Back To The Dream.

Por Narnia e por Aslam!


POV. Julia.

Cortamos o bosque seguindo Andrew. O pôr-do-sol iria cair em algumas horas e faltavam mais algumas para chegarmos ao Submundo.

Eu estava tensa, mas quase não sentia essa tensão. Toda vez que a nuvem espessa do perigo ameaçava pairar sobre mim, os olhos de Pedro vinham em minha mente, espantando a nuvem com o azul de seus olhos. O gosto de seu beijo não saía de meus lábios, meu coração pulava com força quando pensava nele e pela primeira vez na minha vida eu soube como era estar apaixonada.

POV. Caspian.

Seguia no fim da fila, Susana ia a minha frente e eu desacelerei quando o cavalo dela começou a parar. Susana curvou-se um pouco sobre ele, apertando as rédeas com força entre suas mãos, e os olhos fechados com força.

- O que houve, Su? – perguntei vendo-a mais pálida do que o normal.

- Não... Não é nada, já passou... – ela respirou fundo. Nada... tá bom... Susana recuperou um pouco da cor e logo pôs o cavalo a galope para alcançar os outros.

POV. Lucia.

Rillian me levou as escondidas para a cozinha onde pude saciar um pouco da fome e da sede, mas tínhamos que ser rápidos e sair dali antes de sermos descobertos.

- O que vamos fazer depois que você acabar com o estoque de comida do castelo? – perguntou ele inocentemente. Encarei-o, mas antes que eu pudesse responder uma mulher, loira e de longo vestido verde respondeu por mim.

- Não haverá depois para vocês. – disse ela. Rillian e eu nos pusemos de pé ficando um ao lado do outro. Ela nos encarava, os olhos brilhando de raiva. – Não sei como conseguiu soltá-lo, mas isso não irá adiantar muito. Não permitirei que saiam daqui com vida.

- Tem certeza? – provocou Rillian. – Somos dois contra um.

Outra pessoa parou ao lado da Dama. A segunda baixou o capuz revelando quem eu menos esperava ver.

- Você?!

POV. Caspian.

Faltavam menos de uma hora e maia para chegarmos ao Submundo. Alcançamos um vale de onde era possível ver a vasta linha do horizonte sob a chuva que começava a cair.

Ouviu-se um zunido e um grito. Lenny caíra no chão sangrando com uma flecha cravada nas costas. Todos pararam para socorrê-la, mas já era tarde demais.

- Ela... Ela morreu... – Héryka chorava ajoelhada ao lado da ninfa. Ecco a abraçou, chorando também. Jill cobriu a boca com uma das mãos.

Outro zunido e a ponta da outra flecha atingiu o solo. Logo vieram mais e felizmente não acertaram ninguém.

- Olhem! – Eustáquio indicou a direção do horizonte. De lá vinham muitas ninfas armadas. Um silêncio profundo enquanto elas se aproximavam.

- Deem a volta! – falou Ecco. Quem havia descido do cavalo voltou a subir.

- Vocês não vêm? – perguntou Nicolas às ninfas.

- Vamos ganhar tempo. – respondeu Héryka. – Vocês devem seguir.

- Não podemos deixar vocês! – Natalia argumentou.

- Devem se preocupar em salvar o Rei Rillian e a Rainha Lucia! – disse Ecco.

- Vamos ficar e lutar com vocês. – garantiu Pedro. Sacamos nossas armas, erguendo-as para o alto.

- Por Narnia e Por Aslam! – gritamos com os cavalos relinchando e apoiando-se nas patas traseiras. Descemos o declínio do vale a galope e as ninfas inimigas se apressaram também. Descemos os declínios opostos, um em direção ao outro e nos encontramos no fundo do vale.

POV. Lucia.

Rillian sacou a espada e se pôs a minha frente de modo protetor.

- Quem é você? – perguntou Rillian apontando a espada para a recém-chegada. Ela sorriu.

- Não me reconhece Rillian? – ela perguntou sorrindo docemente. – Sou eu. Sua mãe. – ela abriu os braços em direção a ele como se o esperasse para um abraço. Rillian baixou a espada.

- Como é que é? – sua voz era desconfiada.

- Sou sua mãe. – repetiu ela.

- Ela é a aliada da Dama, Rillian! – falei.

- Isso é verdade? – ele perguntou à Lilliandil. Rillian não estava de todo certo sobre o que ela falava.

- Você vai entender tudo, meu filho. – ela garantiu.

- Você é ou não é aliada dessa cretina?! – ele apontou a espada para a Dama, olhando para sua “mãe”.

- Eu posso explicar... – ela avançou um passo.

- COMO PODE PERMITIR TUDO O QUE ELA FEZ A MIM?! QUE ESPECIE DE MÃE VOCÊ É?! – ele estava indignado.

- Calma, querido, me ouça, por favor... – pediu ela. Como Rillian ficou calado, ela continuou. – Eu me aliei à Dama em troca da sua liberdade, amor. – apelou ela, tão teatral que se Rillian acreditasse eu mesma lhe daria um murro.

Ele aproximou-se dela um passo, falando docemente. Eu não acredito que ele caiu! Lilliandil sorriu esperando Rillian falar alguma coisa.

- Oh, mamãe... Essa é a desculpa mais esfarrapada que eu já ouvi em toda a minha vida... E olha que eu já dei muitas... – sua voz doce e debochante.

O sorriso de Lilliandil se desfez.

- Mas por que não acredita em mim, querido? – continuou com seu teatro.

