o apertasse mais contra minha boca, íamos nos fundir.

A música chegou ao ponto em que tínhamos que nos separar, e com a maior relutância do mundo, eu me separei dele, e como de combinado, corri para longe dele, quando tudo o que eu mais queria era estar perto dele.

-Corta! Muito bom, garotos foi muito bom mesmo! Vocês têm uma química de arrasar...

As pessoas se moviam as minhas costas, mas eu tinha me agachado no chão enlameado, e começado a chorar. As lágrima caíram sem o meu consentimento. Eu estava sofrendo muito por causa disso, estava sofrendo demais. Senti ele me abraçando por trás, e me levantando, me virou de frente para ele, e deixou que eu me aconchegasse em seu peito, a camiseta ainda extremamente molhada.

-Não... Não chore... – ele sussurrou. – Vai ficar tudo bem. Nós vamos sair dessa, você vai ver.

-Não... Não vamos... Eu não quero te deixar... Não quero...

-Shiiu... Tudo bem... Vamos ficar bem...

-Não... Não vamos... – eu apenas repetia, sem conseguir parar de chorar.

Ele me abraçava, meio que me contendo a não enlouquecer, pois tudo o que passava pela minha cabeça era que eu não ia mais te-lo em meus braços. EU não podia perder meu Justin, não podia perder aquela louca ligação que tínhamos. Não podia. Simplesmente não podia. Eu chorava estrondosamente, meio que não conseguindo conter os soluços, e tinha uma angustia sem tamanho. Meu coração estava apertado, e doía, ao saber que seu dono ia escapar.

-Por favor... Não chore... Não faça isso comigo...

-Justin, eu te amo, eu te amo muito...

-Eu também te amo, te amo como nunca amei ninguém, e você é necessária para minha sobrevivência, mas algum dia isso ia acontecer. Eu também queria que nós nunca nos separássemos, mas essa é a vida, ela não é justa, é?

-Não...

-Então sabemos que as coisas não iam ser sempre um mar de rosas. Mas o que importa é que eu te amo e estamos juntos aqui e agora.

-Uhum...

Continuei abraçando ele,tentando mantê-lo perto de mim, tentando mantê-lo ali comigo. Eu sentia que se estivesse agarrada a ele, passaria mais tempo com ele e quando nos separássemos não doeria tanto, mas quanto mais eu ficava ao lado dele, mais doía.

A semana foi passando devagar, e a dor de meu coração não cessava, e talvez nunca cessasse. Porque não se tratava de algo que médicos pudessem fazer sarar, era dor de amor. Era então, sexta-feira, e eu precisava arrumar as malas, e ir para o aeroporto. Ele insistiu em me levar junto, porque assim não se sentia culpado.

-Querida, suas coisas já estão prontas? – minha vó entrou no quarto perguntando.

-Quase... – falei, enxugando as lágrimas.

-Ainda esta chorando? Não fique tão triste. Vocês ainda vão se ver de novo. Vão sim, conte com isso.

-Eu sei, é que... Parece que estão arrancando meu coração fora vovó. Parece mesmo.

-A dor passa. Ou você se acostuma com ela. Mas agora tem que correr, porque o avião saiu daqui a uma hora e meia.

Terminei minhas malas, não deixando nada ali, mas antes de partir, conectei minha máquina no leptop e postei aquela foto no meu Facebook:

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Legendei assim: “Foram os melhores dias da minha vida Baby, por favor nunca se esqueça de mim.”

Fechei o computador sem suportar olhar para a imagem, e vaguei para fora de casa a espera do Ranger Rover que tanto amava.