Capítulo 5: Papá Russia

Primeira Semana

Russia abre as pesadas portas duplas da sua mansão e mal coloca um pé dentro do Hall da Entrada, põem-se a dar ordens aos seus aterrorizados subordinados, que tremiam da cabeça aos pés. Em menos do que o Diabo esfrega um olho, as pobres nações bálticas já haviam reunido tudo o que pudesse (ou não) ser imprescindível para realizar os cuidados apropriados que um bebé necessita.

Lithuania começou prontamente a reunir informação sobre cuidados infantis e em menos de quarenta e oito horas, já se havia tornado num autêntico especialista no tema. Ainda quando este se tenha prestado prontamente a oferecer os seus serviços para tomar conta do infante, receando interiormente que Russia atormentasse a pobre criança até à morte, Ivan não lhe permitiu velar pelo bem-estar de Prussia, em vez disso ordenou que o instruísse apropriadamente, pois cuidaria ele mesmo da pequena nação. Ainda que relutante, Toris acedeu às demandas, implorando a qualquer divindade que estivesse de serviço nesse preciso momento, (como se se tratasse de um trabalho por turnos), que não permitisse que aquilo virasse um banho de sangue infantil, pois o último que necessitavam de anexar agora mesmo à lista de crimes de Russia-san, era o horrendo ato de infanticídio.

Latvia, estava super animado de ter um bebé em casa, alguém menor que ele (dada a sua baixa estatura e posição na hierarquia), mas rapidamente perdeu o entusiasmo. Russia não o deixava aproximar-se a Prussia, argumentando que não era um boneco com o qual pudesse brincar e proibindo-o de entrar no berçário, pelo que não alcançara a ver mais do que o níveo cabelo do mini-narcisista. A depressão da nação báltica mais jovem foi tal, que Lithuania e Estonia chegaram mesmo a realizar uma intervenção, fracassada, pois Raivis passou as semanas seguintes, mergulhado em litros e litros de álcool, pois as bebidas de Ivan eram mais álcool do que outra coisa. Ninguém diria que um corpo tão pequeno apresentaria tanta resistência à bebida, mas Latvia podia consumir perfeitamente cerca de quarenta jarras, antes de se embriagar completamente.

Estonia, por sua vez, viu-se repentinamente responsável pelas tarefas da mansão, pois Ivan dispensava todo o seu tempo livre para cuidar de Prussia. Claro que a sua vida teria sido muito mais simples e fácil, se Latvia não tivesse esgotado completamente o stock de álcool da casa. Quando as coisas regressassem ao normal e Russia se apercebesse de que a sua adega ficara às moscas, o mundo conheceria o seu fim através das chamas da ira de Ivan Braginsky, comummente conhecido como Russia.

Terceira Semana

Belarus entrou de rompante na moradia, sem aviso prévio, começando a recitar a sua habitual cantoria:

― Irmão, casa-te comigo! ― exigiu a mulher de cabelos loiros e olhos azuis, portando um vestido azul de moda super-ultra–hiper–mega desatualizada, que Russia lhe oferecera séculos antes e que Belarus tentava vestir o maior número de ocasiões possíveis para lhe demonstrar quão profundos eram os seus sentimentos e o amor que nutria por ele. ― Irmão, não te podes esconder eternamente! Sai e casa-te comigo! Criemos um belo e duradouro império…

Russia entrou no berçário, trancou a porta e dirigiu-se ao berço onde um pequeno bebé de cabelos prateados o observava com um beicinho trémulo, prestes a chorar. Os seus olhinhos carmesim encheram-se de lágrimas ao escutar as batidas frenéticas de Belarus e o pranto não se fez esperar. Ivan pegou cuidadosamente no infante e abraçou-o protetoramente, sentando-se na cadeira de baloiço, perto da janela através da qual podia ver perfeitamente a neve a cair no gigantesco jardim, para acalmar o menino.

Ao constatar que Prussia estava tranquilo e vendo que estava na hora deste comer, agarrou no biberão, que Lithuania preparara com antecedência, e ignorou os lamentos de Belarus, bem como o ruído das garras da sua irmã a arranharem a madeira da porta. Uma vez saciado, trocou-lhe a fralda e vestiu-o com um conjunto que lembrava vagamente o uniforme militar da Russia.

OoOoO

Belarus viu-se erguida do solo e jogada no meio da rua, pela força dos musculosos braços de Germany, terminando com a cabeça enterrada num monte de branca neve que amorteceu a sua queda. Esta reclamou sonoramente e rumou de regresso ao interior da mansão, mas a porta foi fechada repentinamente, resultando na mulher com o nariz partido. Chorosa de raiva, a nórdica regressou a casa, rogando pragas à nação loira que a expulsara da casa do seu amado irmão e a impedira de consumar o seu eterno amor.

OoOoO

Russia tentava a todo o custo não se sentir incomodado pelas repetidas e contínuas batidas na porta do berçário de Prussia, mas a voz de Germany parecia ter chamado a atenção do bebé, que se remexia animadamente no seu colo quase caindo ao chão. Sem outro remédio, o homem abriu a porta dando de caras com Germany e mini-Italy.

Germany entrou no quarto, tentando não deixar transparecer o profundo choque que o acometia. O recinto encontrava-se repleto de peluches e brinquedos que Prussia não poderia obviamente utilizar devido à sua escassa idade. O loiro tinha decidido ir visitar o seu bro, temendo que Russia estivesse a mal-tratá-lo, ou pior, mas pelo que podia ver estava tudo a correr melhor do que alguma vez ponderara. Ivan estava de facto a fazer um bom trabalho e Prussia parecia muito feliz e cómodo nos braços daquela assustadora nação, que tanto o fizera sofrer no passado. Mas tendo em conta que tudo parecia bem e que Italy por si só, já dava demasiado trabalho, Germany optou por deixar as coisas como estavam e realizar algumas visitas ocasionais, para assegurar o bem-estar do seu querido irmão.