- Por que... Não faz... Sentido. Simplesmente por isso. – falou Rillian calmamente. – Vem Lucia, vamos sair daqui. – ele virou-se para mim e caminhamos para a saída.

- Rillian! – chamou a Dama, tentando mais um feitiço. – Vai me deixar depois de todos os beijos que trocamos? – apelou.

- Com certeza! – ele garantiu quando passamos pela porta dos fundos. – Corre, ela vai chamar os soldadinhos de chumbo. – sussurrou para mim. Começamos a correr rumo à cidade subterrânea.

POV. Eustáquio.

As primeiras ninfas começaram a cair e não paravam de chegar mais. Duas delas vieram em minha direção. Bloqueei o golpe de uma enquanto pulava para evitar o golpe da outra que tentou acertar minhas pernas.

Girei, acertando um chute na ruiva e lançando para longe a espada da loira, cravei a espada em seu peito, ela caiu e eu virei para a outra. Ela me pegou de surpresa e acabou me derrubando. Ergueu a espada para me matar, mas parou. Uma espada pequena havia atravessado seu pescoço, da nuca para frente. A espada foi puxada e ela caiu. Antes que tocasse o chão, um rato pulou de suas costas. Reconheci a pena vermelha.

- Ripchip! – sorri de orelha a orelha. Ele sorriu também.

- O que está fazendo aí deitado? Estamos no meio de uma batalha! – falou ele, erguendo a espada e mergulhando na luta. Levantei sorrindo e olhando rapidamente em volta, pude ver narnianos chegando e entrando na batalha, não soube de onde eles vinham, mas assim que eles tiveram o primeiro contato com as ninfas, ouviu-se um rugido e o chão tremeu sob nossos pés.

POV. Caspian.

Enfiei a espada no peito da ninfa que acabara de derrubar. O chão tremeu ao som de um rugido. Olhei em volta e sorri ao ver antigos amigos entre os narnianos que chegavam e lutavam ao nosso lado. Glestrom, Ripchip, Caça-trufas, Trumpkin, Drinian...

A chuva havia engrossado e eu já estava todo encharcado como todos ali. Subi numa pedra e saltei cravando a espada nas costas de uma ninfa morena que lutava com Andrew.

- Obrigado. – disse ele. Assenti e logo nós dois voltamos à batalha.

Vi Susana. Ela estava atrás de uma pedra enorme, atirando flechas nas ninfas que avançavam contra ela, mas quando ela levou a mão para trás em busca de outra flecha, seus dedos se fecharam em volta do vazio. Ela bloqueou alguns golpes de espada com o arco enquanto eu corria até ela. Matamos um monte das inimigas e me joguei contra Susana, levando-nos ao chão lamacento por trás da pedra para não sermos atingidos pela ninfa que um dos gigantes arremessou para o bosque, ela bateu contra uma arvore e permaneceu no chão, provavelmente com a coluna quebrada em várias partes.

- Obrigada. – ouvi a voz ofegante de Susana.

- Não foi nada. – falei.

- Não foi nada? – perguntou ela. – Foram as nossas vidas... – falou ela, mas uniu as sobrancelhas em seguida. – A minha e... A sua...

- Estou perdoado? – perguntei de uma vez. Se por acaso eu morresse ali, não queria ir sabendo que Susana estava magoada comigo.

- Pelo que?

- O motivo pelo qual você está chateada comigo. – falei e por um tempo esquecemos que do outro lado daquela pedra estava acontecendo uma batalha.

- Acho que a culpa não é sua. – ela sorriu de leve. – A culpa é da estrela. Mesmo todas as pistas apontando para ela... Talvez ela possa ser a mãe biológica de Rillian, mas não é a mãe de verdade, se fosse, estaria aqui lutando pelo filho dela.

- Ei, vocês dois aí, está acontecendo uma batalha aqui! – gritou Edmundo enquanto lutava. Nós rimos, levantamos e caminhamos para lá. No caminho Susana pegou a espada de uma das ninfas mortas.

A batalha continuou.

POV. Lucia.

Estávamos quase alcançando a saída quando uma luz azulada surgiu a nossa frente.

- Não posso permitir que você vá, meu filho. – Lilliandil finalmente mostrou seu verdadeiro lado aliando-se à Dama.

- Nós não precisamos da sua permissão. – retrucou Rillian.

- Mais respeito, sou sua mãe. – advertiu ela, séria.

- Se não sairmos por bem, saímos por mal. – falei cansada desse joguinho dela.

- Se preciso for, mandarei prendê-lo novamente naquela cadeira. – ela ameaçou.

- Você não vai colocá-lo em lugar nenhum, nem passando por cima de mim! – garanti com uma firmeza que me assustou. Lilliandil também não esperava por isso, mas logo assumiu a pose de superior. Pude ver um denso e familiar nevoeiro se espalhar pela atmosfera dificultando e muito a visão, eu estava quase ao ponto de só enxergar vultos, tamanha era a densidade do nevoeiro. A Dama estava ali.

- Se bobiar ponho você também. – ameaçou Lilliandil. – Rainhazinha. – debochou. Senti a raiva queimando por minhas veias.

- Você vai ver quem é a “Rainhazinha”. – falei antes de voar em cima dela, derrubando-a na relva. Ela reagiu e logo estávamos brigando. Ela não podia alcançar sua espada então aquela briga se daria na tapa mesmo.

De relance pude ver Rillain se aproximando da Dama, sacando sua espada lentamente, encarando-a.

- É hora da revanche.