Helena tinha a vida mais cobiçada por alheios do que por si mesma.

Era pretensiosa, às vezes. Confinava-se no quarto e nem conspiração do universo a tirava de lá. Chorava sozinha (às quatro e meia da madrugada) e lamentava por toda mágoa que não conseguia sucumbir.

Perguntava-se por que tinha de efluir tanta dor.

Ah, a lucidez replicava, porque você sabe que é sua culpa.

Mas quando pereceu em pílulas e indícios nos braços, ninguém decifrou o que havia por trás daquele autoextermínio. Nem o pai, nem a mãe.

Eram cativados pela máscara, presumo. Pelo sorridente aspecto superficial de Helena.