Baby Nations

Papá Switerzland


Capítulo 6: Papá Switerzland

Quarta Semana

Se lhe perguntassem diretamente como estava a correr a sua primeira viagem pelo vasto oceano da paternidade, Basch resumiria todas as vivências das últimas três semanas em quatro simples palavras, total e absoluta falência. Criar um bebé era caro, muito caro, caro ao ponto de levar uma pessoa quase falida à infinita falência.

Um cenário já familiar na residência de Switerzland, decorre perante os olhos de um pequeno menino, que observa os loiros irmãos com curiosidade, gatinhando em direção ao dono da casa.

As nações contavam e recontavam cada centavo, como se de uma contagem para a outra, a soma fosse aumentar miraculosamente.

― Ah! ― O jovem de olhos verdes revolveu o cabelo exasperado. ― Já não sei o que fazer… Estamos completamente falidos! Por este andar não vamos conseguir chegar sequer ao fim do mês.

― Calma, irmão, temos de pensar com calma, algo havemos de resolver. O novo lote de armas que Germany encomendou já está pronto?

― Não, faltam duas mil espingardas e quinhentas granadas. Ludwig ligou, o Chefe dele voltou a aumentar a encomenda em cima da hora, pelo que ainda vai demorar mais umas quantas semanas.

― Tudo bem, não é motivo para desesperar. Como vai a encomenda do contentor de minas terrestres e grades eletrificadas que Russia pediu? Ivan não disse que era urgente, algo sobre livrar-se de intrusos que querem roubar o seu bebé?

― Já foi expedido, tal como também já recebemos o respetivo pagamento, por sorte tinha material suficiente em stock. Utilizei cada cêntimo desse dinheiro para consertar as goteiras do teto do berçário e colocar isolamento nas janelas, para que o vento e a chuva não entrem no quarto.

― Podemos sempre pedir um empréstimo ao America ― sugeriu Liechtenstein com os olhos a brilhar de expectativa, esperando ter solucionado o dilema do seu adorado irmão, querendo ser útil para a pessoa que mais admirava.

― Ele iria exigir que nos aliássemos a ele e mantenho a minha palavra e orgulho acima de tudo, nunca me submeterei, preservarei a minha neutralidade sem importar a situação. Além de que não podemos perder os nossos contratos com Germany.

― Bom! E se falarmos com o Chefe do bebé Austria? Ele é o responsável pelo bem-estar de Roderich, deveria no mínimo pagar uma pensão, visto que nós estamos a cuidar dele.

― Não quero dever nada a ninguém, muito menos a esse tipo de óculos! ― Lançou um olhar frio na direção do infante, que o fitava desde o solo com um sorriso de felicidade, abrindo e fechando as mãos, clamando pelo colo do loiro bonito, mas extremamente mal-humorado.

― Pronto! Teremos de cortar no número de refeições se queremos cobrir os gastos das fraldas e da fórmula. A partir de hoje teremos de pescar e caçar os nossos alimentos. Não quero sacrificar os meus cabritos, mas se o momento chegar, é com muito pesar que o farei, devemos assegurar-nos de sobreviver o resto do mês.

― Não, irmão! Tu amas Eiger, Jungfrau e Mönch, não podemos comê-los… Nunca te perdoarias se o fizéssemos…

― Bem pensado, Liech, antes disso acontecer comeríamos primeiro a águia real de Austria! ― exclamou com um sorriso psicopata, pegando na criança ao colo, que não parara de o chamar em todo o instante. Alheio ao plano de Basch de abater a sua mascote, Roderich aferrava-se ao casaco do uniforme militar do loiro de olhos verdes, caindo instantaneamente no Mundo dos Sonhos.

oOo

De martelo numa mão e chave de fendas na outra, Switerzland dispunha-se a consertar pela sétima vez o berço que comprara em terceira mão numa venda de garagem. Entre marteladas e queixas da nação loira ao martelar por descuido os seus próprios dedos, Austria entoava a melodia que compunha a Nona Sinfonia de Beethoven.

O bebé com os seus grandes olhos violetas, livres dos óculos que a sua versão adulta portava em todo o momento, embalava-se ao ritmo de uma das maiores composições musicais de sempre, para a frente e para trás, para a frente e para trás, uma e outra vez. O menino sorria genuinamente no colo da rapariga, que movia levemente a cabeça com deleite, escutando Austria cantarolar, sendo apenas interrompido por uns pontuais “ais”, quando Basch batia nos próprios dedos.

oOo

Liechtenstein encarava a lata de fórmula em cima do balcão como se de um inimigo mortal se tratasse. Suspirou e pegou num biberão, de seguida passou a medir cuidadosamente a quantidade de pó necessária, não querendo desperdiçar nem sequer mesmo uma grama.

A jovem nação sentou-se com o menino ao colo, que se jogou gulosamente sobre o biberão, sendo a ação vista pelo seu cuidador.

― Precisamos de comprar mais fórmula, já só fica o suficiente para mais um dia.

― Ah! ― Switerzland fechou os olhos e suspirou, ao prever uma enxaqueca a caminho. ― Se os meus cabritos não fossem tão novos, poderíamos alimentá-lo com o leite da Jungfrau… Talvez devêssemos comprar uma vaca… Seria mais económico?! ― A nação suíça perdeu-se nos seus pensamentos, calculando o total dos gastos de manter mais um animal doméstico, concluindo que as despesas da vaca terminariam por ser superiores ao custo da fórmula para bebé, suspirando desanimadamente.

oOo

Switerzland voltou ao seu ritual de conserto, martelo numa mão, chave de fendas na outra e muitos “ais”. Desta vez, fora o carrinho de bebé que decidira traí-lo de forma vergonhosa no meio do seu passeio matinal. Era velho e já em quinta mão, pelo que não era de estranhar que o raio da roda teimasse em sair do sítio, pelo que lá estava o loiro novamente a arranjar a geringonça pela décima vez, intercalando as batidas das ferramentas com os suspiros de desespero.

Enquanto isso, a sua irmã fazia um novo remendo a um velho peluche de Basch que haviam conseguido resgatar de um antigo baú.

Só Deus sabia como sobreviveriam ao fim do mês…