— Tia Iduna, olha! Já estamos quase chegando! - Uma pequena menina-unicórnio apontava par ao alto da colina. Lá encima, despontando, vê-se a muralha que envolve o Quartel General da Guarda de Eel.

— Estou vendo, Yuka. Tomara que encontremos sua mãe. - Iduna respondia, carregando a menina no colo, que se animava cada vez que chegavam próximos do QG.

Já fazia dois anos que Iduna havia chegado em Eldarya. Ela havia vindo da Terra, durante os eventos que ficaram conhecidos como ‘Crise da Fusão de Mundos’, quando Eldarya e a Terra quase se chocaram. Durante isso, alguns terráqueos vieram para Eldarya e alguns Eldaryanos foram parar na Terra. Iduna havia vindo para Terra junto com alguns outros humanos, nas Terras de Jade. Foram acolhidos num vilarejo com diversas raças de faerys e viveram em paz por um tempo. Mas há 6 meses, o vilarejo onde viviam foi invadido por caçadores de humanos. Eles atacaram todos os humanos que haviam se instalado e todos os faerys que tentaram protege-los, incluindo crianças. Iduna havia criado amizade com a mãe de Yuka e cuidava da menina quando a mãe precisava. No dia do ataque, Yuka tentou protege-la e os caçadores de humanos a atacaram, por pouco a menina não morreu, mas ficou desacordada. Iduna a protegeu com sua magia, pois, apesar de ser terráquea e ter sangue humano, Iduna também tinha sangue faery e tinha habilidade com magias, além de ter sido atleta marcial, quando morava na Terra. Ela matou os agressores de sua pequena protegida e a levou para longe de todo o conflito. Quando tudo se acalmou, elas voltaram para a cidade, que havia se transformado em uma cidade fantasma. Elas pegaram o que puderam, e foram para vilarejos próximos, procurando sinal de alguém de sua cidade. Até que descobriram que os sobreviventes buscaram refúgio no QG da Guarda de Eel. Elas passaram os últimos meses fazendo de tudo para sobreviver e indo de um lado para o outro, até conseguirem dinheiro para pagar uma viagem para o continente da Cidade de Eel.

Após todos aqueles meses, Yuka estava cheia de esperanças em reencontrar sua mãe. A pequena menina-unicórnio era meiga e tinha 6 anos e a carinha redonda infantil, típica de crianças fofas. Sua calda e seu chifre era rosas-pink e seu cabelo era rosa-bebê, o que a deixava ainda mais fofa. Já Iduna era alta, 1,75m, tinha corpo magro e definido, típico de uma lutadora marcial. Mesmo longe da Terra, treinava sempre que possível. Tinha os cabelos pretos e olhos cor de âmbar.

Elas se aproximaram da entrada do QG, sendo abordadas por guardas na entrada.

— Quem são vocês e qual seu objetivo aqui?

— Bom dia, eu sou Iduna. Esta é Yuka. Nós viemos procurar uma pessoa.

— A mamãe está aqui, moço? Ela tá aí? Eu posso ver a mamãe? – Yuka correu para as pernas do guarda, sacudindo ele de um lado pro outro.

— Yuka, calma. Não pode ficar sacudindo o moço assim. – Iduna pegou a menina no colo e continuou o informe. – Nós morávamos num vilarejo nas Terras de Jade, mas ele foi atacado por caçadores de humanos. O vilarejo foi destruído, mas ficamos sabendo que os sobreviventes vieram para cá. Estamos aqui para tentar achar algum conhecido.

— A mamãe, eu quero ver a mamãe. – Yuka estava impaciente.

— Entendi. Eu lembro dos refugiados das Terras de Jade, posso levá-los até lá. Mas preciso da autorização do chefe da Guarda Obsidiana. Ele cuida da segurança do QG e estamos com o acesso restrito. Aguardem um pouco, já volto. – O guarda demorou cerca de meia-hora. Iduna tentou entreter Yuka como conseguiu, até que o guarda voltou com um outro rapaz.

— Eu sou Lance, chefe da Guarda Obsidiana. Meu soldado já me adiantou uma parte da história. Pelo que entendi, vocês vieram procurar a mãe dessa garotinha.

— Isso mesmo, senhor. – Iduna respondeu de pronto.

— Você é irmã da menina?

