Back To The Dream.
A aliada da Dama deve morrer.
POV. Natalia.
- Eles estão estranhos, não é? – perguntei, olhando para Susana que ressonava após passar mal, e Caspian, sentado ao seu lado. Nós cavalgamos a noite toda, mas não conseguimos alcançar e muito menos interceptar quem levou Lucia. Nossa ultima esperança era a casa da Dama, a meio dia daqui. Mas não poderíamos seguir sem antes recuperar a noite cansativa, seria suicídio chegar lá cansados e com sono, só pioraríamos as coisas.
Julia, Jill, Eustáquio e as ninfas estavam dormindo, assim como Susana. O resto estava acordado. Edmundo e eu estávamos sentados, um pouco afastados, Pedro estava com a cabeça deitada nos braços olhando para cima, ele piscava pesadamente e não demoraria a pegar no sono. Caspian estava sentado pensativo, olhando Susana, e Nicolas estava com a cabeça apoiada nos joelhos o que me impedia de ver seu rosto.
- Deve ter acontecido alguma coisa antes de eles chegarem até nós. – respondeu Edmundo. Bocejei. Edmundo sorriu. – Você devia estar descansando.
- Você também. – acusei. Estiquei-me sobre a relva, Edmundo deitou ao meu lado. – Acha que vamos conseguir derrotar a Dama? – perguntei, após alguns minutos de silêncio.
- Claro! Aslam está do nosso lado. – ele sorriu.
- Queria vê-lo.
- Você verá, Nathy, garanto que sim, agora durma, você não aguenta mais os olhos abertos. – falou isso quando dei outro bocejo. Eu ri. Sim, eu estava mesmo cansada. Edmundo me deu um beijo e eu deitei a cabeça em seu peito, ele me abraçou e logo peguei no sono.
POV. Lucia.
Minhas costas, pescoço e ombros doíam. Fazia cansativas horas que eu estava naquela posição. A sala, agora iluminada com a chegada do novo dia estava clara e vazia. Rillian não estava mais ali.
A insegurança da noite anterior voltou, eu me senti tão sozinha...
Você nunca estará sozinha, Lucia.
Ouvi a voz de Aslam, E não, não foi em minha mente. Junto com alguns raios dourados, Aslam entrou em meu campo de visão. Eu sorri.
- Aslam... Se eu pudesse correria até você.
- Eu sei que sim. – ele riu.
- Precisamos tanto de você, Aslam, por onde andou?
- Não se preocupe, Rainha, seus irmãos e amigos já estão a caminho. – disse ele.
- Não pode me soltar? – perguntei.
- Posso, mas você precisa ficar aí. – explicou. Uni as sobrancelhas. – Você vai libertar Rillian, hoje à noite.
- Como?
Aslam olhou para as algemas.
- Na hora você saberá. Lembre-se, a aliada da Dama precisa ser morta... – sua voz foi se perdendo a medida que sua imagem foi se dissipando, logo eu estava sozinha novamente.
Aliada...? Mas eu sequer sei quem ela é...!
[...]
As horas passaram e o pôr-do-sol já estava quase no fim. Durante todo esse tempo ninguém pareceu ali e eu não conseguia ignorar a dor no estomago e a garganta seca.
A porta da sala foi aberta. Rillian, ou melhor, o cavaleiro negro, adentrou o lugar sequer prestando atenção em mim, seguido de uma criaturinha estranha. Ele sentou na Cadeira de Prata. A criaturinha se aproximou e prendeu os pulsos e tornozelos de Rillian à cadeira agora com cordas grossas e pesadas. A criaturinha saiu fechando a porta. Voltei minha atenção para Rillian.
Assim que os raios prateados da lua tocaram a cadeira, o cavaleiro abaixou a cabeça, escondendo o rosto o rosto na escuridão e permaneceu assim por alguns segundos.
- Rillian? – chamei. Ele ergueu a cabeça.
- Olá, Lucia... Quanto tempo... O que você conta de novidade...? – falou em tom de tédio. Eu sorri.
- A novidade é que eu falei com Aslam.
Rillian me encarou com os olhos surpresos.
- Aslam?!
- Sim.
- Espera aí! – ele fez uma pausa dando um suspense. - Estamos falando do mesmo Aslam?
Eu ri.
- Só se você estiver falando de um grande leão com juba dourada... – entrei na brincadeira.
- ASLAM ESTEVE AQUI?!
- Shhhhhh! – pedi. A sorte que ninguém nos ouviu.
- Desculpe... Mas me fala... O que ele disse? – curioso.
- Disse que eu vou libertar você, hoje.
- Fala sério, Lucia.
- Estou falando sério. – garanti.
- Tá, então como você vai fazer isso? – desafiou.
- Como você consegue ter tanta pouca fé?! – questionei.
- Acho que depois de tanto tempo sob os feitiços da Baranga-Loira eu perdi boa parte dessa fé... Sem contar que não tem logica. Você está acorrentada, eu estou acorrentado, nenhum dos capachos lá fora vai fazer isso... Então é praticamente impossível.
Assim que ele falou ouviu-se um rugido e um vento forte bateu dentro da sala, bagunçando meus cabelos. Os elos das correntes que me prendiam brilharam e, um a um, foram desfazendo-se em pó. Meus braços caíram ao lado do corpo e eu senti um alivio muito grande. Levantei devagar, apoiando-me na parede enquanto a dormência nas pernas passava. Olhei para Rillian com um sorriso largo de “quem tem razão agora?”.
- O que é mesmo impossível? – perguntei.
- Shhh, me solta logo...
Eu ri e fui até ele. Peguei a adaga que ele tinha presa à bainha e comecei a cortar as cordas.
- Escute, Aslam também disse que a aliada da Dama precisa ser morta. – e cortei a ultima corda. Rillian levantou-se, sorrindo de orelha a orelha.
- Obrigado, Lucia.
- Não agradeça a mim, agradeça a Aslam. – falei. Rillian virou o rosto em direção ao céu escuro que a janela revelava.
- Valeu, Aslam! – ele guardou a adaga de volta à bainha. – Vamos prisioneira, a rainha do Submundo deve saber de sua fuga. – falou sério, segurando-me pelo braço.
- Como? – olhei-o sem entender.
- Desculpa, foi força do hábito. Vamos sair, mas antes vamos passar na cozinha, você precisa comer alguma coisa.
Eu ri.
- Vamos. – concordei e ele levou-me para fora.
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