Capítulo 3: Papá Germany

Primeira Semana

Um avião privado aterrou no Aeroporto de Berlim-Schönefeld, Ludwig desceu, carregando com calculado cuidado, quase matemático, um pequeno vulto e rumou em direção ao Palácio de Bellevue, onde se reportaria diretamente ao seu Chefe de Estado.

Ao chegar ao escritório do chefe, este deu-se, quase que imediatamente, conta do embrulho que a nação embalava com um ritmo mecânico. Ao que Germany expôs os factos, obtendo dessa forma verba extra para poder assim cobrir os gastos do recém-nascido.

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Algumas mulheres observavam, curiosas entre cochichos, o homem com atitude galantemente séria que caminhava tranquilamente com um pequeno e terno bebé ao colo, enquanto selecionava diversos guias sobre os melhores métodos para cuidar bebés. No decorrer das exaustivas compras, colocava um pouco de tudo no carrinho das compras, sem saber exatamente o que levar, pelo que uma mulher apiedando-se do pobre desgraçado aproximou-se a ele para o ajudar.

Com um vasto suprimento de fórmula, fraldas e afins, o alemão regressou a casa esgotado pela avalanche de emoções, resultantes das circunstâncias em que se encontrava graças ao pequeno reguila, que dormitava, por fim, pacificamente no carrinho de bebé comprado às pressas.

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A lua já brilhava bem alto no céu estrelado, quando Germany escutou um pranto, em estado alerta levantou-se e pegou na espingarda ainda com cara de sono. Dando-se rapidamente conta da situação ao ver o berço postado perto da janela, o loiro deu uma chapada a mental a si mesmo e baixou a espingarda, pousando-a em cima do móvel.

Com passos arrastados e a bocejar abertamente, o alemão dirigiu-se ao rebento choroso e procedeu a tentar descobrir o que quereria o infante dessa vez. Nunca sabia o que fazer. Se pensava que era fome, resultava que tinha a fralda suja e vice-versa.

Constatando que a fralda estava imaculada, assumiu que seria fome pelo que elaborou um pouco de leite de fórmula e aqueceu-o, para seguidamente proceder a alimentar o esfomeado bebé, mas cada vez que acercava o biberão, Italy virava o rosto e fazia minúsculos e adoráveis beicinhos.

Germany bufou exasperadamente, sem saber o que fazer, um pouco relutante decidiu pedir ajuda a alguém, pelo que recordando a vasta experiência na criação de jovens nações que China possuía, ligou-lhe após fracassar redondamente em todas as suas tentativas anteriores. Pegou numa toalha para secar o leite, que o bebé havia cuspido na sua cara e marcou rapidamente o número de telefone da nação asiática.

***

― Alô, aru!

― Não necessita uma muda de fralda, não tem fome, não… ― enumerou sem parar nem para respirar, sendo interrompido pelo maior.

― Eh!? Germany, aru? Do que estás a falar, aru? ― perguntou ainda meio sonolento, pois havia despertado apenas meia-hora antes.

― Italy não para de chorar. Já não sei o que fazer!? ― exclamou exasperado e com vontade de puxar os próprios cabelos.

― Germany, antes de lhe dar o biberão, testaste a temperatura do leite, aru?

― Bip… bip… bip…

― Olá!? Ainda estás aí, aru!? Desligou, aru! ― China encolheu os ombros e regressou aos seus exercícios matinais.

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Se pensava que alimentar o bebé era um pesadelo, era porque ainda não tinha tido de lidar com as malditas cólicas. Isso para não falar da choradeira na hora de tomar banho.

Com o banho tomado e as cólicas devidamente controladas, Germany dispôs-se a receber a visita do seu aliado Japan, que tinha ido devolver algumas das pinturas que Italy havia deixado espalhadas e totalmente esquecidas na casa do inexpressivo moreno.

Não demorou muito para constatar que apesar da sua curta idade, o recém-nascido continuava a ser fascinado pelas artes e ainda quando agora demonstrasse o seu entusiasmo à base de gritos de felicidade, balbucios ininteligíveis e excesso de baba.

― Vejo que Italy-san ainda desfruta das artes! Talvez não fosse má ideia levá-lo a ver a nova ópera que têm estado a publicitar na televisão.

***

Germany examinava cuidadosamente, ponderando quais seriam as melhores escolhas.

― L’Orfeo. ― Revisou atentamente os títulos dos vídeos. ―, Le Nozze Di Figaro, Tosca, La Serva Padrona… hmm… é curta e com poucas personagens. Talvez seja uma boa ideia para começo… e é uma comédia, pelo que não deve ser difícil de compreender. Agora deveria ver alguns vídeos de concertos de orquestras… hmm…

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O alemão observava atentamente um livro de culinária, seguindo as instruções à letra para preparar um delicioso prato de bolonhesa, mas no mesmíssimo instante em que tirou os olhos do hiperativo bebé, deitado num cesto perto da refeição já terminada, este mergulhou de cabeça dentro da pasta.

Germany havia-se esmerado em preparar a comida favorita do italiano, apenas para este decidir nadar nela. Não que fizesse diferença, visto que quando por fim teve um momento de descanso, após banhar o infante, para poder ler os manuais de cuidados infantis descobriu que a criança não podia comer comida sólida e que deveria apegar-se à fórmula por vários meses.