Há muito tempo, em terras distantes de Britânia, um reino governava em paz. Sendo governado por um único rei da raça mais poderosa da região: Tengu, humanoides com a presença de asas negras em suas costas, permitindo-lhes voar, e uma capacidade mágica superior que determinadas raças. Com a coroação do novo rei, o reino foi encaminhado para um novo destino.

O rei deu origem a três crianças saudáveis: ao seu primogênito e futuro herdeiro: Jin com a habilidade especializada em manipulação de mente, seguido por Nathalia com a habilidade de manipulação visual e a perfeita capacidade de performance no ar para voar mais rápido que qualquer um, e por fim a filha caçula: Tsuki com a bênção de manipular o corpo físico.

Desde o novo reinado, uma praga se manifestou e aniquilou mais da metade de seu povo, tornando o reino em apenas um grande cemitério. A família real e os saudáveis que ainda restavam deixaram as terras e partiram para uma longa jornada para fugir da doença.

O rei que almejava novamente conquistar um novo povo, passou a utilizar o medo para receber a confiança das raças mais fracas e para isto precisava de guerreiros. Recrutou e treinou sua própria filha Nathalia para assassinar brutalmente aqueles que desobedecerem às ordens de seu pai, logo, caso ela recusasse obedecer a suas ordens, era castigada: torturada pelos próprios pais e logo passaria fome. Enquanto seu irmão mais velho era treinado para liderar e herdar todas as responsabilidades de seu pai, e a caçula era apenas mimada por sua querida mãe.

“Deus deu-nos o poder de trazer o equilíbrio entre a natureza e os seres vivos” era o que os mais velhos, que conseguiram escapar da peste, ensinaram para Nathalia e assim ela tornou-se a recusar sequencialmente as ordens de seu rei. Castigada diariamente, passou a ser ignorada por todo o seu povo e até mesmo por seus familiares, com exceção de apenas uma pessoa. Não aguentando mais as torturas e passar fome, Nathalia desapareceu.

Retornando apenas há alguns anos como uma Cavaleira Sagrada e cometendo os piores erros.

E agora, lá estava ela parada a frente da pior situação possível. Estava totalmente paralisada por seu medo correr por todo o seu corpo, vendo apenas seu pior inimigo estar cometendo novamente um homicídio, Elizabeth logo encontraria o solo e ter todos os seus ossos quebrados.

Meliodas que não perdera tempo, pulava para salvar sua querida princesa, mas já era tarde. Um vento forte lhe impediu de aproximar-se da mulher, sendo que ela fora causada pelas grandes asas que Nathalia escondia por tantos anos.

—Perdão, eu apenas causei problemas a vocês... – Dizia a princesa que acabara de carregá-la em seu colo para impedir sua queda, descendo rapidamente ao chão e deixá-la acomodada – Sei que tem muitos motivos para vocês me odiarem, principalmente o Meliodas..., Mas esta luta é minha. Por favor, não se intrometam – Dizia com raiva nos olhos, não suportando mais as ações imperdoáveis de seu irmão.

—Sua velocidade é realmente admirável – A voz de Jin era escutada do alto, junto a uma risada, com os olhos brilhando de inveja – Mas continua sendo uma tola! – O machado que sempre carregara em mãos já não estavam, havia calculado de que Nathalia usaria sua velocidade para salvar a princesa e deixá-la no solo, assim, lançou o seu machado com toda a sua força para a direção em que ela pousaria.

Nathalia que acabara de salvar a vida de uma inocente, fora apunhalada pelas costas. O machado perfurara suas costas, dentre as suas asas, e atravessara em seu peito, fazendo-a cuspir sangue e manchar o que restara de sua roupa de vermelho.

—Por quê...? – Ban perguntava-se ao vê-la sangrar, não entendendo o motivo disto.

—Este sempre foi seu problema, Nathalia. Sua fraqueza! – Jin dizia após uma gargalhada. Referindo-se aos dias de tortura com sua irmã, sempre que ela desobedecesse a suas ordens, utilizando uma refém para conseguir manipulá-la – A vontade de salvar os inocentes, não importando de que raça seja.

—Você... Por quê...? – Elizabeth perguntava pasma.

—Está tudo bem – Dizia Nathalia com um sorriso gentil no rosto com os olhos cheios de esperança. Os olhos que Ban nunca havia visto, os olhares que sempre almejava ver – Eu não posso morrer agora... – Ao dizer isto, solta um sorriso largo e retira o machado da ferida aberta, logo voando e aparecendo em um piscar de olhos a frente de Jin.

—Como... Como você tem tanta força para voar nesta velocidade com estas feridas... – Jin estava perplexo, afastando-se.

—Que ferimentos? – Nathalia perguntava com um sorriso sádico. A abertura que o machado havia feito havia se fechado, deixando o dono da magia com a feição espantada.

—Como você...!

—Você está correto em dizer que esta é minha fraqueza, eu sempre irei me sacrificar para salvar a vida de inocentes – Nathalia explicava parada em sua frente – Mas você esta errado em acreditar que isto faria o meu desejo de morrer desaparecer, pois não há nada a mim neste mundo.

—O que você...

—Cale-se – Nathalia não hesitava mais, avançara em Jin com a katana em mãos e fizera vários cortes nas regiões não protegidas pela armadura – Você tirou tudo de mim, tudo.