— Não senhor, eu sou a babá. Durante a invasão, ela foi ferida e tive que levá-la pra longe, quando voltamos pra vila, já não tinha mais ninguém. Soubemos que os sobreviventes vieram para cá e esperamos encontrar a mãe da Yuka.

— Qual o nome da sua mãe, garotinha? – Lance se dirigia diretamente a menina-unicórnio, mas ela parecia intimidada com o rapaz. Ela escondeu seu rosto no colo de Iduna.

— Calma, minha querida, o moço só quer ajudar, pode responder.

— O nome da mamãe é Mariko. Ela tem o cabelo rosa, igual o meu, mas o chifre é azul.

— Vocês tem minha autorização para entrar, mas fiquem junto ao guarda. – Lance foi na frente, sendo seguido por Iduna e Yuka e um guarda mais atrás. Ele as levou para a Cerejeira Centenária. – Esperem aqui.

Iduna estava ansiosa pela possibilidade de reencontrar a amiga e de sua pequena protegida ter a mãe de volta. Yuka estava distraída, brincando com os mascotes que viviam no jardim. Depois de alguns minutos, Lance retorna com alguém atrás de si, Iduna não conseguiu ver num primeiro momento, mas quando o chefe da guarda saiu da frente, pode comprovar que realmente era Mariko, mãe de Yuka. Controlou o ímpeto de correr para abraçá-la para que mãe e filha tivessem esse primeiro momento. Quando Mariko viu sua pequena brincando alegremente com os mascotes, não segurou as lágrimas que caíam sem cerimônia. Ela observou por alguns instantes a menina que ainda não tinha percebido a presença da mãe. Foi quando a pequena olhou para ela e, de braços abertos, correu até ela, abraçando-a.

— Mamãe, mamãe! A gente te achou! Viu, tia Iduna, a gente achou a mamãe. - Yuka olhava para a sua protetora e Mariko só percebe sua presença naquele momento. Ela corre para Iduna e as três se juntam em meio a abraços e lágrimas.

As três se sentaram e Iduna contou a mãe da menina tudo o que havia acontecido após a separação delas. Lance permaneceu por perto e pediu para ouvir a história, pois teria que relatar a Chefe da Guarda Reluzente. Ao final do relato, ele questionou.

— Pelo que entendi, após esses caçadores invadirem o vilarejo e atacar a criança, você conseguiu derrotar boa parte deles e fugiu com a pequena. Como uma simples humana conseguiu derrotar bandidos faerys? - Lance parecia desconfiado. Iduna se levanta e se afastou deles alguns metros e desenhou ideogramas no ar que Lance não entendeu, mas logo uma bola de fogo brotou da mão da garota e ela a manuseava com habilidade. Todos ficaram impressionados. Mãe e filha ficaram boquiabertas, pois não sabiam desse fato, Iduna havia escondido isso delas.

— Eu sou da Terra, mas também tenho sangue faery. - Iduna revelou, ainda brincando com a bola de fogo – Minha mãe me ensinou a usar magia.

— Isso muda um pouco as coisas, terei que leva-la a Huang Hua. - Lance estava sério. Iduna extingui a bola de fogo e se dirigiu para a pequena unicórnio.

— Não vai, tia Iduna, não vai embora. - Yuka protestou.

— A tia Iduna vai ter que ir com o moço agora, mas você já está com a sua mamãe, então ficará bem. O moço é bonzinho, ele ter trouxe a mamãe, não foi? - A jovem meio-humana sorria para a menina, que parecia aceitar seu argumento. A pequena vai até Lance e puxa seu traje para baixo, demonstrando que queria que ficassem da mesma altura. Lance se abaixou e a Yuka disse.

— Moço Chefe, a Iduna é boa. Ela me ajudou a encontrar a mamãe. Ela não é má. Não faz nada ruim pra ela.

— Eu prometo não fazer nada ruim com ela. Nós só queremos conversar, só isso. - Lance respondeu a menina com um sorriso discreto e um afago na cabeça da menina enquanto falava. Ao se levantar, se dirigiu a Iduna. - Vem comigo.

Iduna fez uma cara confiante para a pequena amiga, mas não sabia para onde aquela ‘conversa’ poderia leva-la e tentou permanecer calma enquanto seguia Lance.