Até As Últimas Consequências
Às armas, rapazes!!!
Sugestão de trilha: April Fool (XXX Holic – OST)
William Weasley entrou naquela loja de armas olhando para todos os lados. Era sua primeira vez em que pisava num estabelecimento daquele tipo. Olhava tão assustado para os cantos e com medo de encostar-se a alguma coisa que mais lembrava um estudante de medicina em sua primeira autópsia. Foi cambaleando até a bancada e disse:
— Boa-tarde!
— Que saiba ainda é bom-dia! Até porque eu ainda não almocei – retrucou o proprietário da loja.
O seu nome era Treatt. Sabia tudo sobre armas: as de curta, média e alta distância. Os modelos, lançamentos e calibres. Conhecido na região do porto atendia desde os vagabundos e trapaceiros até a guarda da Rainha. Era de estatura mediana, cabelos espigados e malcuidados. Quem o visse não daria um tostão por ele, mas trabalhando com isso desde que se conhecia por gente, fez uma admirável fortuna.
— Tempos difíceis esses, não? – desta vez foi William tentando travar uma conversa.
— Sem dúvida… – Treatt respondeu zombeteiro e continuou: – Mas, diga-me marinheiro de primeira viagem o que procura? – dando ênfase na última frase.
— Bem, eu… eu… você tem… tem…
— Tem? – indagou o proprietário esperando uma resposta.
E aí, Wesleay soltou a pergunta de forma rápida:
— Você tem uma arma entre curta e média distância, calibre 45?
Treatt, de forma irônica, sorriu e respondeu:
— E não é que cavalheiro me surpreendeu? Vejo que sabe o que quer!
— Não é para mim! É para…
— Hum, todos dizem isso quando compram sua primeira arma – provocou o proprietário.
— Não!! Você me interpretou mal! Não é para mim! É para aquele senhor lá na porta! – E aí Wesleay apontou para o vulto de um homem que se encontrava encostado na porta. Tinha uma das pernas levantada apoiada de forma displicente no batente da porta. Era alto, estava sem gravata e vestia uma cartola que ajudava a esconder o rosto.
Treatt apertou os olhos para enxergá-lo melhor, colocou os óculos, sorriu e gritou:
— John! É você? Seu grandíssimo filho da puta!
O rapaz levantou a cartola, sorriu e veio em direção a eles. Wesleay ficou perplexo! “Como o conde Ashenbert conhece esse tipo de gente? Lord Edgar é muito refinado”. O que Weasley não sabia é que Edgar viveu na clandestinidade durante certo tempo e foi conhecido pela alcunha de John. Ele liderou um bando de garotos que viviam nos becos escuros dos Estados Unidos. Meninos, que assim como ele, foram tripudiados e maltratados como escravos pela organização do Príncipe. Quando chegou à Inglaterra, enquanto se disponha das “armas” para contra-atacar o Príncipe, Edgar ainda teve que fazer algumas artimanhas, que em sua maioria foram ilícitas. E lógico, essas artimanhas envolviam armas e munições…
— Como vai Treatt, seu canalha?
— Primeiro pensei que você tivesse morrido. E aí eu vi pelos jornais… “não é que aquele filho da mãe falava a verdade? Era filho de um nobre!”? Como está a vida nova?
Edgar respondia com uma naturalidade fora do comum, o que fez William pensar que estivesse diante de outra pessoa. Treatt trouxe vários tipos de revólver e Edgar perguntando tantos termos técnicos que deixavam o cocheiro boquiaberto.
— E este, Treatt? – desta vez, ele estava segurando um revólver trabalhado.
— Esse é perfeito, John! E posso te dizer, vai tornar um dos seus favoritos!
— Pois bem, vou ficar com ele!
— Oh, acredito que você mal possa esperar para experimentá-lo!
— Mas não tenha dúvida!! – respondeu Edgar com um sorriso.
Pouco depois o conde e o cocheiro estavam saindo da loja. Edgar, discreto e furtivo, virou para Weasley e disse:
— William, isso fica aqui entre nós, certo? E não conte nada para ninguém. Principalmente para minha esposa!
— Sem dúvida, senhor conde!
Edgar tirou o relógio do bolso, verificou as horas e falou:
— Perfeito, está andando tudo como combinado. Logo mais, leve-me para o local determinado, certo? Preciso praticar…
William engoliu a seco. E Edgar, astuto como ele era, percebeu a apreensão do cocheiro e disse:
— Weasley, os meus assessores já estão em segurança. E você também estará. Só estou fazendo isso porque a minha vida corre perigo!
— Entendo, senhor! Entendo!
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