Nathalia que havia fugido de seu reino quando cansara de obedecer a seu pai, voando o mais rápido possível e para o mais longe, desmaiara de exaustão em meio a um céu azul. Acordando em uma floresta cheia de vida, sobre vários arbustos que haviam amortecido a queda, sentindo-se enfraquecida pela má alimentação e pelo cansaço. O primeiro local que avistava era uma enorme árvore com a copa rosa e ali iria para esconder-se de todos.

Mas ao não conhecer o local, nunca desconfiara da existência da fonte da juventude que havia lá em cima e que ela era protegida por uma guardiã. Voou com o que sobrara de suas forças e alcançou o topo da árvore, encontrando apenas a fada que guardava a fonte: com sua estatura pequena, cabelos medianos e louros, olhos caramelados e vestindo-se com um delicado vestido branco. Antes mesmo que pudessem ter alguma reação, Nathalia desmaiava novamente.

Ambas se apresentaram após a estrangeira restaurar sua consciência, logo adquiriram uma amizade. Nathalia fora aceita de braços abertos por todas as fadas daquela floresta, adquirindo o que sempre quisera: eles lhe deram felicidade, lhe deram um lar. Crescendo ao redor de fadas, adquiriu a magia de mudar sua aparência para quando era apenas uma criança, podendo assim parecer mais com uma fada.

“Elaine, posso te chamar de irmã?” Era o desejo de Nathalia, ter a atenção e o amor de uma irmã que nunca recebera de seus verdadeiros irmãos. Assim, Elaine tornou-se a irmã que a garota tanto sonhava, estava feliz e em paz. Mas isto logo encerrou-se quando Elaine pediu que ela retornasse ao seu povo para dizer que ainda estava vida: “Seus pais devem estar preocupados” e como pediu, Nathalia atendeu.

—Quando eu retornei ao nosso povo, eu vi o inferno – Nathalia explicava ao seu irmão, guardando a katana em sua bainha. Enquanto Jin apenas sentia suas feridas, não profundas, arderem – Cansei de receber a culpa por algo que eu não fiz.

Quando havia retornado ao seu povo, ele havia sido brutalmente massacrado, não restando ninguém, nem mesmo seus pais. “Após a morte, todos nós retornamos a terra” isto era fato que nunca mudaria em relação a sua raça, os corpos de um Tengu não apodrecem, apenas retornam ao solo como uma árvore, criando raízes por todas regiões do corpo e era esta a cena que via ao pisar no solo. Sem saber o que havia acontecido, ajoelhava-se aos pés de sua caçula que já criava raízes e vira dois homens vestidos de grandes armaduras.

—Não me culpe mais por algo que você fez! – Nathalia gritava furiosa – Não me faça pagar pelos crimes que você cometeu! Você que traiu nosso povo ao aliar-se com os Cavaleiros Sagrados, assassinou todos e até mesmo sua família...

Nathalia já não se continha, atacava seu irmão com toda a raiva que guardara dentro de si, quebrando aos poucos a armadura.

—Você que me apunhalou pelas costas e manipulou minha mente após aquele dia, controlando-me durante todos esses anos... – Nathalia dizia ao ranger os dentes. Esta frase fizera Meliodas, que cuidava de Elizabeth, a criar uma hipótese em sua mente.

Jin que não conseguia acompanhar a velocidade de sua irmã, já estava exausto por seus ferimentos e não aguentava mais manter-se voando, fazendo Nathalia aproveitar-se para usar todas as suas forças para derrubá-lo e fazer uma enorme cratera no chão. “Que irônico... É assim que eu vou morrer...?” Jin pensava imóvel, tossindo sangue, forçando para não perder a consciência.

—Acabe logo com isto... – Fora suas últimas palavras antes de fechar seus olhos e aguardar sua morte, sendo seguido pelo grito de fúria de Nathalia que não hesitara em descer em máxima velocidade com a katana em mãos para dar-lhe o golpe final – Por quê...? – Perguntava ao abrir um pouco de seus olhos, ao sentir gotas quentes. Eram lágrimas de sua querida irmãzinha, segurando a katana que ficara ao lado de sua cabeça – Por que não me matou...?

—Eu não vou matar meu próprio irmão – Dizia Nathalia, saindo de cima de Jin e guardando a katana em sua bainha – Mesmo que eu não consiga perdoar seus atos.

Isto fizera Jin soltar um sorriso tristonho e derramar lágrimas que logo misturaram-se ao seu sangue, enquanto Nathalia dava-lhe as costas para partir. Pouco antes de desmaiar por conta de seus ferimentos, adquiriu forças para estender seu braço em direção a sua irmã e relar levemente seu dedo no calcanhar da mulher.

—Me perdoe... Nathalia – Ao dizer isto, rende-se.

Nathalia que vencera a batalha caminhava em direção ao grupo dos Sete Pecados Capitais, mas após dar alguns passos caíra. Ban que apenas observava, correra em sua direção e abaixava-se ao seu lado.

—Crow.... – Chamava-a pelo nome que se acostumara, carregando cuidadosamente a mulher em seu colo, vendo perfeitamente seu rosto. Ele esperava que ela apenas estivesse caída por exaustão, mas surpreendera-se com o que acabava de ver: Nathalia permanecia com os olhos abertos e mortos, sentindo em suas pernas o sangue quente da mulher que saía dos profundos ferimentos que saíam de seu peito e de suas costas, causada pelo primeiro golpe de Jin.